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História Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Dez



Notas do Autor


Hey guys! What's up?! *O*
Cá estou eu com mais um capítulo, e para os curiosos sobre "the Ana's past", essa é a hora de começar a juntar as peças \o/ hahahah
Não vou tagarelar muito hoje ><
Boa leitura!

Capítulo 11 - Dez


Fanfic / Fanfiction Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Dez

— Vamos, temos que nos vestir… Se quiser conhecer minha mãe, é claro. — sorri, saindo de meu pseudo abraço e levantando-se da cama. Rapidamente ele veste seus jeans, sem fazer questão de vestir uma cueca. Tento desajeitadamente me sentar, mas continuo amarrada. Apoio as mãos na cama e me sento de forma torta, sentindo meu cabelo tampar minha visão. Chacoalho a cabeça, afastando-o e encaro Christian andando de um lado para o outro se arrumando.

— Ér, Christian… — chamo, baixinho.

— Hm? — murmura sem me olhar.

— Não posso me mover. — estendo os braços para a frente, tentando inutilmente me soltar.

Ele levanta o olhar para mim e seu sorriso se alarga, então inclina-se e desamarra a gravata, que me deixa a marca do tecido nos pulsos como lembrança. Ótimo, era tudo que eu precisava... Olho-o com uma das sobrancelhas arqueadas, enquanto ele me observa divertido. Beija rapidamente minha testa e sorri se afastando.

— Mais uma novidade. — admite sorridente, mas não tenho ideia do que está falando.

— Eu não tenho uma roupa limpa. — torço o lábio em uma careta. Vou conhecer a mãe do Christian... Sua mãe! Caramba. Eu não tenho uma roupa limpa e ela praticamente nos pegou em flagrante. Isso é um delito! Ok, talvez nem tanto. Mas, pra mim é um delito.  — Você pode ir lá, falar com a sua mãe... Eu vou ficar aqui. Quietinha. Fingindo que não existo. — sorrio, fazendo sinal positivo com os polegares.

— Oh não, você não vai ficar aqui. — Christian ameaça. — Pode vestir algo meu. — ele veste uma camiseta branca e passa a mão pelo cabelo revolto, bagunçando-o ainda mais. — Anastásia, você ficaria bonita até vestida com um saco. Não se preocupe, por favor. Eu gostaria muito que conhecesse minha mãe. Então, dê um jeito e vista-se. Vou acalmá-la um pouco. — avisa, apertando os lábios. — Espero você na sala, dentro de cinco minutos, caso contrário, eu virei e a arrastarei para fora daqui, com qualquer coisa que esteja vestindo. Minhas camisetas estão nessa gaveta. — aponta para o móvel. — As camisas estão no closet. Divirta-se. — me olha por um instante, interrogativo, mas não diz mais nada e sai do quarto. Balanço a cabeça desconcertada. Euhein. Pisco atordoada. Caralho. A mãe do Christian. É A MÃE DO CHRISTIAN! É muito mais do que esperava. Talvez conhecê-la me permita colocar algumas peças no quebra-cabeça. Poderia me ajudar a entender por que Christian é como é… De repente, quero conhecê-la. Levanto-me em um pulo e olho para o chão em busca de minha roupa. Espera... Meu vestido! 'Tá na sala do Grey! AI MEU DEUS! Como eu vou descer? Ferrou. Nem eu, sou tão cara de pau, a ponto de aparecer lá com uma das camisas do Christian. Que ótimo! Quando eu tenho a grande chance de tentar saber porque o Grey é tão... Estranho, minha sorte me abandona. Urgh! Calma Ana, sem desespero. O Christian não vai aparecer aqui e te arrastar pelada lá para a sala. Ou será que vai? Ai caramba! Eu preciso da minha roupa! Meu desespero é interrompido pela porta que se abre rapidamente. Oh não!

— Se você acha que vai me arrastar pra sala, pelada, você 'tá muito enganado e...

— Só achei que você poderia querer isso. — Grey me interrompe, balançando meu vestido em uma de suas mãos. — E não, eu não iria lhe arrastar pelada. Embora seja uma proposta tentadora e eu esteja adorando essa visão. — abre um sorriso malicioso, avaliando meu corpo. Apenas me aproximo dele, pego o vestido de sua mão, empurro-o para fora e fecho a porta em sua cara. Cretino. Humf.

Ok, já posso me arrumar. Dirijo-me à cômoda de Christian e procuro uma de suas cuecas. Visto uma boxer cinza da Calvin Klein, e em seguida visto meu vestido. Corro ao banheiro e observo meus olhos muito brilhantes, minha cara vermelha… E meu cabelo... Oh, meu pobre cabelo… Está completamente emaranhado. Procuro uma escova, mas só encontro um pente. Ele terá que servir. Um rabo de cavalo é a única resposta, pelo menos, por enquanto. Me olho pela última vez no espelho checando se está tudo em ordem. Porra, meus pulsos! Estão marcados... Droga! Manobra evasiva modo on. Saio do quarto e dirijo-me tranquilamente para a sala com os braços atrás das costas balançando meu rabo de cavalo de um lado para o outro tentando parecer o mais inocente possível.

— Aqui está ela. — Christian me saúda, levantando-se do sofá, e me olhando com expressão cálida e apreciativa.

A mulher loira que está ao seu lado se vira e me dedica um amplo sorriso, levantando-se também. Está impecavelmente vestida, com um vestido estilo camisa, castanho claro, com sapatos combinando. Está arrumada, elegante e bonita.

— Mamãe, quero lhe apresentar Anastásia Steele. Anastásia, esta é Grace Trevelyan Grey. — Christian aponta de mim para sua mãe e vice versa. A Senhora Trevelyan me estende a mão. Subitamente me lembro de mim, vomitando no canteiro de plantas, Christian me ajudando... Recordo-me do lenço que ele me deu... CTG... O T de seu nome seria… De Trevelyan?

— É um prazer em conhecê-la. Como está, querida? — diz amigavelmente. Se não estou enganada, há espanto e alivio, talvez atordoamento em sua voz e um brilho receptivo e quente em seus olhos claros cor de avelã. Aperto-lhe a mão e não posso evitar sorrir, retornando o seu calor.

— Senhora Trevelyan Grey. Estou muito bem, obrigada, e a senhora? — respondo simpática.

— Oh, por favor, querida! Não precisamos ser tão formais. Me chame de Grace. — sorri, e Christian franze o cenho estranhando. — Normalmente sou chamada de Doutora Trevelyan, e eu costumo deixar o Senhora Grey para minha sogra. — ela me dá uma piscadela. — E sim, estou muito bem, obrigada, querida. E então, como se conheceram? — pergunta, olhando para Christian, incapaz de ocultar sua curiosidade.

Ok, até agora, nada que possa explicar o comportamento complexo traço bipolar do Grey.

— Anastásia me entrevistou para a revista da faculdade. — explica brevemente. — Esta semana vou entregar os diplomas de graduação. — Christian sorri abertamente.

Putz. Eita... Tinha esquecido desse pequeno detalhe. Ando com a cabeça nas nuvens!

— Então, você vai se graduar esta semana? — Grace pergunta, se voltando para mim.

— Sim, sim. — sorrio, aproveitando a oportunidade que me surge. — Ér... Grace... Eu gostaria de lhe perguntar uma coisa... — olho de soslaio para Christian, que me olha intrigado. — A senhora sabe que seu filho tem um... — meu celular começa a tocar me interrompendo. Droga! Kate, eu aposto. — Desculpem-me. — me afasto, indo até a área da cozinha, aproximo-me do balcão pegando meu telefone e atendo sem checar o número. — Fala, Kate.

Meu Deus! Ana! — uma voz masculina soa desesperada. Que merda, é José. — Onde está? Já te liguei umas mil vezes. Preciso ver você. Eu quero te pedir desculpas pelo que aconteceu na sexta-feira. Por que não atendeu minhas ligações? — despeja tudo de uma vez.

Bufo. Era só o que faltava.

— Porque eu não quis. — digo rude. — Olhe, José, agora não é um bom momento... — me viro e vejo Christian, me observando atentamente, com o rosto impassível, enquanto murmura algo para sua mãe. Dou-lhe as costas.

— Onde você está? Kate não quis me dizer. — ele se queixa.

— Estou em Seattle. — suspiro impaciente. Não estou a fim de lidar com José agora.

— O que você faz em Seattle? Está com ele? — seu tom de voz aumenta consideravelmente.

— Tchauzinho, José. — digo sem esperar por resposta e desligo colocando o celular no modo vibrar. Me resolvo com ele quando voltar.

Volto para sala com toda a tranquilidade do mundo, juntando-me a Christian e sua mãe, que está em pleno falatório.

— …E Elliot me ligou para dizer que você estava por aqui! Faz duas semanas que não vejo você, querido. — diz de forma doce e carinhosa.

— Elliot sabia? — Christian, pergunta me lançando um breve olhar.

— Sim! E eu pensei que poderíamos comer juntos, mas vejo que tem outros planos, e não quero lhes interromper. — diz, agarrando seu comprido casaco de cor creme, virando-se para ele, o abraçando fortemente e o enchendo de curtos beijos.

— Mãe...Tenho que levar Anastásia para Portland. — Christian resmunga fazendo sua mãe rir, soltando-o.

— Já entendi, sem tempo para a mamãe. — brinca, virando-se pra mim. — Anastásia, foi um prazer conhece-la. Espero que voltemos a nos ver. — sorri, me dando dois beijinhos. Um em cada lado da bochecha.

É... Sem motivos para a loucura do Grey. Missão fracassada. Taylor aparece procedente de… Onde?

— Senhora Grey. — diz, gentilmente indicando o caminho para ela.

— Obrigado, Taylor. — ela responde, e Taylor a segue pela sala e atravessam as portas duplas que vão para o vestíbulo.

Pisco confusa. Taylor esteve aqui o tempo todo? Por quanto tempo eu me distraí? Estou me sentindo tão estupidamente lerda hoje. Volto-me para Christian, que estranhamente está me olhando.

— Então... O fotógrafo ligou para você? — sorri irônico.

— Sim. — respondo em tom entediado.

— O que ele queria? E nem pense em dizer que não é da minha conta. — aponta o dedo para mim.

— Mas não é. — bufo, vendo Grey cruzar os braços. — Ele só queria me pedir desculpas pelo que aconteceu na sexta.

Christian aperta os olhos, e Taylor volta a aparecer.

— Senhor Grey, há um problema com o envio de Darfur. — Christian quase rosna, acenando bruscamente para ele com a cabeça.

— O Charlie Tango voltou para o Boeing Field? — arqueia uma das sobrancelhas, aparentemente controlado.

Olho de Taylor para Christian com as sobrancelhas arqueadas. Essa sou eu, entendendo absolutamente tudo.

— Sim, senhor. — Responde formalmente. Taylor balança a cabeça para mim. — Senhorita Steele.

Eu sorrio abertamente para ele, que se vira e sai.

— Taylor vive aqui? — pergunto, voltando meu olhar para Christian.

— Sim. — responde, em tom frio e cortante. Nossa... Qual o problema agora? Christian vai até cozinha, pega seu BlackBerry e volta. Está sério. Muito sério. Ele disca alguns números. — Ros, qual é o problema? — pergunta bruscamente para quem quer que seja que esteja do outro lado, escutando concentrado sem deixar de me olhar com olhos interrogativos. Eu estou no meio da enorme sala me sentindo extraordinariamente confusa e deslocada. — Não vou pôr a tripulação em perigo. Não, cancele-o… Vamos lança-lo do ar… Ótimo. — Desliga.  A suavidade em seus olhos desaparece. Parece rude e hostil. Christian me lança um rápido olhar, pensando, em seguida dirige-se para seu escritório e volta segundos depois com um um grande envelope de papel pardo em mãos. — Este é o contrato. — afirma, me entregando. Pego-o hesitante. — Leia-o atentamente e comentaremos no próximo fim de semana. Sugiro que pesquise um pouco, para que saiba do que estamos falando. — faz uma pausa, pensativo. — Bem, se aceitar, é claro... E espero realmente que aceite. — acrescenta em tom mais suave, nervoso.

— Pesquisar? — estreito os olhos em sua direção.

— Você pode ficar surpresa com o que pode encontrar na internet... — murmura.

Olho-o inquieta. Mal sabe ele que sei mais sobre isso do que eu deveria...

— Sem chances de eu pesquisar essas coisas no computador da Kate! — rio debochada, disfarçando meu desconforto.

Ele arqueia uma sobrancelha.

— Não tem um computador? — questiona incrédulo.

— Bem, eu tinha...

— O que aconteceu com o seu? — pergunta, inclinando a cabeça.

— Hãn... Bem, eu... Tinha uma bolsa da Chanel em liquidação e... E eu não tinha dinheiro... Ah, é uma longa história! — cruzo os braços enfezada. Sim, eu vendi meu notebook pra comprar uma bolsa. Mas só fiz isso porque não era uma bolsa, era A bolsa. Christian ri, me olhando divertido recuperando seu semblante descontraído.

— Estou certo de que posso… Ér, lhe emprestar um. Agora recolha suas coisas. Voltaremos para Portland de carro e comeremos algo pelo caminho. Vou me vestir.

— Que fique claro que eu não estou aceitando nada, ok? — digo, e ele se detém, voltando seu olhar para mim. — Só... Vou dar uma olhadinha. — Orgulhosa? Eu? Imagina. — Ah, e eu já vou recolher minhas coisas, mas... Primeiro tenho que fazer uma ligação. — preciso muito ouvir a voz de Kate. Estou um tanto perturbada.

Ele franze o cenho.

— Para o fotógrafo? — suas mandíbulas se apertam e os olhos brilham em repulsa. Olho-o desconcertada. — Eu não gosto de compartilhar, Senhorita Steele. Lembre-se disso. — seu tom de voz calmo e controlado, soa como um arrepiante aviso. Lançando um ultimo olhar frio a mim, ele se vira e vai em direção ao quarto.

Mas o que...? Checo mentalmente minha frase. "Primeiro tenho que fazer uma ligação." Em que parte fazer uma ligação, aparece a palavra José? Na cabeça doentia de Christian Grey! Bufo. Certeza, o Grey é um lunático! Certeza absoluta! Eu só queria ligar para a Kate. O que aconteceu com o homem generoso, depravado e sorridente que se encontrava aqui a menos de meia hora atrás? Bufo, desistindo de fazer a tal ligação. Vou até a cozinha pegando minha mochila e checando se está tudo certo. Volto para sala e encontro meus saltos encostados caprichosamente ao lado do sofá. Coloco-os rapidamente e checo mentalmente se estou com todas as minhas coisas. Mochila? Aqui. Sapatos? Aqui. Calcinha? Já era, o Grey rasgou. Rio sozinha com a lembrança. iPod? Não está aqui... Onde deixei? No banheiro. Banheiro?! Oh droga! Esqueci meu iPod no banheiro do Christian!

— Pronta? — ele interrompe meus pensamentos, junto à porta dupla do vestíbulo balançando meu iPod em sua mão. Olho-o descrente, quando foi que ele voltou? Como ele faz essas coisas? Argh! Ando embasbacada até Christian pegando meu bebê de sua mão. Volto meu olhar para ele que recupera seu tom distante, educado e convencional. Está novamente com a máscara séria. Observo-o atentamente. Está vestindo jeans, camisa cinza e uma jaqueta negra de couro. Vestido assim, sem dúvida, não parece um multi milionário. Parece um menino extraviado, possivelmente um modelo revolto de passarela. Franzo o cenho ao recordar sua irritação com a ligação de José… Bom, ao menos parece que é. Também está com uma bolsa de couro sobre o ombro. Para que precisa dela? Talvez ele fique em Portland. Como um estalo lembro-me da entrega dos diplomas. Sim, claro… Estará em Portland na quinta-feira.

Taylor aparece, esperando-nos ao fundo.

— Amanhã, então. — Christian diz para Taylor, que concorda com um aceno de cabeça.

— Sim, senhor. Que carro irá levar? — pergunta e Christian lança-me um rápido olhar. Retribuo o olhar meio que sem entender.

— O R8. — diz, com um sorriso de lado.

— Boa viagem, Senhor Grey. Senhorita Steele. — Taylor me olha com simpatia e segura a porta para nós sairmos.

Christian chama o elevador.

— Pare de morder o lábio ou vamos foder no elevador, e não vou me importar se entrar alguém ou não. — Diz de repente.

— Não estou mordendo o lábio. — respondo simplesmente, sem olha-lo.

— Acredite, está sim. — seus lábios esboçam um ligeiro sorriso, parecendo recuperar o senso de humor.

O elevador chega. Entramos e Christian aperta o botão marcado com um G. Olho para o chão, pensando o quanto vou precisar explicar a Kate quando chegar em casa.

— No que está pensando? — pergunta baixo.

— Kate. — digo simplesmente, voltando meu olhar para ele que balança a cabeça em sinal de compreensão.

— Espero que não esteja pensando em contar algo a ela. — diz em um tom duro.

Arqueio uma sobrancelha.

— Por quê?

— Porque sua companheira de quarto está saindo com meu irmão, e eu preferia que você não falasse com ela. — responde, sério.

— Christian, ela é minha melhor amiga! Não posso esconder as coisas dela, isso... Isso seria imperdoável! — digo, sem pensar duas vezes.

Ele me olha receoso.

— Então tome cuidado com o que fala, Senhorita Steele. — diz em tom de ameaça. — E se assegure de que ela não comente nada com o Elliot. — adiciona, sério.

Olho-o indignada. Não concordo com sua insinuação. Kate não é assim.

— Sua família sabe algo sobre as suas preferências? — pergunto calmamente.

— Não. Não é assunto deles.

Bufo.

— Não se preocupe. Não vou mencionar seu Quarto Medieval da Tortura. — cruzo os braços, e Christian me olha quase fazendo uma careta.

— Quarto Medieval da Tortura? — debocha. — Acredite em mim, Anastásia, trata-se, sobretudo, de prazer.

Reviro os olhos.

— De qualquer forma... Kate não irá falar nada, assim como eu não direi a você nada do que ela me conte sobre Elliot. — digo rapidamente.

— Bom, a diferença é que não me interessa sua vida sexual. — Christian murmura em tom seco. — Elliot é um filho da puta curioso. Mas se precisa dizer algo... Lhe fale só do que temos feito até agora... — me adverte. — Ela, provavelmente, me cortaria as bolas se soubesse o que quero fazer com você. — acrescenta em voz tão baixa, que não estou certa se ele queria que eu realmente escutasse.

Blá, blá,blá... Vá se foder, Christian! — sorrio irônica para ele, que sorri com desdém passando uma mão pelo meu queixo e me beijando rapidamente nos lábios.

As portas do elevador se abrem, Christian segura em minha mão e me leva para a garagem no subsolo. É... Pelo visto ele ama minha mão! Perto do elevador vejo um Audi 4x4 negro, mas quando aperta o comando para que se abram as portas, acendem-se as luzes de um esportivo negro reluzente. É um desses carros que deveria ter uma loira peituda de pernas longas, deitada no capô, vestida apenas com uma faixa. Típico. Mas quando chego mais perto do carro minha expressão indiferente se vai e quase tenho um infarto.

— Ai. Meu. Deus! É um Audi R8 Spyder, com rodas de liga leve, teto conversível e com potência cinco, dois, cinco ponto zero! — exclamo, boquiaberta.

Volto meu olhar para Christian que me observa estático.

— Você entende de carros? — pergunta incrédulo.

Sorrio timidamente.

— Ér... Pois é... Acho que nasci no corpo errado. — torço o lábio em uma careta.

— Não... Você nasceu no corpo certo. — sua voz é muito maldosa.

Reviro os olhos.

— Por que está tão surpreso? — pergunto, cruzando os braços.

— Porque não estou acostumado com mulheres que saibam dizer mais do que "Belo carro". — debocha.

Estreito os olhos em sua direção.

— Belo carro. — digo secamente.

Ele levanta o olhar para mim e ri.

— Eu sei. — responde, voltando a parecer o doce, jovem e despreocupado.

Meus olhos brilham em direção a preciosidade negra.

— Posso dirigir? — pergunto empolgada.

— Não! — responde no mesmo tom, como se tivesse me dado uma resposta positiva.

Bufo. Ele está tão entusiasmado. Meninos e seus brinquedos.  Reviro os olhos. Christian abre a porta pra mim e eu entro. Uau… É mais baixo do que eu pensava. Ele se move envolta do carro rapidamente e dobra seu corpo elegantemente ao meu lado.

— Um dia desses me deixa dirigir esse carro? — peço, passando a mão pelo teto acolchoado.

— Vou pensar no seu caso. — sorri em minha direção. — Como faz um dia lindo, nós podemos baixar a capota. Há um boné de beisebol aí. — aponta para o porta luvas. — Na verdade, deve haver dois. E óculos de sol se você quiser.

Christian dá partida na ignição, e o motor ruge a nossas costas. Deixa sua bolsa entre os dois assentos, aperta um botão e a capota retrocede lentamente.  Aperta outro, e a voz do Bruce Springsteen nos envolve. Abro a caixa e pego os bonés de beisebol. São da equipe dos Mariners. Será que ele gosta de beisebol? Entrego-lhe um boné e ponho o outro. Em seguida passo meu rabo de cavalo pela parte de trás do meu boné e puxo a viseira para baixo. Pego um dos óculos e ponho também, entregando-lhe o outro.

— Vai ter que gostar do Bruce. — sorri, tirando o carro do estacionamento e subindo a rampa, onde nos detemos, esperando que a porta levante. Logo saímos para a ensolarada manhã de maio em Seattle. Pessoas nos olham enquanto passamos pelas ruas. Christian parece alheio a tudo, perdido em seus pensamentos. Há pouco tráfico, assim não demoramos para chegar a interestadual 5 em direção ao sul, com o vento soprando por cima de nossas cabeças. Bruce canta que arde de desejo. Muito sexy. Muito oportuno. Christian me olha, com seus óculos Ray-Ban, não vejo sua expressão, franze os lábios, apoia uma mão em meu joelho e o aperta suavemente.

— Está com fome? — pergunta, enquanto olho de sua mão para seu rosto.

— Hãn... Não. — retiro calmamente sua mão de mim. Mesmo que tenhamos transando, ainda não gosto de contato físico. Não importa de quem seja. Os lábios de Christian apertam-se em uma linha firme.

— Você tem que comer, Anastásia.— me repreende. — Conheço um lugar fantástico perto de Olympia. Pararemos ali. — sua mão volta a pegar no volante e ele pisa no acelerador.

Sinto-me impulsionada contra o encosto do assento. Esse carro corre. Bastante.

— Me responda uma coisa... Se vai me levar para comer, mesmo eu tendo dito que não quero, por que perdeu tempo de perguntar minha opinião? — olho-o confusa.

— Educação. — dá de ombros. Desisto! Bufo, deixando meu corpo se afundar no banco, em sinal de desgosto.

Christian pisa tanto no acelerador que logo chegamos ao tal lugar. O restaurante é pequeno e íntimo, um chalé de madeira no meio de um bosque. A decoração é rústica, cadeiras diferentes, mesas com toalhas em xadrez e flores silvestres em pequenos vasos. Cuisine Sauvage, alardeia um pôster por cima da porta. Automaticamente arregalo os olhos.

— Fazia tempo que não vinha aqui. — Christian diz verdadeiramente animado, enquanto nos sentamos.

Volto meu olhar assombrado em sua direção.

— Por que está escrito culinária selvagem naquele poster? — pergunto, apontando desconcertada em direção à placa escrita em francês.

— Porque não se pode escolher… Eles preparam o que caçaram ou recolheram. — levanto as sobrancelhas horrorizada mas não posso evitar rir. Christian realmente tem um gosto muito peculiar.

A garçonete surge e nos pergunta o que vamos beber. Ela está vermelha, envergonhada ao ver Christian e se esconde debaixo de sua comprida franja loira para evitar olhá-lo nos olhos. Que estranho... Nada suspeito...

— Dois copos do Pinot Grigio. — Diz Christian em tom autoritário. Eu aperto meus lábios, cutucando-o aborrecida. — O que? — pergunta bruscamente.

— Quero uma Coca-cola light. — digo firme, e ao ouvir minha voz a garçonete levanta o rosto e me encara, no mesmo instante inclino-me para trás surpresa e assustada. Não é possível!

— Anastásia?! — a voz surpresa da loira que um dia já fora uma das minhas melhores amigas chega ao meu ouvido como um doloroso tiro. — Ai meu Deus! Você... Você está aqui! E... Está mais linda do que nunca! — ela abre um sorriso terno e acolhedor, e meu estômago se revira em repulsa e nojo. — Zac não vai acreditar nisso!

Balanço a cabeça atordoada e volto meu olhar para Christian. Sua expressão é curiosa e ao mesmo tempo confusa. Seus olhos cinza se apertam e ele sacode a cabeça.

— Quero Coca. — digo, ignorando completamente a loira a minha frente.

— O Pinot Grigio daqui é um vinho excelente. Cairá bem com a comida, tragam o que nos trouxerem.— diz em tom paciente e controlado.

— Quero uma Coca-Cola light. — insisto, sem olhar para a Juliet que rapidamente anota o pedido e vai embora. Suspiro em alivio, mas sinto meu alivio se esvair ao sentir orbes cinzas me encarando interrogativamente. — Ér... Tragam o que trouxerem? — franzo o cenho para Christian.

— Sim. — não posso evitar bufar. Christian esboça um sorriso inclinando a cabeça, mas logo sua expressão se torna séria. — Quem é ela?

Abaixo o olhar, encarando os guardanapos em cima da mesa.

— Ninguém que valha a pena lhe contar. — murmuro ressentida.

Christian me olha com um traço de irritação.

— Anastásia, você olhou para aquela garçonete como se ela fosse o fantasma do natal passado! Não importa o que diga, quero saber quem é aquela mulher e porque ficou tão assustada. — exige, estranhamente calmo.

Bufo.

— Não fiquei assustada! — protesto.

— Mas ao menos incomodada ficou. — afirma. — O que ela fez pra você?

— Isso não importa! — tento persuadi-lo.

— Mas é claro que importa, Anastásia! — insiste. Me esqueci que estou lidando com um clone masculino de Kate.

— Christian, eu...

Annie! — fecho os olhos com força, percebendo que conheço a voz que me chama. — Não acredito! É você mesma... — assim que abro os olhos vejo o loiro de olhos extremamente azuis, e porte físico de um atleta se aproximando de nossa mesa com seu típico tom debochado de Bad Boy.

Respiro fundo tentando buscar calma e paciência mas já não resisto mais.

— Cai fora daqui, Zac! — ordeno em tom rude.

Zac um dia já fora meu amigo também, mas agora se tornou um dos seres mais repugnantes da face da terra.

— Nossa... O que é isso? Pra que tanta hostilidade? Não vai cumprimentar o seu... Velho amigo? — debocha, fazendo meu sangue pulsar em minhas veias. Tamanha minha fúria. — Quando Juliet me disse que estava aqui, eu achei que fosse mentira. Mas vejo que realmente está aqui, e... Acompanhada. — adiciona, lançando um olhar sugestivo em direção ao Grey, que no mesmo instante se levanta como um macho alfa.

— Esse cavalheiro está lhe incomodando, Senhorita Steele? — pergunta, sem desviar o olhar de Zac.

— Não, ele já está de saída. — decreto ríspida, Zac me lança um sorriso de escárnio e se vira para ir embora, mas se detém, me lançando um olhar furtivo.

— Foi um prazer revê-la, Annie. — provoca antes de seguir seu caminho para longe.

Volto meu olhar para Christian, que volta a se sentar e me direciona um olhar impassível.

— Quero uma explicação, Senhorita Steele. E não aceito nada além da verdade. — afirma em tom frio.

Olho-o apreensiva. Não tenho pra onde correr, mas não quero conversar sobre isso. Não com ele...

— Nós... Podemos conversar sobre isso em outra hora e em outro lugar? — pergunto, tentando persuadi-lo. Eu preciso de tempo para pensar no que devo ou não revelar ao Grey. Ele me olha com desconfiança por um momento, mas sua expressão logo se suaviza.

— Quer ir... Embora? — olho-o inexpressiva, se tem uma coisa que eu não suporto é parecer covarde. Nego com a cabeça. — Então, de acordo, conversaremos outra hora.

Ficamos em absoluto silêncio por um momento. Encaro os guardanapos sobre a mesa. Meu coração se aperta. Juliet e Zac no mesmo local que eu... O destino poderia ser mais cruel?

— Minha mãe gostou de você. — diz, de repente, quebrando o silêncio que havia se instalado.

Levanto o olhar para ele.

— Sério? — tamborilo minhas unhas na mesa tentando me distrair.

— Sim... Acho que ela sempre pensou que eu fosse gay. — sorri sem mostrar os dentes.

Dou uma breve risada.

— Ah, é? E por que ela pensava que você fosse gay? — pergunto divertida.

— Porque nunca me viu com uma garota. — seu sorriso agora é sinistro. Medo.

— O-oh… Com nenhuma? Nenhuma mesmo?  — debocho.

— Eu tenho boa memória... — passa a mão pelo queixo. — Não, com nenhuma. — desliza o polegar pelo lábio inferior. — Olhe, Anastásia, para mim também foi um fim de semana de muitas novidades. — adiciona em voz baixa.

— Novidades? — cruzo os braços em cima da mesa, olhando-o confusa.

— Nunca tinha dormido com ninguém, nunca tinha tido relações sexuais em minha cama, nunca tinha levado uma garota no Charlie Tango, nunca tinha apresentado uma mulher para minha mãe e nunca tinha feito sexo baunilha antes... O que você está fazendo comigo? — me olha... Fascinado?

Entrelaço meus dedos, coloco os cotovelos sobre a mesa e apoio meu rosto em minhas mãos, olhando-o profundamente.

— Estou te enlouquecendo, querido. — sussurro sedutoramente. Ué, não custa nada irrita-lo um pouquinho...

Juliet, a garçonete, chega com nossas bebidas, discretamente joga um guardanapo em meu colo e me lança um olhar impassível, que eu faço questão de ignorar. Será que ela está... Arrependida? Espero sinceramente que sim. Dou um pequeno gole em meu refrigerante evitando o olhar cético e interrogativo de Christian. E sem que deixar que ele perceba, desvio o olhar para o guardanapo em meu colo, e vejo que há algo escrito:

 

"Antes de ir, me espere na saída. Preciso muito falar com você...
Juliet."

 

Amasso o papel, soltando-o embaixo da mesa. Logo em seguida Juliet nos traz sopa, que ambos olhamos com certo receio.

— Sopa de urtigas. — Informa, dando meia volta e retornando zangada à cozinha. Acho que ela me viu amassar o guardanapo. Foda-se. Ainda acho pouco, eu deveria amassar é a cara dela. Droga, mas e se ela resolver envenenar minha comida? Ou pior, cuspir nela?! Olho ainda mais receosa para a sopa. Provo um pouco, e surpreendentemente está deliciosa. Christian e eu nos entreolhamos, aliviados. Dou uma risada e ele inclina a cabeça me olhando admirado.

— Que som adorável. — murmura mais para si mesmo do que pra mim. Arqueio uma sobrancelha sem saber ao certo do que ele está falando.

— Você nunca fez sexo casual? — pergunto de repente, lembrando-me de sua lista de coisas que nunca fez.

— Não... — ele encolhe os ombros.

Arqueio uma sobrancelha.

— Então... Como começou a fazer o que faz? — pergunto intrigada. Por um momento ele franze o cenho e parece disputar uma espécie de batalha interna. Logo levanta os olhos, como se tivesse tomado uma decisão.

— Uma amiga de minha mãe me seduziu quando eu tinha quinze anos... — responde com cautela. — Seus gostos eram muito especiais. E... Fui seu submisso durante seis anos. —  encolhe os ombros novamente. — Então, eu sei o que isso implica, Anastásia. — Seus olhos brilham com a revelação. Observo-o fixamente, incapaz de articular uma resposta… Até meu subconsciente está em silêncio. Ele foi um um submisso. E o pior... Ele foi um submisso por vontade própria... Não consigo acreditar... — A verdade é que não tive uma introdução ao sexo muito comum. — minha curiosidade entra em ação.

— E... Alguma vez saiu com alguém na faculdade? — arqueio uma das sobrancelhas, tomando um pouco mais de minha sopa.

— Não. — responde, negando com a cabeça, para enfatizar sua resposta e toma mais de sua sopa também.

— Por quê? — pergunto receosa.

Eu conheço os conceitos de submissão. E para mim eles não são nenhum pouco agradáveis... Pelo menos pra mim...

— Você, realmente, quer saber? — sorri sardonicamente.

— Sim. — retribuo o sorriso.

— Porque eu não quis. — afirma. — Ela era tudo o que eu queria ou necessitava. Além disso, ela iria me castigar. — sorri com carinho ao recordar.

Engasgo com minha própria saliva. Oh, isso é muita informação… Mas agora eu estou curiosa... Quero mais. Preciso de mais...

— Então, ela era uma amiga de sua mãe... Quantos anos ela tinha? — remexo minha sopa distraidamente, tentando parecer desinteressada.

— Tinha idade suficiente para saber o que fazia. — sorri maldoso.

Aperto a colher com uma força desnecessária. Sentindo um leve incomodo em meu intimo.

— Você ainda a vê? — pergunto antes de encher a boca de sopa. Se controle, Steele.

— Sim. — concorda, me observando atentamente. — E não, não fazemos mais nada. — sacode a cabeça e com um sorriso indulgente. — Agora ela é apenas uma boa amiga.

Estreito os olhos. Boa amiga... Aham, sei... E eu queria ser boa amiga do Jhonny Depp!

— Eu não ia perguntar isso. — limpo minha boca com um guardanapo.

— De qualquer forma, está respondida. — sorri superior me fazendo revirar os olhos.

Juliet está no mesmo ambiente que eu, a alguns metros de mim. Zac também está aqui. Christian foi um submisso… Caralho! Eu dou um comprido gole na minha Coca-Cola… Deus, tenho que pensar em tudo o que estou vendo, ouvindo e vivendo. Preciso de tempo pra processar tudo isso. Quando estiver sozinha, trancada no meu quarto porque a presença de Christian me distrai. Maldita beleza. Malditos olhos. Maldito Christian. Assim que terminamos nossa sopa Juliet aparece para retirar nossos pratos. Olho-a desconfiada. Ela ainda não tentou nada além do bilhetinho... Isso é suspeito. Muito suspeito.

— Vocês faziam isso em tempo integral? — pergunto, querendo manter meu cérebro ocupado.

— Bem, era, apesar de não vê-la o tempo todo. Era… difícil. Afinal, eu ainda estava na escola e mais tarde, na faculdade. — explica, dando de ombros.

Juliet retorna com, o que ela diz ser, carne de veado. Ok, meu apetite foi pro espaço. Será que eles não podem caçar uma pizza, lasanha ou algo comestível?

— Me recuso a comer isso. — enfio o garfo na suposta carne um tanto assustada.

— Coma. — Christian pede em tom tranquilo, muito tranquilo.

— Não assinei seu contrato, então nem tente me mandar comer essa coisa. — olho-o, sorrindo presunçosa.

Nunca gostei de ser mandada. Nem pela minha mãe. Nem por ninguém. Christian fecha os olhos por um segundo. Quando os abre, está muito sério.

— Anastásia, eu serei bem fraco com você... Acho que não conhece bem a definição de uma submissa... Precisa pesquisar um pouco, e ler o contrato… Não tenho problema em comentar qualquer detalhe. Estarei em Portland até sexta-feira, se por acaso quiser que falemos sobre isso antes do fim de semana. — suas palavras me chegam como um tapa. — Ou pode me ligar… Talvez, pudéssemos jantar… Digamos, na quarta-feira? Você precisa entender como isto funciona... De verdade, quero que isto funcione. Nunca quis tanto. — seus olhos refletem sua ardente sinceridade e desejo.

Contra a minha vontade meu cérebro me lembra sinônimos da palavra que quase me destruiu... Top, Amo... Dominador. Um calafrio percorre minha espinha. Sei exatamente o que é ser uma submissa. Eu não preciso pesquisar nada... Nada mesmo. Meu coração se acelera.

— O que aconteceu com as outras quinze? — pergunto, subitamente. Ele suspende as sobrancelhas, surpreso e move a cabeça com expressão resignada.

— Coisas distintas, mas ao fim e ao cabo se reduz a… — detém-se, procurando por palavras. — Incompatibilidade. — encolhe os ombros, pensativo.

— E você acha que eu poderia ser compatível com você? — olho-o desdenhosa.

— Talvez. — me avalia atentamente.

— Então... Você não vê nenhuma de suas exs? — observo-o devorar tudo o que tem no prato. Ele come como um Neanderthal. Deve fazer muito exercício para manter a boa forma. Subitamente, recordo como lhe cai bem o pijama. A imagem é totalmente perturbadora. Contorço-me desconfortavelmente. Anastásia, por Deus, controle-se, me repreendo. Christian me olha.

— Não, Anastásia. — diz em tom impaciente. — Sou monógamo em meus relacionamentos. — adiciona, voltando a comer.

— Já percebi. — reviro os olhos.

Ele franze o cenho, mas não retruca. Meu estômago revira com tantas informações. Deixo escapar um longo suspiro e Christian me olha.

— Eu daria tudo para saber o que está pensando neste exato momento. — diz baixo, seu tom me indica que está sendo sincero.

— Fico feliz que não possa ler meus pensamentos. — sorrio sem mostrar os dentes.

— Seus pensamentos não, Anastásia, mas seu corpo… Isso, eu acho que conheço bem desde ontem. — sua voz é maliciosa e sugestiva. — E posso ver que está nervosa.

Estreito os olhos. Como pode ser tão lindo e tão idiota ao mesmo tempo? Antes que eu possa revidar, Christian chama Juliet e lhe pede a conta. Depois de pagar, levanta-se e me estende a mão. Ignoro sua mão estendida e me levanto saindo do pequeno chalé antes que Juliet tente me abordar. Christian me segue e voltamos para carro.

— Quer conversar? — pergunta, quando já estamos devidamente prontos para partir.

Suspiro.

— Não... — Christian balança a cabeça compreensivo, e sem mais uma palavra, fazemos a viagem de Olympia para Vancouver em silêncio, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos.

Vancouver, Portland, horas mais tarde. Aproximadamente cinco horas e sete minutos...

Quando Christian estaciona em frente à porta de minha casa, são cinco e dez da tarde. As luzes estão acesas, então Kate está em casa, sem dúvida, empacotando, a menos que Elliot ainda não tenha partido. Christian desliga o motor, então percebo que tenho que me separar dele. E suspiro de alívio mentalmente. Preciso de distância. Preciso pensar.

— Obrigado pelo fim de semana, Anastásia. Foi… estupendo. — sorri gentil. — Jantar quarta-feira? Eu passo para lhe pegar no trabalho ou onde você quiser. — diz suavemente. — Eu não desisti, Anastásia, e nem me esqueci. Quero saber quem são aquelas pessoas.

Desvio meu olhar de rosto de Christian e abro um sorriso fraco. Eu deveria saber que seu silêncio não significava desistência... Deveria saber que ele não iria desistir assim tão fácil de me arrancar informações. Ele é persistente. Muito persistente. E eu não sei se quero contar algo a ele. Não sei se devo...

— Quarta-feira. — concordo com um aceno de cabeça.

Christian aproxima-se mais, pega uma de minhas mãos, lentamente a leva à boca e beija suavemente a palma, bem a moda antiga. Suspiro, surpresa, observando seus movimentos. Ele beija minha mão outra vez sem tirar os olhos dos meus, em seguida a solta, sai do carro, aproxima-se de minha porta e a abre. Saio do carro sem olha-lo e me dirijo para a porta, sabendo que eu tenho que enfrentar Kate e eu não quero enfrentar a Kate. Uma enxurrada de sentimentos e emoções me atingem. Me sinto transtornada. No meio caminho, eu giro lentamente e olho para Christian.

— Oh… À propósito, vesti uma de suas cuecas. — abro um pequeno sorriso e levanto meu vestido para que ele veja. Christian abre a boca, surpreso, e sem esperar por mais eu entro em casa.

Assim que fecho a porta, me viro e encontro Kate parada atrás de mim com um copo d'água em uma mão e uma minúscula pílula na palma da outra mão.

— Você tomou sua injeção esse mês? Ou vai precisar disso? — pergunta, fazendo menção de me entregar e eu prontamente balanço a cabeça, rejeitando com um aceno. — E então, devo lhe matar agora ou mais tarde?

Eu não respondo, apenas desvio o olhar de seu rosto, suspirando pensativa. Minha cabeça volta a girar. Estou tão confusa... Eu sinto como se estivesse de cabeça para baixo, perdendo o foco.

— Vamos, decida, eu não tenho o dia todo! — a voz de Kate me traz de volta a realidade.

Suspiro outra vez antes de me pronunciar.

— Pode ser mais tarde? Preciso me abrir com você antes de morrer... — digo um tanto desanimada.

A expressão de Kate se torna seria e preocupada.

— Você está muito séria... Não estou gostando disso, Anastásia... — diz em tom apreensivo indo em direção ao sofá, eu a sigo, ela coloca o copo na mesinha de centro e nós nos sentamos. — O que aconteceu? Por que está tão séria e calada? Diga logo antes que eu morra de preocupação!

Fecho as mãos em punho apertando minhas unhas contra as palmas de minhas mãos. Estou suando frio. Meu coração bate descompassado. Me sinto agoniada.

— Kate... O que você diria se uma amiga sua lhe contasse que quer... Começar um relacionamento com um sádico? — pergunto acanhada.

Ela enruga a testa me olhando sem entender.

— O que?

— Apenas me diga, Kate. — suplico. — O que você faria?

Ela inclina a cabeça para o lado, confusa.

— Eu... Acho que... Levaria ela em uma igreja. Mas precisamente, pra uma sessão de descarrego. — ele diz em tom divertido.

Olho para os lados antes de fixar meu olhar em Kate novamente.

— Então... Acho que preciso de uma igreja... Urgentemente. — murmuro, sorrindo sem humor.

Kate me olha momentaneamente confusa, mas logo o brilho de compreensão invade seu olhar. Eu não consigo definir seu estado de espírito, mas seu silêncio me diz que ela está chocada.

— Kate, eu...

— Christian Grey é um sádico? — me interrompe, seu tom é frio, ríspido e calculado.

Engulo em seco.

— Pior que isso... — murmuro quase inauditivelmente. — Ele é um... Um... — faço uma pausa, respirando fundo e tomando coragem. — Um Amo.

Ela se levanta em um pulo, gesticulando em sinal de revolta.

— Eu não acredito! Não acredito que esteja pensando em... — deixa sua própria frase morrer com um grunhido de reprovação. — Não vou permitir isso, Ana! Não vou!

Levanto-me, tentando acalma-la.

— Kate, por favor, deixe-me explicar...

— Não tem o que explicar, Anastásia! — me interrompe outra vez. — Eu não suportaria a ideia de vê-la se envolvendo com esse tipo de coisa outra vez! Você tem ideia do quanto foi difícil te ver naquele estado?!

Balanço a cabeça discordando.

— Mas Kate, agora é um situação diferente! — protesto. — Não posso me prender ao passado. Eu quero... Eu preciso tentar superar!

Ela me olha incrédula.

— Diferente? Diferente? — sua voz se altera. — O que tem de diferente, Ana? Assim como aquele idiota, ele só quer o seu corpo e nada mais! — desabafa irritada, começando a andar de um lado para o outro. — Você se lembra... Se lembra do que aconteceu na ultima vez? Se lembra do...

— SIM! — interrompo-a, me sentindo incapaz de ouvi-la pronunciar aquele nome. — Sim, eu me lembro... Mas... Mas dessa vez as coisas não vão ser daquela forma...

— Ah não? — debocha. — E quem lhe garante que não será como aquela vez? Hein?

Suspiro.

— Ele já foi um submisso... E tem regras.

Kate franze o cenho.

— Regras?

Respiro fundo, abro minha mochila, tiro o grande envelope de papel pardo e entrego-o para ela.

— O que é isso? — me olha com a testa enrugada.

— Um contrato. — respondo sem hesitar.

Kate me olha receosa, e desvia o olhar para o envelope. Respira fundo e no instante seguinte, o abre.


Notas Finais


E ai, pessoas \o/
Espero que tenham gostado :)
Fiquem a vontade para expressar a opinião de vocês nos comentários, é sempre muito importante saber o que estão achando *-*
eeeeeeeeeeeeeeeeee Por hoje é só! Próximo capítulo sai na segunda-feira!
Beijo beijo meus amores e até a próxima! <333333'


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