História Cherry Pink (Yutae) - VII. Don't Panic

ENQUANTO ISSO NA CORÉIA...

Taeil com toda a certeza carregava o Neocity Soccer Club em seus ombros curtos. Havia chegado cedo ao escritório do presidente do clube para ouvir um simples "o treinador se demitiu" da boca daquele que deveria estar mais preocupado com isso. Era cômico e também trágico, portanto riu da desgraça que ganhava forma não só naquela sala mas na carreira do time.

— Eles não podem ficar sem treinador. — o Moon acrescentou o óbvio. — O primeiro jogo de nosso clube será na Europa e tudo o que aconteceu, querendo ou não, só deu mais hype e visibilidade para os meninos. Estão de olho neles agora!

— Mas pensando bem, não é como se eles não pudessem treinar sozinhos... — o presidente justificou de forma preguiçosa. Parecia decepcionado.

— Não é a mesma coisa, presidente... eles estão psicologicamente abalados pela saída do Yuta e bem, a maioria não procura ajuda psicológica porque nossa comissão nunca ofereceu esse direito básico e agora depois do treinador sair, não acredito que traga tanta motivação para o jogo que virá e motivação é o que um jogador precisa. — rebateu com calma e sensatez, ignorando o rosto avermelhado do mais velho que se sentiu atacado pela assertividade do Moon.

O presidente não disse mais nada e Taeil muito menos, o que o deixou decepcionado quando saiu da sala sem uma conclusão do atual estado do time.

— Já esperava que fosse sair com essa cara. — Jungwoo o intimidou já no corredor. Aparentemente, esperava bem sentado do lado de fora. — Ele vai acabar com o Neocity. Você viveu mais tempo com eles, acredito que possa ajudar... pode contar comigo.

— Não tem a obrigação, Jungwoo...

— Relaxa, hyung... eu gosto deles. Isso não é nada!

ACADEMIA

...ao mesmo tempo.

Mark Lee finalizava a esteira, depois dos quatro quilômetros diários serem finalizados. Dirigiu-se para os pesos e em frente a um espelho, começou a sessão de agachamento quando sentiu uma forte dor em uma de suas panturrilhas e depois em uma das coxas e mesmo conseguindo finalizar o treino, saiu mancando do local e fora amparado por um personal trainer que dizia que a dor era comum.

— Foi o músculo da coxa. — outra pessoa disse. Mark ergueu o rosto e percebeu ser uma figura conhecida.

O corpo alto e esguio — com belos músculos a mostra com uma regata de rock —, pouco fora de sincronia com seu rosto tão bonito. Era aquele garoto muito bonito que o acusou de ter machucado o amigo ruivo dele no Golden Ring.

O personal trainer brutamonte berrava entre os dois — que não largaram o contato visual —, até que o próprio supermodelo bonito apertou a coxa de Mark e o fez urrar.

— Músculo da coxa. Vem comigo! — disse, sem sequer olhar nos olhos do personal trainer ou de Mark, que foi puxado pelo pulso.

Mark ainda estava surpreso por ser aquele mesmo rapaz, mas não conseguia pensar em nada além de toda aquela saia justa no bar.

Entrou na ala de primeiros socorros, assim viu que o outro sabia muito bem a localização dos itens, logo presumiu que aquele lugar fizesse parte de seu trabalho.

— E-eu não acho que eu... ah! — gemeu antes mesmo de terminar de falar, pois o outro voltou a tocar em sua coxa.

E ele não parou com os toques, claro, era o trabalho dele. A pena era que Mark não reagia bem quando estava com mais uma pessoa num cômodo fechado — e com a pessoa o tocando — e no maldito silêncio que fazia sua própria mente o trair com sons de risadas diabólicas que riam da piada que ele era.

— Você é...

— ...era eu sim. — respondeu seco, mas sem sair do foco que era a perna de Mark. — Na Jaemin, prazer. E eu lembro de você, muito bem até!

— Eu já disse que não machuquei seu amigo naquele... ah! — choramingou, mas foi interrompido por mais um toque do Na, que tinha um quê proposital naqueles movimentos.

— Fica quieto!

— Desculpa... — abaixou o tom de voz. — Vem sempre aqui?

Jaemin ergueu o rosto e o encarou como se estivesse a perguntar se o questionamento dele era real. Não precisava de resposta direta para se saber disso.

— Eu sempre fiz academia por aqui. Faz meses que entrei para os primeiros socorros. — sorriu sozinho. — Estudo enfermagem. E eu sempre vi você, conheço até seus horários de malhação e aqui pra nós, sugiro que faça exercícios para as pernas... ajuda na sua resistência.

— Ah, por favor, sou jogador de futebol, não dá pra se ter uma ideia do que é resistência para a gente que somos jogadores...

— Até porque futebol é o único esporte do mundo, certo? — debochou. — Você também não deve saber o que é usar salto alto e carregar roupas que pesam quase a mesma coisa que seu corpo. — olhou Mark nos olhos. — Conheço drag queens que fazem o que você faz com peruca, vestido e salto alto.

O Lee nada disse, porém notou que a dor tinha passado. A conversa fora deveras imersiva a ponto de ele não ter notado que Jaemin havia lhe feito uma massagem em seu músculo, livrando-o da tensão. Mais tarde, Mark junto a Johnny descobriram sobre o que o presidente falou sobre a saída do treinador.

— Isso vai influenciar o que vocês farão na Europa e ainda mais existe o fato de que teremos um novo jogador. — contou Jungwoo, junto a eles e Taeil.

— Yuta?! — Johnny lançou tal nome no ar.

— Não. Ele está fora e quer que seja assim. — Taeil quem falou.

— Então calma, não é tão difícil, ao precisamos de alguém que saiba nos testar ao máximo e colocar confiança e desafiar...

— Eu acho que tenho alguém. — finalmente o Lee falou. A confusão estava no olhar de todos. — Só preciso de uma chance...

TEN'S APARTMENT

— Sério, Little Mark? Isso foi ideia dele? — Ten estava prestes a gritar, porém se limitou a só anasalar a voz.

— Calma, ele só fez amizade com ele. — referiu-se a Jaemin. — E acho que ele é o mais desesperado pelo time.

— Imagino... — o tailandês se jogou no colo do maior. — Yongie disse que está voltando logo... e eu não poderia estar menos ansioso, mas, sobre essa idéia de Mark, uau! — selou os lábios do americano. — Eu posso ajudar com isso!

E Johnny não poderia ficar menos preocupado. Agora eram Mark e Chittaphon.

ACADEMIA

Jaemin ria alto, chamando a atenção das pessoas que passavam em frente a sala da enfermaria da academia. Mark só queria se enterrar, mas Jaemin sabia muito bem disso e só o provocava. A risada era tão forçada que Mark não entendia como ele era capaz.

— Sério... tipo... você está falando sério? — o Na enxugou as lágrimas dos olhos, mas não parava de rir. — Acha mesmo que eu, Na Jaemin, confident gay e estereótipo comum de um gay urbano iria se submeter ao perigo no meio de um ambiente tóxico socialmente e bem... biologicamente, cheio de homens que precisam mostrar o quão másculos são enquanto pegam em seus sacos e falam sobre os seios das mulheres? — disse sem parar. Ainda sorriu.

— Ei, isso é nojento, eu jamais...

— ...quer um biscoito?

— E nem meus amigos! — ignorou a provocação. — Tá, talvez o Lucas... mas isso não importa. Eu preciso de alguém que o time não conheça e que seja sério o bastante para fazer todos eles treinarem com todas as forças. Queremos ser os melhores! — Mark respirou fundo, vendo que Jaemin não havia mudado sua opinião até então. — Eu pensei em você quando disse que as coisas de Drag Queen eram difíceis e o quanto vocês lutavam, igual a nós. Claro, maneiras diferentes, mas você sabe o que é uma competição, não sabe?

Jaemin sorriu, mas dessa vez era diferente. Estava admirado em como parecia ser uma pessoa tão boa pela forma com que Mark o descrevia.

— Então, por favor, se você puder... precisamos dessa força.

Jaemin meneou e deu as costas. Mark iria bater os pés e socar o ar, mas o ouviu falar:

— Posso pensar nisso, mas se eu for fazer, será do meu jeito e claro, vou levar uma amiga comigo. — encarou o Lee. — Fechado?

— Como quiser, Jaemin!

CAMPO DE TREINAMENTO DO NCT-SC

Dia seguinte;

Taeil suspirou decepcionado ao ver o jogadores em campo, treinando individualmente. Outros estavam jogados na grama sem fazer nada.

O grupo não tinha mais sua sinergia.

— Esse jogo vai ser um desastre! — lamentou de imediato, logo sentiu as mãos de Jungwoo em seus ombros.

— Fica calmo, Moon. É só um esforço individual da parte deles...

— Isso não é possível. O que faz eles serem um time diferenciado é o fato de que eles possuem sinergia, cada um é essencial para o outro e além de tudo, o futebol é um esporte de equipe. União é essencial. É mais que necessário conhecer um ao outro... — focou-se em Huang Renjun, o novato, bebendo água e voltando a se aquecer na borda do campo. — Eles querem colocar o Huang como atacante, mas vai sobrar um na zaga. Com toda a certeza o Huang não é zagueiro, olha o tamanho dele! O time rival o levaria para casa nos braços!

— Está zoando mesmo a altura de alguém, Taeil?

— O que disse?

— Nada, hyung. — Jungwoo riu sozinho. — Por que não os treina? Você os conhece muito bem!

— Eu não sou um profissional. E sou próximo demais deles para ser uma figura tão importante...

Jungwoo saiu da conversa quando seu telefone tocou, assim atendeu. Parecia bravo, então Taeil aguardou ele desligar para buscar respostas.

— Tem duas pessoas fazendo confusão no portão. Disseram que Mark os convidou!

Taeil suspirou, assim pegou um auto-falante.

— Mark Lee, vem resolver suas merdas! — pediu.

Mark correu para fora do campo.

— Tem pessoas causando confusão no portão... — Taeil contou.

Os lábios do canadense se moviam, mas não saia palavra alguma.

— E-eu posso explicar... eu convidei um amigo...

— Péssima ideia...

— Taeil!

— Tá, vai...

— E ele pode nos ajudar com o treino!

— Oh droga, esses jovens não sabe o que é legislação e diploma? Ele é formado em tutorial de YouTube?

— Ele treina Drag Queens!

E Taeil se engasgou com ar.

— Mark Lee, o que você está dizendo?

— Taeil, uma chance... mais que qualquer um, você sabe que precisamos treinar!

O olhar de Taeil foi a Jungwoo, que surpreendeu-se com o Moon aguardado alguma opinião sua.

— Melhor que nada, certo? Você mesmo disse que eles precisavam... o pior que pode acontecer é eles não gostarem do treino.

Taeil assentiu e apontou para o caminho de acesso aos portões. Mark assentiu e seguiu até o local. Quando Mark voltou, percebeu que era pausa dos treinos e todos os amigos do time estavam acumulados entre os banheiros e os bebedouros, portanto foi obrigado a passar por eles ao lado de Na Jaemin e Lee Donghyuck — o de cabelo vermelho que estava na festa, o mesmo que o acusou de tê-lo machucado.

Os olhares de todos estavam em Mark.

— Gente, esses são Jaemin e Donghyuck e eles serão nossos treinadores não oficiais. — Mark sentiu o corpo tremer, porém não houveram reações. — P-pelo menos até o jogo da Europa...

— Para de brincadeira, Mark... não tem graça! — Jisung protestou primeiro, pois nunca teve limites no quesito ser direto.

— Não tem graça mesmo! — Kun assentiu, pouco mais sério e com todo seu ar parental de homem mais velho.

— E de onde você tirou a ideia de que pessoas desqualificadas poderiam treinar a gente? — Doyoung cruzou os braços.

— Mark, você tem que se explicar! — Johnny tentou ajudar, mas Mark já se sentia pressionado demais.

E Jaemin percebeu e, corajoso e agressivo como era, tomou a frente do Lee e se posicionou diante dos demais jogadores — ignorando o show grátis de corpos atléticos, suados e expostos.

— Eu sou Na Jaemin e faço parte de uma casa de Drags. Não é uma casa literal, mas um grupo, ou como prefiro chamar, família. Eu e minhas irmãs entendemos de competição e eu sei muito bem o que é preparação física para dar duro em competições. — foi direto. — Minhas irmãs vestem roupas pesadas, batem cabelo com perucas que pesam quase o triplo de suas cabeças e claro, tudo de salto alto e sem cair.

— Mas usamos chuteiras e uniformes, não saias! — Jeno tentou ser engraçado.

— Por isso que as coisas serão mais fáceis com vocês. — provocou, conseguindo fazer Johnny e Mark rirem com tamanha astúcia e coragem do Na.

— Então, pra você, Drag Queen é mais difícil que futebol? — Yangyang questionou, mas era se curiosidade real.

— Eu posso garantir.

— Tá Mark, acabou a brincadeira? — Lucas interrompeu.

— Eu aceito a ajuda de Jaemin. — Johnny invocou o silêncio novamente. — É ele ou teremos nada além de nós mesmos.

— E nem mesmo eu estou sozinho. — apontou para a figura ruiva a seu lado. — Minha amiga Lee Haechan irá me ajudar.

Doyoung olhou para os membros, que pareciam mais curiosos do que tudo.

— E o que precisam? — perguntou.

— Uma mesa, um sombreiro, água com gelo e música! — Haechan disse.

Claro, tais mimos ficaram a cargo de Mark e Johnny, assim como toda a culpa se caso aquilo desse tudo errado. Haechan deixou a música tocar enquanto caminhava frente todos os jogadores ali, que tentavam não focar-se no fato de que Haechan usava um shorts curto e meia arrastão e uma camisa longa que parecia mais um vestido — fora a maquiagem quase artística.

— Vocês deveriam dançar. — sugeriu com um sorriso. — Da maneira de vocês, é claro!

Todos se olharam, alguns riram e outros se mantinham negativos quando Jeno — quem eles menos confiavam que ia cair nessa — começou a dançar pouco mais a frente dos demais.

Era uma dança simples para Jeno, que gostava de hip-hop e música contemporânea.

— Suas pernas são fracas... — Haechan disse, obrigando-o a parar.

— Claro que não, sou zagueiro!

Jaemin suspirou e caminhou — para Mark parecia mais um ato de desfilar — e acertou o joelho com força na perna de Jeno e o fez se curvar.

— Fraco. — constatou a palavra de Haechan. — Próximo?

Mark Lee foi empurrado, agora dançando sob o olhar intenso e fixo do Na a cada movimento seu. Então ele começou a se aproximar... mais... demais... e demais. Os movimentos de Mark perdiam o ritmo e tudo o que fazia era recuar os passos até Jaemin segurar a camisa do uniforme para que não corresse e em seguida, colocou a mão em seu peito.

— Respiração. — Jaemin falou. — Você deve perder fôlego rápido numa corrida. Mal poderia aguentar num jogo... pode sofrer até ataques.

— Por isso que eu sou o mais rápido do time. Treinei respiração por anos quando fazia rap! — Yangyang complementou Jaemin.

Renjun — nada abalado como os demais — dançava livre e com muita energia, esta que contagiou os demais por ele ser tão calado e introspectivo.

— Sua tensão corporal é boa. Você consegue se manter em pé por muito tempo! — Haechan constatou.

— Então encontramos nosso zagueiro! — Taeil sugeriu alto demais, iniciando um tumulto do time contra suas palavras.

Renjun era pequeno, nada intimidador.

— Vocês estão definindo a posição dele por conta de tamanho? Duvido que metade de vocês tenham essa força toda que demonstram... — Haechan os provocou, aborrecido. — Vocês estão em zona de conforto, nem perceberam fraquezas tão óbvias.

— Meu mundo competitivo requer perfeição e todas as garotas precisam ter noção de suas falhas para sair do mais do mesmo. — Jaemin acrescentou. — Johnny, trouxe o que pedi ao Ten?

— Espera, aquilo era sério? Achei que era brincadeira!

— Você trouxe?

Johnny gaguejou, mas sabia que era incapaz de argumentar com o mais novo, então só trouxe as duas malas pesadas com vários pares de salto. Os olhares tornaram-se assustados acima de qualquer coisa.

— Sim, queridos, vocês irão calça-los. — Haechan sorriu, pela primeira vez.

Novamente, todos voltaram a questionar se era piada.

— Jamais brincaria com algo tão sério. Além do mais, os saltos são caros! — Jaemin riu.

E em silêncio, eles calçaram. Um por um. Muitos se desequilibravam e os que não o fazia, era porque estava parado sem mover um músculo e uma parcela mínima conseguia se mover, porém a pernas tremiam nervosas.

Jeno quebrou seu salto e foi ao chão.

E como se não bastassem, foram humilhados por Jaemin e Haechan que calçaram os seus — com o dobro de altura — e ficaram a caminhar perto deles, observando-os falharem.

— Uma coisa que vocês talvez não saibam, é que os saltos nos obrigam a ter uma postura. E se não a executamos bem, no futuro, nosso corpo irá dar sinais de que pecamos com nossos pés... — o Na ajustou a postura de Jisung, que por ser alto, tinha os joelhos dobrados. — Os saltos requerem controle do corpo e agora, vejo que vocês não conhecem seus corpos. Como acham que encontrarão a fraqueza se não sabem nem mesmo no que são ruins?

Lucas suspira e tenta caminhar, ajustando bem a coluna, porém, por também ser alto demais, as pernas acabam ficando mais abertas que o normal e seu andar saia desengonçado. Todos ficaram a rir.

— Estou me sentindo uma grande gostosa! — comentou o chinês.

— Está absolutamente certo de se sentir assim, Lucas! — Jaemin estalou o dedo. — Orgulhem seus namorados e namoradas.

E aos poucos, todos arriscavam em andar — mesmo que em círculos — e aos poucos ajustavam-se ao salto. Jungwoo assistia abismado em como os dois estranhos haviam adaptado o time tão bem a ponto de fazê-los obedientes em atividades no mínimo duvidosas.

Aplaudiram quando o primeiro alcançou sucesso. Park Jisung. Andou sem tremer ou desequilibrar.

— Obrigado, hyung! — o Park agradeceu a Haechan, que gaguejou estranho e não disse nada.

— Jisung, na verdade, ela...

— Ei, Nana, está tudo bem! — Haechan sorriu, pedindo licença para ir ao banheiro.

— Tudo bem, meninos, encerramos por hoje! — Jaemin aumentou a voz e foi aplaudido. — Não pensem que foi tudo, é só o básico. Se forem pegar pesado em seus corpos, precisam saber os limites, capacidades e o principal, a fraqueza. Sugiro que usem salto com mais frequência, foram ótimos!

— Foi libertador, obrigado hyung! — Chenle quem agradeceu.

— Foi ótimo, melhor do que eu esperava! — Mark quem o agradeceu em seguida. — E sua amiga... está bem?

Jaemin suspirou e sentou-se na sua mesa e Mark o acompanhou.

— Pra ser sincero, não sei... é difícil.

— Okay, eu posso ouvir se acha que precisa conversar...

O Na riu, arrumando os próprios fios castanhos que incomodavam seus cílios longos.

— Esse é o momento em que eu te chamo para sair e você nega, falando que tem namorada e que eu entendi tudo errado, certo? — o encarou, agora com um sorriso fraco. Mark via um Jaemin menos fraco e menos egoísta pela primeira vez.

— Não... quer dizer... eu não tenho namorada e eu ia te chamar para sair.

— Você não tem um pingo de coragem mesmo? — voltou ao velho Jaemin.

— Aposto em mim mesmo que eu tenho.

— Tudo bem, Mark Lee... — o encarou com um sorriso.

— Chega?! — Haechan se meteu entre os dois. — Vocês são nojentos!

Jaemin seguiu Haechan e se despediu de Mark.

[...]

Taeyong e Yuta foram direto para o CT no dia seguinte. Ambos usando moletons do time — Yuta emprestou um dos seus ao Lee — e silenciosos chegaram até o campo, avistando o time em festa enquanto treinavam empolgados...

...com saltos.

Desfilando...

...até fazendo voguing.

— É assim que é a visão do vale dos homossexuais no inferno? — Yuta quem verbalizou.

— Olhem quem voltou! — Johnny entregou a presença do casal.

O time todo — de salto alto — correu até os dois, então Yuta envolveu Taeyong em seus braços teatralmente.

— Sem contato, vocês estão suados! — brincou, ainda abraçando Taeyong.

Era incrível observar a conexão de Yuta com os demais, que sequer questionaram sobre Taeyong ou o que rolou no Japão para eles estarem juntos.

E todos cumprimentaram Taeyong — já apelidado de TY, Tae e até Yong.

— Eu esperava de tudo, menos que o time fosse substituído por um bando de showgirls gostosas! — Yuta não se preocupou em dar um tapa na bunda de Doyoung, que ficou vermelho e puto.

— Mas eu sou a mais gostosa do grupo! — Lucas brincou.

— Mas eu ainda sou o melhor andando nessa belezinha! — Johnny mostrou seu salto brilhante. — E você, Yuta... quando vai aprender?

O japonês riu, atingido com o desafio.

— Na verdade... — começou a retirar seus sapatos e buscou algo em sua mochila.

Um belo par de saltos cor de rosa a combinar com seu novo tom de cabelo.

— Meu namorado andou treinando comigo! — e ficou de pé, dando uma volta.

— Privilegiado! — Lucas protestou.

E Taeyong aproveitou para mandar mensagem para o melhor amigo.

Yong:

Ele visualizou.

Ten:

E Taeyong mandou a foto do momento.

Ten:

[...]

Mark infelizmente não viu o retorno do amigo, pois faltou o treino ao inventar as piores das desculpas. Pegou um Uber e foi direto para uma clínica do outro lado da cidade. Não conhecia o local, mas seguiu as placas e quase corria nos corredores brancos enquanto as pessoas estranhavam o jogador trajado de uniforme andar por ali. Ele só parou quando viu Jaemin sentado ali perto.

— Jaemin! — anunciou, assim viu ele sorrir.

O Na estava pálido e devastado em questão de aparência. Mark percebeu que não usava maquiagem, logo o que deveria ser imperfeito nele deveria aparecer, mas não existia imperfeição em Na Jaemin. Sua naturalidade era linda e pegou-se pensando nisso quando o abraçou.

— Ela saiu do acompanhamento psicológico direto para a cirurgia... — falava sobre Haechan. — Ela ainda está lá. Faz duas horas. — tentou se acalmar, mas tremia. — Eu não tinha ninguém que pudesse ficar aqui... eu... eu não pensei em mais ninguém!

E Mark entendeu tudo por si só. Lee Donghyuck, chamado de Haechan estava a mudar de sexo de uma vez por todas. Seria trans, pelo que Mark conhecia dos termos... iria ser definitivamente quem ela sempre foi.

— Não deveria estar feliz por ela?

— Eu sei... é só que... eu sei o quanto ela sofreu. O quanto minha amiga lutou para dizer que era uma garota e não importava como as pessoas viam ela. — não poupou as lágrimas. — Ela sempre quis ser livre e abusar de sua juventude ao máximo.

— Enquanto eu sou sortudo por poder ficar calado. — as palavras saíram de Mark sem seu controle, assim sentiu que elas aliviaram algo dentro de si. — Eu posso não dizer o que eu sou e o que eu sinto, enquanto ela luta só para ser quem ela sempre foi. Me sinto mal por ser um covarde fodido! — riu e olhou Jaemin nos olhos. Ambos tão destruídos e cansados que não havia mais aquela briga de quem era mais forte que o outro. — Eu sou gay. E algo dentro de mim agradece as coincidências fodidas que trouxe você até mim... porque eu senti uma coisa... estranha... lá no Golden Ring.

— Foram minhas unhas em suas fuças!

— Não! — riu com ele. — Antes disso, na verdade. Eu já tinha visto você lá sentado e pela primeira vez admiti que uma pessoa era bonita e atraente e que você era um tipo de pessoa que eu gostava. Eu nunca tinha pensado assim sobre garotas, mas penso sobre você. Você pareceu perfeito e completo sem eu ao menos saber seu nome. E você não saiu da minha cabeça, mas eu achava que era por conta do mal entendido.

Jaemin pela primeira vez desviou o olhar de Mark, pois estava atingido pelas palavras e o Lee não conseguia saber exatamente como o atingiu.

Mas alcançou a mão do Na. Voltou a atenção dele para si.

— Só... um surto de coragem! — afirmou.

Os olhos de Jaemin estavam nos seus e aos poucos, a distância entre os dois diminuíram e seus lábios se tocaram timidamente, depois mais de uma vez até o beijo ser continuo e também contido, interrompidos pelo médico.

— Lee Donghyuck iniciou a cirurgia. Em algumas horas ela estará de volta. — o profissional sorriu para o casal que parecia envergonhados. — Podem voltar mais tarde.

— É uma boa idéia, doutor! — Mark se curvou e voltou-se para Jaemin. — Vamos comemorar isso. Quer sair comigo, Na Jaemin?

— Não acredito que isso está acontecendo! — levantou-se e segurou a mão do mais velho.

— Está reclamando ou...?!

Jaemin o provocou, usando seu silêncio como forma de irrita-lo e assim seguiram para a saída do local quando a mesma fora aberta com violência. Uma maca era arrastada enquanto enfermeiros pediam espaço.

Isso era o menos preocupante.

Johnny e Ten acompanhavam a maca.

— Mark?! — Johnny empalideceu.

— Johnny... quem é que... — viu o cabelo rosa e Ten aos prantos. — Taeyong?