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História Cinco vezes Choi - Certas coisas só acontecem na vida de um Choi


Escrita por: ShiroKohta

Notas do Autor


Então, eu não deveria postar isso agora, mas eu não sei me controlar!
(╥﹏╥)

Capítulo 1 - Certas coisas só acontecem na vida de um Choi


Fanfic / Fanfiction Cinco vezes Choi - Certas coisas só acontecem na vida de um Choi

Youngjae estava atrasado. Soube disso assim que escutou a musiquinha irritante do móbile que ficava preso ao teto de seu quarto e não seu despertador. Estava tão cansado que na noite anterior havia se esquecido completamente de ajustar o horário, ele não podia se dar ao luxo de se atrasar, por que não era o único afetado com isso. Bem que algo no fundo de sua mente estava lhe dizendo que estava dormindo demais, nunca dormia demais. Não demorou muito para o motivo para o móbile ter começado a tocar se manifestar verbalmente. Outra coisa para anotar em sua agenda mental, tirar aquele troço de cima do berço agora que os pequenos estavam grandes demais para alcançar.

— Papai, tô com fome. — Sentou-se na cama grogue, os olhos semicerrados de sono. Encarou a figura do Bambam de pé no berço, com a chupeta na boca, uma fralda de pano enroscada no pescoço e sorriu, como sempre o primeiro a acordar. Também dentro do berço o outro pequeno ainda dormia, enrolado em sua manta, com o dedo na boca.

 

Suas manhãs em sua maioria eram sempre daquele jeito, ele correndo pela casa enquanto tentava fazer várias coisas de uma só vez. Fazer café da manhã, se vestir para o trabalho, acordar pré-adolescente, dar banho em bebês, acordar outra criança, gritar para eles serem mais rápidos, dar comida, preparar lancheiras, um inferno.

— Jackson! Não irei chamar uma terceira vez!

Gritou da cozinha e logo ouviu a porta do banheiro bater indicando que finalmente o garoto havia levantado para se arrumar. Youngjae sentou Yugyeom na cadeirinha ao lado da do Bambam e assim como havia feito com o garotinho mais velho lhe deu uma torrada e enquanto eles estavam distraídos com a comida rumou para o quarto do pré-adolescente acordar seu outro monstrinho. Wonwoo estava morto para o mundo, lhe impressionava que poderia está acontecendo o maior barulho de todos o pequeno de oito anos conseguia permanecer imperturbável.

— Wonwoo-ah. — Chamou se sentando na beirada da cama e começou a passar a mão nas costas do garoto em círculos, que apenas se encolheu mais ainda na cama. — Ei meu amor, hora de levantar nós vamos nos atrasar.

Ele sabia que não adiantaria continuar falando e com certa dificuldade, afinal seu garotinho já havia crescido e pesava o puxou até ele ficar sentado lhe dando tapinhas de leve nas costas. Sempre perdia tempo demais acordando o Wonwoo.

— Não, cinco minutinhos, papai.

Youngjae revirou os olhos e sem cerimônias o Choi mais velho o colocou de pé, não lhe dando escolha a não ser abrir os olhos e acordar.

— Sem cinco minutinhos, vamos lá! Já se arrumar.

O pequeno cambaleou até o banheiro e escutou Jackson reclamando como toda manhã por ele entrar sem bater, porém não fazendo nenhum esforço para expulsar o irmão e o ajudando na higiene matinal. Youngjae voltou correndo para a cozinha onde havia deixado os menores sozinhos e os encontrou exatamente como havia deixado salvo a exceção que Yugyeom permanecia mais dormindo que desperto ao contrário de Bambam que brincava com um boneco do homem-aranha, bastante distraído. Aproveitou o momento para terminar de aprontar as lancheiras e o café da manhã dos outros dois.

O relógio na parede já informava que já eram sete horas e ele já estava muito atrasado. Seu expediente começava às nove, demorava uma hora para chegar ao destino, Wonwoo e Jackson deveriam estar na escola às oito e demoravam quarenta minutos para chegar lá, Bambam e Yugyeom pegavam no mesmo horário no prézinho e a qualquer momento Mark apareceria para buscá-los e Youngjae nem havia trocado o pijama ainda.

— Jackson! — Youngjae gritou mais uma vez e finalmente escutou os passos apressados do pré-adolescente pelo corredor até finalmente vê-lo entrando na cozinha. Como sempre seu cabelo pretinho parecia um ninho de pássaro e a camisa branca do uniforme estava completamente amassada quando ele se lembrava bem de ter passado e deixado em cima da cama alheia, podia apostar que o irmão havia dormido sobre ela. E logo atrás vinha Wonwoo também uniformizado, os cabelos que batiam em seus ombros uma bagunça, porém ao contrário do irmão até mesmo vestia seu blazer amarelo e gravata.

— Cadê a sua gravata?

— Ninguém usa aquele troço — Jackson resmungou pegando uma torrada enquanto ajudava o Choi mais velho a terminar de arrumar os pequenos ficando responsável pelos cabelos do Yugyeom.

— Se eu receber uma notificação por causa de uso indevido de uniforme da sua escola, eu te bato.

Ele reclamou apontando ameaçadoramente um pente na direção do mais novo que revirou os olhos, suas ameaças nunca se cumpriam mesmo. Youngjae terminou os cabelos do Bambam e passou para o Wonwoo que parecia mais morto que vivo, o coitadinho não era uma pessoa da manhã e dormia com a colher que comia o cereal na boca. Sua porta da frente abriu pontualmente às sete e vinte e por ela passou sua salvação de todas as manhãs. Mark entrou na cozinha e bastou um olhar seu para Youngjae perceber que estava perdendo tempo demais com coisas pequenas

— Eu estou atrasado! — Ele exclamou assim que cruzou olhar com o amigo.

— Sério? E por que você ainda tá de pijama? — Mark ditou segurando Yugyeom nos braços, enquanto Jackson descia Bambam da cadeirinha — Okay, bebês digam tchau pro papai.

Youngjae beijou seus dois pequenos e viu eles partirem com o amigo para a creche. Então, correu até seu quarto para se arrumar, quando voltou encontrou os dois garotos mais velhos de pé próximos a porta de entrada, ao menos Jackson estava de pé, Wonwoo tinha todo o peso de seu corpo contra o irmão, o rosto contra a barriga alheia, apertando o mais velho com seus bracinhos magricela.

— Você tá pronto? — Perguntou ao pré-adolescente que resmungou um sim e pegou sua mochila pronto para sair.

— Wonwoo!! — Chamou o Choi mais novo o empurrando em direção a porta aberta.

— Tô acordado!

— Vamos lá, o ônibus irá passar em dez minutos.

 

Ouviu de muita gente que era idiota de sua parte assumir a responsabilidade por quatro crianças em idade entre 13 e 4 anos. Que estava arruinando um futuro promissor. Não sabia onde as pessoas viam um futuro promissor para um garoto que mal havia terminado o ensino médio, também não sabia como alguém poderia cogitar a ideia de abandonar quatro crianças no sistema cruel que era o da adoção daquele país. E bom, não estava fazendo nada diferente de quando sua mãe ainda era viva. Não fazia nada diferente de dois anos atrás quando ela ainda estava por ali, fingindo ser mãe enquanto ele assumia toda a responsabilidade dos pequenos e com a casa. Às vezes, Youngjae se pegava pensando sobre um breve momento em sua vida em que não tivera tanta responsabilidade, uma época em que não corria tanto, não se preocupava com irmãos mais novos, muito menos com contas à pagar. Mas isso havia sido antes dos seus avós morrerem e sua mãe engravidar do Jackson.

Sua mãe, Choi Sooyoung era uma mulher vítima de uma sucessão de erros. Ficou grávida aos quinze anos, não sabia quem era o pai de seu filho, seus pais assumiram a criança e criaram o pequeno Youngjae até ela fazer vinte e um anos e um terrível acidente de carro tirar a vida dos mais velhos. Mas já naquela época antes do acidente, ela não era mais a mesma filhinha querida dos pais, já andava com gente de índole duvidosa, não estudava mais. Então, veio a segunda gravidez, onze anos depois da primeira, Jackson nasceu de um relacionamento com um homem casado que sumiu do mapa logo ao saber da existência do bebê lhe dando grana o suficiente para fazer o que quisesse, grana essa que foi usada em produtos ilícitos. Seis anos depois, o pai do Wonwoo aconteceu, o primeiro namorado de sua mãe que se importou com Youngjae e Jackson, que estava disposto a assumir as duas crianças mais velhas assim como o filho dos dois que estava para nascer. O relacionamento durou pouco, naquela época Youngjae não entendeu do porque sua mãe e seu tio Woohyun não ficarem juntos para sempre, depois de um tempo supôs que o que o pai do Wonwoo tinha a oferecer não era o que sua mãe queria, e até o dia de sua morte com trinta e sete anos, nunca soube o que ela queria de fato. Woohyun foi embora, mas continuou sempre por ali, não levou o Wonwoo consigo, mas se tornou o único pai dos filhos de Sooyoung que era presente. Naquela época, Youngjae já não agia mais como criança, mal ia para a escola, e não brincava com garotos da sua idade, com treze anos era mais pai de Jackson e Wonwoo que qualquer um jamais seria, e então veio o Bambam, fruto de um caso rápido com um hippie tailandês quando sua mãe entrou na fase das drogas medicinais. E logo em seguida, apenas um ano de diferença veio o Yugyeom, esse Youngjae não tinha ideia de quem poderia ser o pai. A vida dos cinco Choi desde do nascimento foram uma sucessão de merdas, Youngjae depois da maior idade pôs na cabeça que não iria mais deixar essas recorrentes merdas acontecerem, eles tiveram sorte, ele tivera sorte de não ter entrado na vida errada, de não ter consumido drogas como sua mãe, ou participado de toda a rede de prostituição que Sooyoung fazia parte, tivera sorte em conseguir proteger o Jackson e Wonwoo disso.

Youngjae era um pai de verdade para os irmãos. Ele era o pai que nunca teve.

Mas podia dizer que, apesar de tudo isso era um cara privilegiado. Tinha um emprego estável, agradecia todos os dias por Jinyoung ter aparecido em sua vida lhe dando a oportunidade mesmo tendo só o ensino médio, tinha Mark que conhecera na escola e fora o único que ficou em sua vida, que segurou suas barras mais pesadas. Havia passado no vestibular depois de anos achando que não tinha capacidade. E todas as suas crianças tinham saúde.

É, era um privilegiado.

 

— Você está atrasado, mas sorte sua que só tem euzinha aqui.

Youngjae sorriu em escárnio para a colega de trabalho e amiga. Como sempre Lim Nayeon já estava atrás de sua mesa, Youngjae podia apostar que talvez ela já estivesse com boa parte de seu trabalho feito, a mais velha era um poço de responsabilidade, a invejava.

— Essa é o quê? A quinta vez que eu bato meu ponto atrasado? Desse jeito vou acabar recebendo é nada no fim do mês.

Sua mesa de trabalho já estava cheia de papéis, ligou o computador e finalmente sentou em sua cadeira, respirando fundo antes de começar de fato a trabalhar.

— Exagerado, você sabe que não é descontado tanto assim e só foram alguns minutos. Mas o que te fez atrasar hoje? Tudo bem com as crianças?

— Eu esqueci de colocar o despertador. — Nayeon amassou uma bolinha de papel e jogou em seu rosto, da qual ele teria revidado se tivesse sido rápido em pegar o projétil. — Enfim, cadê o ridículo do seu chefe?

Sabia que ele não tinha aparecido ainda porque Chan da portaria havia tido a compaixão em lhe avisar, a sala de Jinyoung continuava fechada o que deixava os dois um pouco menos atarefados, quando ele chegava era dando ordens e fazendo a vida dos dois um inferno. Eles todos podiam até serem amigos, mas o Park tinha o talento de separar isso bem dentro daquele escritório.

— Não faço ideia, será que morreu engasgado no próprio ego?

Ambos riram, e uma terceira voz se juntou a eles de forma sarcástica, os fazendo virar em direção a entrada e encontrar o Park impecável como sempre em seu terno Givenchy.

— Você bem que queria isso né, Nayeon?

Ditou entrando em sua sala. Youngjae o seguiu com sua agenda com os afazeres do dia do mais velho em mãos.

— Infelizmente Deus não concede desejos a devassas como eu.

Escutou ela responder antes de voltar a sua mesa. Youngjae riu.

Trabalhar para Park Jinyoung era tranquilo na medida do possível. Atuava como seu secretário, ao mesmo tempo que fazia o mesmo para Nayeon, ambos eram Diretor e Gerente de pessoal. No setor deles, o famoso RH haviam mais cinco funcionários e dois estagiários. Trabalhava para o Grupo Goh um conglomerado de empresas de tecnologia, que iam de um simples telefone celular até aparelhos hospitalares, já fazia três anos.

— Esqueci de dizer que sexta feira tem uma festa para ir e vocês estão convidados.

Jinyoung os informou, voltando para a pequena ante-sala dividida pelos outros dois o que fez Youngjae fazer uma careta. Toda sexta feira era uma festa diferente.

— Open bar? — Nayeon perguntou interessada.

— Não. Meu melhor amigo voltou para o país depois de um tempo fora e vamos comemorar isso e o novo cargo dele na empresa. E eu ficaria muito feliz se vocês fossem, principalmente você Jae. Nunca mais saímos juntos.

— É, a última vez o Mark ainda falava com o Jinyoung, acho que foi nesse dia que ele te bateu, não foi?

Nayeon perguntou ao Park. Youngjae segurou a risada fingindo ler algo com interesse em sua agenda. Era engraçado hoje em dia falar sobre isso, mas naquela época não fora nada bonito ter que apartar a briga, havia até mesmo sobrado para si que ostentou um olho roxo por semanas. Como amigo dos dois, principalmente melhor amigo do Mark também foi difícil ficar no meio do fogo cruzado, foi inevitável não ficar com raiva do Jinyoung por tudo o que fizera, mesmo ele sendo seu chefe.

— Vai à merda, Nayeon. — O mais velho sibilou para a garota voltando a atenção para o Choi. — Então, você vai pensar com carinho no meu convite? Você precisa sair um pouco com pessoas da sua idade. — Youngjae abriu a boca para retrucar, mas foi logo cortado. — Pessoas adultas que não incluam seu amigo professorzinho, nós dois também somos seus amigos.

Youngjae revirou os olhos suspirando para a leve chantagem emocional.

— Vou pensar. Prometo.
 

 

“Você foi chamado para uma festa? Eu estou impressionado.” A voz cheia de deboche do Mark soou do alto falante de seu celular e preencheu o cômodo vazio da cozinha. Já passava das onze da noite, todas as suas crianças estavam na cama, mesmo que não estivessem todas dormindo e o Choi mais velho saboreava de uma taça de vinho enquanto organizava as coisas para o dia seguinte.

— Quem me chamou para a festa foi o Jinyoung.

Uma pausa. Foram apenas alguns segundos, porém pareceram minutos como sempre parecia quando o Park era mencionado e Mark tentava não esboçar alguma reação.

“Ah, agora tudo faz sentido, tinha que ser o babaca.”

Youngjae riu, terminou de guardar a louça que estava secando em seu devido lugar sentando à mesa. Debaixo de um vaso de flores que não continha flores só vários lápis de cor de muitos tipos tirou duas contas de energia para anotar o valor que tinha que pagar com urgência.

— Mas de qualquer forma, eu não vou.

“Ah, você vai sim. Chega de ficar olhando para essas contas aí, uma vez na vida me escuta e vai se divertir, Jae!”

Abriu a boca para perguntar como o mais velho sabia o que estava fazendo, mas logo mudou de ideia, porque ele o conhecia tão bem que seria estranho se não soubesse.

— Não posso. E as crianças?

“Eu fico com meus afilhados é óbvio!”
 

 

Tentar dissuadir Mark da ideia havia sido em vão. Bloquear todas as vezes que Jinyoung mencionou a festa durante a semana também pareceu impossível. Ignorar as mensagens de Nayeon fora ainda mais difícil. Os três pareciam absurdamente sincronizados em lhe infernizar a existência, se Youngjae não soubesse melhor até diria que haviam combinado, como da vez que marcaram um encontro às escuras para si, que diga-se de passagem deu muito errado. E por causa de tanta insistência que estava em plena sexta feira à noite de frente ao espelho em seu quarto encarando seu reflexo vestido para a balada com insatisfação.

— Eu não acredito que estou fazendo isso. — Murmurou mais para si mesmo que para qualquer um ali. A calça jeans preta que vestia tinha rasgos demais nas coxas, a camisa de mesma cor tinha a gola tão cavada que deixava sua clavícula amostra. Sem contar seu cabelo que estava estilizado para cima, diferente da permanente franja que usava. — Eu estou ridículo, sabe há quanto tempo não visto essa calça? — Falou dessa vez mais alto se virando na direção da mini plateia que havia se juntado em seu quarto para fiscalizá-lo. Com exceção de Wonwoo e Bambam que assistiam o rei leão na sala, estava todo mundo ali. — Tem buracos nela, Mark!

— O hyung tá parecendo um jovem.

Jackson concluiu de seu lugar encostado na porta. O que o fez bufar exasperado.

— Mas eu sou jovem!

— Então… — O garoto rebateu. — Você tá bonito também, não é Yugyeomie? O papai não tá bonito?

O garotinho sentado em sua cama murmurou um “tá” baixinho que o fez sorrir indo até ele e o puxando em seu colo lhe enchendo de beijos.

— Como eu posso sair e deixar meus bebês para trás? — Choramingou falsamente, Yugyeom sorriu se encolhendo em seu colo, como sempre quieto. Ele era quieto demais se o comparasse com as outras crianças de sua idade, ou o Bambam, tanto que o Choi chegou a cogitar que tivesse algum tipo de limitação, até que descobriu só ser da personalidade dele mesmo, quando não era instigado pelos irmãos mais velhos a ser um pestinha, Yugyeom era um anjo.

Escutou o Tuan bufar e logo viu Yugyeom sendo tirado de seu braço para bem longe de si.

— Você não vai tentar fazer os pequenos sentirem a sua falta para eles chorarem e você ter a desculpa perfeita para ficar, de jeito nenhum. Jackson pode levar.

Seu irmão obedeceu o Tuan e junto com o Yugyeom se dirigiu a saída.

— Dá tchau pro papai Yugyeom. — Ditou antes de sair de vez do quarto acenando a mãozinha gorducha do bebê.

— Tchau papai.

 

Depois disso Youngjae se viu sendo enxotado de casa sem a chance de se despedir dos outros garotos. Tinha a esperança de que quando Bambam o visse saindo fosse chorar, mas nem a chance de alertá-lo teve. Mesmo que duvidasse muito que conseguisse tirar a atenção dele de Timão e Pumba. Pegou o ônibus até o bar que o Park havia lhe dito onde seria a tal festa. Realmente não sabia o que estava esperando senão um lugar cheio de gente padrãozinha, com suas roupas de grife, ou que ao menos pareciam ser. Na entrada tinha uma lista na mão de um segurança e do lado de fora uma fila enorme. Youngjae seguiu as instruções que havia recebido mais cedo, foi diretamente para a entrada mostrando a identificação ao segurança que logo o deixou passar assim que achou seu nome no papel. Dentro seguiu por um corredor estreito e escuro, iluminado apenas com luzes vermelhas que não clareavam nada até chegar em uma pista de dança lotada. Ficou na ponta dos pés tentando enxergar um rosto conhecido por ali, até que finalmente encontrou Nayeon em uma área reservada com mesas e sofás bem ao lado do bar. Mais uma vez teve que dar a identificação para passar para aquele lado e quando finalmente o fez praticamente se jogou ao lado da mais velha que foi rápida em colocar uma garrafa de cerveja em sua mão.

— Achei que não viria.

— Não queria, mas fui coagido. — Respondeu antes de ser puxado pelo braço até ficar de pé e quando deu por si tinha o braço do Park por cima de seus ombros e era empurrado na frente de outro cara.

— Jae, esse é meu melhor amigo, tipo amigo de infância, Lim Jaebeom.

Jinyoung falou empolgado, em uma excitação aquém, totalmente fora do padrão, o Park bêbado era a coisa mais adorável que existia, ficava mais carente e receptivo a demonstrações de afeto. Riu focando o olhar no tal Jaebeom. Ele era lindo, de seu cabelo bem estilizado até suas botas de combate, tudo nele gritava caro, muitos cifrões. Seu olhar focou nos ombros largos, proporções esguias. Youngjae sorriu largo, não tinha como esconder que estava descaradamente secando o outro. Apertou sua mão.

— É um prazer te conhecer, sou Choi Youngjae.

Mas se Jaebeom chegou a responder não prestou atenção, porque Jinyoung escolheu aquele momento para informar a todos que eles iriam se dar muito bem.

— Meu Deus, vocês já estão aqui à quanto tempo? Cê tá bêbado já.

Jinyoung o ignorou se desvencilhando de seu aperto.

— Na verdade, ele está bebendo desde que saímos da minha casa.

Jaebeom respondeu e eles viram o Park seguir em direção ao bar, porém mudando de direção assim que seus olhos caíram sobre outro rapaz que parecia ser do mesmo círculo de amizade.

— Bom, seja bem vindo de volta Jaebeom. — Sorriu para o Lim da forma mais simpática possível. — Legal te conhecer. — Completou e seguiu de volta para  onde estava sentado anteriormente ao lado da amiga.

— Ele é gostosinho. — Nayeon ditou assim que sentou ao seu lado.

— Concordo. — Seu olhar seguiu até onde Jaebeom estava com outras pessoas. Gostosinho era mínimo, o homem era maravilhoso. — O que vamos fazer essa noite?

— Beber todas, tirar fotos comprometedoras do Park, beijar umas bocas, porém não necessariamente nessa ordem.

Nayeon respondeu levantando seu copo para brindar com Youngjae que a imtou com sua garrafa de cerveja.

— Ótimo roteiro.

Concordou, mas na verdade seu objetivo era só passar uma horinha sentado naquele sofá saboreando uma bebida destilada, só para marcar presença e não dar motivos para o Park e a Lim falarem asneiras. Mas o engraçado sobre a vida, era que nem sempre, ou quase sempre ela não saia como planejada.

Realmente, Youngjae achou que sairia dali cedo, que não beberia mais que duas doses de tequila, que não participaria de um jogo de beer pong, nem que muito menos trabalhasse de cupido para Nayeon e a garçonete bonitinha que estava os servindo. E nem que se veria abandonado sozinho no meio daquele bando de estranhos, já que as únicas duas pessoa que conhecia resolveram beijar algumas bocas e era tímido demais para se enturmar sem um intermédio.

— Então, como você conheceu o Jinyoungie?

A voz de tom grave ditou contra seu ouvido, o outro corpo estava perto demais, conseguia sentir o calor alheio emanando ao seu lado. Se virou na direção da voz encontrando Jaebeom sentado ao seu lado, copo de uísque na mão, absolutamente bonito. Se perguntava como ele conseguiu permanecer impecável depois de ter rodado aquele bar todinho, principalmente aquela selvageria que era a pista de dança.

— Nós tínhamos um amigo em comum que nos apresentou.

Respondeu a meia verdade, colocando um pouquinho de nada de distância entre os dois, só para poder se virar e ficar com seu corpo de frente para o outro. Jaebeom sorriu, sua mão direita indo parar num rasgo no jeans do Choi na mediação dos joelhos.

— Nossa, como você aguenta o Park?

Ditou risonho o que o fez rir também.

— Eu sei onde pressionar. O Jinyoung não é um bicho de sete cabeças.

Youngjae encarou os olhos escuros por alguns segundos, para logo depois seu olhar cair sobre os lábios dele. Se pegou lambendo os próprios lábios, os dígitos deslizando por sua pele eram quentes.

— Vamos dançar.

Jaebeom ditou ficando de pé, mão estendida na sua direção. Youngjae balançou a cabeça em negativa.

— Eu não danço, não tenho coordenação pra isso.

— Claro que tem, qualquer coisa você pode segurar em mim.

Quando estendeu sua mão para segurar a de Jaebeom, resolveu jogar para o alto todas as preocupações que tinha e viver aquele momento. A questão foi que, viveu o momento até demais, o tempo que passou sentado não lhe fez sentir o efeito do álcool, porém ao ter sido colocado de pé e no meio dos corpos dançantes, percebeu que havia bebido um pouco mais além da conta.

Como haviam chegado nessa situação mesmo? Não se recordava por completo, o que sabia era que as mãos firmes contra seu quadril estavam agindo como combustível para o fogo que sentia lhe queimar a pele. O calor estava insuportável e não era por estar no meio de muita gente em um lugar apertado, estava quente por causa do olhar predatório sobre si, o espaço mínimo entre seu corpo e o corpo de Lim Jaebeom. A música que tocava era agitada demais para estarem dançando agarradinhos, mas sinceramente não importava, não quando Jaebeom ainda mais rente a seu corpo, não quando uma de suas mãos deslizou até sua bunda lhe pressionando a carne, não quando os lábios dele tomaram os seus. Ele tinha gosto de álcool e bala de menta.

Se beijaram, se embriagaram com o gosto um do outro de tal forma que tudo ao redor parecia uma borrão, a única coisa que importava era a fricção, os toques, os grunhidos abafados até necessitarem de ar. E da mesma forma que tudo aquilo começou, inesperada, foi terminada. Subitamente estavam se beijando, sarrando no meio da pista em uma falsa dança, e logo não estavam mais. Youngjae viu Jaebeom ser arrastado para longe de si, quando se separaram um pouco a procura de ar por um de seus amigos, sem ter muito mais o que fazer, e com uma súbita sobriedade, saiu do meio de todas aquelas pessoas. Quando finalmente estava seguro, longe da agitação tirou o celular do bolso e se assustou ao ver a hora, havia ficado muito mais do que tinha planejado. Não ousou procurar por Nayeon, muito menos Jinyoung, sabia que se o fizesse acabaria ficando e se dirigiu para a saída depois de chamar o Uber e um motorista pegar sua corrida. Iria pra casa enquanto ainda podia andar, enquanto ainda estava sóbrio o suficiente para não sofrer muito no dia seguinte. Almejava por um fim de semana sem ressaca, duvidava que teria.

Sentou no meio fio enquanto esperava encarando a tela do celular desprovida de mensagens do Mark sobre seus bebês, nem do maldito motorista que parecia está andando em círculos, tanto que não percebeu um carro esporte caro demais, parar na sua frente até ter o nome chamado.

— Hey Youngjae. — Ficou de pé em um sopetão, cenho franzido, enquanto tentava reconhecer a pessoa atrás do volante. — Quer uma carona?

Lim Jaebeom perguntou em toda a sua glória bonita, e naquele momento Youngjae constatou que não importasse como ele se apresentasse em sua frente iria lhe achar absurdamente bonito em todas as vezes.

— Não precisa já chamei um Uber.

— Você pode cancelar, certo? — Fazia tempo. Caramba, fazia muito tempo, mas Youngjae não era otário, aquele era um convite aberto para muito mais coisa além de uma carona.

— Poder eu posso, mas aí eu teria que pagar uma taxa, não sei se vale à pena.

Deu de ombros fingindo desinteresse, se o outro mordesse a isca, iria fisgá-lo.

— Eu garanto que faz. Eu dirijo bem pra caralho.

Youngjae sorriu, sem nem pensar duas vezes tirou o celular do bolso cancelando a corrida. Jaebeom abriu a porta do carro, assim que entrou o outro deu a partida.

 

O que havia ocorrido na madrugada da sexta para o sábado parecia ter sido um universo alternativo. O sexo com aquele homem fora o melhor sexo que tivera em sua curta vida e não havia sido porque estava na seca há tempos. Porém, apesar de uma noite inesquecível, com direito a três rodadas de sexo, um quarto de hotel de luxo e hidromassagem, não se sentiu preparado para o depois. O maldito depois. A ressaca. A tal da ressaca era a pior parte depois de uma noite de bebedeira. Não tinha ideia do porque estava se sentindo um lixo, nem havia bebido tanto ao ponto de fazer coisas que não tinha intenção alguma. Porém, estava com uma tremenda dor de cabeça e corpo dolorido. Queria dormir um pouquinho que fosse, mas sabia que se deitasse iria apagar por horas e mesmo se tivesse esse luxo seus filhos jamais deixariam isso acontecer. E naquele fim de semana sua única certeza era de que não colocaria nunca mais uma gota que fosse de álcool na boca.
 

 

Youngjae entrou no escritório, jogou sua mochila no chão atrás da cadeira que lhe pertencia, sentou no assento e o empurrou deslizando com suas rodinhas até estar ao lado de sua amiga e como um coala se agarrou a figura de Nayeon que estava sentada em sua mesa, como sempre já trabalhando.

— Eu nem vi quando você saiu. — A mais velha ditou desferindo dois tapinhas na cabeça do Choi encostada em seu ombro. Ele achava tão injusto ser o único ali sofrendo de ressaca, apostava que tinha bebido muito menos que ela.

— Bom, você estava sugando a alma daquela garota pela boca.

A mais velha sorriu orgulhosa de suas ações.

— Você saiu sozinho?

— Da boate sim, até o estacionamento pelo menos. — Youngjae se afastou, se inclinando no encosto de sua cadeira com um sorriso presunçoso no rosto. — Mas não significa que eu fui direto pra casa.

— Seu safado, quem foi? — A expressão de espanto no rosto dela era impagável. Youngjae não estava esperando algo diferente, quando havia contado ao Mark o que aconteceu o amigo literalmente caiu da cama. Afinal, o Choi não trocava uns beijinhos com alguém há anos, transar então, era fora de cogitação.

— Quando o Jinyoung chegar eu conto aí eu falo tudo de uma só vez.

— Yah! Isso é injusto. O Jinyoung está em reunião com os outros diretores, hoje é a apresentação do novo CEO. Falando nisso deveríamos estar no auditório agora.

 

Os dois saíram do escritório em direção ao elevador que os levaria ao quinto andar onde ficava as salas de conferências e o auditório, o caminho todo foi com Nayeon insistindo para ele falar sobre sua noite e Youngjae a ignorando com maestria. Quando por fim chegaram no andar indicado, entrando no auditório, o Choi resolveu se situar sobre a nova gerência da corporação.

— O que você sabe sobre o novo CEO?

Perguntou a mais velha, ambos haviam escolhido sentar nas últimas cadeiras ali, próximo a porta. Uma coisa que tinham em comum era o pavor a reuniões e encontros de trabalho, Nayeon e Youngjae sempre eram os últimos a chegar nessas coisas e os primeiros a sair.

— Eu sei que ele era diretor na filial no Japão, e que o nosso atual CEO foi orientador dele, assim como foi do Jinyoung. Mas isso você deveria saber.

— Deveria? — Perguntou confuso, tentando achar na memória alguma informação sobre o novo chefe. Não lembrava de ter preparado nenhuma papelada dele, ou sobre ele nos últimos meses, mas também, não lembrava nem o que havia tomado no café da manhã.

— Mas é claro! Nós até mesmo fomos a festa dele na sexta.

— Como é que é?! — Youngjae ditou, a voz esganiçada, em leve pânico com a nova informação.

Youngjae se virou na direção da mais velha a encarando de boca aberta, esperando ter ouvido errado. Porém, antes que Nayeon conseguisse lhe falar mais e ele surtar de vez, todos ficaram de pé. Viram o atual CEO da empresa passar por eles em direção ao pequeno palco, flanqueado por seus outros diretores entre eles Jinyoung e Lim Jaebeom. Youngjae engasgou na própria saliva quando o mestre Jung depois de cinquenta anos na liderança da empresa passou seu cargo para o brilhante Lim Jaebeom, palavras dele. O Choi só conseguiu observar atônito, boca ágape, o outro se apresentar, e começar seu discurso.

— Eu preciso de ar. — Não havia percebido, mas uma de suas mãos mantinha o controle firme sobre o braço da amiga, os nós dos dedos brancos pela forma como apertava a mais velha.

Nayeon por outro lado o encarava com o semblante assustado e preocupado. Sem esperar mais nenhuma outra explicação, nem se importar que o CEO ainda discursava ela puxou Youngjae para fora dali.

— Jesus, você está branco. — Choi deixou ser arrastado de volta para o elevador, sua mente visionava mil e um cenários de como sua vida iria piorar dali pra frente, podia apostar que iria perder o emprego. — Vamos voltar para o escritório e você me conta o que aconteceu, tá?

 

Youngjae só tinha uma certeza, que a sua vida era a maior piada do século. Deus deveria estar lá em cima, olhando para a terra que era seu grande jogo de xadrez e rindo descaradamente da sua cara. De todas as pessoas do universo, todas elas, tinha que justamente ter transado com o chefe, mais clichê que isso só se ele se apaixonasse por si, o que era impossível, o mais provável que fosse acontecer era a sua demissão.

— Meu Deus! — Murmurou pelo que parecia a milésima vez, as mãos em cada lado do rosto, já havia passado da parte em que tremia feito vara verde e tentava não vomitar, para a parte em que ficava completamente incrédulo com a situação. -— Meu Deus!

Nayeon riu. Depois de  ter lhe dado um copo de água com açúcar e um comprimido de rivotril, escutou a sua tragédia grega e caiu na risada.

— Por que você tá chamando tanto o nome de Deus?

Jinyoung escolheu aquele momento  para entrar no departamento, o Choi viu os outros funcionários do departamento passarem para seus cubículos e puxou o Park assim como a Lim para dentro do escritório do mais velho. Não queria audiência.

— Park! Por que você não me disse que o Jaebeom seria o novo CEO!

Jinyoung franziu o cenho, então deu de ombros.

— E precisava? Era meio óbvio, a festa que fomos era pra comemorar a nova colocação dele.

— Sim, é claro que precisava seu idiota! — Um hábito terrível que Youngjae tinha era que quando estava estressado, irritado, sempre acabava xingando alguém, sua válvula de escape era soltar insultos nos outros, até mesmo em um dos seus chefes. — Eu achei que era um emprego comum e não que ele seria o meu chefe!

Suas mãos voltaram a tremer e Nayeon o puxou para se sentar em uma das poltronas de frente a mesa do Park. Iria ter um infarto com a tenra idade de vinte e quatro anos.

— Eu sou o seu chefe. — Jinyoung retrucou como sempre inútil.

— O chefe do meu chefe!!

— E o que tem isso? A carona que ele te deu foi tão ruim assim?

— Como você sabe que ele me deu uma carona?

— Ele me contou. — Jinyoung respondeu como se fosse a resposta mais óbvia do mundo. — Youngjae o que aconteceu entre você e o Jaebeom? — O Choi ficou mudo. — Youngjae, desembucha.

Atrás dele Nayeon ria enquanto fazia um círculo com o indicador e polegar da mão direita e com a esquerda introduzia um dedo dentro do buraco.

— Ah, não creio.

— Em minha defesa eu estava esperando só um beijo, mas ele beija bem demais hyung!

Respondeu derrotado. Deitou a cabeça na mesa de mogno a sua frente, Youngjae daria tudo para desaparecer.

— É eu sei bem.

— E aqueles ombros! — Continuou a falar, mas assim que captou a conotação da resposta do Park voltou a se sentar ereto. — Ah!... Você sabe?

— Não muda de assunto! — Nayeon o empurrou. Ela queria detalhes e ninguém  estava lhe dando detalhes.

— Bom, ele beija bem demais e fazia muito tempo, vocês já repararam o quão gostoso ele é? E aquelas mãos... Enfim, vocês me disseram que era pra me divertir, ser jovem.

— Aí você resolveu transar com o chefe.

Jinyoung riu debochado.

— Eu não sabia que ele era o meu chefe! O seu chefe! Hyung!!! Porque você não me disse antes!!!

— Youngjae-ah, relaxa. Aposto que o Jaebeom nem tá surtando com isso.

Jinyoung ditou acenando com a mão de forma displicente. O Choi se virou para a sua noona, Nayeon sempre tinha conselhos bons, ela sabia o que fazer, e ele precisava de apoio moral.

— Youngjae, meu bebê. — A mais velha sorriu em escárnio. — Você está fazendo tempestade em copo d'água. Esquece isso.

— Como posso esquecer se toda vez que eu olhar pra ele vou lembrar da boca dele no meu pau!

Exclamou revoltado. Youngjae se levantou e saiu da sala de volta para a sua mesa. Se ninguém iria lhe dar um conselho, ou escutar seu drama iria trabalhar enquanto  podia.

— Meu Jesus Cristo, não mereço isso.

O Park retrucou, também saindo da sala, porém em direção aos andares superiores iria tirar satisfação com seu melhor amigo. Nayeon por outro lado voltou para a sua mesa, subitamente sentindo uma vontade de escrever uma fanfic com seu chefe e seu amigo Choi como personagens principais.

 


Notas Finais




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