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História Cidade Clareana - S05: O Passado e suas Sombras


Escrita por: Parkeson

Notas do Autor


EIS AQUI UM CAPÍTULO QUE VAI FRITAR A CABEÇA DE TODOS!

Oi meu povo, meus amigos e família, leitores amados que vão deixar Comentários e FAVORITOS pra nós, né, né?!?!
Obrigada a todos que estão acompanhando, a divulgação e o carinho de vocês ajuda bastante e sempre!

P.S eu fiz uma mudança no capítulo anterior, a Liza disse que voltaria na segunda, né? Mas na verdade é na semana que vem pq seguindo a cronologia, seria impossível voltar pra Denver na segunda. Então eu mudei pra semana que vem, ok? É isso.

Boa leitura!♥

Capítulo 3 - S05: O Passado e suas Sombras


Narradora on

Thomas e Minho estavam inquietos, e eles não negavam isso, pelo menos não entre eles mesmos. Thomas sabia que voltar pra casa com tudo bolado como estava não era boa ideia, e olha ele aqui, plena terça-feira, com Minho ao seu lado, trocando de roupa no vestiário masculino da sede, temendo o momento em que a nave de Elizabeth e Jorge pousasse na ilha de comandos ao Norte, e então logo, ela estaria em um helicóptero na área das Valkírias. Como ela reagiria ao saber que falharam?

—Ei, Minho!—chama, terminando de vestir sua camisa.—Você conta ou eu?

—Quer ir no ímpar-par!?—retrucou o amigo, secando seu cabelo arrepiado.—Não importa quem conta, você sabe que ela vai surtar de qualquer jeito.

—Droga!—exclamou Thomas, zangado, batendo a porta de seu armário com todas as forças.—Ela confiou em nós nessa missão e nós voltamos de mãos vazias?

—Ei, a culpa não foi nossa, se aquelas Valkírias não tivessem evacuado não estaríamos de mãos vazias.

E por mais que as meninas tivessem desistido assim que viram que a situação com os cranks não iria pra frente, e apesar de estarem completamente certas em voltar, Thomas sabia que Elizabeth ficaria brava. Escoltar um lugar assim não havia sido problema nesses dois anos nesta organização, mas pela visão de Thomas, todos eles estavam sensíveis nessa época do ano. Porque justo nessa época, fazem-se quatro anos que Newt—e Teresa—se foram, e três anos desde que a cabana de David pegou fogo.

—Se for problema pra você, eu falo.—disse Minho, fechando a porta de seu armário, com calma, pronto para sair dali.—Acho que é mais fácil ela atirar em você.

—Não, fiquei no comando, eu conto. O lugar explodiu fora do plano, mas ainda bem que explodiu.—contraria Thomas, Minho balança a cabeça, pensando bem que era justo o suficiente para a situação em que se encontraram lá.—Caso ela ameace uma arma, você segura a mão dela, combinado?

Minho sorriu, puxando seus olhos pequeninos, enquanto que com dois tapinhas nas costas de Thomas, começaram a caminhar para fora do vestiário, prontinhos para um descanso até que finalmente, Elizabeth voltasse eufórica.

Apreensivos, ambos foram até o elevador, subindo os próximos andares. Estariam prontos para provavelmente ir até o apartamento onde moravam, e então dormir, mas, como o porém que sempre desvencilha seu caminho, pararam, encontrando Brenda quem, afobada, vinha até eles.

—Onde vocês estavam?—questionou, tomando fôlego.—To procurando vocês à meia hora! Ah, quer saber? Esqueçam. Reunião, a Liza chegou.

Brenda ditou as ordens com pressa, e então, começou a caminhar em direção ao elevador. Mas para eles, só de ouvir que Elizabeth havia chegado, seus ouvidos chiaram, os pelos tremeram, e ao mesmo tempo, em sincronia, engoliram em seco, temendo o que viria a seguir.

—Então tá né...—comentou Minho, dando alguns passos à frente, seguindo Brenda.

—Ferrou.

Não demorou muito para que os três chegassem à sala onde Jorge estava sentado ao lado da cadeira de Elizabeth—que por acaso, não estava ali, para o alívio de Thomas— e como ele, Diana, Gally e Brenda tomavam seus postos. De vagar, e tentando ser discretos em seu desespero, talvez até em um leve ar de ironia, eles tomaram seus lugares na mesa, um ao lado do outro, bem longe da cadeira de Liza.

Tentando disfarçar, Thomas levemente aproximou-se de Minho, sussurrando:

—Onde acha que ela está?—perguntou.

—Não sei, trolho.—replicou o amigo.—Pode estar em qualquer lugar, o prédio é grande.

Estavam nervosos, isso não dava para negar, de forma alguma.

—Acho que vou deixar pra você, Minho.—falou Thomas.—É melhor você falar.

—Tá bom, relaxa, eu falo...

Nos instantes seguintes, ouviram os passos largos femininos dela, quem graciosamente adentrou o lugar com uma pasta, e como sempre, uma arma em seu coldre. Ela nem deve ter tomado banho ainda, não antes de poder relaxar, como costumava fazer.

—Vocês dois querem compartilhar o assunto!?—questiona Gally, curioso, olhos semicerrados. Enquanto ele falava, Liza fechava a porta com graça, e assim sentou-se.—O que acha maninha, vamos começar com os engraçadinhos ali?

—Ei mértila, tem coisas minhas que você não precisa saber.—retrucou Minho.—Ou você quer saber tudo?

—Minho, fica de boa, não quero saber do seu gel de cabelo.—pediu Elizabeth, claramente exausta da viagem.—Vamos acabar logo com isso e ir descansar.—suspirou, direcionando seu olhar para Brenda.—Como ficaram por aqui?

—Tudo certo, eu acho.

—Gally, alguma reclamação?—volta a olhar para o irmão.

Elizabeth sentia-se tão cansada quando na noite em que ganhou seu bebê—afinal, além de preocupar com a expansão, ela ainda precisava se preocupar com o andamento da cidade e com o segredinho que Logan confiara à ela—, mas desta vez, não estava com a alegria em seu peito, não a alegria que sentiu naquela noite, a alegria que faltava todos os dias.

—Não.—responde Gally.—Alguns problemas no trânsito.—completa, trazendo esta fala, para a cabeça de Elizabeth, a cena quando encontrou Zac na sexta.—Fora isso, tudo certo.

—Tá, então eu passo as minhas informações.—citou ela, fazendo uma pausa. Sua fala foi um alívio para Thomas e Minho, que se encararam, trocando olhares, sentindo um relaxar no peito.—Eles não foram nada pacíficos...

—Acrescentando, nem devíamos ter feito acordos com eles.—comenta Jorge, nada contente.—Não eram do tipo que deixam páginas brancas num livro.

—Tá e o que vocês fizeram?—questiona Brenda.—Não me diga que fugiram. 

—O acordo foi, nós mandamos um litro de cura, e eles nos enviam três dos deles.—explica Elizabeth, suspirando no final.—Se tudo der certo, em três meses voltamos e buscamos os outros.

—Mas o que tem a ver mandar três dos deles?—pergunta Diana, completamente fora do eixo.—Que diferença faz?

—Vai ser um tempo de teste para ambos os lados, para eles verem que podem confiar em mim, como Parkeson, e nós, se podemos confiar neles...

—E não podemos.—fala Jorge, interrompendo Liza com firmeza.—Hermana, aquele cara, aquele cara que diz ser líder não é do nosso tipo.

—Não é líder, é ditador.—afirma Elizabeth.—Ele tomou o poder, não o conquistou por mérito, não está nem aí para as pessoas à volta dele.

—De qualquer forma, o acordo deu certo e vamos precisar ficar de olho em três caras durante três meses?—fala Brenda, tentando esclarecer a situação.—Você tem um plano pra isso?

—Tenho.—afirma Liza, jogando a pasta que trouxera para Brenda.—Dá uma olhada, vão ficar nesse apartamento, no prédio ao lado do meu, câmeras vinte e quatro horas, e sistema de segurança avançado nessa parte do prédio com três quartos.

—Quanto de gasto vamos ter?—questiona Gally.—Vão ficar sob nossa responsabilidade, aos nossos custos e o quê mais? Uma massagem?

—Vão trabalhar, seu mané, é óbvio.—disse Liza, revirando os olhos.—Aliás, vamos ter várias coisas pra fazer quando começarmos a expansão.

Opa. O tempo parou, Thomas engoliu em seco, trocando olhares com Minho e evitando ao máximo contato visual com ela. Tanto ele quando Minho tentavam desparecer naquela conversa, independente do que pensavam sobre essa história de trazer cranks em tratamento pra cá ou não. Precisavam se manter distante ao máximo.

—E falando na expansão...—comentou Elizabeth, curiosa.—Minho, Tom? Estão quietos...

—Q-quietos?—repetiu Minho, tomando pose na cadeira.—É só que... não temos n-nada pra dizer sobre isso.

—É, q-quer dizer...—acrescentou Thomas.—O que você decidir, está decidido.

—Isso você dita as ordens...

—Parem de enrolar.—citou Elizabeth, desconfiada, entendiada com o teatrinho dos dois.

Liza os conhecia, sabia que se estavam enrolando daquela forma, algo havia dado tão errado para estarem nervosos, para evitarem contato visual com ela e para não contarem à ela logo de uma vez o que houve no lugar da expansão.

—O que aconteceu?—questionou Brenda.—Não me diga que voltaram de mãos vazias?

Thomas e Minho entreolharam-se, e então Minho, mordendo o lábio inferior, tomando fôlego, apenas ajeitou-se na cadeira, tomando compostura, tornou sua fala.

—Tá, é o seguinte...—disse, deixando um alívio imenso no peito de Thomas crescer por não ter que encarar Elizabeth como Minho fazia agora.—O Thomas conta.

Thomas deu um pulo com as costas na cadeira ao ouvir isso, além de ainda por cima, sentir a mão de Minho em seu ombro, e ao olhá-lo, ver uma piscadela. Mértila, mértila, mértila. Minho fora um pilantra e conseguiu enganá-lo direitinho. Agora teria que falar.

—Tom?—Liza o chama.—O que aconteceu lá?

—Eram destroços Liza, cidade vazia, sem barulho.—começou a falar, tremendo.—Nós pensamos que estivesse vazia, e depois... as Valkírias...

—Elas o quê!?—exclama Brenda, apreensiva.—O que tem elas, Thomas!?

—Nós tentamos lutar e voltar, mas os cranks... é como se tivessem evoluído.—Minho completa.—Metade humanos, metade cranks.

—Era assim que estavam em Denver.—disse Jorge, franzindo o cenho.—Suspeito...

—Eu disse que evoluiriam.—fala Liza, massageando as têmporas.—O que aconteceu com as Valkírias?

—Elas evacuaram com a confusão, e foi de repente, a gente não podia sair de lá sem pelo menos tentar...—Thomas faz uma pausa.—Então enquanto elas evacuavam...

Elizabeth ficou estática, surpresa, porque já imaginava o que ele queria dizer, e o que viria a seguir. Não conseguia acreditar, sabia que se dependesse de um plano do Thomas sem reparos danos seriam causados, por isso mandou Minho, mas parece que nem assim resolveu a situação.

—Não me diga que metade dos meus homens foram capturados, cara de mértila?—Liza questiona, entredentes.—Droga, Thomas...

—Liza, me desculpa!—exclamou o garoto, pulando da cadeira.—Na verdade, os cranks deixaram metade voltar, mas querem falar com você e em troca dos nossos, eles querem tratamento na cidade.

—Deixaram a gente voltar pra dar o recado.—completou Minho.—Desculpa, Liz...

—Tinha que ser vocês dois...—comentou Gally, com certa diversão na face.—Não é mesmo, Thomas?

Ao invés de responder, ou de deixar aquela discussão se prolongar, Liza apenas se levantou, e conforme ela se levantou Thomas assentou-se, demonstrando respeito, já que tinha feito merda da última vez.

—Vou ter que consertar a mértila de vocês, não é?—disse ela, cruzando os braços.—Jorge, você vem comigo?

—Com prazer, hermana.

—Quanto à vocês...—a líder apontou o dedo indicador para os dois.—Vão com o Gally pra Denver esta noite como castigo, e vão com helicóptero, quero que voltem rápido.—ditou ela. Por mais que fosse desconfortável e nada agradável para eles ir e voltar de helicóptero sem o descanso de uma noite, eles a deviam, e não podiam reclamar.—Alguma objeção?

Como não houve resposta, Elizabeth apenas assentiu e logo, foi até a porta.

—Ótimo, então nos encontramos em dois dias.—falou, pronta para deixar a sala.—É bom que descansem um pouco antes de partir.

[...]

Conforme Elizabeth ditou as regras, Thomas, Gally e Minho partiram naquela noite, próximo da meia noite, puderam dormir, mas não tanto quanto almejavam.

Agora, dentro daquele helicóptero, com dor nas costas e muita, muita vontade de encontrar uma cama macia, Gally pousou a aeronave, nos montes depois dos túneis, onde poderiam ter uma vista completa da cidade, sem perigo de serem avistados caso chegassem perto demais. Cansado, Thomas desatou seu cinto, massageando a face com as mãos.

Era quinta-feira.

—Vamos logo, trolhos.—falou Gally, já descendo com a mochila, que continha a cura provisória em seu interior.—Quanto antes formos, antes voltamos.

E por mais que o babaca do Gally estivesse certo, Minho e Thomas sentiam-se cansados da mesma forma, e apesar de saberem que mereciam isso por terem sido teimosos o bastante, gostariam de poder estar em casa.

Uma vez que desceram do helicóptero, Thomas esticou-se, e então, quando notou a cidade destruída à alguns quilômetros, juntou-se aos amigos, parando na beira de um penhasco que lhes dava uma vista perfeita do lugar. Estava um caos, uma verdadeira destruição levantada em beira à ruína, assim como a maioria das cidades por onde o fulgor se alastrou, mas desta vez, com fogos e queimadas.

—Olha só, a Liza falou que é pra gente não enrolar com essa gente.—comentou Gally.—Então é melhor deixar a arma engatada.

Assim que terminou de dizer aquilo, Minho ao seu lado puxou o desengate, liberando o estalo da arma, indicando o quanto estava pronto, e dito isso, começaram a caminhar. Quanto mais se aproximavam, mais podiam notar a destruição, o caos, e tudo que estava queimado na miséria.

Algumas pessoas, misturadas à face o semblante de cranks, como se pudessem raciocinar como humanos, mas mantinham aquele remorso e doença no peito, ficavam em volta da entrada, que como descrito por Elizabeth, guardava uma placa com a escritura "Cidade dos Cranks".

—Alguém mais ta com mal pressentimento?—disse Minho.—Esse lugar é medonho, ainda dá tempo de voltar.

—Vamos fazer o que a Liza pediu.—retrucou Thomas.—E ver no que dá, quem sabe não vamos precisar explodir nada dessa vez.

Minho sabia que da última vez não tinha dado nada certo. Nunca dava, apesar de sempre acabarem vivos no final. Tomando fôlego, Thomas foi o primeiro a dar um passo à frente, adentrando à cidade. Nos primeiros momentos, só o que eles sentiram foram os olhares das pessoas rancorosas que ali se encontravam. Mas, assim que chegaram à entrada do primeiro quarteirão, um grupo de cinco homens grandes, trajando roupas simples e rasgadas, além de bandanas pretas que cobriam suas faces, travaram a passagem, impedindo-os de prosseguir. Logo, Minho e Gally já estavam com as mãos em suas armas nos bolsos. Mas Thomas, atento, decidiu esperar.

—Vocês tem uma chance de voltar por onde vieram.—disse um deles, o que se encontrava no centro.—Ou então pagar para ficar.

—Não somos cranks.—afirmou Thomas, erguendo os braços em rendição.—E nós não viemos brigar.

—Ah, jura!?—exclamou o homem, com certo deboche.—Então imunes como vocês devem ser muito corajosos para vir à nossa cidade!

—Viemos em nome da Parkeson.—disse Gally.—Ela disse que tem acordo com o líder de vocês.

Thomas pôde notar que ele abaixaram a guarda, e assim como abaixaram a guarda, ainda ousaram abaixar a bandana, revelando a face cheia de veias negras do pescoço à testa, e certos detalhes que os faziam cada vez mais cranks. Dentre eles, um de pele negra, olhos vermelhos, e o que parecia mais calmo, tomou dois passos à frente.

—Vocês trouxeram o combinado?—questionou. Então, cautelosamente, Gally apontou para a mochila em suas costas.—Venham comigo.

E, mesmo que estivessem desconfiados o bastante para não ir, ou eles o seguiam, ou então falhariam novamente para com Elizabeth, e vê-la irritada o suficiente para puni-los de outra forma, não era algo que Thomas gostaria de ver novamente, então, junto à ele, seguiram até um prédio, o que menos estava detonado, no fim da rua. E ali, o homem abriu a porta, revelando uma sala vazia, com três cadeiras, sendo que uma delas, estava atrás de uma mesa. Eles adentraram.

—Esperem aqui.—pediu o homem moreno que os acompanhava.—Por favor.

Dito isso, ele atravessou uma porta que estava quebrada pela metade, desaparecendo por um corredor. Finalmente, durante aqueles minutos que ficaram sozinhos, Thomas sentiu que eles puderam ficar aliviados.

—A Liza é maluca.—comentou Minho.—Como que ela consegue vir em um lugar assim e fazer negócios!?

—Qual é, Minho.—replicou Thomas, tomando um assento.—Você sabe porquê.

—Ela se culpa.—explicou Gally, com ambas as mãos na cintura.—A maioria das cidades estão assim por causa dela.

—O vírus acabaria com tudo, mesmo que ela não tivesse tirado os imunes.—falou Thomas.—Ainda sim, machuca.

O silêncio que ficou ali presente durou pouco, por mais que fosse o suficiente para ficarem um pouco mais à vontade com a situação, e não tão tensos, mas atentos, não durou tanto quanto Thomas desejou que durasse. Logo, ouviram a porta, ranger, e por ela, saiu um homem velho, com barba e assim como os outros lá fora, seu rosto esvaía um lado crank que deixava aquele seu ar assustador.

—Ah, eu esperava pela Parkeson.—disse ele.—Mas de qualquer forma, chegaram no prazo, isso é bom.

—A Parkeson teve problemas na volta.—falou Gally, nada sútil.—Mas não se preocupe, respondemos por ela. 

—Sendo assim...—ele sorriu, de certa forma, demonstrando um lado sacana.—Vamos aos negócios.—fez uma pausa, diminuindo o sorriso.—Onde está o soro?

Gally trocou olhares com Minho, que não lha disse nada, mas Thomas por outro lado, com certo aviso, assentiu de leve, mesmo que na dúvida. Então, escutando seus extintos, Gally abriu a bolsa, mostrando-lhe os pequeninos frascos azuis. O homem sorriu, seus olhos brilharam, demonstrando que pronto para por as mãos na mochila quando, repentinamente, Gally fechou a bolsa novamente, desafiador.

—Me mostre quem vai primeiro.—ditou o garoto, não deixando o homem nada contente.—Você viu seu prêmio, quero ver o meu.

O homem fez um cara de concordância, assentindo enquanto pensava no que falar. Tudo indicava que o garoto havia usado as palavras com cautela.

—Justo.—disse o homem.—Sendo assim, terão que esperar.

—Leve o tempo que precisar.—comentou Minho, cruzando os braços ao tomar assento em uma cadeira, ao lado de Thomas.—Não vamos à lugar algum sem vê-los.

E com um sorriso cordial, ele deixou a sala, voltando de onde veio. Thomas suspirou, demonstrando estar um pouco impaciente, gostaria de poder ir embora, gostaria de estar em uma cama dormindo, ou melhor, gostaria de não estar aqui. Esse lugar era nostálgico, era o lugar onde duas das maiores pessoas que conheceu em toda sua vida o deixaram. Como reagir diferentemente?

Desta vez, eles mudaram de posições diversas vezes, e deviam ter esperado por cerca de quase uma hora e meia. Sim, realmente estava demorando, será que era sacanagem? Será que era uma armadilha? O que poderia ser?

—Muito bem, desculpem a demora.—ouviram a voz do homem.—Bom, esses garotos os acompanharão, são os meus melhores.—proferiu, como uma apresentação.—Jhon, meu atirador!—assim que disse esse nome, um garoto, com quase a mesma idade deles adentrou a sala. Ele tinha as madeixas negras, pele clara queimada por conta do Sol, e as veias saltadas, face de um verdadeiro crank.—Não vão se arrepender.

—Jhon!?—repetiu Minho, com as sobrancelhas arqueadas.—E os outros?

—Um de cada vez.—disse o homem, calmamente.—Venha Louis, esse aqui consegue entrar em qualquer lugar sem ser percebido.—explicou o mais velho, dando dois tapinhas no ombro do garoto. Este era ruivo, com as mesmas características físicas do anterior, porém, pouco mais musculoso.—Ele será útil, eu garanto.

—Tudo bem, mas estamos com pressa.—resmungou Thomas.—Dá pra não enrolar?

Thomas jurou que, naquele instante, o homem iria se irritar, e com toda a certeza jogá-los-ia para um campo de tiro e acabar com aquele acordo, além de ficar com todo o estoque de cura. Porém, aquele homem mais velho, que nem se quer deixou-lhes saber do nome, como antes, apenas sorriu.

—Se assim você quer, Beth, pode vir.—disse ele, e como se fosse em câmera lenta aos olhos dos três clareanos, o próximo entrou. Neste instante, só o que Thomas queria poder desejar, era ter calado a boca minutos atrás.—O Beth é o melhor em tudo o que faz, observador, líder, este aqui é minha arma secreta desde que o achei quase morto na cidade.

Não poderia ser o que os olhos de Thomas enxergaram naquele momento. Era impossível, impossível! Não tinha como aquele cara ser o amigo que tanto ele sentia falta, mas era tão parecido. Thomas trocou olhares com Minho, tão estupefato quanto ele mesmo, e Gally, estático, não tirou os olhos dele. Os fios loiros, o contorno leve exatamente igual, e além de tudo isso, estava aqui, em Denver, onde o mesmo havia morrido. Não era possível, não tinha como ser, eles o viram morrer.

—Newt?—chamou Thomas, já sentindo os olhos aguarem e sua respiração ficar descompassada.—É voc...

—Será que pode dar um minuto pra gente?—sensato, Gally pediu, tomando a frente.—Por favor?

O homem nada falou, apenas assentiu, liberando espaço para eles. Minho foi o primeiro a sair do prédio, nada gentil com a porta, e sim com força, raiva, mágoa. Thomas o seguiu, mas não antes de voltar a olhar para o garoto que foi chamado de Beth. Então, deixou a sala com Gally logo atrás dele.

Lá fora, Minho estava com ambas as mãos atrás do pescoço, puxando os cabelos da nuca. Os olhos de Thomas já estavam vermelhos, e Gally por sua vez, com ambas as mãos na cintura, tentando ser racional, mas como poderia? Aquele cara era exatamente igual a Newt, a única diferença eram as veias que apresentavam-se negras até próximo do pescoço, enquanto sua face apenas mantinha a façanha de remorso, mesmo assim, lembrava seu amigo.

—Não é possível...—resmungou Minho, virando-se para os amigos.—A gente viu ele morrer!

—Minho, se acalma!—exclamou Gally.—Tem que relaxar.

—Relaxar!?—pronunciou Thomas, jogando-se ao sentar na areia do chão.—Diz como Gally, me diz como!

—Pode ser outra pessoa, ou pode ser ele, tentem pensar!—voltou a dizer Gally, fazendo uma pausa logo em seguida.—Vocês também pensaram que eu tava morto, mas ei, olha eu aqui.

—A Liza disse que a faca tinha adentrado uma veia que ia direto pro coração.—disse Minho, tomando a fala.—Quais as chances de ela errar nessa parte, hã? Além disso, eu vi ele parar de respirar, todos vocês viram!

—Tá, então não é o Newt, não é o mesmo cara, não é o nosso amigo.—Gally fala, rendendo-se.—Nós três conseguimos lidar com isso, por mais que machuque lá no fundo, mas e a Liza?—fez uma pausa, aquietando seus amigos.—Ela não vai suportar olhar pra cara dele, não depois de tudo o que aconteceu, e faz pouco tempo que ela terminou com o Zac, a cabeça dela vai misturar tudo... vocês não viram ela chorar, mas eu vi, e eu não quero mais ver a minha irmã se perder de novo!

Thomas fechou os olhos com força, tentando absorver, tentando lidar com o que o amigo havia acabado de dizer. Gally provavelmente estava certo, as chances de Newt ter sobrevivido, sem soro, com uma faca cravada no peito, próximo ao coração, eram quase impossíveis. Além disso, ele ainda estava certo sobre outra coisa, Liza não iria suportar se ele voltasse com eles.

—O que vamos fazer?—Minho deixou a fala no ar, tão confuso quanto os outros.

Mas assim que dito aquilo, Thomas sabia que precisariam convencer o homem que liderava a cidade, de que aquele garoto Beth não poderia vir com eles, de forma alguma, para o bem de Elizabeth.

Então de acordo, eles adentraram o prédio novamente, em silêncio, ouvindo certas risadas, do tipo que dizia o quanto provavelmente estavam debochando de algo. Mas Thomas não se importou com aquilo, só o que queria, era ter certeza de aquele cara não era, ou então se era mesmo seu amigo.

Assim que colocaram os pés dentro do prédio, as risadas cessaram, logo, Thomas suspirou, tentando manter o controle.

—Só me responde uma coisa...—disse Thomas, nada confiante, encarando o loiro.—É você, Newt?

O loirinho franziu o cenho, levantou uma sobrancelha e com um sorriso nada, nada gentil, além de demonstrar ser totalmente canalha, respondeu, revelando seu tom de voz.

—Acho que você ta me confundindo com outra pessoa.—respondeu, revelando sua voz os finos detalhes, que demonstravam ser a mesma voz do seu amigo.—Meu nome é Beth e eu tenho certeza que eu nunca te vi na vida, cara.—lambeu os dentes da frente, desfazendo um leve toque do sorriso.—Mas é um prazer.

—Você não vem com a gente.—falou Minho, autoritário.

—Como é?—questionou o líder.—A escolha de quem iria ou não, não estava no acordo, eu determino quem vai ou não.

—Não podemos levar ele.—Minho voltou a dizer, encarando-os sem expressão.—A Parkeson não vai aceitar esse aí.

—Ou ele, ou ninguém, e vocês ficam aqui pra morrer e eu ainda saio com o soro.—ameaçou, com toda a certeza, acertando a confiança dos três amigos na espinha. Nenhum deles esperava essa atitude, mas como Jorge disse, e os avisara, com esse tipo de gente não há meio termo.—Se é assim...

—Não, espera!—exclamou Thomas, tomando a frente.—Falou, pode ser, do seu jeito, ta bem, só esquece, fazemos como você quer.

O homem pareceu ficar relutante, e arqueou as sobrancelhas, mas como havia feito o acordo com a Parkeson, ele cumpriria sua parte, pelo menos o que havia, e apenas o que havia combinado com ela.

—Certo, vou fingir que não disseram nada.—cedeu ele, desviando o olhar para baixo, antes de erguê-lo novamente. Isso sem dúvida tirou um peso o peito deles.—De qualquer forma, já estão com as coisas prontas para a partida.—completou.—Agora quero meu soro.

Thomas com certeza sentiu certo alívio ao ouvir aquilo, ao mesmo tempo em que tudo o que aquele garoto o disse, partiu seu coração, porque desta vez, seu amigo não voltaria. Talvez, fosse o que ele pensasse na época, mas agora, Gally tomou as rédeas, como a irmã geralmente fazia, talvez assumir controle fosse de família.

—Tá, eu te entrego a mochila, assim que eles entrarem no meu helicóptero.—falou Gally, convicto.—Vamos de carro, eles entram e te entrego a mochila.

—Como vou saber que não é um truque e você volta com a mochila?—falou o homem, desconfiado.

—E como eu vou saber que vocês não pretendem o mesmo?—retrucou Gally, arqueando as sobrancelhas.—Se continuar assim não vamos ter acordo.

Aquele que se dizia líder, velho e quase acabado por conta do vírus, mas vivo e um tanto forte quanto tudo indicava. Ele suspirou, tentando pensar no próximo passo, enquanto Gally sabia muito bem que não lhes entregaria a mochila enquanto todos não estivessem no helicóptero.

—Certo, vamos até o seu helicóptero.—disse ele.—Como chegamos?

—Tá, me diz que vocês tem carro, por favor...—falou Minho, mais como uma imploração.—Por favor, não me faça ir de volta até lá andando!

Minho poderia ter corrido anos no labirinto, com certeza fora o suficiente para, como andava na cidade, pedir por um carro. Tanto que, andando com um veículo, não levaram tantas horas quanto antes para chegar até o helicóptero.

—É aqui.—disse Thomas, descendo do carro.—Vamos logo...

—É, vocês vão...

No instante seguinte, só o que Thomas pode captar foi uma arma na cabeça de Gally por parte de um dos homens, logo, Minho se apressou em pegar a sua própria, na questão de um segundo, e ameaçando outro que estava ao lado dele.

—Vocês querem parar com isso?!—exclamou Thomas.—Ou nós tentamos confiar ou não tem acordo!

—Deixa eles entrarem, eles entram e eu deixo a bolsa no chão.—falou Gally, tirando a mochila das costas com cuidado.—Pode ser!?

—Que sejam rápidos!

Gally lançou um olhar para Thomas, ele se apressou e entrou no helicóptero, assim, o cara com quem Minho ainda mantinha a arma sobre a cabeça, conforme o dito do garoto, subiu a aeronave atrás de Thomas, e em seguida, Beth, ou quem dizia ser. Todos já estavam dentro, então, levemente, com lentidão, Gally esticou o braço, entregando para um dos homens que trabalhavam para o cara que os liderava, a bolsa. Uma vez que esta estava nas mãos dele, a arma foi tirada da cabeça de Gally, e este apressado, correu até o helicóptero, pronto para sair dali.

—Me escute bem garoto...—falou o crank, o homem cujo nome eles não sabiam. O líder.—Vamos nos ver de novo, eu te garanto.

E mesmo que aquilo os assombrasse, só o que qualquer um dos três amigos queriam, era sair dali, e logo estar em casa.


Notas Finais


Gally sensato? CAPÍTULO de PARTIR CORAÇÕES? simm!!

Avisos:
Feriado semana que vem, talvez eu vá viajar e TALVEZ precise postar no meio da semana que por causa disso, fiquem ligados!

O que vocês acharam? Me digam lá embaixo por favor! Até a próximaa!


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