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História Checking - Capítulo 41


Escrita por: HyeBye

Capítulo 42 - Capítulo 41


Fanfic / Fanfiction Checking - Capítulo 41

— Chegou bem antes — falei, achando engraçado o sorriso sem jeito no rosto do Taehyung.

— Não consegui dormir muito bem, você dormiu?

— Consegui, como um anjo! — E era verdade.

 

Eu mal deitava na cama, já me sentia levitando nos braços do desconhecido, uma calmaria sem limites depois que toda a confusão na minha vida parecia estar passando. Veria minha mãe somente dali alguns dias e até lá me manteria o mais tranquila possível, porque sabia que querendo ou não acabaria por me estressar um pouco na sua presença.

 

O pensamento de que ela poderia estar arrependida era bem pequeno em comparação ao que eu sabia ser a verdade. Hyori não se arrependia das coisas. Nem mesmo a sua atuação de boa senhora preocupada com a filha me pegava mais. Mas, precisava dar um basta, e só teria uma conclusão se eu soubesse de tudo o que a levara a fazer aquelas coisas comigo.

 

— Vamos ouvir o coração hoje? — Taehyung entrou no meu apartamento e sentou no braço do sofá, de qualquer jeito, ainda olhando pra mim.

— Vamos? — Jin apareceu na sala, repetindo a pergunta do amigo.

— Você não vai nada seu otário! Só eu e a Jen.

— Se o pai sou eu, por que quem vai é você? — Meu primo brincou apenas para ver Taehyung perdendo a paciência e conseguiu. Porque ele não parecia tão amistoso como quando entrara.

— Morri de rir, está vendo como eu não parei de rir um só momento da sua piada?

— Que estúpido, estava brincando! E Jen, eu vou embora amanhã, vai ficar bem por aqui?

 

Não entendia essa coisa maluca dos dois. Por que eu não ficaria bem? Era tanta preocupação que na maioria do tempo me sentia sufocada. Tinha ficado bem sem nenhum deles por perto e quando Jong Hoon ainda estava vivo, sendo influenciado pela minha mãe, o que já me dava uma carga boa de experiência em como me defender de malucos e abusadores.

 

— Lógico que vai! Ela está comigo! — Taehyung pareceu ofendido e eu acabei rindo da situação.

— Vocês estão juntos de verdade? Nada de frescura dessa vez? — Meu primo relanceou seu olhar entre nós dois, e não pareceu muito convencido pelo que tinha ouvido.

 

Nem eu estava ainda. Taehyung em um relacionamento sério? Nem a mídia acreditaria muito também.

— Sem frescura e sem desculpas. — falou Tae.

— Já ligou para o seu agente confirmando? Só acredito vendo, sinto muito se ficarem chateados com isso, mas é que depois dessas idas e vindas malucas eu só acredito no que posso confiar.

 

Por que ele precisava acreditar? Quem via, até pensava que ele era uma parte importante da equação.

 

— E por que você precisa tanto acreditar? — questionei.

— Porque eu fui o cupido, porra! Taehyung nem iria apostar se eu e JungKook não tivéssemos duvidado dele, assim como se ele não apostasse não ficaria correndo atrás de você, logo, ele não se apaixonaria e você também não, se não ficassem conversando e se entendendo. Podemos observar nesse ponto que levantei, que sou o melhor cupido do mundo do esporte e não me agradeçam, não fiz esperando reconhecimento.

 

— Por isso nem se importou com a aposta seu filho da puta! Devia ter desconfiado que estava aprontando alguma, não teria aceitado aquilo naquela tranquilidade!

 

Taehyung arremessou uma das minhas almofadas com força no rosto do meu primo e eu coloquei a mão na boca, me divertindo ainda mais. Não me importava como tudo tinha começado, se o resultado era esse eu só podia agradecer.

 

— Ei, ei, ei, eu não posso sofrer lesão seu babaca! Tenho uma temporada para jogar!

 

Ouvimos batidas fracas na porta e olhamos uns para os outros, intrigados com quem poderia ser. Eu não estava esperando ninguém e não tinha outras pessoas além deles com as quais me importava. Abri a porta e Jungkook estava com o semblante mais fechado que eu já o tinha visto.

 

— Estão fazendo uma reunião e nem ao menos me esperaram? São uns beijadores de bunda de mão cheia, hein? No que dependesse de vocês eu ficaria excluído em Miami e nem se importariam comigo.

 

— Cara, a gente te mandou muitas mensagens, se bobear até a Jennie mandou e você nem ao menos respondia! — Jin se defendeu.

 

— Vocês têm razão, mas é que com a negociação, a temporada, tudo, minha vida tá um caos, uma verdadeira confusão. Me desculpem por isso. — concordou e eu fechei a porta, torcendo para que mais ninguém aparecesse.

 

Meu apartamento estava ficando superlotado com a presença de três homens como eles. Parecia um antro de testosterona em meio as minhas coisas delicadas.

 

— Não é querendo estragar a reunião dos garotos descolados do colégio, mas eu e Taehyung temos algo para resolver!

 

— Meu Deus, já incorporou o modo mãe, você tá fodido, cara! — resmungou Jin fazendo os outros dois rirem.

 

Eu, pelo contrário, fiquei séria, já que quando eles se juntavam, era tanta algazarra que o mais sensato era apenas ignorar e seguir em frente.

 

— Taehyung pai, tá aí uma coisa que me surpreendeu, justo quando achei que não me surpreenderia com mais nada. — A voz do Jungkook foi quase um murmúrio e seus dois amigos olharam para ele interrogativos. Assim como eu.

 

— Aconteceu alguma coisa? — questionei.

 

Eu me aproximei de onde os três estavam sentados e olhei para o recém-chegado, fixamente.

 

— Não aconteceu nada, Jen. É só que foram muitas coisas pra resolver ao mesmo tempo, meus pais decidiram se separar também e sinto que tem algo a mais que eles não estão me contando.

 

— Se separar? — Jin arregalou os olhos e indagou, parecendo tão surpreso quanto Taehyung.

 

Eu estava na mesma já que não conhecia os pais do Jungkook, e na verdade nunca o tinha ouvido falar sobre eles.

— Louco, não é? Sei que não tenho muito contato com a família e tal, mas fiquei um pouco abalado com tudo isso, é normal, não é? Ficar abalado quero dizer. — Ele parecia perdido e uma onda de empatia se apossou de mim em entender seu sentimento.

 

Se sentir sozinho e perdido era a pior coisa que um ser humano poderia sentir. Essas emoções juntas, poderiam causar uma sucessão de atos catastróficos para o Jungkook como pessoa e principalmente para o Jungkook atleta. Os jogadores que tinham o sonho de jogar na NFL se inspiravam nele e qualquer deslize seu seria noticiado por muito tempo, dando um sentido que ele não queria conhecer.

 

Assim como acontecia comigo e com o Jin no momento, sendo o assassinato que minha mãe cometeu uma espécie de precipício tentando nos tragar.

 

— Claro que é! — falei, apaziguadora.

 

Fui até ele levantei-o pela mão, Jungkook se deixou ser içado e me abraçou assim que eu abri os braços esperando que ele permitisse uma dose de carinho. Passei as mãos suavemente nas suas costas e não disse nada, ele não precisava ouvir nada, só precisava saber que não estava sozinho.

 

Nunca esteve, não desde que conheceu Jin e Taehyung. Poderiam ser três homens insuportáveis sempre que se esforçavam para isso, implacáveis, mas quando as pessoas se permitiam um contato mais profundo, realmente conhecer as personalidades por trás dos atletas, entendiam que tinham sido moldados para parecerem inabaláveis, mas no fundo eram apenas pessoas, que poderiam ser tão inseguras quanto as outras.

 

O maior esquema de defesa deles era se tornarem inalcançáveis diante do assédio da imprensa e das cobranças assustadoras, quando só queriam ter com quem contar. Encontravam isso um no outro e ninguém poderia tirar deles esse apoio incondicional.

 

— Jennie, pode soltar ele agora, Jungkook já entendeu, querida. — Soltei Jungkook, apenas para ver Taehyung sorrindo provocativo.

 

— Divide ela com a gente, franguinho, porque logo Jennie vai perceber que é demais para você.

 

— Vai perceber porra nenhuma! Sou o homem da vida dela, anota aí no seu caderno de erros com os amigos, tenho certeza que está guardando-o em algum lugar.

 

— Tá na cueca, quer pegar? — Taehyung fez cara de nojo e dessa vez eu não consegui me segurar, gargalhando até que o ar me faltasse.

 

Jin fazia o mesmo, sem se meter na discussão, apenas rindo da encrenca. Olhei para o relógio na cozinha e notei nosso pequeno atraso. Alguns minutos, que se tornariam uma hora se eu não tirasse Tae do apartamento antes que eles começassem a falar de todos os jogos de todas as ligas do planeta.

 

— Vamos, Tae, estamos atrasados! — Minha fala fez com que ele olhasse para o relógio e arregalasse os olhos.

— Ah, merda, culpa do Jungkook! — murmurou, já se levantando, checando os seus bolsos a procura da chave do carro.

— Jennie, antes de sair — Jungkook me pegou em um abraço apertado de novo — parabéns pelo Grand Slam sua fera do tênis! Assisti de casa e só posso dizer que você é “o cara”, sério, meus parabéns!

 

— Obrigada, você que é uma fera do futebol americano! É meu jogador preferido!

 

— Que honra!

 

— Honra? Eu sou o jogador preferido dela, dentre todos os esportes! — Tae se gabando me fazia questionar qual a do meu coração em cair de amores por ele.

 

— E eu?

 

— Cala a boca, Jin, que você é da família, não conta.

 

— Cala a boca, você que chegou agora, Jungkook. — Meu primo se irritou e eu acabei rindo.

 

Como se percebesse que não sairíamos nunca se continuássemos nesse ritmo de conversa, Taehyung passou por mim e pegou uma das minhas mãos, abrindo a porta, enquanto os amigos discutiam sem notar que não estávamos mais ali.

 

— Se eu não te puxasse, ficaríamos para sempre voltando ao mesmo assunto.

 

— Eu sei — E de fato sabia.

 

Não falamos mais nada enquanto o elevador descia até o subsolo e quando entramos no seu carro, eu só conseguia pensar que essa era a primeira consulta, e que dali meses eu estaria com meu bebê nos braços. Parecia surreal, mas um surreal que eu ansiava mais do que tudo.

 

Chegamos na clínica e nenhum dos funcionários conseguiu disfarçar o espanto quando viu quem seriam os papais da vez a comparecerem a uma consulta. A clínica era luxuosa e eu acreditava que eles já estavam acostumados com as pessoas famosas que apareciam por ali, mas pelo visto, dois jogadores não era o que viam com frequência.

 

Taehyung olhou para mim, talvez chegando a mesma conclusão que eu. No próximo dia isso seria notícia. Por mais que ninguém tivesse nos visto saindo do edifício, saberiam onde estávamos e o que fazíamos. Mas agora que a nossa equipe já tinha confirmado, não havia muito o que esconder.

 

— Ainda bem que já contamos a verdade — murmurou e eu concordei com ele. Caso contrário, o alvoroço estaria formado.

— Olá, viemos para uma consulta marcada com o doutor Abee.

— Claro, é só aguardar na sala no fim do corredor que ele irá chamar os senhores — Essa mulher era mais profissional, não olhou muito para nós, ou melhor, para mim, porque quando seu olhar pousou em Taehyung, ela abriu a boca e ficou vermelha, envergonhada pela indiscrição.

 

Sabia que ele era marcante demais para ignorar, mas custava um pouco mais de colaboração? Eu surtaria com ciúme em breve, tinha certeza. Olhei pra ele, sorrindo para a mulher e até entendi a coitada, ele não facilitava agindo daquela forma. Belisquei o filho da mãe.

 

— Aiiiii — falou alto, chamando ainda mais atenção — Pra que isso? — Levou a mão até onde eu tinha beliscado, bem nas suas costelas e fez cara feia, como se isso me amedrontasse.

 

— Para de ficar jogando charme para todas!

 

— Tá me fazendo passar vergonha, Jen! — Olhou para a loira que sorria atrás do balcão e pediu desculpas, baixo, enquanto eu ainda o fuzilava com o olhar.

 

Se ele não contivesse seu sorriso, ele conheceria quem era a verdadeira destruidora.

 

— Aqui é um lugar sério, não é pra ficar flertando com as funcionárias! — exclamei, furiosa.

 

— Flertando? Ah, meu flerte é bem diferente e por que eu flertaria? Estou com você.

 

Eu me acalmei. Um pouco. Porque essa coisa de ficar dando sorriso para todas as mulheres com as quais topava não era nem um pouco divertida pra mim.

— Vai saber, você é louco!

— Eu? Você que dá uma de maluca e eu que sou louco?

 

Caminhamos pelo longo corredor branco, reluzindo com a limpeza, discutindo como duas crianças, e assim que sentamos, uma voz grossa chamou meu nome, o que fez Taehyung me olhar assustado. Ele esperava por um velho, mas pelo visto, aquele médico em questão poderia ter a idade perfeita. Olhei para ele, arqueando uma das sobrancelhas, provocando.

 

Ele sabia jogar? Eu também sabia e se ele flertava com a recepcionista, eu flertaria com o médico bonitão. Nós nos levantamos e ele colocou a mão na minha cintura, como se isso deixasse claro alguma coisa. Assim que entramos na sala, as minhas suspeitas foram confirmadas. De velho aquele médico não tinha nada. Talvez uns trinta e cinco muito bem conservados. Seus traços eram angulosos, nariz reto e perfilado, cabelos pretos um pouco revoltos dando um toque de charme e olhos tão verdes que eu conseguia sentir a profundidade neles.

 

Encarei Taehyung e ele não estava nos seus melhores dias. Seu corpo parecia tenso e a veia na sua têmpora, que eu sabia que pulsava quando ele estava nervoso, se assemelhava a uma britadeira de tão revoltada. Sorri com a vingança.

 

— Tudo bem, Tae? — indaguei, logo que nos sentamos à frente do pedaço de perdição.

 

— Não. — Ele murmurou e a revolta na sua voz me fez abrir ainda mais o sorriso.

 

— Olá, eu sou o doutor Abee! — O homem estendeu a mão pra mim primeiro e Taehyung acompanhou o gesto, sem aparentar muita satisfação — Quem diria que eu atenderia Kim Jennie? Estive em Wimbledon e no Us Open acompanhando, foi demais!

 

Taehyung tossiu. E o clima pesado se instaurou imperioso no ambiente.

 

— Preciso perguntar algumas coisas para poder prosseguir. Tudo bem?

 

Eu e Taehyung balançamos a cabeça concordando e o médico começou a fazer muitas perguntas. Doenças na família, o que fazíamos, qual a minha rotina, o que eu costumava comer, se eu fazia alguma dieta específica, tantas coisas que em certo momento achei estar respondendo em modo automático. Solicitou alguns exames. Mediu minha pressão, meu peso, entre outras coisas. O nervoso já estava me dominando por aquilo não terminar nunca. Será que havia algo de errado? Ou tudo aquilo era normal? Eu tinha pesquisado antes de ir até a consulta, mas cada médico tinha seu método de trabalho e eu não sabia ao certo o que esperar.

 

— Pensei que fosse mais velho, sem ofensas — murmurou Taehyung ao meu lado e se eu sabia que ele queria sim ofender, o homem possivelmente também tinha notado esse detalhe.

 

— Meu pai trabalha aqui também, mas está de férias. — Sorriu irônico e eu senti a testosterona flutuando de um lado a outro da mesa — Jennie, poderia por gentileza ir até aquele cômodo — apontou para uma porta no lado esquerdo da sala — E vestir a camisola para podermos prosseguir com a consulta?

 

Concordei com um aceno de cabeça e olhei para Taehyung advertindo-o a não falar nada que ofendesse o homem enquanto eu não estivesse ali.

 

— Você vê hóquei? — Ouvi sua voz perguntar e fiz uma careta. Pelo visto, o meu aviso não tinha surtido muito efeito.

 

— Não, não vejo. Acho muito violento para as minhas convicções — A careta se intensificou.

 

Fechei a porta a tempo de ouvir a resposta de Taehyung e acabei sorrindo com a sua tentativa de intimidação.

 

— Muito violento, gosto assim. Quando alguém me irrita, eu lanço para as bordas. Estou defendendo os IceBears essa temporada e vamos ver como tudo vai caminhar.

 

Tirei minha roupa, vesti a camisola e assim que passei pela porta o médico me indicou a maca, pedindo que eu me deitasse educadamente. Por que eu me interessara por um jogador de hóquei? Um homem como aquele poderia fazer qualquer mulher cair aos seus pés. Como Deus podia criar algo assim? Tão perigoso para o coração da população feminina? Taehyung notou a checada que eu dei e não gostou, provando do seu próprio veneno.

 

— Disse que estava flertando aquela hora — sussurrei, enquanto o médico se virava para pegar alguma coisa.

 

— Já provou seu ponto, meu amor. — Sarcasmo.

 

Como se isso me intimidasse. Se sentou em uma banqueta próxima de onde eu estava e aguardou que o médico retornasse e assim que a imagem preencheu a tela, sem que entendêssemos nada, me senti emocionada sem saber ao certo o motivo. Um barulho suave e constante pôde ser ouvido e aquele era o coração do bebê...

 

Não soube definir em palavras o que sentia, apenas as lágrimas que desceram pelo meu rosto deixavam claro que aquele amor nunca morreria. Mãe.

 

Agora eu entendia o que era ser uma mãe de verdade e que eu faria qualquer coisa para proteger alguém que eu nem conhecia ainda.



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