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História CILADA -Noiva de Sacrifício - Paradise City Parte 1


Escrita por: LOLAtrancyy

Notas do Autor


Salut! meus queridos leitores!
Já está disponível, os horário de postagens!

Boa Leitura!

Demorei para postar, pois retornei de viagem, faz pouco tempo. Minhas aulas, na faculdade de direito, começam somente, dia 17, no período da manhã. Algo que não vai atrapalhar nosso horário, pois nossas obras serão postas no período, da tarde ou noite.

Capítulo 11 - Paradise City Parte 1


Fanfic / Fanfiction CILADA -Noiva de Sacrifício - Paradise City Parte 1

Alguns dias depois.... 

Audrey 

Já era a décima, seila qual, caixa que eu empacotava. Meus dedos das mãos e meus pés doíam, de tanto, trabalho. Me sinto como um burro de carga: Carregando milhões de caixas de cima para baixo. A única coisa que me restou, foi um colchão e um lençol, mas que eu me livraria em breve. 

Minha vida, agora, basicamente só se resume a essas poucas coisas: Empacotar caixas, postar anúncios em sites de vendas, negociar preços e receber pessoas em meu apartamento, que pretendem comprá-lo. Até agora, só um casal, com quatro filhos, pareceu realmente interessado. Foi um inferno, mostrar o apartamento, com um bando de diabinhos gritando, correndo e mexendo nas pilhas de caixas. Felizmente, eles se aquietaram, com um pote de biscoitos, que eu me arrependi profundamente de ter oferecido. Agora, tenho um novo problema: Recolher os biscoitos mordidos, jogados no chão do apartamento, e limpar a terra, que foi espalhada, após eles quebrarem o vaso de “Safira”. 

E lá aqui estou eu, varrendo os biscoitos, com um ódio tremendo. "Calma, Audrey, pense em Londres, na universidade e no futuro” repetia para mim mesma. Londres, como poderia esquecer? Desde que recebi a carta, da University StenWall, só penso em sair daqui o mais rápido possível. Não me importo, mais com móveis, apartamento e o que for. Meu maior sonho é a StenWall, e nada mais. Até porque, eu posso conseguir tudo de novo, depois. Posso achar um apartamento melhor, maior e mais bonito com o dinheiro, que irei ganhar, após formada. Ou, posso tentar fazer um estágio na própria StenWall. Ah! Isso tudo é bonito demais, para ser verdade! Parece até mentira, mas é real. 

Enquanto, meu dia sonhado, não chega. Minha vida ainda é esse lugar horroroso, que vivi por quase, 7 anos. Nem acredito, que aceitei mesmo a condição de que ia morar aqui, para sempre, e trabalhar naquele café de segunda categoria. Onde eu estava com a cabeça? E o pior, onde estava minha visão de vida? Pelo amor de Deus. Não é por nenhuma razão, que eu jamais saí, desse apartamento inútil, nessa cidade horrorosa. Sempre odiei tudo aqui, mas me recusava a acreditar nisso, porque eu acreditava fortemente que “Está tudo bem, desde que eu tenha um lugar para morar, em que: Eu consiga pagar a conta de água e luz, fazer um quarto para mim, nem que seja só com uma cama, e quando for na hora de dormir, que o barulho dos vizinhos não seja tão alto. 

 Claro, que isso tudo foi só uma forma, que eu mesma encontrei de não acreditar, que na verdade tudo aqui era péssimo. A verdade, é que esse apartamento não tem absolutamente nada de mim: A conta de luz e água são absurdamente caras, meu quarto tem uma decoração feia e o barulho dos meus vizinhos é tão insuportável que eu me acostumei a ter insônia. Vivi esse pesadelo, por sete anos, e acreditei estar acostumada com ele. Quando na verdade eu estava era gritando. 

Após varrer, embalei a última caixa, com utensílios de cozinha, que eu vendi, para um dono de uma loja, de coisas para casa. Ele virá amanhã buscar, junto com várias pessoas, que compraram minhas coisas on-line.

Me sentei em meu colchão, no canto da sala, aproximando minhas pernas ao meu corpo, analisando o labirinto de caixas. Amanhã de manhã, todo esse pesadelo, sumiria e eu estaria livre, para ir embora.  Isso tudo merecia uma comemoração. Mas, quem iria comemorar comigo? Óbvio que ninguém.

Ligo a tela do meu celular, e vejo que ainda são 17:00M.P, da tarde. Vejamos, o que uma garota solitária e sem amigos, faz para comemorar, em uma cidade, às 17:00? Até aceitaria uma balada, mas depois do último ocorrido, melhor não. Não importa, eu só não quero ficar trancada, nesse apartamento, antes de finalmente dar o fora daqui. 

Agarrei minha bolsa e celular, sem nem pensar o meu destino. Lá fora, o céu estava em um dégradé de laranja, amarelo e um pouco de azul, ao fundo o sol ia desaparecendo, parecendo sugar às outras cores consigo. Segurei firme, a alça da minha bolsa. Meu dia está só começando, e eu posso sentir isso.

Caminho pelas ruas, em busca de qualquer coisa, interessante a qual eu nunca tenha experimentado. Não creio, que exista coisas interessantes, porém algo dentro de mim diz, que lá no fundo, eu nunca vivi e aproveitei essa cidade. Quem sabe, isso não esteja certo! 

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Londres – 02:34 m.p 

Salão Azul 

Matteo, não era do tipo que falava sobre seu passado. Antes do Salão Azul, antes de se tornar diretor em um dos maiores, teatros de Ballet, em Paris, antes de ser coreografo, no Moulin Rouge e antes de sua primeira apresentação, como bailarino, em um teatro que ninguém nem se quer conhecia. Por trás de seus milhões, adquiridos através da dança, existia uma figura escondida de um pobre menino, perdido pelas ruas frias, do subúrbio, de Paris. 

Não era nada fora do clássico. O menino, pobre que viveu sua infância inteira, com uma mãe, desempregada e portadora de uma doença grave, e com um pai, bêbado e agressivo. Não lhe faltava histórias das agressões, presenciadas no apartamento de dois cômodos, graças ao vício incontrolável de seu pai. Também, não era nada de novo, dizer que sua mãe, suportava um homem violento, por causa: Da dependência financeira.  

A pesar de fazer parte de sua história, ele com certeza pularia essa parte, se fosse dar entrevista em um programa, ou, escrever um livro. Porque, não havia nada de novo, em seu passado. Era só isso: Pobreza, vício, ódio, violência e doença.  

Claro, que sabemos, que a vida pode ser, em alguns momentos, semelhante à um carrasco, que segura um chicote, que bate sem parar nas costas dos seres humanos, e ao mesmo tempo, pode ser como um homem, piedoso, que estende a mão para um sofrido, e abre a porta, para a uma mudança de vida. Para Matteo, a vida não era diferente. Tudo dependia da época. 

O dia em que a vida se tornou, um homem piedoso, para ele, foi no dia em que foi lhe apresentado a arte da dança, como uma saída do mundo real e a chance de um recomeço. Mas, o dia em que a vida, se tornou o pior dos carrascos, foi quando decidiu levar sua mãe embora, quando sua doença tirou sua vida. Foi nesse momento, aos 12 anos, que sua casa virou às ruas. 

Até se tornar, quem todos conheciam, foram altos e baixos. Porém, ele evitava contar, o que aconteceu nas ruas. Com a mesma desculpa: “Ah é a mesma história de sempre. Você não iria gostar de ouvir”.  

Que se dane o passado. O que era inúmeras memórias tristes, em ruas, cortiços e em noites frias em bancos de praças, comparado a quem ele se tornara? Matteo, é um dos maiores coreógrafos e dançarinos, de Londres. E é claro, o dono do Salão Azul, “O esconderijo dos milionários, playboys e CEO's”. 

—Steffan, passe mais base em meu rosto – Matteo, estalou os dedos para seu maquiador particular. 

Seu maquiador, acelerava o passo, para terminar a maquiagem, do patrão, antes de sua entrada no palco. 

— Senhor, qual terno gostaria de vestir, essa noite? - Perguntou Brenda, a empregada de seu camarim. 

— Querida, separe o terno vermelho de brilho, com a gravata borboleta preta. Ah! E pegue meu leque dourado, essa noite preciso estar fabulosa, para meus fãs - Disse Matteo. 

Brenda, corre na direção do closet. Em busca, do leque preferido, de seu chefe. Felizmente, o terno e a gravata já estavam separados. Mas, o leque não se encontrava na gaveta de leques. 

— Ui! Steffan, acelera, meus fãs estão me esperando – Reclamou Matteo 

— Senhor, vai querer a sua peruca? - Perguntou Brenda, de dentro do camarim. 

— Hoje não, meu amor. Achou meu leque?  

— Não senhor, sinto muito. 

— Brenda, procure meu leque. Não posso entrar sem ele. - Alertou Matteo, começando a ficar nervoso. 

Brenda, saiu do camarim e correu atrás do leque, no quarto onde Matteo, geralmente descansava, antes de se apresentar. Revirou o quarto, porém nada do tal acessório. 

— Pronto, a maquiagem está feita – Disse Steffan 

— Ai que arraso! Adorei! - Elogiou, Matteo, se olhando no espelho de mão. 

Matteo, se levanta da cadeira e anda, na direção da porta. 

— Senhor, eu vim avisar que está quase na hora – Disse Gwen 

— Amada, eu não subo no palco, sem meu leque de... 

— Este aqui? - Perguntou Gwen, com o leque em mãos 

— Ah meu deus, Gwen, eu te amo! - Disse Matteo, que abriu o leque e balançou sua cabeça. 

— Tudo pronto? - Perguntou Gwen 

— Sim. Mas, eu estou sentindo um turbilhão de emoções, eu estou tão nervosa que... - Matteo, balançava o leque rapidamente e se perdia em suas emoções, até Gwen levantar o dedo, em sinal de pausa. 

— Vai dar tudo certo, todas às noites de final de mês, esse ciclo se repete – Lembrou, Gwen. 

— Aí é mesmo né, querida! Bobagem eu ficar preocupada com isso, eu sempre arraso! - Disse Matteo, menos nervoso. 

— Vou avisar, que está entrando... 

— Só um minuto – Disse Matteo, pegando seu spray bucal e aplicando na boca – Pronto! Vamos arrasar! 

Gwen, fala com alguém pelo seu rádio, enquanto os dois seguem, em direção a entrada dos fundos do palco.

— A sua entrada, é em vinte minutos. Boa sorte! - Disse Gwen. 

— Gwen, faça me um grande favor. Depois que eu entrar, pode pedir para alguém levar água e petiscos, para meu camarim? - Perguntou Matteo 

— Eu peço, para a Brenda. - Disse Gwen 

— Ah, e mais uma coisa. Quando conseguir, veja se por algum a caso, meu amado primo, Sebastian Michaelis, não está por aqui – Disse Matteo 

Gwen, lança um olhar, para seu chefe, como se isso fosse impossível, porém concorda com a sua cabeça. 

— Vou mandar, Brenda, procurar por ele – Disse Gwen 

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Audrey 

Meus pés estão doendo, por sorte eu tenho um dinheiro para um transporte. Pensei seriamente, e decidi ir até a Starbucks, onde tomei café sozinha uma vez. Não é a melhor coisa, para se fazer sozinha, em uma noite estrelada de verão. Só que desta vez, eu sabia que ia ser diferente, porque eu não estava indo com o pretexto de afogar minhas mágoas, em um café simples, por causa de uma amiga que roubou o garoto que eu gostava. Desta vez, é diferente! E é bem melhor, do que uma boate, cheia de bêbados e drogados, um bar de terceira categoria, em uma rua escura e com homens, que provavelmente acabaram de sair da cadeia, ou, em uma lanchonete qualquer, com alimentos que estão há mais de um ano expostos em uma vitrine, velha e suja.  

Me aproximei de um ponto de ônibus vazio. Não demorou, para que um ônibus, aparecesse. Dei sinal e ele parou. Assim que subi estranhei o fato de não estar cheio, e às poucas pessoas que estavam ali, não eram trabalhadores cansados, idosos grosseiros ou mães com crianças de colo que choravam alto. Todos pareciam ser jovens e adolescentes, porém, nenhum deles parecia estar voltando da escola, ou, fugindo de casa. Cada um deles era bem diferente, na verdade, com suas roupas cem por cento descoladas, cores vibrantes e até acessórios que eu jamais imaginaria ver. De repente, comecei a me perguntar donde essas pessoas surgiram, pois com certeza não eram da mesma cidade que eu. Me sentei, bem no fundo sozinha. Tendo uma sensação, de que aquele ônibus, não estava a penas me levando à um simples passeio, mas sim a um mundo que eu não conheço.  

O resto do percurso eu passei olhando tudo, pela janela. Recordando todos os lugares, que já passei enquanto ia ao trabalho. Todos eles sem nenhuma importância, ou, valor emocional. Exceto, o shopping, que me fazia lembrar dos vários passeios e das compras, que eu fazia ao lado de Paulette. Eu não sei porque uma parte minha, ainda insistia em guardá-la, na minha memória. Embora, por mais que eu não queira admitir: Paulette foi a única amiga, de verdade que eu tive, durante toda a minha vida. É difícil relembrar e ao mesmo tempo, tentar esquecer alguém, quando esse alguém, era a pessoa com quem sempre se podia contar. E numa questão de minutos, acabou se tornando quem mais te machucou.

Percebo, a tal Starbucks, um pouco mais à frente. De repente, ao olhar para ela, comecei a ficar melancólica. Como se tudo ao meu redor, fosse algo pesado. Mas, antes que eu pudesse, me levantar e apertar o botão de pare, o veículo muda de direção. Oh não eu peguei, o transporte errado. Droga, por que eu não reparei na placa?  

Ao mesmo tempo, em que eu ficava, terrivelmente desesperada, sem saber em qual ponto eu desceria. Uma voz dentro do meu interior, conversava comigo, em tom baixo e suave: “Calma, só se deixe levar, pela aventura,Chermont.”  

 Me senti, mais calma, embora meu coração ainda estivesse acelerado. O transporte, deu mais algumas voltas. Eu só conseguia olhar, pela janela. Com meus olhos arregalados e na esperança de achar uma rua conhecida. Só que não demorou, para chegarmos ao ponto final. 

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Londres – 03:45 a.m 

Mansão Burchet Hell / Karlheinz

Jamais admitiu que tocassem seu corpo, ainda mais se tratando de um estranho. Odiava o toque, da mesma forma que odiava um mentiroso, um traidor e alguém com mais poder que o seu. O ódio, lhe causava dores de cabeça, nas costas e nos músculos do corpo, mas também era o alimento do seu espírito. 

Além de ser um homem cheio de dores no corpo e ter uma alma repleta de ódio. Todas às noites, ele era atormentado por uma série de pesadelos, sem fim. Essa era a causadora de suas dores no corpo e na cabeça: A maldita insônia. Mas, para ele não havia problema. Se a insônia, era sua inimiga e o atingia, no corpo. Ele a enfrentaria, da mesma forma. 

Ao se levantar de sua cama, sentou-se no colchão. Passando suas mãos, em seu rosto.  Pela janela, a lua cheia se exibia toda, como se quisesse chamar sua atenção, mas suas noites eram tão terríveis, que mal ligava para sua beleza. Só havia uma beleza, que era capaz de amenizar a angústia de suas noites. 

Em seus músculos das costas, completamente doloridos pelas dores, uma mão pequena e delicada o tocava. Subindo até a parte de trás de seu pescoço. 

— My lord...  

Ao escutar a voz dela, jogou a cabeça para trás. Soltou um suspiro e agarrou a mão dela. Encostou seus lábios, na mão macia de sua preferida, e beijou ardentemente. 

— Chloé, eu estive te esperando. Por que demorou tanto? - Ele sussurrou 

— Perdão, my lord. Pude sentir sua dor e vim imediatamente... - Respondeu Chloé 

O lord se levantou da cama, vestindo seu roupão branco de seda, um pouco aberto na parte do peitoral. Chloé, engatinha pelo colchão, até ficar na frente dele. Deslizou o dedo, pelo peitoral sarado de seu Lord, até o laço que amarrava o roupão. O olhar vazio, do homem em sua frente, foi na direção da camisola branca e curta, com partes de renda transparente, no decote dos seios. Mas, era impossível, adivinhar seus pensamentos. 

Chloé, entrelaça os braços em seu pescoço, e acaricia sua barba pós fazer. O olhar vazio do homem, se encontrou com os olhos ambiciosos e cheio de desejo, da mulher, em sua frente. 

— My Lord, me conte... O que posso fazer para ajudá-lo? - Ela sussurrou. 

Ele suspira e levanta a cabeça. Suas mãos tocaram às coxas dela. 

— Me diga Chloé, por que essa ansiedade está me matando? - Ele pergunta 

Ela sorriu. Acariciou seus cabelos negros e depois seu rosto. 

— Não se chateei. Tudo está indo como o planejado, já temos o nosso plano perfeito e a pessoa certa – Disse Chloé 

— Quanto tempo terei de esperar? - Ele perguntou. 

— Shh, não se desespere. Eu estou aqui, My Lord, para acalmar todas às suas ansiedades...  

Chloé, encostou seus lábios no dele. O lord, a recebeu em seus braços e se entregou ao seu beijo. Ela desamarra seu roupão e depois dalí, ela teve uma razão para passar a madrugada, em seu quarto. 

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Audrey 

Quando meus pés tocaram no chão, só pude concluir que estava, em um mundo completamente desconhecido. Acima de minha cabeça, grandes arranha céus, de diferentes formas, enfeitados com um show de luzes neon e telões enormes, exibindo rapidamente propagandas coloridas, de produtos que eu nunca tinha ouvido falar. Às ruas e calçadas, eram lotadas de pessoas e automóveis, que se movimentavam tão rápido, que pareciam mais vultos. Em meu nariz, uma fusão maluca, de todos os cheiros: Perfumes caros, Flores de pequenos jardins, das sacadas dos prédios, Bebidas quentes das Cafeterias, Pratos exóticos dos restaurantes, Lanches de barraquinhas de rua, Fumaça saindo dos carros e um pouco de cheiro de esgoto. Sem contar os sons, que iam e voltavam, em minhas orelhas. 

Tudo era tão rápido, intenso, colorido, barulhento e mudava em um piscar de olhos. Era um ritmo, tão diferente do meu, que eu comecei a me sentir perdida.  

Coloquei meus pés, na calçada. E de um modo muito rápido, passei a ser levada, quase que arrastada, por aquela multidão apressada. Enquanto caminhava, eu sentia que tropeçando nos meus próprios pés, porque eu mal conseguia manter a postura, diante de todo esse agito. Como é possível às pessoas serem tão apressadas? 

Quando finalmente, achei um pequeno espaço para fugir, dessa multidão. Me aproximei de uma praça, não tão cheia. Me sentar no banco e recuperar meu folego, nessa longa caminhada, foi algo quase que de imediato.  

Quando levantei meus olhos. Já com ar suficiente, nos pulmões, dei uma risada. Por tudo aquilo ser tão veloz e maluco, que uma coisa tão boba, se tornou uma experiencia nova. 

— Meu deus, onde é que eu fui parar? - Falei baixo, como se eu fosse ter uma resposta. 

Peguei meu celular. Na esperança de me encontrar, mas nem meu celular conseguia, me localizar. Estou completamente perdida e não faço a menor ideia, de como pedir informação. Estou começando a considerar que talvez, nem falem a minha língua aqui. 

Me levanto do banco. E continuo caminhando, procurando um ponto de referência. Que não existia, óbvio. Mas, eu dizia isso, para mim mesma, porque não queria passar minha noite, sentada em um banco. 

Segui pelas calçadas, que começaram a ficar cheias. E a sensação de ser arrastada e de sufocamento, por causa de tanta gente em um lugar só, retornou. Caminhei, olhando os arranha céus. Alguns empresariais, outros de redes de lojas enormes, restaurantes finos ou lanchonetes tradicionais.  

— Ajudem, por favor! Ajudem! - Um homem de roupas rasgadas e aparência insana. Surge, no meio da multidão de pessoas, atrapalhando a passagem e agarrando às várias pessoas, que surgiam ao seu redor. Completamente, lúcido e desesperado. 

Fiquei completamente desesperada, olhei para os lados, em busca de um canto para desviar. Mas, ele imediatamente veio até mim. 

— Senhorita, por favor, me ajude – Ele gritou, e em seguida me agarrou, com seus braços ásperos e gélidos. 

Fiquei paralisada e minhas fiquei vermelha. Ele me balançava de um lado para o outro, enquanto me apertava com força. Prendi a respiração, para não sentir seu cheiro de sujo e seu hálito de álcool velho. Me senti uma boneca de pano. E o pior é que todos estavam olhando para mim. 

— Ah me solte. Me solte! - Falei, enquanto tentava soltar meus braços. Ouvindo seus gritos e sentindo a saliva de sua boca, bater em meu rosto. 

Meu desespero e meu constrangimento, eram tão grandes que senti vontade de chorar. Quanto mais eu me mexia, mais ele gritava, me balançava e meu constrangimento crescia.  

Soltei um de meus braços e pude empurrar seu rosto, para longe do meu. Sua reação foi me agarrar, pela cintura. O que me fez quase perder o equilíbrio. 

— Me solta - Gritei, já sentindo minhas bochechas quentes. 

Antes que eu pudesse reagir. O Corpo do mendigo, é empurrado, para o lado. O que fez com que ele me largasse, e eu perdesse o equilíbrio e caísse. 

— Sai fora, cara! - Escutei alguém gritar, e dar um mais alguns empurrões fortes no mendigo. 

Não tive coragem, de levantar os olhos. Eu estava tão vermelha, que meu corpo ficou quente. Minha única vontade era de chorar. 

— Ei, tudo bem? - Alguém, colocou a mão, em meu ombro. 

Ah não, eu não quero chorar em público. Fechei os olhos, fingindo que estava recuperando o folego, na intenção de disfarçar. Assim que abri, me deparei com um rapaz, que parecia tão assustado, quanto eu. 

— Eu estou bem! - Falei, colocando a mão no peito e virando o rosto. Para disfarçar que estava envergonhada e assustada. 

Ele me ajuda a levantar. Respirei mais um pouco, até me sentir segura e dizer que estava bem. 

— Obrigada! - Falei, tentando conter o meu corpo que ainda tremia. 

— Nossa, você está gelada. - Disse ele, segurando em minha mão. 

— Desculpa, eu ainda estou em choque... - Falei, dando um sorriso forçado. 

Ele envolveu meu corpo, com seu braço e me levou até um canto. Encostei às costas na parede de um edifício, respirei fundo umas oitenta vezes, só para ter certeza. Assim que melhorei, olhei para ele. 

— Estou melhor. - Falei 

Por fora, eu estava bem. Só que agora, um outro constrangimento me queimava. Eu precisava dizer alguma coisa, para espantar toda essa tensão, pós-traumática. 

— Tem certeza, que melhorou? 

— Sim, tá tudo bem. Eu só fiquei assim, porque não todo dia que um louco te dá um super abraço - Falei. Tentando dar um sorriso, meio que forçado para aliviar o clima. 

— Moça tem certeza, que está bem? - Ele pergunta. Ainda sério e provavelmente, sem achar graça de mim. 

Pisquei e senti minha garganta secar. 

— Sim, eu estou... Super bem. - Falei mexendo a cabeça e a movendo às mãos. 

Droga, Audrey. Eu estava torcendo para tudo melhorar, mas um silencio perturbador brotou. De repente, era eu olhando nos olhos dele e ele nos meus. Eu preciso falar alguma coisa, senão eu vou morrer. 

— Qual é seu nome? - Os dois falaram juntos. 

Nos encaramos. Ele, impressionado por ter dito a mesma coisa, e eu por ter conseguido espantar o silencio. 

— Eu sou Audrey. 

— Eu sou Mariano. 

De novo. A primeira reação dele, foi rir e eu fui na onda, dando um sorriso aberto. 

— É um prazer, Audrey.  

— Igualmente... - Sorri, mais segura. 

Ele deu um sorriso aberto. Exibindo seus dentes longos e brancos. E eu como uma pamonha que sou, fiz o mesmo. 

— Algo me diz, que você não é daqui. Acertei? - Ele pergunta 

— Sim, eu sou do.... 

Eu ia tentar explicar, de onde eu era. Mas, me lembrei que eu mal sabia, onde eu estava e que ele provavelmente, não ia entender. Ele ergue a sobrancelha, enquanto eu estava de boca aberta, sem saber o que falar. 

— Eu sou de outro lugar. 

— Sei. 

Ai que merda, por que eu sou tão ruim de falar, com às pessoas?  

— Eu imaginei, que você não fosse daqui mesmo. 

— Por que? 

— Seu sotaque, é diferente. 

É mesmo. Só agora eu pude prestar atenção, no sotaque dele. Realmente, é muito diferente. 

— Ah, é que eu estava indo para a Starbucks. Mas, eu peguei o ônibus errado e vim para aqui. Pode me dizer qual o nome desse lugar? - Pergunto. 

— Paradise City. 

— Paradise City? 

Ele confirmou, com a cabeça. 

— Nunca ouviu falar, não é? 

— Ah não, desculpa. Eu nunca vim aqui, eu moro no bairro de Blanc. Eu nem sei, o que é aqui. 

Ele riu de mim. Como se eu fosse uma bobinha perdida, ou, uma completa sem noção. 

— Aqui é um município, Audrey. - Disse Mariano. 

— Ah, nossa. Menos mal! - Falei aliviada, por não estar em outro país, ou, em um outro universo.  

Espera, isso é ruim sim. Quanto tempo, eu vou demorar para chegar até em casa? 

— Escuta, tem algum transporte, que pode me levar até em casa? 

— Tem um terminal, aqui perto. Posso te levar até lá. 

— Ah que bom... 

— Mas, se eu fosse você. Não ia embora, cedo. Pelo menos não antes, das onze e quarenta da noite. 

Pisquei. Como assim não devo ir? 

— Como assim não devo ir? 

— Audrey, esse lugar é bem mais emocionante, do que parece. Não vai querer ir, sem se divertir. 

Olhei para ele. Tentando ler suas intenções, através de seus olhos. Porém, tudo parecia ser verdadeiro. 

— Ah, você é um tipo de guia turístico? 

— Na verdade, eu sou sim. Eu trabalho em uma empresa de viagens, mas às vezes me mandam, para ser guia de estrangeiros de férias, em Paradise City. 

Ele me mostra seu cartão de contato. Realmente, ele é o que diz ser. 

— Bom, e o que tem de tão emocionante? Até agora só vejo uma cidade muito louca, agitada e com mendigos que abraçam de um jeito não muito caloroso. - Pergunto. 

— Confie, aqui é o melhor lugar. 

Olhei mais uma vez, para ele. Imaginando, se ele está mentindo para me impressionar. Só que algo, me deixa muito convencida, de que pode ser uma boa idéia. 

— Tá. Aceito seu conselho, vou andar por aí e depois acho o terminal – Respondi 

— Ei, calma. Eu vou com você. 

Como? 

— Como? 

— Me deixa ser seu guia, essa noite. Vai por mim eu conheço, eu conheço essa cidade e tem lugares fantásticos. 

Ergui uma sobrancelha. 

— Ah legal, sabe. Muito gentil, mas por que exatamente? Tipo você mal me conheceu e... 

— Porque, Paradise City, é um lugar de descobertas, Audrey. É um mundo novo com tudo, em um lugar só. E, não se preocupe, não vou cobrar pelo passeio. 

Dei risada. 

— Tá mas, por que? 

— Porque, eu gostei de você, só isso. E você parece, ser uma pessoa boa. 

Eu fiquei sem palavras. Tudo isso era loucura. Um homem, que mal me conhece, querendo ser meu guia e me levar para novos lugares, pela noite? Isso é loucura, obviamente é loucura. 

— Bom, já que você diz, quem sabe eu posso aceitar seu convite, porque eu gosto de me divertir – Falei, enrolando uma mecha de meu cabelo, nos dedos – E, também porque eu gostei do que você disse, e eu sou mesmo uma boa pessoa – Completei, e depois dei um sorriso amoroso. 

Ele deu um sorriso, o mais bonito que eu já vi. Tenho que admitir. 

— Que bom. Então, vamos, Audrey. Tem muita coisa para ver.  

— Tudo bem. 

Saímos os dois, andando pela calçada. No meio daquele agito com luzes neon.  

Eu sabia que o que eu estava fazendo, era loucura. Mas, por que não? Se eu voltasse para casa, o máximo que eu ia fazer era ficar deitada, em um colchão velho, que vai ser vendido, em breve, olhando o céu, sem graça da janela da sala. Eu tinha uma aventura, bem na minha frente. E um alguém, para me guiar de graça. Acho que tem oportunidades bem loucas, que é um desperdício, não aproveitar. 

O que mais poderia me acontecer? Eu já tinha sido agarrada por um mendigo louco. O que vier pela frente, aconteceu. E só isso. 


Notas Finais


Pessoas, o capítulo ficou muito longo. Mas, foi um mal necessário.


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