História Choices - Psychological analysis

P.O.V. Caroline

   Resolvi que tinha de voltar a descer para ir na cozinha comer mais alguma coisa. Desde ontem que não comia nada a não ser a maçã quando acordei. Não estou habituada a ficar tanto tempo sem comer e já tinha saltado duas refeições: o jantar de ontem e o almoço de hoje.

   Já tinha vestido minha roupa de ontem de novo: top rosa, saia preta e saltos rosa. Não era uma roupa para ficar apenas em casa mas não tinha outra.

   Fiquei o tempo todo em meu quarto por isso não sei se Pattie e a Caitlin ainda continuam na casa. Espero sinceramente que não. Não é que eu não tenha ido com a cara delas, quer dizer no princípio não fui mesmo mas depois da Caitlin falar comigo percebi que talvez poderemos nos vir a dar bem num futuro próximo. Quanto à Pattie, digamos que ainda não tenho uma opinião formada sobre ela. É certo que as duas acharam que eu era apenas mais uma vadia quando me viram, mas acho que deixem bem claro quem eu era de verdade.

   De qualquer forma, não estava com paciência para falar com elas de novo agora. Com certeza iriam me fazer um monte de perguntas, isto se o Bieber ainda não tivesse falado com elas.

   Revirei os olhos assim que cheguei à sala e encontrei as duas sentadas no sofá. Assim que notaram minha presença pararam com a conversa e ficaram me encarando. Ignorei-as completamente e fui para a cozinha onde encontrei uma senhora de mais idade e de avental. Eu lembrava dela de quando invadi a mansão para resgatar Emma. Acho que o nome dela é Anne. Ela estremeceu um pouco assim que me viu e eu franzi o cenho. Não quero que a senhora tenha medo de mim, eu nunca quis lhe fazer mal.

   - A senhora deseja alguma coisa? – perguntou e deu um pequeno sorriso tremido. Apesar do medo estava tentando ser simpática por isso calculei que já lhe tivessem falado sobre a minha estadia na casa pois ela não ficou surpresa quando me viu, apenas com receio.

   Compreensível. Até porque ela não teve uma primeira apresentação minha lá muito boa.

   Tinha que mudar isso agora mesmo.

   - Me chame apenas por Caroline. Nada de senhora. – sorri simpática e ela relaxou um pouco. – Eu vim comer qualquer coisa já que ontem não jantei e hoje também não almocei.

   - Se eu soubesse que a senhora ainda não tinha comido nada tinha feito um bolo ou uma torta. – a olhei feio por ela me ter chamado de senhora de novo e ela logo se deu conta do erro. – Força do hábito, me desculpe. Quer que eu faça uma sandes?

   - Não precisa. Eu mesma posso fazer. – abri a geladeira pegando tudo que precisava e olhei em volta procurando pelo pão.

   - Mas é meu trabalho menina. Deixe estar que eu faço. – insistiu.

   - Anne, não me leve a mau mas prefiro ser eu a fazer. Não tenho empregada em minha casa então estou habituada a fazer meu comer. Me diga só onde está o pão por favor. – tentei ser o mais simpática possível. Não queria ofender Anne mas não estou habituada que façam as coisas por mim pois nunca achei necessário ter uma empregada já que era só eu em casa e sei cozinhar muito bem.

   - Claro. É até estranho ter uma presença feminina nessa casa e que saiba cozinhar já que os meninos nem fritar um ovo sabem. – sorriu e eu a acompanhei. Já era de se esperar que aquele bando de imprestáveis não soubesse fazer nada. Logo ela me deu o pão e eu comecei a fazer minha sandes.

   - Não vive aqui mais nenhuma mulher? – perguntei por curiosidade pois me lembro de ter visto três vadias num dos quartos quando andava procurando pelo quarto do Chaz.

   - Às vezes passam aqui algumas noites… Mas nenhuma é permanente. São apenas mulheres que não sabem se dar ao respeito. – percebo o tom repreendedor em sua voz.

   - Entendi. – depois de preparar a sandes me sentei para comer em silêncio. Nem eu nem Anne dissemos mais nada e logo eu já estava caminhando para a sala. Pattie e Caitlin ainda estavam conversando mas pararam quando me viram e ficaram me encarando de novo. Bufei irritada.

   - Vão ficar olhando? – perguntei rude.

   - Justin já nos explicou tudo e eu queria pedir desculpas por mais cedo na cozinha. – Pattie me respondeu esbanjando um pequeno sorriso e eu estreitei os olhos.

   - Você pensa que vou cair nessa? Seu filho me quer morta, então não venha bancar a simpática para meu lado que eu não caio nesse papinho. – fui bem direta pois não acreditei numa única palavra dela. Talvez esteja vendo coisas onde não existem mas estou na casa do que até agora era meu maior inimigo então todo o cuidado é pouco. E claro que é de estranhar que a mãe do Bieber venha logo cheia de sorrisinhos para mim.

   - Eu percebo que você não acredita em mim, ainda mais depois do que se passou na cozinha e para ser sincera eu também desconfio de você e não fico nada descansada sabendo que você está vivendo debaixo do mesmo teto que meu filho. – enquanto Pattie falava, Caitlin apenas ficava encarando nós duas.

   - Também percebo o seu lado mas veja bem, é seu filho que me quer aqui e não me deixa sair porque se dependesse de mim eu nunca estaria aqui. Vocês podem não acreditar em mim mas eu só quero vingar a morte de minha irmã e até agora pensava que seu marido, seu filho e Ryan, Chaz e Chris é que eram os culpados mas agora que descobri que Thomas Gray é que foi o verdadeiro culpado não tenho mais nada contra eles. Eu só quero vingança, apenas isso! – me esforcei para ser o mais sincera possível e esperava que pelo menos essas duas mulheres acreditassem em mim.

   - Marido? – Pattie me encarou confusa e logo sorriu. – Você tá falando de Jeremy? – assenti – Ele é meu ex marido. Agora somos apenas amigos.

   - Não sabia. – dei de ombros. Isso não fazia a menor diferença para mim.

   - Vocês podem achar que eu estou doida mas há qualquer coisa em você que me faz acreditar e confiar em você. – Caitlin falou chamando a atenção de mim e de Pattie.

   - Como assim qualquer coisa em mim? – perguntei.

   - Eu já tinha dito que gostei de você. – levantei a sobrancelha em descrença. – Tá legal… Sei que não começamos lá muito bem mas quando vi você enfrentando o Justin percebi um certo brilho em seu olhar. – sorri irónica em forma de desafio. Ela estava tentando me desvendar? É isso mesmo? Me segurei para não rir. - Nunca vi nenhuma mulher enfrentar ele como você faz e isso meio que me chamou a atenção. Aí passei a prestar mais atenção nas suas expressões e atitudes e me parece que você esconde quem é de verdade através dos sorrisos debochados e irónicos como esse que você está demonstrando agora. – fiquei automaticamente séria e cruzei os braços. Não estava gostando nada disso… Mas quem ela pensa que é? - Quando se sente ameaçada você tenta reverter o jogo provocando a outra pessoa e foi exatamente isso que você fez na cozinha quando se apresentou como namorada do Justin.

   - Isso foi apenas uma brincadeira! – me defendi.

   - Isso mesmo. Através dessa brincadeira como você mesma disse, você tentou mudar o foco da conversa para o Justin para o provocar. – sorriu vitoriosa para mim como se tivesse acabado de ganhar o mundo e eu bufei irritada.

   - Mas quem você pensa que é para ficar dizendo essas coisas sobre mim? Você nem me conhece! E se eu fosse você não confiava assim tanto em mim porque se eu quiser acabo agora mesmo aqui com você. – eu estava irritada, muito irritada mas não queria demonstrar isso porque assim estava a lhe dar razão, mas meio que foi impossível não demonstrar minha raiva depois das suas palavras. Caralho, ela só esteve comigo alguns minutos e pensa que já pode ir tirando conclusões sobre mim.

   - Caitlin se formou em psicologia e por mais que tente não consegue deixar de analisar todas as pessoas que conhece. – Pattie me explicou e só aí entendi sua capacidade de me compreender tão depressa. Passei dois anos aprendendo a esconder meus sentimentos e a suportar a dor caso fosse torturada algum dia e agora chega esta garota e já acha que me conhece apenas por ter um diploma de merda qualquer?

   - Mas eu não pedi a porra de análise nenhuma, então para a próxima faça me o favor de manter a merda da boca fechada! – fui rude para deixar bem claro que não estava para brincadeiras, mas Caitlin deu uma boa gargalhada.

   - Nossa, ela é igualzinha ao Justin! – Pattie assentiu, mostrando que concordava com Caitlin e eu as encarei incrédula. Eu nunca fui tão humilhada em minha vida! Elas me acham igual àquele babaca? É isso mesmo?

   - Eu não sou igual e ele! – exclamei irritada.

   - Por falar no Justin, será que a reunião deles nunca mais acaba? – perguntou a Pattie.

   - Que reunião? – perguntei confusa.

   - Essas reuniões normais de negócios que eles costumam fazer. – disse a Caitlin demonstrando que não estava por dentro dos assuntos da máfia, mas não foi isso que me chamou a atenção no momento mas sim o facto de que se aquela era uma reunião de trabalho, eu deveria estar presente e ninguém me chamou.

   Filhos da puta!

   - Se eles pensam que me vão deixar fora disso estão muito enganados! – exclamei irritada mais para mim mesma do que propriamente para elas. Marchei irritada para o escritório deixando uma Pattie e uma Caitlin sorridentes para trás.