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História Christmas - All These Years


Escrita por: rohpolicarpo

Capítulo 57 - All These Years


Fanfic / Fanfiction Christmas - All These Years

É tão gratificante pisar pela primeira vez no hospital que eu ficarei os próximos anos me especializando para me tornar uma médica realmente boa. Eu vou ter como inspirações alguns dos melhores médicos do país, estava tão feliz que eu conheceria Arizona Robbins, ela desde o começo da faculdade para mim é um dos maiores nomes da pediatria, e eu trabalharia do lado dela! 


 O primeiro dia no hospital foi completamente extasiante, eu estava nervosa mas feliz, com vontade de vomitar todo meu café da manhã mas querendo chorar de alegria ao mesmo tempo. Richard Webber foi quem nos introduziu ao hospital, conhecê-lo pessoalmente foi maravilhoso, eu o admirava muito. O discurso que ele deu nunca saíra da minha cabeça. 


"Há um mês, vocês estavam na faculdade de medicina recebendo ensinamentos de médicos. Hoje... Você são os médicos. Os sete anos que passarão aqui como residentes de cirurgia serão os melhores e os piores de suas vidas. Serão pressionados além do limite. Oito de vocês escolherão uma especialidade fácil, cinco de vocês vão se descontrolar com a pressão. Dois de vocês serão convidados a se retirar. Este é o começo. Esta é a sua arena. Quão bem você irá se sair? Isso depende de você." 


 Era uma pressão imensa, mas eu sabia que no final conseguiria passar por todos os obstáculos e me tornar uma Pediatra com nome e uma carreira incrível. Os meses se passaram tão rápido e lento, cada plantão durava como dias, mas o mês se terminava em segundos, eu me dedicava completamente e estava tão feliz que conseguia me destacar aos poucos. Infelizmente eu não conseguia ficar todas as semanas na ala pediátrica, mas era muito bom conhecer as outras áreas e ver na pele o que cada lado da medicina fazia, estava gostando muito de cardiologia, cirurgia plástica e neurologia, eram as que mais me chamavam atenção caso eu pensasse em mudar de ideia, mas sei que isso seria muito improvável. 


 Viver no Colorado nunca se passou na minha cabeça, mas estou grata que fiz essa decisão e vim para Denver, eu estava apaixonada por esse hospital e essa cidade, e mesmo com todas as dificuldades que estou passando não consigo me arrepender de nada. Eu moro mais no hospital que na minha própria casa, as vezes fico tão cansada que encosto em qualquer lugar e desmaio. Foi muito difícil para mim vir morar sozinha e sem ninguém, na faculdade eu tinha Mani mas ela voltou para Miami e eu vim sozinha, ainda não me aprofundei em amizade com ninguém dos outros internos, mas a que sou muito próxima é a Lexie, ela me ajuda muito aqui e seu jeito e astral faz parecer mais leve a pressão que sentimos todos os dias. 


 Tem que ser muito forte para lidar com alguns casos daqui, quando fico na semana do trauma as vezes tenho vontade de largar tudo e apenas chorar em algum canto, acompanhar os casos críticos ou até complexos por ter uma história por trás dele é tão difícil, mas foi desabando e as vezes querendo desistir que eu encontrei força para aguentar mais um dia, e irei fazer isso até conseguir me estabilizar.  


 Completei seis meses aqui e estou tão orgulhosa do meu progresso, eu realmente encontrei algo que amo fazer e que sou boa, e não irei desistir disso nunca. Essa semana eu finalmente peguei a pediatria, era tão gostoso ficar cercada de crianças e bebês, mas nem tudo eram flores e chegavam casos críticos aqui com crianças que me abalavam muito. Um deles chegou no início da noite, uma menina de sete anos chegou com ferimento grave na cabeça, severos machucados internos e até marcas de cigarro que foi apagado em sua pele, era uma coisa tão surreal para mim que me deixava nauseada, como conseguiam fazer algo assim com uma criança? 


 Arizona me encarregou para ficar de olho nela a noite toda, o serviço social já havia chegado e estavam averiguando o caso juntos da polícia, até porque a menina morava em uma casa adotiva e isso era claramente um caso de abuso e tortura, me entristecia muito essas situações.


 Já tinha se passado um tempo desde que fui checar outros pacientes então fui a caminho mais uma vez do quarto da Millie, ela permaneceria desacordada o resto da noite mas precisava checar sempre. Empurrei a porta do quarto para entrar e me assustei quando ela bateu em algo e em seguida ouvi um gemido de dor, arregalei os olhos assustada e implorei para que não fosse algum médico de plantão, eu odiava irritar eles. 


"Oh meu Deus, me desculpe!" Pedi apressada, entrando no quarto que agora estava com a passagem livre. Olhei para a mulher que estava com a mão no rosto soltando uns gemidos e paralisei no lugar. Não podia ser. 


 Quando sua mão saiu do seu rosto e vi quem estava ali, senti que poderia desmaiar, era como se tudo tivesse travado e só eu podia reagir a isso. Camila. Ela estava ali mesmo? Só podia ser uma alucinação, como isso era possível? 


 Fazia cinco anos que eu a não via, e seu rosto mesmo mudado ainda era o mesmo que eu tinha na memória, isso era tão estranho, tê-la aqui agora só me faz lembrar de tudo que já passamos e vivemos juntas. Seus olhos castanhos e tão expressivos estavam me olhando novamente após anos sem contato, seu rosto agora de uma mulher, tudo permanecia o mesmo, ela ainda usava o mesmo perfume? Eu consigo fechar os olhos e sentir seu cheiro até hoje. Seu cabelo cresceu um pouco mais, seus olhos estão exatamente como eu me lembrava. 


"Camila?" Perguntei falha, era como se minha alma tivesse deixado meu corpo e eu estivesse num limbo, nunca pensei que nosso reencontro poderia ser assim. Eu nunca me preparei para um momento como esse.


"É mesmo você?" Ela deu um passo para frente, ainda tão chocada quanto eu. 


"Sim, eu não estou acreditando." Tentei rir mas percebi que saiu mais como um soluço, só então sentindo meus olhos cheios de lágrimas. 


 De repente tudo voltou, todas as memórias e momentos, tudo começou a passar como um filme na minha cabeça e eu não conseguia sentir meu corpo, por mais que ele gritasse para que eu me jogasse nos seus braços e a abraçasse como desejei todos esses anos, eu estava travada demais para conseguir. E o suspiro de alívio que saiu de mim foi quando ela fez isso e cortou nossa distância e me abraçou, todo o ar dos meus pulmões se esvaziou e eu apertei ela tão forte que poderia doer, mas eu estava anestesiada, isso era um sonho, era a única explicação. 


 Percebi que nós duas chorávamos quando ouvi seu primeiro soluço, fechei os olhos com força e me enfiei no seu pescoço tentando não acabar nunca mais esse momento, era como se todo meu corpo tivesse se separando em dois, tudo doía e a falta de ar estava quase me fazendo perder a consciência, era inexplicável o quanto eu estava sentindo tudo ao mesmo tempo, todos os sentimentos ruins, as dores, as noites dormindo chorando por ela, a saudade imensa que não saiu de mim um único dia, era muito tempo e muita coisa para digerir. Eu só queria abraçá-la e não separar mais, até que tudo isso tivesse ido embora. 


"Eu não acredito que você está aqui, me diz que não é mais um sonho meu." Camila choramingou em meio a falta de fôlego. 


"O que você está fazendo aqui?" Me afastei após sentir que não morreria chorando, meu rosto devia estar um caos mas eu precisava olhá-la de perto. Seu rosto estava tão perto do meu, vermelho e molhado pelas lágrimas. 


"Eu vim fazer meu estágio aqui, você nunca me falou que viria para o Colorado!" Ela olhou-me revoltada e eu ri pela sua carinha, fazia tanto tempo que não entrava na minha cabeça que era realmente ela aqui. 


"Dinah e Normani sabiam, essas malditas." Resmunguei, me tocando que elas esconderam isso e provavelmente não contariam tão cedo. 


"Você está tão médica!" Ela gargalhou, me olhando de cima a baixo, eu usava meu uniforme hospitalar e o jaleco por cima. "Ficou linda assim, parece que foi feito para você." Sorriu de lado, senti meu rosto esquentar e retribui o sorriso. 


"E você com essas roupas sociais? Sempre imaginei como seria quando você começasse a atuar mas não chegou aos pés da realidade." Camila ficava tão linda vestida assim, dava um ar mais sério e responsável que nunca vi nela. 


 Facilmente me perdi olhando-a como se não pudesse fazer mais isso para resto da minha vida, é engraçado porque depois de todos esses anos, eu continuo sentindo tudo com ela por perto, é como se estivéssemos congeladas no tempo e agora que apertaram o botão para voltar à vida. Como eu ainda me sinto ainda a adolescente de dezessete anos que a conheceu de forma tão inusitada, se apaixonou e jurou para as estrelas que nós seríamos o destino uma da outra. Foi tão ingênuo da nossa parte, e um pedaço de mim queria tanto acreditar que conseguiríamos, que podíamos ser aquele casal da adolescência que vive o final feliz de conto de fadas. Ela provavelmente nunca vai saber, que ainda é a única depois de todos esses anos. 


 Só então me toquei que estava no quarto com uma paciente que vim checar e precisava entregar os resultados. Camila pareceu se tocar ao mesmo tempo da nossa realidade e seu rosto se tornou vermelho de tanto que ela corou, sorri com a visão que tive e conti o suspiro, ela sempre foi uma das coisas mais fofas do mundo.


"Eu vou encontrar minha chefe, precisamos voltar para o escritório." Ela sussurrou envergonhada, senti um aperto do peito sabendo que ela já iria embora. "Mas... precisamos conversar, podemos marcar algo amanhã? É minha folga." Mordeu o lábio e vi o nervosismo no seu rosto. 


"Claro! Meu turno vai acabar amanhã às oito, preciso descansar um pouco e então estou livre a partir da tarde." Suspirei ao vê-la assentir com um sorriso e se virar já indo embora com um tchau sussurrado. 


 Assim que a porta fechou soltei o ar que estava prendendo, percebi que meu corpo ainda reagia quando me vi tremendo e com o coração batendo a mil, e foi apenas um rápido olá. Nunca na minha vida passaria na minha cabeça encontrar Camila assim, aqui e sem aviso algum, eu pensava que provavelmente não a veria por bons anos, e estava conformada com essa situação. Mas então o destino joga essa bomba na minha cara, que após todos esses anos separadas estávamos morando na mesma cidade e nem sabíamos, eu ainda estou tentando processar que a minha ex namorada acabou de voltar para a minha vida. Depois de todos esses anos. 


-*- 


 Uma pilha de nervos eu me encontrava agora, literalmente suando de nervoso e tentando não pegar o celular e cancelar tudo com Camila. Eu mal consegui dormir após chegar do meu plantão, rolei pela cama as preciosas horas que eu tinha de sono, mas tudo que estava na minha cabeça era Camila. Era irônico eu estar tão nervosa para ver uma pessoa que fez parte de grande parte da minha vida, eu conheço-a por dentro e por fora, vi partes suas que ninguém nunca viu, e ela fez o mesmo comigo. Mas então me lembro que não somos mais as mesmas, que mudamos em muitos gostos e opiniões, amadurecemos e somos adultas agora, e então todo o nervosismo volta porque eu sei que não conheço-a mais. 


 Era ridículo eu estar com a sensação que estava indo para um encontro, não era isso e eu sabia. Não sei se um dia voltaremos, e tudo o que menos quero agora é me iludir e me machucar novamente, eu estou morrendo de saudades dela e apesar de todo nosso relacionamento, tivemos uma amizade antes de tudo e o que me faz mais falta é isso. Olhei-me uma última vez no espelho notando meu rosto nervoso e apreensivo, não consegui nem me maquiar direito, coloquei apenas um jeans e uma blusa preta estilo corset e coturno. 


 Tentei a viagem toda até sua casa não pensar em nada, dirigia com calma e percebi que morávamos um pouco longe uma da outra, então seria quase impossível de nos encontrarmos naturalmente na cidade, mas ainda sim nos encontramos. Ao estacionar em frente à seu prédio, fechei os olhos respirando fundo e mandei mensagem avisando-a que cheguei. Sei que da última vez que nos falamos na nossa formatura, ela me agradeceu por tudo que fizemos para chegar nesse momento, mas sinto que no fundo ainda pode ter alguma mágoa, não sou hipócrita em dizer que não estou machucada, foram anos difíceis, teve dias que sentia que nunca mais seria a mesma novamente, e não estava errada de certo modo. 


 Camila POV. 


"Por favor, Sabi. Se você chegar e me envergonhar eu juro que não falo com você por um mês." Implorei para minha melhor amiga que gargalhava as minhas custas, eu liguei para ela tentar me acalmar mas ela só me zoava e falava que quando chegasse iria fazer complô com a Lauren. 


"Só porque te amo muito, Karla. Daqui a algumas horas estou em casa, não é pra transar no sofá!" Ela praticamente gritou a última parte de desligou, xinguei-a mentalmente e joguei o celular de lado. 


 Lauren chegaria a qualquer momento e eu estava num misto de felicidade e ansiedade, toda vez que eu imaginava nosso reencontro eu sempre nos via voltando à tudo que éramos, muito além do namoro, eu me sentia em casa e ela era minha melhor amiga apesar de tudo, e era essa visão de cumplicidade e carinho que me vinha na cabeça, conseguiríamos agir assim novamente? Eu achava pouco provável, é estranho abraçar quem você já beijou, continuar amigas quando já fomos namoradas.


 Tudo que eu sabia esta manhã quando acordei, é que sei de uma coisa agora que não sabia antes, ou que tentei esconder de mim. Meu coração conseguia ser tão dela quanto meu, e isso me frustrava porque é como se o que tivemos foi tão marcante que nunca sairia da minha cabeça, foi por essa sensação que nunca consegui seguir em frente na faculdade, conheci tantas pessoas maravilhosas e consegui me entregar em alguns momentos, mas era isso, algo carnal e "amigável", porque eu não conseguia sequer me imaginar me apaixonado por outra pessoa. Desde ontem, tudo que eu vejo há 18 horas são seus olhos verdes e seu sorriso, desejava que fossem os mesmos que eu conhecia, mas sabia que nada era igual.


 Quero voltar a conhecê-la, conhecer o seu eu de agora, sabia que me fascinaria por essa sua nova versão, tudo em Lauren me cativa e me faz admira-la, e não seria agora que mudaria isso. Tudo o que eu sei é que dissemos oi, e seus olhos são como voltar para casa, era como voltar a cinco anos atrás onde éramos uma só e meu lar era estar com ela. Mas agora tudo que eu sei é um simples nome, e que tudo mudou.


 A campainha me fez suar frio, encarei-a como se o maior desafio da minha vida fosse caminhar até ela. Não quis prolongar mais nosso sofrimento e apenas destranquei e abri, tive a visão de Lauren acanhada na minha porta, ela estava distraída olhando o corredor e deu um pulo de susto quando abri, sorri sentindo aquela sensação boa de vê-la mais uma vez, realmente como voltar para casa. 


"Oi, Lauren." Mordi o lábio ao encostar minha cabeça na porta. 


"Oi, Camila." Ela sorriu tão grande que senti até dor no estômago com a sensação. 


 Sai da frente da porta e deixei ela passar, tentando não ficar tonta ao sentir seu cheiro predominante que invadiu meu apartamento, Lauren conseguia ser a mulher mais cheirosa que eu conhecia, e ela nem usava perfume pela alergia, era um cheiro só dela e algum creme. De repente me senti envergonhada pelo apartamento, lembrei que esqueci no canto da sala espalhado meus papéis e algumas coisas da Sabi espalhadas como sempre, como não pensei em fazer uma faxina? 


"Amei esse quadro." Lauren riu alto apontando o quadro da parede que repartia para a cozinha, Sabina tinha um bordão que era "Ew" e ela mandou fazer um quadro enfatizando isso. 


"Isso é coisa da Sabi, não sei como aguento ela." Revirei os olhos rindo. 


"Você tá morando junto?" Ela me perguntou parecendo assustada, arregalei os olhos ao perceber como soou. 


"É a Sabina, minha amiga da faculdade. Nós fizemos o mesmo curso então quando vimos que tínhamos propostas de estágio na mesma cidade não pensamos duas vezes em ficar juntas." Esclareci um pouco nervosa, mas suspirei de alívio quando vi que ela sorriu assentindo com a cabeça, se fosse eu no lugar dela pensaria o mesmo. 


"É tão lindo aqui." Ela olhava curiosa o apartamento e sabia que estava nervosa quando mexia no cabelo, mas travei ao perceber que sua mão que sempre era lotada de anéis tinha um que eu reconheceria de longe. Suspirei atordoada e engoli em seco, eu não lembrava desse anel a anos. 


"Eu fiz cookies, mas acho que queimou um pouquinho no fundo." Sorri sem graça apontando para o prato que estava em cima da mesa de centro da sala, e ela riu negando com a cabeça.


"Ainda bem que você não mora sozinha mesmo, isso ia pegar fogo." Ela me olhou brincalhona, dei a língua fingindo estar brava e fui em direção ao sofá, fazendo-a me seguir. 


 Peguei o prato e ofereci para ela, ansiosa para saber se gostaria. Eu não tinha provado ainda por estar com medo de ser horrível, mas tenho fé nas minhas habilidades culinárias e ela choraria de emoção por ser tão bom. Ela me olhou fingindo apreensão ao pegar o cookie e eu ri baixo, vendo ela levar até a boca e morder.


"Aí." Ela sussurrou, estranhei vendo que ela nem mordeu o cookie. "Camila, o ingrediente era pedra?" 


"Você tá mentindo." Olhei-a indignada e peguei eu mesma o cookie, mordi forte e senti meus dentes reclamarem com o quão duro estava, automaticamente senti-me corar, merda!


"Não fica assim, Camz." Lauren fez um bico tentando falhamente esconder a risada. Mas tudo que eu consegui prestar atenção foi no apelido que ela soltou de forma tão natural, o apelido que era só dela




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