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História Cinderela Pop - Capítulo Onze


Escrita por: Snoopyblack

Capítulo 11 - Capítulo Onze


Fanfic / Fanfiction Cinderela Pop - Capítulo Onze

A semana custou a passar. O meu pai cumpriu o prometido e deixou que eu usasse o celular, dessa forma não me senti tão isolada do mundo. Pude conversar com a minha tia, mas a minha mãe simplesmente tinha desaparecido. Tentei chamá-la pelo Skype várias vezes, mas ela nunca respondia. Não falava com ela havia dias e estava louca para contar os últimos acontecimentos, especialmente para pedir conselhos sobre o Paulo. Eu já sabia que não ia ser fácil falar com ele. Primeiro, porque ele vivia cercado de seguranças. E, depois, porque ele provavelmente nem pensava mais em mim. A “rainha de Copas” para ele agora já devia ser carta fora do baralho.

 A tia Helena explicou que a minha mãe estava passando a semana se dedicando a um trabalho importante, e que por isso estava incomunicável.

— Eu também estou muito ocupada fazendo o desenho de uma animação que tenho que entregar na sexta-feira — a minha tia completou —, mas não ache que não estamos pensando em você! Já tomamos providências e tenho certeza de que em breve conseguiremos tirar você daí!

 Eu só esperava que ela estivesse certa...

 No último dia de aula recebemos os boletins com as notas. Como esperado, eu havia passado em todas as matérias. Adeus, ensino médio! Além disso, em poucos dias faria 18 anos. Não via a hora de ser a dona do meu nariz, de sair daquele apartamento de uma vez por todas e poder voltar a fazer o que eu bem entendesse. Eu estava com tanta saudade de trabalhar como DJ que andava até sonhando com isso. E, em todos os sonhos, sempre aparecia um mascarado que me ajudava a escolher as músicas...

 Quando a aula terminou, eu estava bem ansiosa, pois o baile seria naquela noite. Eu estava tão feliz com o fim das aulas e a perspectiva de tudo em breve voltar ao normal que levei um choque ao ver a minha madrasta, e não o meu pai, dirigindo o carro dele.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei assim que a vi. As filhas dela já estavam dentro do carro, parecendo impacientes.

— Seu pai teve uma reunião importante de trabalho — ela respondeu sem olhar para mim. — Mas eu disse para ele que cuidaria bem de você...

 O tom de voz dela, como sempre, me deu calafrios, mas não tinha nada mais que ela pudesse fazer para me atrapalhar. As aulas já tinham terminado, eu havia sido aprovada, e já estava tudo praticamente pronto para a festa. Eu só precisava passar na loja na qual tinha comprado meu vestido para buscá-lo depois de um ajuste na cintura. E nem tive que pedir para que ela me levasse ao local, pois as gêmeas tinham deixado os delas lá para ajustar também.

— Vou esperar vocês aqui— ela disse, estacionando em fila dupla. — Não deixem de experimentar pra ver se está tudo certo mesmo, mas também não demorem muito! Não quero levar uma multa por vocês ficarem horas se admirando no espelho!

 Descemos depressa, fizemos o que ela falou, e menos de 15 minutos depois já estávamos de volta ao carro, cada uma com o seu vestido. Eu havia escolhido um pretinho, bem básico, mas que tinha ficado muito bem no corpo. Ao chegar ao prédio, notei que a minha mochila não estava em nenhum lugar à vista. Eu tinha certeza de que tinha entrado com ela no carro depois da aula.

— Ei, onde está minha mochila? — As gêmeas olharam para o lado e falaram que a delas também tinha sumido, e comecei a achar que alguém tivesse assaltado o carro durante o período em que estávamos na loja.

— Relaxem! — a minha madrasta falou, abrindo o porta-malas. — Estão aqui. Eu apenas tirei dos bancos para que vocês tivessem mais espaço para os vestidos. Senão eles iriam ficar muito amarrotados.

 Aquilo me surpreendeu um pouco. Claro que ela fizera aquilo pelas filhas e não por mim, mas ela poderia ter deixado a minha mochila lá dentro, para que eu tivesse que me espremer com ela e o vestido no banco... Em vez disso, havia guardado a minha também.

— Hum, obrigada — falei, meio sem graça. Ela não respondeu, mas segurou o meu vestido para que eu colocasse a mochila nas costas.

— É um lindo vestido, Alicia — ela disse enquanto levantava um pouco o plástico que o envolvia. — Mas, mesmo com o espaço no banco, parece que ele amassou um pouco aqui na frente...

 Olhei para ver do que ela estava falando e fiquei chateada ao constatar que realmente era verdade. Na hora de experimentá-lo com pressa, provavelmente eu havia amassado o tecido.

— Não se preocupe — ela disse ao ver a minha expressão. — Vou pedir para a empregada passar.

— Não precisa! — falei depressa. — É só um amassadinho, ninguém vai reparar.

— Não seja boba — ela disse, entrando no elevador com o meu vestido na mão. — Eu prometi para o seu pai que cuidaria de você. Alicia, quero que você saiba que, durante essa semana que você ficou com a gente, eu realmente gostei da sua presença. Você já é quase uma adulta. Acho que não devemos ficar nessa briguinha boba. Podemos ser amigas, não podemos?

 As filhas dela estavam olhando meio boquiabertas, mas não me deixei enganar. Apenas dei um sorriso, peguei o vestido da mão dela, agradeci e disse que eu mesma daria um jeito nele.

 Passei o dia preparando mentalmente o que eu diria caso tivesse a chance de conversar com o Paulo. Eu tinha um plano. A tia Helena iria encontrar comigo na festa, e eu tinha pedido que ela pegasse emprestada a máscara da comédia de novo, aquela usada em nosso primeiro encontro. Eu então a colocaria e ficaria em frente ao palco. A minha esperança era que ele visse e me escolhesse para ser seu par durante aquela dança com alguém da platéia. E então eu explicaria o que tinha acontecido de verdade.

 Um pouco antes da hora de sair para a festa e já com a maquiagem e o cabelo prontos, resolvi passar o vestido. Eu queria estar impecável. Porém, bem no momento em que liguei o ferro, meu pai chegou em casa e disse que queria falar comigo. Desliguei o ferro da tomada e tomei o cuidado de colocar o vestido bem longe para só então ver o que ele queria.

— Alicia — ele disse, sério, me analisando. — Pensei que nós tínhamos um trato. — Fiquei parada sem saber do que ele estava falando. Ele percebeu e continuou, meio impaciente: — Eu avisei que, se alguma nota sua não fosse boa, eu proibiria você de ir a essa festa... Então, por que está toda produzida, sendo que ficou em recuperação em duas matérias?

 Fiquei tão chocada que por uns dois segundos nem me mexi. De repente entendi e comecei a rir. De certo a minha madrasta havia contado para ele que eu tinha passado, e ele resolveu fazer uma brincadeira comigo antes de me dar os parabéns pela minha formatura.

— Puxa, você me assustou com essa! — falei, me abanando.

— Eu é que fiquei assustado. — Ele pegou um envelope em cima da mesa. — Sempre pensei que você fosse boa em História e Geografia. Você dizia que queria seguir os passos da sua mãe, mas acho que uma futura arqueóloga teria notas melhores nessas matérias. — E então tirou um papel do envelope e pude ver que era o meu boletim.

— Mas eu passei! — eu disse, me aproximando. — E muito acima da média!

 Ele então me estendeu o documento e vi duas notas vermelhas bem no meio dele.

— Isso é mentira! — comecei a ficar exaltada. — Eu nunca fiquei abaixo da média na vida! Muito menos nessas matérias! Alguém deve ter falsificado o meu boletim...

 De repente saquei tudo. O tempo que eu havia passado dentro da loja, experimentando o vestido, tinha sido mais que suficiente para a minha madrasta trocar o meu boletim verdadeiro por um falso. Eu devia ter desconfiado que aquela história de colocar a minha mochila no porta-malas era alguma armação!

— A bruxa da sua mulher falsificou meu boletim! — gritei. — Pode ligar lá pra escola, eles vão contar a verdade!

— Alicia! — meu pai gritou também. — Será que você não entende que ela só quer o seu bem? Agora mesmo, quando eu disse que não ia deixar você ir à festa, ela ficou tentando me convencer a voltar atrás, dizendo que era a sua formatura, a sua última chance de estar com todos os seus colegas... E quando ela viu que você estava passando seu vestido, disse que sabia que eu iria mudar de idéia e que, enquanto conversávamos, ela terminaria o serviço pra você...

— Ela falou o quê?!

 Naquele exato segundo ouvimos um grito. Vinha da área de serviço. Fomos correndo para lá e, assim que chegamos, vi que a minha madrasta estava com o ferro de passar em uma das mãos e o meu vestido na outra. E ele estava com um buraco bem no meio...

 Se o meu pai não tivesse me segurado, era capaz de eu ter jogado aquele ferro na cabeça dela. Mas, assim que ele percebeu que eu tinha essa intenção, me prendeu nos braços com força enquanto a bruxa se debulhava em lágrimas dizendo que eu tinha ajustado a temperatura errada e que, no minuto em que ela havia encostado o ferro no tecido, aquele buraco se formara.

— Sua mentirosa! — gritei, enquanto arremessava na direção dela a única coisa que eu tinha na mão: o boletim falso. Talvez prevendo que estava correndo risco de vida, ela disse que ia ver se as filhas estavam prontas.

 Tentei me soltar e ir atrás dela, mas meu pai me segurou ainda mais forte e disse:

— Chega, Alicia! Acabou a brincadeira. Mais uma vez vi que não posso confiar em você. Além de ficar de recuperação, você desrespeitou alguém que só estava tentando ajudar! Por isso você não vai nessa festa! Vai ficar sozinha aqui enquanto levo as suas irmãs e a sua madrasta. Sem celular novamente! E vou me certificar de levar todas as chaves, para que você não me desobedeça. Vá para o seu quarto agora!

 A raiva começou a dar lugar à tristeza, e, de repente, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Olhei para o vestido, que eu pensava que usaria para ficar bonita para o Paulo, e senti no meu peito um buraco ainda maior do que aquele que o ferro tinha causado. Tudo estava acabado. Eu não iria vê-lo nunca mais.

 Subi correndo para o meu quarto e o choro aumentou quando ouvi a porta da sala se fechando e a voz das meninas dizendo que não podiam se atrasar para a festa. Eu estava sozinha, presa e abandonada.

 E não tinha ninguém para me salvar.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Próximo capítulo o sofrimento da Ally acabar (Já tava na hora!)
Tchau monamur ;3


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