História Cidade dos Encontros Inesperados - Happy Hour

Capítulo 10

Happy Hour

“Quero representar uma diversão inocente. Há poucos divertimentos que não sejam culpáveis.”

Charles Baudelaire

 Jace sorriu para a morena. Sabia que ela só estava fazendo drama.

- Pensei que fosse o seu namorado. – falou olhando-a. Kat estava arrumada demais: trajava um vestido preto curto e rodado, de mangas curtas, que marcava sua cintura com um cinto de spikes, meias grossas e bota se salto alto, da mesma cor que o vestido. Os olhos castanhos estavam bem marcados por lápis, rímel e delineador e a boca coberta por um batom roxo. – Aliás, ele é um idiota. – comentou depois de analisa-la.

- E os demônios são malignos. – comentou ela, entediada. – Mas não é como se nada disso fosse óbvio, é claro. – disse irônica.

- Você, por acaso, está se escondendo dele? – perguntou o loiro, já imaginando a resposta.

- “Escondendo” é uma palavra muito forte. – falou ela, estalando a língua. – Digamos que estou apenas evitando encontra-lo. – sorriu sapeca.

- E veio fazer isso aqui no quarto da Clary?

- Claro que não. – sorriu para ele. – Eu vim convidar vocês para sair. Vi uma boate incrível no centro. – comentou animada.

- Eu não vou voltar a Hot Wings nunca mais, Kat. – declarou o loiro, cruzando os braços.

 Kat revirou os olhos.

- Nem se você voltasse. A HW é uma boate de fadas. Nunca mais vão te deixar entrar. Esqueceu que foi você que botou uma lâmina no pescoço da devotada Vadia Seelie deles?

- É, isso é verdade... – concordou. – Mesmo que não seja um local de fadas, e apesar do Peter ter estragado o clima aqui, ainda não sei se é uma boa ideia. – virou-se para a ruiva sentada na cama. – O que você acha, Clary?

- Estamos precisando mesmo nos divertir, Jace. – comentou ela. – E, para mim, parece uma ótima ideia.

- As ideias da Isabelle são ruins, - começou o loiro. – mas as da Kat são terríveis. E ela sempre escolhe as boates onde vai ter confusão.

- Não culpe os lugares pela sua inegável capacidade de atrair problemas. – retorquiu Kat.

- Já vi que vou perder...

- Você nunca ganhou de mim, Jace. – falou provocativa e piscou para ele. – Agora, vão logo se arrumar. – disse antes que Jace pudesse retrucar. – Estarei esperando lá fora, com os outros.

- Que outros? – perguntou Clary, curiosa.

- Bem, Magnus e Izzy nunca recusam uma festa, e é claro que Simon e Alec vão também.

- E quanto a Adam e Fred? – insistiu a ruiva.

- Fred detesta festas. – falou fazendo uma careta. – E Adam voltou para Idris há uma hora.

- Por que seu parabatai foi para Idris? – indagou Clary, já parada ao lado de Jace. – Eu pensei que aonde um fosse, o outro tinha que estar...

- E é. – concordou ela. – A não ser que um dos dois tenha uma esposa grávida de cinco meses, cheia de desejos. – sorriu.

- Adam já é casado? – surpreendeu-se a Morgenstern.

- Há dois anos. – confirmou Kat.

- Por essa eu não esperava... Ele parece tão... Solto. – comentou a ruiva.

- Eu disse a Louise que ele se comportava como solteiro longe dela. Não é culpa minha se ela não acreditou. – deu de ombros. – Se apressem! – exclamou. – Vocês têm só 18 minutos.

 Exatos 18 minutos depois, os sete já se encontravam em frente ao Instituto, muito bem arrumados. Izzy, sempre deslumbrante, usava um conjunto crooped composto por uma saia longa preta, com fendas e blusa dourada; nos pés, um enorme scarpin preto. Seu chicote estava enrolado no pulso.

 Clary estava com um vestido curto e colado, sem mangas ou decote, com estampa de onça, em preto e branco; presente de Isabelle, e ankle boots pretas. Magnus esbanjava estilo, com calça preta de couro, camisa lilás, jaqueta preta e sapatos de mesma cor, com tachas nas pontas. Seus dedos estavam quase todos ocupados por anéis coloridos e os cabelos negros encontravam-se charmosamente arrumados em um topete.

Os três rapazes caçadores de sombras estavam bem mundanos: Jace usava calça, coturnos e blazer pretos, com uma camisa branca; Simon optou por calça jeans escura, camisa vermelha e um casaco estilo jogador de futebol americano; já Alec, com certeza influenciado pelo namorado, estava de camisa listrada preta e branca, calça jeans azul enrolada na barra, sapatos pretos e jaqueta também azul e jeans.

- Estamos todos lindos. – declarou Isabelle, sorrindo.

 - Nunca te vi tão mundano, Jace. – falou Kat, olhando para o loiro. – E devo dizer que você fica muito bem assim. – elogiou.

Jace sorriu convencido.

- Eu fico bem de qualquer jeito. – piscou para ela.

- É, - falou Kat debochada. – principalmente de boca fechada.

Nem Clary conseguiu segurar a risada.

- Essa você mereceu, Jace. – admitiu ela.

- Muito bem, - falou Izzy antes que Jace se manifestasse. – vamos logo para essa boate, que eu não me arrumei toda para ficar parada em frente ao Instituto.

- Certo. – disse Simon.

Logo estavam todos acomodados nos carros de Simon e Kat. Jace e Clary foram com a Trueblood, enquanto os outros foram com o namorado de Izzy.

- Você não encontrou com Peter? – perguntou Clary, assim que Kat começou a dirigir.

- Não, ele saiu. – respondeu calmamente.

Jace riu ao ouvir aquilo.

- Você estava espionando ele, não é? – falou. – E esperou ele sair, para sair também.

- Não estava espionando. – respondeu franzindo a testa. – Só observando.

 O resto do trajeto foi feito em um silêncio amigável, até estacionarem em frente a uma fachada bonita e chamativa, onde se lia “Arcadia” em letras grandes e luminosas.

- Essa não é uma boate mundana, Kat. – disse Jace.

- Eu sei. – sorriu. – Relaxa, Herondale. Não tem nada de fadas aí. – piscou divertida e saiu do veículo, seguida pelo casal. Encontraram os outros na entrada.

- Esse lugar parece incrível! – comentou Isabelle animada. – Vem, vamos entrar logo! – pegou na mão de Simon e o arrastou para dentro.

 O segurança grandalhão na porta apenas os olhou. Era alto, forte, careca e tinha sobrancelhas grossas e verdes. Um ifrit. Virou-se para Kat.

- Você é a Khaleesi, certo? – perguntou olhando-a nos olhos.

A morena sorriu e mostrou o cordão prateado com pingente de coroa. O ifrit sorriu de volta.

- Seja bem vinda a Arcadia. – fez um floreio em direção à entrada. – Entre e divirta-se. É tudo por conta da casa para você e seus amigos.

- Obrigada, Tom. – sorriu novamente e entrou, seguida pelos outros.

Apesar de gostar do tratamento, Clary estava curiosa. Deixaram Kat entrar de graça só porque ela confirmou ser a dona de um nome estranho. O que aquilo significava? Porém, a linha de pensamento da ruiva foi cortada assim que ela reparou no local: era grande e incrível, cheio de luzes e cores, preenchido pelo som alto de música eletrônica. O público era o mais variado, vampiros, pixies, nixies, lobisomens, sereias em tanques bebendo drinks, humanos e até uns dois outros caçadores de sombras que ela não conhecia. Todos os funcionários eram ifrits. E não havia nenhuma fada. Clary sorriu, era realmente maravilhoso.

Izzy e Simon já estavam na pista, dançando junto a massa de corpos.

Clary e os outros seguiram Kat para o bar, onde estava um ifrit loiro de quatro braços.

- Khaleesi! – exclamou sorrindo, ao ver a Trueblood. – Que bom te ver. Está ainda mais linda. – falou galanteador. Uma outra ifrit, de cabelos castanhos e olhos sem pupila olhou severamente para ele, que ignorou.

- Gunther. – cumprimentou com um sorriso. – É bom te ver também. – sentou em umas das cadeiras, próximo ao balcão. – E é muita bondade sua. – piscou. – Oi para você também, Tara. – olhou para a garota que fez uma pequena reverência para ela.

- Você sabe muito bem que a Khaleesi não faz questão disso. – disse Gunther, revirando os olhos ao ver o ato da colega.

- Mas Ele faz. – respondeu séria, e foi atender um vampiro.

Magnus se mexeu incomodado em seu lugar e Alec o olhou interrogativo.

- Então, o que vocês vão beber? – perguntou o ifrit loiro.

- O melhor da casa. – pediu Kat.

- Excelente escolha. – então ele virou-se para preparar as bebidas.

- Kat, - chamou Clary. – por que todos aqui te chamam de Khaleesi? – perguntou. – Pensei que seu nome fosse Katherine.

- E é. – sorriu. – Khaleesi é um apelido.

- O apelido perfeito para você, minha bela. – falou uma voz grossa e levemente sibilada, vinda de trás deles. Todos viraram e encararam o homem alto, de cabelos escuros, que sorria vidrado em Kat. – Sentiu minha falta?