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História Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Vinte sete



Notas do Autor


HEY GUYS!
Demorei menos dessa vez?! Acho que sim, né hahah'
Não vou perturba-las com minhas explicações dessa vez, até porque eu 'to correndo contra o tempo aqui :O
Boa leitura amores!

Capítulo 29 - Vinte sete


Fanfic / Fanfiction Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL - Vinte sete

— Anastásia, vai mais devagar.

Não é um pedido, é uma ordem. Mas eu não obedeço, e sem tirar os olhos da estrada, eu piso com mais intensidade sobre o acelerador aumentando a velocidade para 145 km/h. Christian não está no controle, e ele não suporta isso. Dá para se notar de longe sua expressão de poucos amigos, como quem está prestes a me tirar do volante e tomar a direção do carro na base da força bruta. Mas ele não faria isso. Ele não se colocaria em risco. Ele não me colocaria em risco. O pensamento me anima. Me aproveito disso para provoca-lo.

— Não gosta de velocidade, Senhor Grey? — pergunto, me aconchegando ao banco de couro macio.

— Não quando é você quem está no comando.

Eu rio com os olhos fixos na estrada.

— Você está seguro comigo.

Eu pisco para ele antes de diminuir a velocidade e fazer uma curva, girando o volante com a tranquilidade e habilidade de uma profissional. Por um momento me sinto verdadeiramente uma piloto de corrida. A sensação é ótima. Tão boa quanto estar no controle de uma Ferrari importada.

— Este tópico não está aberto a discussão, Senhorita Steele. — ele está me repreendendo, mas em sua voz há um traço de orgulho e admiração.

Eu estou rindo outra vez.

— Isso significa que está me dando um voto de confiança.

— Isso não é uma pergunta. — diz conciso.

— Eu sei. É uma constatação. — afirmo, sorrindo radiante ao sentir uma estranha sensação de déjà vu me tomar.

— Eu já ouvi isso antes. — ele garante.

— Já?

Eu tiro meus olhos da pista por um instante apenas para contemplar o seu primeiro sinal de sorriso desde que eu comecei a dirigir.

— Já estamos chegando? — ele muda de assunto.

— Quase lá.

Graças a Ferrari, não demora mais do que meia hora para eu estacionar no gramado de frente para a enorme casa de madeira. Um jardim esplêndido coberto por flores do campo deixa a paisagem semelhante a uma pintura. Margaridas, girassóis, cravinas, orquídeas e lírios de um lado, gardênias, hortências, tulipas, copos de leite e jasmins do outro. E dos dois lados há rosas. Muitas rosas. E tem outras espalhadas pelo extenso gramado ao redor. É por isso que eu gosto de vir aqui. É um verdadeiro festival de flores. Tão coloridas e perfumadas. Eu salto do carro e vou para o lado de Christian que sai logo em seguida. Diferente de Savannah, Hinesville é um lugar bem mais fresco. Uma das vantagens de estar longe da cidade. Eu inspiro profundamente e o ar puro e límpido do campo invade minhas narinas enquanto eu entrego as chaves a Christian.

— Que lugar é este? — pergunta, olhando ao redor.

— Digamos que... É um lugar muito especial pra mim. — respondo, sorrindo como uma tola.

Sem mais questionamos, ele toma minha mão e me segue pela pontezinha de madeira que dá um charme a entrada. Conforme nos aproximamos, eu avisto uma cabeleira ruiva e despenteada infiltrada em meio as rosas vermelhas. Está distraído, focando em seu trabalho.

— Sempre concentrado, né, Ryan? — eu digo quando Christian e eu já estamos consideravelmente perto.

Ele se sobressalta, retomando a postura do corpo e virando-se de imediato na minha direção. Seus olhos se expandem quando ele me vê.

— Ana? — ele soa surpreso e animado. — Achei que só te veria mais tarde. — acrescenta, deixando a grande tesoura de poda de lado, levantando-se e retirando as luvas de jardinagem.

— Está ocupado? — pergunto analisando sua roupa. Botas estilo militar, jeans surrado e rasgado e uma camiseta branca, deixando seus braços relativamente fortes de fora. Ryan é alto, ruivo, tem um porte atlético e os olhos muito azuis, como os meus. Eu não me surpreendo de tê-lo encontrado nos meio das flores, Ryan adora jardinagem desde... Sempre.

Ele embrenha os dedos nos cabelos, arrepiando-os de um rebelde.

— Você me conhece, não consigo ficar parado. — diz, inclinando a cabeça com seu típico sorriso travesso. — Mas e você? Ainda se metendo em encrencas?

— Você me conhece, né, não consigo ficar longe de encrencas! — brinco, torcendo o lábio de modo brincalhão.

— Você não tem jeito mesmo, garota! — ele ri, me fazendo rir junto.

— Eu sei! — entro na brincadeira, e no mesmo instante sinto minha mão formigar com um aperto um pouco mais forte e só então me lembro que Christian está ao meu lado, me olhando com um expressão nada agradável. Ele não está confortável na presença de Ryan.

— Ér... Ryan, esse é meu namorado Christian. E Christian, esse é meu primo Ryan Weayther. — aponto de um para o outro, observando a feição dura de Christian se suavizar aos poucos, até se tornar apenas um olhar crítico e suspeitoso, avaliando Ryan.

Ryan era sobrinho de Henry, ou seja, ele não é meu primo de verdade, mas desde que nos conhecemos gostamos de brincar que somos "primos" e mantemos isso até hoje. O que é bom, porque talvez isso deixe o Christian um pouco menos paranoico.

— É um prazer conhece-lo. — Ryan estende a mão de forma amigável, abrindo um dos seus melhores sorrisos carismáticos. Christian me solta e aperta sua mão mas não diz nada, apenas movimenta a cabeça em um gesto de cumprimento. — Vocês são mais que bem-vindos a entrarem.

Christian sutilmente me abraça pela cintura em um gesto de posse. Acredito que seja um aviso silencioso para Ryan do tipo "mantenha distância" e eu quase reviro os olhos por isso mas me contenho.

— Mostre o caminho, senhor anfitrião. — digo na tentativa de manter o clima agradável.

Ryan vai a frente e Christian e eu seguimos em seu encalço. Com o canto dos olhos eu arrisco dar uma bisbilhotada no senhor possessivo, mas ele não aparenta nenhuma emoção. Seus olhos estão percorrendo o ambiente, mas sua mão está firme em minha cintura, me mantendo perto. O interior da casa de madeira é grande e aconchegante exatamente como eu me lembro. Os móveis são de madeira maciça. O sofá Chaise é grande, branco e fofinho, combinando com o tapete da mesma cor. Há alguns puffs e muitas almofadas coloridas espalhadas pela sala. E as janelas grandes posicionadas estrategicamente, só dão um ar mais claro, moderno e divertido ao ambiente. Eu me sinto praticamente em casa.

— Ryan, você já pegou o... — uma loira alta e esbelta surge no topo da escada. — Ana?! — ela sorri ao me ver, descendo mais que depressa a escadaria do canto da sala que leva ao segundo e terceiro andar da casa.

— Ana, já conhece minha namorada Nora. — Ryan sorri, e estende a mão como um bom cavalheiro para ajuda-la a descer os últimos degraus.

Nora é uma bonita loira de olhos castanho escuro. Seu corpo esguio dentro do discreto vestido salmão é tão magro quanto o de uma modelo. Minha meta de vida é conseguir deixar minha barriga chapada como a dela. Eu não posso evitar me perguntar se Christian a contrataria. Ela tem quase o mesmo padrão de suas funcionárias.

— Se eu não a conhecesse, você seria um homem morto! — digo em falso tom ameaçador, saindo do aperto de Christian e me aproximando para cumprimenta-la.

Aw, estou tão feliz em ver você! — exclama, me apertando em um abraço caloroso. — Faz tempo que não vem aqui.

— Pois é, provas, trabalhos, mudança... Essa correria toda me deixou tão maluca que acabei não tendo tempo pra aparecer. — explico assim que nos soltamos.

— Eu imaginei. — ela sorri. — Chegou agora? — eu confirmo com a cabeça. — As crianças vão ficar loucas quando souberem que você está aqui! — sua expressão contente se torna confusa quando ela põe os olhos em algo atrás de mim. — Quem é o seu amigo?

Eu me viro e vejo um Christian distraído, passando a mão no encosto do sofá.

— Oh, esse é o...

— Namorado da Ana, o Christian! — Ryan diz antes que eu possa terminar.

— Namorado?! — Nora parece animada com a notícia. — Isso é uma ótima novidade! Você é um homem de sorte! — ela exclama quando Christian estica a mão para cumprimenta-la com um breve aperto de mão. — Ana é uma ótima menina, ela muito dedicada, tem um coração de ouro! Não a deixe escapar. — ela incentiva espontaneamente e Christian me olha, abrindo um pequeno sorriso. Eu estou ligeiramente vermelha, envergonhada. Eu geralmente não me sinto assim, mas elogios desmesurados me deixam sem jeito.

— Não vou deixar. — há determinação em sua voz, mas eu ignoro, supondo que ele está apenas tentando parecer um bom namorado.

— É impressão minha ou está tentando vender o meu peixe? — pergunto descontraída, me livrando da minha súbita vergonha e tirando o foco das atenções de Christian.

— Eu não preciso, ele já comprou o seu peixe! — Nora entra na brincadeira, antes de cochichar baixinho pra mim: — Eu só estou garantindo que ele vai come-lo. — não contenho a risada. Mal sabe ela... — Bom, eu gostaria de ficar mas preciso resolver umas coisas na cidade. Meu irmão está de visita e eu não confio nele para se garantir. Deixa-lo sozinho no meu apartamento é como incentivar o caos.

Ela sorri antes de dar um rápido beijo de despedida em Ryan.

— Espere! — ele a impede de se afastar e vira-se para mim. — Ana, se importa de tomar conta das crianças? Eu gostaria de acompanhar a Nora.

— Você vai demorar? — pergunto meio hesitante. — É que o Christian ainda tem que trabalhar hoje então não podemos demorar.

— Prometo que vou ser rápido. — Ryan garante.

Eu dou uma rápida olhada em Christian, mas ele não dá sinais de que se opõe a ideia.

— Então tudo bem, eu fico com as crianças. — sorrio animada e Ryan sorri de volta pra mim.

— Eles estão todos no quintal de trás. Estão fazendo uma espécie de piquenique. Não os deixe correr com bebidas na mão. Eu volto logo.

— Sim, senhor! — digo, tentando imitar um soldado enquanto eles seguem juntos para a porta.

— Tchau, casal. — Nora sorri radiante para nós.

— Tchau. — Christian e eu dizemos em uníssono e nos entreolhamos. —'Tá legal, esse negócio de falar junto não é legal. — eu digo em tom assustado e sigo em direção a cozinha mas quando estou na metade dela, percebo que Christian não me segue. Eu volto alguns passos e coloco a cabeça para a fora da cozinha. — Está esperando um convite formal, bonitão? — zombo, vendo Christian erguer uma sobrancelha pra mim.

— Achei que estivesse querendo se esconder. — ele diz quando chega próximo a mim.

— Por que eu faria isso? — olho-o confusa.

— Porque você simplesmente se virou e saiu andando. Quase correndo. — ele me olha com um meio sorriso nos lábios. — Ficou nervosa só porque dissemos uma palavra juntos?

Eu faço minha melhor cara de desdém.

— Não. — Sim. Óbvio. Com toda certeza. Mas você não precisa saber disso. Você não vai saber disso. Nunca.

Eu empino o nariz e volto a fazer meu caminho pela cozinha. É um lugar grande e iluminado como a sala. Uma mesa de madeira enorme, com muitas cadeiras ocupa o centro dela. E com exceção da geladeira e o fogão, que são de inox, e a parte de cima do balcão e dos armários, que são de granito, o resto dos móveis são de madeira também. No final da cozinha há uma porta de vidro com abertura central que dá para o quintal dos fundos.

— Espero que tenham guardado comida pra mim! — digo com um sorriso, saindo para o quintal e me ajoelhando para ficar a altura dos pequenos que correm em minha direção assim que me veem. Leva menos de um segundo para eu cair deitada na grama e ser sufocada por braços de todos os lados que tentam me abraçar coletivamente. Meus dois bracinhos magrelos não são o suficiente para conter tantas pessoinhas. — Crianças, eu estou de vestido! — eu tento repreende-los, mas estou rindo animadamente. — Sentiram minha falta? — consigo perguntar quando todos finalmente me soltam e eu me sento na grama.

— Não! — exclama Shane, me olhando com um sorrisinho sapeca. Eu rio. Já esperava isso dele, sempre o do contra da casa, mesmo só tendo cinco anos.

— Cala a boca e para de contar mentira, bobão! — resmunga Sarah, a irmã gêmea de Shane, e a criança mais esquentada que eu já conheci na minha vida. Está para nascer uma criança que seja tão facilmente irritável quanto ela.

Eles são gêmeos idênticos, com a exceção do cabelo. Sarah é loira, já Shane ostenta uma cabeleira negra.

— Crianças, não briguem! — eu digo quando percebo que eles estão prestes a se engalfinhar. — Eu quero que sejam todos bonzinhos e deem as boas vindas ao Senhor Grey. — eu mal acabo de falar e ouço uma enxurrada de vozes empolgadas dizendo 'Olá' para Christian.

Me levanto em um pulo e arrumo meu vestido antes de agitar os braços no ar fazendo sinal para as crianças se calarem.

— 'Tá legal, um de cada vez! — eu ponho ordem, silenciando-os. — É melhor eu apresenta-los. Christian, esses são Hank, Belly, Bonnie, Gwen. — indico-os com os dedos os mais velhos da casa que sorriem e acenam educadamente. Todos tem treze anos, exceto Gwen, que tem quatorze, e é a mais velha. — Mark, Nigel, Kyle. — esses tem dez, onze e onze, respectivamente. — Lorraine, Tom, Kevin. — esses tem nove, doze, nove. — Jake, Kim, Jessica, Mike. — eu continuo apontando enquanto eles acenam timidamente. Jake tem seis, Kim e Jessica sete e Mike oito. — Essas pessoinhas com a mesma cara são a Sarah e o Shane. — eu rio e me abaixo, puxando a menor de todos para os meus braços. — E essa coisa linda aqui, é a minha xará. Ana, diga 'Oi' para o Christian. — ela se encolhe em meu abraço e se esconde atrás do urso de pelúcia que é quase do seu tamanho, espreitando Christian de modo infantil.

— Oi! — ela sorri, deixando de lado a timidez inicial.

Seu jeitinho fofo me faz sorrir como uma tola. Ela é a mais nova. Ironicamente, Ana se parece muito comigo quando tinha uns quatro anos. Os cabelos, a ponta do nariz, o contorno dos lábios... Ela é quase uma mini eu. Exceto os olhos. Os meus são incontestavelmente azuis, já os dela não se definem. Não dá para saber se são azuis, verdes, cinza ou uma mistura dos três. Eu olho para Christian, e ele está me olhando de um modo diferente, um modo que eu nunca o vi me olhar antes. Já estou acostumada a tentar decifrar as expressões de Christian, mas essa é uma novidade pra mim. Eu sorrio estranhamente tímida para ele, que sorri de volta pra mim.

— Ana, você vai brincar com a gente? — Mike pergunta, entrando a minha frente e quebrando nosso contato visual.

— Oh... Sim, claro, querido, do que vocês querem brincar? — eu solto a pequena Ana e me levanto.

— Esconde-esconde! — Jessica sugere empolgada e os outros mais novos concordam com gritinhos de aprovação.

— Tudo bem, então eu conto! — grito, tirando meus saltos, pondo-os de lado e cobrindo meus olhos com as mãos. — Vou começar, hein! Um, dois, três, quatro... Já posso ir? — recebo um coro desesperado de 'não', então eu continuo: — Cinco, seis, sete, oito, nove e... Dez! Prontos ou não, ai vou eu!

Savannah, Georgia, Estrada I-95. Aproximadamente duas e vinte e seis da tarde em horário local...

— Você vai continuar me olhando desse jeito? — pergunto, limpando o canto da minha boca sujo de Ketchup com o polegar.

— Você está usando uma cauda. — ele diz em tom levemente chocado.

Tenho vontade de revirar os olhos, mas acho que ele tem motivos para me olhar da forma que está me olhando agora, afinal, não é normal ver uma garota de vinte e um anos vestida em uma fantasia púrpura brilhante de sereia. Mas eu só estou desse jeito porque as crianças conseguiram fazer a anormalidade de me sujar. Duas vezes! Na primeira eu cai acidentalmente no pequeno lago quando fui tentar pular uma rocha atrás dos meninos, o que deu terrivelmente errado, e me deixou terrivelmente molhada. E para piorar ainda levei uma pequena bronca do Senhor dono da verdade Grey, que começou me repreender dizendo que eu não deveria incentivar as crianças a fazerem esse tipo de coisa, que eu estava me arriscando, que eu poderia ter me machucado, ou pior, que as crianças poderiam ter se machucado e etc, etc, etc... No fim das contas, eu precisei me trocar e optei pela fantasia de princesa, um vestido curto e rodado, mas me sujei por inteira quando estava ajudando as crianças a prepararem o almoço e a sobremesa, ou seja, tive que me trocar outra vez! Por azar do destino, a única fantasia que me restou foi a de sereia. É por isso que agora estou sentada no carro sob o olhar estranho do Christian, que fez questão de me arrastar de lá antes que eu me sujasse outra vez e precisasse voltar pra casa nua!

— Mas... Você precisa admitir que eu sou uma sereia adorável. — digo dando meu melhor sorriso fofo.

Christian balança a cabeça descrente.

— Pode ter certeza de que você iria me enfeitiçar. — eu quase engasgo com o meu refrigerante.

— Você tem noção de que eu iria te carregar para o fundo do mar e te comer vivo, não é? — digo com a voz embargada pelo refrigerante recém engolido e o meu riso contido.

Christian ri. Sim, ele ri. E ri alto.

— É isso que sereias fazem? — ele ainda está rindo.

— Eu não sei. Não sou especialista em sereias. — dou ombros antes de morder um pedaço generoso do meu hambúrguer outra vez.

— Mas eu tenho certeza de que 'sereias' não comem essas porcarias que você está comendo. — ele diz sem desviar os olhos da pista.

Assim que pegamos a estrada, eu convenci o Christian a parar no McDonald's e comprar um Big Mac pra mim, sob protestos dele, é claro.

Olho pra ele, pego a última batata frita e jogo-a na boca, demonstrando que seu argumento não é válido.

— Eu estou de férias! — exclamo como se isso fosse uma justificativa aceitável. — Se eu quiser comer pedra, eu vou comer pedra e você não vai se meter. — ele me olha zangado, cerrando suas mãos no volante. — Senhor. — adiciono para tentar amenizar sua feição mas não funciona.

Droga, Anastásia! Controle essa boca! Eu termino de comer o meu hambúrguer em silêncio, fazendo o mínimo barulho possível na hora de mastigar.

— Você sempre canta e brinca com as crianças como fez hoje? — ele pergunta de repente, fazendo-me olha-lo surpresa.

— Sim. Ao menos para isso serviram as incontáveis aulas de canto. — eu brinco.

— São quantas crianças ao todo?

Eu faço um lista mental, recontando todas só para ter certeza.

— Dezessete.

Ele me olha brevemente.

— Eu pensei que fossem mais. — diz em tom surpreso.

Eu sorrio.

— Sim, eles parecem muitos quando fazem aquela algazarra. — digo, lembrando-me do quão agitados eles ficam quando eu estou por lá. Quer dizer, mais agitados que o normal! — Falando nisso, obrigada por vigia-los quando eu precisei trocar de roupa. — agradeço gentilmente. — Te devo uma!

Ele me lança um sorriso enigmático.

— Eu vou cobrar.

— Claro que vai. — eu zombo.

— É um lugar bem animado para um orfanato. — murmura em tom observador.

Eu me calo por um instante.

— Não é um orfanato, Christian. É um lar. — eu digo, dobrando pacientemente o pedaço de guardanapo em minha mão. — Aquelas crianças são uma grande família. — mantenho minha visão focada no guardanapo. — Henry fazia de tudo pra elas sentirem isso. E agora, é o Ryan quem faz. — eu dou um sorriso fraco. — Eu estou muito orgulhosa dele.

Eu mantenho meu olhar baixo, encarando o vazio. É inevitável, sempre que eu começo a falar ou pensar em algo relacionada ao Henry eu me sinto de um modo que eu não consigo descrever. Eu não sei ao certo o que estou sentindo, mas é estranho. Complexo.

— Eu posso ver que eles são importantes para você.

Eu levanto a cabeça para encarar o seu perfil. Não é cem por cento certo, mas ele parece estar sorrindo. Ou quase.

— Muito. — eu sorrio orgulhosa. — Henry gostava muito de ajudar em causas sociais. Ajudar de verdade, sabe? — digo com admiração. — Ele sempre estava envolvido com isso, e por consequência eu também queria estar. Era impressionante como ele conseguia participar de projetos, administrar a própria família e ainda cuidar de mim e da minha carreira. Costumavam chamar ele de 'Henry Potter' porque diziam que ele só podia ser um bruxo pra conseguir fazer tantas coisas ao mesmo tempo. — eu rio com o gosto da lembrança. — Eu nunca admirei uma pessoa tanto quanto eu admirava o Henry. — admito sinceramente, porque é a verdade.

Henry era tudo pra mim. Ele me fazia ver tudo de um modo diferente, até mesmo as piores situações eu conseguia ver de um modo positivo. É graças a ele que eu tento ser uma pessoa melhor todos os dias.

— É por causa dele que você gosta de crianças? — ele supõe.

— Acho que não. Eu sempre amei crianças! — eu confesso. — Elas são tão puras, tão inocentes, tão sinceras, tão... Felizes. Crianças são despreocupas, elas não guardam raiva, mágoa ou rancor. Elas não ligam se você é branco ou negro, rico ou pobre, católico ou judeu, hétero ou homossexual... Porque pra elas isso não faz diferença. — sorrio pra mim mesma. — Eu queria ser como elas.

Christian suspira profundamente.

— Você queria ter aproveitado melhor sua infância, não é? — ele pergunta baixinho, e eu não consigo definir o seu tom de voz.

— Sinceramente, eu não acho que a minha infância tenha sido um total pesadelo. — eu asseguro. — Eu tive oportunidade de conhecer crianças de verdade, com problemas de verdade e que mesmo assim não eram infelizes. Eu tive a oportunidade de ajudar muitas pessoas, porque o Henry fazia isso e eu me espelhava nele. A contribuição dele ia além de orfanatos. Ele ajudava outras instituições também. E eu também procurava ajudar, eu me sentia bem com isso. Eu realmente gostava de ajudar, independente do meu status de Miss, e das obrigações dadas pelo concurso. Tudo o que eu fiz, foi de coração.

Eu me sinto momentaneamente sentimental, então eu respiro fundo antes de voltar meu olhar para Christian.Mas ele não olha de volta pra mim, está distraído com a estrada. Está tão concentrado que eu chego a me perguntar se ele realmente escutou tudo o que eu disse.

— Você acha que ainda seria uma Miss se ele estivesse aqui? — ele pergunta com suave cautela, depois de um momento de silêncio.

Eu dou ombros. Eu nunca parei realmente para pensar nisso.

— Não tenho como saber. Eu acho que não... Talvez você não acredite ou ache bobo mas... — eu hesito. — Eu sempre quis trabalhar com arte, moda, figurinos, cenários, o contexto da história que eles querem descrever com cada objeto, figura, mistura de cores... Isso tudo é tão... Fascinante! — digo com certa empolgação. — Eu queria ver de perto como eles reúnem todas essas informações e colocam no papel. Me envolver realmente com arte e designes.

— Não tem nada de bobo na sua ideia, Anastásia. — ele diz como se fosse óbvio.

Eu suspiro.

— Minha mãe não achou isso quando eu contei pra ela. — eu bufo. — Ela queria que eu fizesse algo mais grandioso do que fazer todo trabalho para pessoas mais famosos ganharem crédito. Mas eu não me importo com droga de créditos! Eu só queria fazer o que eu gosto de verdade. — eu desabafo. — Eu tinha um caderno de desenhos onde eu fazia vários rascunhos de como eu achava que deveria ser uma revista. — eu rio. — Eu te mostraria se pudesse, mas minha mãe o queimou junto com minhas revistas e o resto dos meus sonhos. — faço piada.

— Sua mãe tem um gênio forte. — ele ressalta.

— Isso é um modo legal de dizer que ela não tem o cérebro no lugar? — eu rio.

Ele me olha e abre um sorriso misterioso.

— Você se parece com ela.

Minha boca se escancara em indignação.

— Está insinuando que eu sou problemática?! — eu protesto.

Christian ri, parando o carro.

— Chegamos. — diz, apontando para fora.

Eu olho pela janela, encaro a porta da casa da minha mãe e lentamente volto meu olhar para Christian. Ele não me perguntou nenhum endereço. A pergunta é: Como, onde e com quem ele consegue esse tipo de informação?!

— Eu deveria me preocupar com esse seu poder mágico de adivinhar endereços, não deveria? — digo em um tom crítico de análise.

Ele me dá um sorriso esperto.

— Eu trouxe sua mãe em casa ontem, não se lembra?

— Oh, é verdade... — digo ao me lembrar. — Mas de qualquer forma, você me preocupa, Christian. — eu estreio meus olhos para ele.

Ele arqueia uma sobrancelha.

— Por que?

— Deixa pra lá. — eu digo em tom zombeteiro. — Agora me ajude a descer, por favor.

Eu acompanho com o olhar enquanto ele dá a volta no carro e abre a minha ponta.

— Vem. — diz, estendendo os braços para me pegar mas eu o afasto.

— Oh, não! Colo de novo não! — eu nego com a cabeça para dar ênfase. — Só me ajuda. — eu seguro suas mãos e com um impulso eu pulo para fora do carro. Apesar das plumas, a cauda é aberta nos pés, o que facilita na hora de andar.

— Você tem certeza de que vai conseguir andar assim? — Christian me olha com desagrado enquanto eu me afasto para que ele possa fechar a porta do carro.

— Não se preocupe, eu consigo. — digo, arrastando meus pés para tentar me mover. Eu pareço um pinguim engessado dando passinhos de menos de meio centímetro.

Eu insisto e insisto e quase não saio do lugar.

— Desculpa por isso. — Christian diz, mas quando eu penso em perguntar o porque, sinto seus braços erguerem o meu corpo do chão.

Eu estou em seu colo. De novo. Ele fez o mesmo a quarenta minutos atrás.

— Você está adorando isso, né? — eu pergunto cinicamente.

Ele sorri.

— Você não faz ideia. Abra a porta. — ele comanda.

Eu me estico, girando a maçaneta.

— Nós podemos cortar o... — minha mãe interrompe sua frase quando nos vê entrar. Sebastian está ao lado dela, e os dois nos encaram boquiabertos.

— Oi, mãe, eu sou uma sereia! — digo, acenando como se fosse uma coisa super normal eu chegar em casa parecendo uma criatura da figura folclórica.

— É isso que os jovens estão usando hoje em dia? — ela pergunta com expressão encucada.

— Definitivamente: não. — Sebastian diz em tom assombrado e eu rio.

— Pode me por no chão, Christian. — eu digo e seguro em seu ombro quando ele se inclina e me desce. — Você vai embora?

— Eu tenho que voltar para o hotel. Meu computador está lá e eu preciso resolver umas coisas importantes antes da reunião que eu tenho em... — ele dá uma pausa, e retira o BlackBerry do bolso. — Alguns minutos. — suspira. — Pelo visto eu vou me atrasar.

— Ou... — eu sorriso sapeca. — Você pode ficar aqui e cancelar tudo que você tiver que fazer hoje que não seja comigo.

Ele afasta uma mecha do meu cabelo me olhando com um brilho divertido nos olhos.

— Tentador, mas eu não posso.

— Você pode voltar mais tarde e jantar conosco, se não estiver ocupado, é claro. — minha mãe se intromete, e lentamente eu viro meu rosto em sua direção. Está carismática demais para o meu gosto.

— Eu adoraria, se estiver tudo bem para a Anastásia. — ele diz me olhando como se eu fosse o juiz prestes a decidir o final de um caso.

Christian tem demência ou o que? Eu acabei de dizer que queria que ele ficasse e ele ainda me pergunta se eu permito que ele volte?

— A que horas você volta? — eu tento não parecer ansiosa.

— Por volta das sete. Está bom?

— Ótimo! — minha mãe exclama antes de mim.

— Eu te vejo mais tarde. — ele me beija rapidamente, acena para os dois mexeriqueiros atrás de mim e se vai.

Eu fecho a porta, e pulando, eu me viro para minha mãe e Sebastian que continuam parados me olhando com semblantes pervertidos.

— Não fiquem ai parados me olhando desse jeito. Me ajudem a sair desse troço!

Depois de quase perder minhas pernas tentando arrancar a cauda da fantasia, eu tomo um bom banho e coloco um short de moletom, uma camiseta e me jogo na cama. Foi uma longa manhã e eu preciso de pelo menos vinte minutos de descanso para recarregar a bateria ou vou ficar desconcertada com essa agitação toda, incluindo a mudança de fuso horário. Eu mal deito minha cabeça no travesseiro e sinto a sonolência me carregar para a terra do sono.

— Ana, Ana, Ana, Ana... — eu tiro meu rosto do travesseiro quando sinto uma pessoa esmagar minha barriga contra a cama. — Acorda, Ana!

— Sean?! — eu murmuro, afastando meu cabelo do rosto. Eu me sinto um homem das cavernas quando tenho que semicerrar meus olhos por causa da luz acesa.

Sean é a única pessoa que pode me acordar, acender a luz e ainda subir em cima de mim sem ativar meu mau-humor. Se fosse outra pessoa eu já estaria xingando até a décima geração do indivíduo.

— Levanta! A mamãe pediu pra você fazer uma coisa pra ela. — ele diz, me balançando para que eu não durma outra vez.

Eu suspiro.

— Então saia de cima de mim pra eu poder fazer. — eu digo pacientemente e ele ri, me liberando. Eu me sento na cama e enrolo meu cabelo em um coque, prendendo-o com meu próprio cabelo. — Está bem, o que ela quer que eu faça?

— Ela disse pra você pegar os enfeites de mesa lá na garagem e preparar a mesa pro jantar. — diz, colocando a mãozinha na cabeça para se lembrar com clareza.

Eu reviro os olhos. Isso é típico da minha mãe.

— É só isso? — Sean confirma com a cabeça, e eu o olho com mais atenção, percebendo que ele está diferente. — Você foi a praia hoje?

— Sim. Bob me levou para empinar pipa! — ele diz com um sorriso lindo que me contagia.

— E nem me chamaram? — eu finjo indignação.

— Mamãe disse que você enlouqueceu e saiu correndo de camisola pela rua e que não sabia se você ia voltar pra casa. — ele diz com uma carinha de apreensão.

Eu estreito os meus olhos para o horizonte.

— É por isso que você mora com o papai! — e sem esperar por perguntas, que eu sei que provavelmente ele iria fazer, eu saio da cama e vou para a sala.

No caminho para a garagem eu passo pela porta da cozinha e vejo minha mãe completamente entretida olhando para seus quatro livros de culinária que estão abertos sobre a mesa da cozinha. Não é todo dia que ela tem um multi-zilionário como convidado e provavelmente está empolgada com isso.

Eu dou uma rápida olhada no relógio de parede. São seis e vinte. Eu dormi bastante! Christian virá por volta das sete então eu ainda tenho tempo pra me arrumar. Abro a porta da frente e vou direto para a garagem. Eu acendo a luz e passo pelo menos uns três minutos admirando a Sterling 1964 e a Ducati Monster 796 estacionadas lado a lado. Está ai o motivo da minha aprovação instantânea por Bob. Ele gosta de motos. Deixo minha fascinação de lado e sigo em busca dos brinquedinhos da minha mãe.

Eu desempilho caixas e mais caixas até achar os centros de mesa de porcelana e as velas decorativas que minha mãe usa para jantares especiais. Acho que ela pensa que eu vou me casar com Christian ou algo parecido. Ou talvez ela só esteja surtando como sempre. Eu esvazio uma caixa e coloco tudo que preciso dentro. Apago a luz da garagem e volto para dentro, mas assim que passo da porta quase tenho uma síncope e jogo tudo pro ar. Mas por sorte, eu tenho uma ajudinha.

— Christian?! — ele sorri, tirando a caixa das minhas mãos e deixando-a de lado. — Você não ia vir só as sete, ou as oito, ou qualquer hora que não fosse agora? — pergunto desconcertada e estranhamente nervosa.

Ele está impecável como sempre em sua camisa social branca, dobrada até os cotovelos, jeans escuros e tênis. E eu estou horrível, desleixada e completamente bagunçada em meu short de moletom e camiseta de dormir. Sem deixar de lado o fato de que minha blusa é meio transparente, e eu não estou usando meu sutiã! Normalmente eu não me importaria que ele me visse assim, mas eu estou me importando. E isso não é bom.

— Terminei meus afazeres mais cedo, o que significa uns minutos a mais com você. — ele abre seu sorriso de tirar meu fôlego.

— Isso é... Ótimo! — minha voz soa terrivelmente estridente. Não, não é ótimo. Porque você não deveria estar aqui. Você deveria esperar eu me arrumar, caramba!

— Você trouxe seu MacBook para cá? — pergunta interessado.

— Sim, por quê? — olho-o confusa.

— É que eu deveria ter enviado um e-mail para minha mãe. Será que eu posso usar o seu por um instante?

Dou ombros.

— Claro. Ele está no meu quarto. É no fim do corredor, a última porta. 'Tá dentro da mochila. — digo, indicando o caminho.

— Obrigado. — ele diz e segue o caminho que eu indiquei.

Eu o acompanho com o olhar, esperando ele dobrar o corredor e corro pra cozinha.

— Mãe! — eu choramingo, fazendo-a me olhar assustada. — Você precisa cuidar da arrumação da mesa. Eu tenho que me trocar!

— E por que você não arruma a mesa antes? — ela pergunta como se eu nem estivesse surtando.

— Christian está aqui! — eu quase grito.

— Eu sei, eu abri a porta pra ele. — ela diz com naturalidade enquanto mexe em algo na panela.

— E nem me avisou?! — eu protesto. — Olha só, mãe, eu já peguei as coisas da garagem. Agora é por conta da senhora, eu 'to indo pro banho! — digo tudo de uma vez e saio da cozinha antes que ela possa retrucar.

Eu sigo para o meu quarto, e assim que eu entro vejo que apenas a luz do abajur está acesa. Estranho. Quando eu estico a mão para acender a luz, eu sinto um forte impulso me levar para frente. Num piscar de olhos, Christian fecha a porta e a tranca, no segundo seguinte ele me joga sobre a cama, fazendo-me quicar sobre o colchão fofinho, e antes que eu me situe, ele sobe em cima de mim. Tudo em sequencia, sem me dar tempo para processar os acontecimentos.

— O que você está...? — eu tento dizer mas ele cobre minha boca com sua mão.

— Shhh... — eu me debato e faço chiados ameaçando gritar, mas seu corpo está me imobilizando e sua mão está imóvel sobre minha boca. — Quietinha, Ana. — ele sussurra com autoridade e eu me calo e paro de me mexer. — Agora eu vou tirar a mão da sua boca e você não vai gritar, ok? — há uma ameaça implícita em sua voz.

Ele libera minha boca lentamente como se esperasse que eu fosse contrariar sua ordem. Eu inspiro profundamente para retomar meu fôlego.

— O que você pensa que está fazendo? Enlouqueceu de vez? — eu sussurro com repreensão.

— Você disse que me devia uma. — ele sussurra de volta. — E eu estou cobrando.

Olho-o sem entender.

— Tentando me matar do coração? — eu ironizo, mas  o entendimento chega a mim quando eu percebo seu olhar. Aquele olhar. O olhar carregado de luxuria que ele sempre usa para me desarmar. — O que?! Não! — eu decreto. — Nem pensar. Não vamos transar aqui. — minha voz não soa convincente.

— Por que não?

Porque eu não quero que a minha família escute nossos grunhidos, traço, gemidos, traço, qualquer barulho constrangedor que possa me deixar envergonhada! É o que eu deveria dizer... Mas eu prefiro ser sutil.

— Você sabe o porquê. — eu sussurro como se fosse óbvio.

— Não. Eu não sei. — sussurra, inclinando-se e beijando meu pescoço. O esperado arrepio me conduz a mover minha cabeça para o lado, dando a ele acesso ao meu ponto fraco. — Eu senti sua falta.

Minha pele arde sob seus lábios. Meus olhos me traem, se fechando sem minha autorização.

— Não adianta apelar. — eu choramingo, tentando manter meu controle.

Ele tira seu rosto do meu pescoço e me olha.

— Não é apelação, Ana. Eu normalmente não digo esse tipo de coisa e se estou dizendo agora é porque não é nada além da verdade.

E o meu tão precioso foco me abandona. Eu estou mergulhando no intenso cinza, e é um mergulho fatal e sem volta.

— Odeio você e seus olhos lindos. — murmuro, esticando minha cabeça e colando seus lábios aos meus.

Ele sorri contra minha boca.

— Por que? — pergunta com a voz abafada pelos meus lábios.

— Porque me excita. — admito sem rodeios, tentando puxa-lo para um beijo, mas ele mantém o corpo sobre o meu e os meus braços colados ao meu corpo. Estou imobilizada. E estou odiando isso.

Ele volta a abusar do meu pescoço.

— Quem? Eu? Ou os meus olhos? — sussurra contra a minha pele outra vez, e sua respiração arrastada faz eu me contorcer.

Vai ser dessa forma agora? Basta o Christian me tocar para eu me derreter desse jeito?

— Christian... — é só o que eu consigo murmurar.

Isso é um absurdo! Estou sendo molestada!

Christian finalmente libera os meus braços antes de se encaixar entre minhas pernas, deitando seu corpo ainda mais sobre o meu. Ele puxa minhas pernas para sua cintura e escorrega suas mãos firmes até minhas coxas, subindo até a polpa da minha bunda. Seus beijos sobem do meu pescoço para a minha bochecha, até encontrar minha boca e enfim começar um beijo. O resto de resistência que me restava desaparece quando sua língua encontra a minha, intensificando o momento. Eu ergo meus braços, abraçando-o pelos ombros e acariciando a sua nuca de leve. Eu sinto a textura de sua calça jeans roçar contra minhas pernas quando ele pressiona seu quadril contra o meu. Eu teria gemido se um barulho vindo da porta não tivesse ligado meu estado de alerta.

— Ana? — minha mãe chama, dando batidas de leve na porta.

Droga! O que ela está fazendo aqui? Eu disse que ia tomar banho!

Minha respiração está ofegante, e meu coração que já pulsava descontroladamente, agora quase quebra minha caixa toráxica de tão acelerado. Christian põe o indicador sobre meus lábios em um pedido mudo de silêncio ao ver minha expressão de pânico.

— Você tem que responder. — sussurra pra mim.

Eu maneio a cabeça em concordância, mas quando ameaço empurra-lo para o lado, ele me impede.

— Daqui. — acrescenta com um sorriso lascivo.

Eu olho-o atormentada.

— E o que eu digo? — sussurro em desespero.

Ele volta a beijar o meu pescoço como se nem estivéssemos prestes a sermos flagrados. Cretino!

— Que você não vai sair agora. — murmura pacientemente. Inabalável com a presença da minha mãe do outro lado da porta.

— Ana?! Você está ai? — ela bate na porta outra vez.

Merda. Merda. Merda.

Como se meu desespero já não estivesse grande o suficiente, Christian desliza a ponta da língua em meu pescoço, provocando-me até meu último fio de cabelo. Suas mãos sobem até minha cintura, pressionando-me e apertando-me com certa força.

— Ela está esperando, Ana. — sua boca agora está presa a minha garganta, assim como a minha voz.

Engulo em seco. Como posso fazer isso?!

— É-ér... Oo-oi mãe. — tento parecer o mais natural possível enquanto Christian continua com suas carícias perturbadoras.

O que ele está tentando fazer comigo? Eu quero empurra-lo, mas também quero que ele continue. Maldita indecisão!

— Está ocupada? — ela pergunta.

Sorrateiramente as mãos de Christian invadem a minha camiseta, e vão subindo devagar.

— Na-não... Por quê? — minha voz mostra um leve sinal do meu nervosismo.

As mãos de Christian continuam a subir lentamente, massageando-me, provocando-me devagar. Seu toque incendeia até o mais profundo do meu intimo.

— O que está fazendo, Ana?

Christian ameaça tocar meus seios, mas desliza suas mãos de volta a minha barriga.

— Ér... Eu 'to... Eu 'to... Eu 'to... — eu tento pensar em uma desculpa enquanto controlo minha respiração. — Eu 'to escolhendo uma roupa! É! Isso! 'To escolhendo minha roupa!

Suas mãos abandonam minha camiseta por um instante, apenas para ele puxa-la para baixo, liberando meus seios ao mesmo tempo em que Christian arrasta seus dentes pela extensão do meu pescoço e vai descendo. Filho da mãe!

— Oh sim... Quer ajuda, querida?

— Não! — grito desesperada, quando sinto sua boca envolver o meu mamilo esquerdo. Eu engulo em seco.

— Estava ansioso por isso... — murmura maliciosamente e eu me esforço para ignorar o desejo sufocante que me toma.

— Quer dizer... Não precisa mãe... — eu tento não arfar no momento em que ele começa a suga-lo. Eu aperto minhas mãos no lençol. Oh My... Isso é bom. — Eu 'to... — minha voz quase não sai. — Eu 'to experimentando umas roupas e a senhora não vai querer me ver pelada, né?!  — dou uma risada nervosa antes de sussurrar aflita para Christian: — Para com isso!

Ele mordisca meu seio em resposta, e eu reprimo um gemido.

— Me obrigue. — sua boca não deixa o meu seio em nenhum momento.

Eu me contorço embaixo dele outra vez, sentindo sua ereção através do jeans. Filho da puta! Ele acha excitante me torturar psicologicamente?!

— Tudo bem... E onde está Christian?

Eu ergo minhas mãos para tentar afasta-lo, mas ele as empurra de volta para o colchão.

— O Christian?

Ele está me aqui, usando e abusando de mim!

— Ele está... No banheiro! — digo a primeira coisa que me vem a mente.

Suas mãos agora importunam minhas coxas.

— No seu banheiro?

Seus dentes seguram meu mamilo e puxam. Eu choramingo baixinho. Meu corpo todo estremece em resposta.

— Sim! — eu me seguro para não gemer.

— Você sabe se ele gosta de torta de limão? — ela insiste.

Não é possível, ela só pode estar mancomunada com Christian!

— Não ... Mas eu vou perguntar. — digo, juntando todo o resto de controle que me resta e olhando desesperadamente para Christian implorando silenciosamente que ele pare. — Christian... Você...Vo- você gosta de torta de lima-ão? — eu grito como se ele nem estivesse em cima de mim, enquanto seus lábios soltam meu mamilo.

— Anastásia, está tudo bem? — minha mãe pergunta com desconfiança.

— Sim! Tudo sob controle, mãe!

Christian roça seus lábios nos meus de forma suave.

— Diga a ela que eu gosto. — sussurra, interrompendo suas carícias e me dando um segundo de raciocínio.

— Ele gosta, mãe! — grito, implorando mentalmente que ela não me faça mais perguntas.

Christian sorri com a minha expressão de receio. Ele está radiante com o meu tormento.

— Ok, se precisarem de mim, eu estou na cozinha. — minha mãe grita e eu forço meus ouvidos a acompanharem o barulho de seus passos se afastando no corredor.

Meus ombros relaxam e eu suspiro aliviada.

— Você se saiu muito bem, Anastásia.

Eu semicerro meus olhos de forma ameaçadora.

— Você acha mesmo que ela não desconfiou? — resmungo sarcástica. — Por que você fez isso?

— Um dia você vai me agradecer. — ele diz e me beija, mas eu me esquivo.

— Eu vou é te matar! Você me paga! — sussurro entre dentes.

— Você foi uma boa menina, acho que posso dar o seu pagamento agora. — antes que eu possa perguntar ao que ele se refere, Christian se levanta e puxa meu short para baixo, levando minha calcinha junto.

Eu estou surpresa com sua veracidade quando ele abre seu jeans e volta a se encaixar entre minhas pernas. Ele abaixa sua boxer apenas o suficiente para liberar o seu membro. E eu percebo que não estou mais querendo mata-lo quando sinto-o  deslizar para dentro de mim. Eu seguro meu gemido, sentindo-o me invadir por inteiro. Eu espero ansiosa pelo que vem a seguir, mas ele não se mexe, aumentando minha ansiedade.

— Christian... — gemo rouca e desesperada.

— Shh... — ele sibila, roçando seus lábios nos meus. Eu arqueio minhas costas em resposta. — Rebola, Anastásia. E rebole devagar...

Eu jogo minha cabeça para trás, gemendo em protesto.

— Não... Eu quero que você se mexa, Christian. — minha voz soa como uma ordem, eu não estou raciocinando direito para pedir com educação. Meus olhos estão fechados, eu estou em seus braços saboreando o seu calor, gemendo, e implorando internamente para que ele pare de me provocar. Ele está dentro de mim, me preenchendo. Seu rosto está em meu pescoço outra vez, inalando o meu cheiro, e eu não tenho mais forças para erguer meus braços que estão largados sobre o colchão.

— Hmm... Você quer isso...? — ele se movimenta lentamente, mas para abruptamente e eu gemo.

— Pare de me torturar!

Ele roça seus lábios nos meus e segura meu lábio inferior entre os dentes.

— Você gosta. — sussurra em um tom maldoso.

Eu gemo outra vez.

— É uma tortura deliciosa, mas não temos tempo pra brincar agora. — eu apelo para o tempo como minha ultima alternativa.

Ele suspira

— Nada de gemer. — ele adverte.

— Sim, senhor. — eu concordo sem pestanejar. Ele me beija de surpresa antes de começar a se mover.

A princípio seus movimentos são lentos, mas a medida em que nosso beijo ganha intensidade, ele se move mais e mais rápido até ganhar ritmo. Eu agarro os lençóis, sentindo-o deslizar para fora e voltar com ainda mais força para dentro de mim. É bruto. Sexy. E viciante. Seu corpo se tornou um vicio pra mim. Eu poderia fazer isso pra sempre.

Eu poderia ficar assim pra sempre.

Ele mantém o mesmo ritmo forte, enquanto eu me contorço na cama chamando baixinho por ele. Temos pressa, ou alguém pode cortar nosso momento outra vez. Suas mãos em minha cintura mantém o controle dos nossos movimentos. Sincronizando-os. Merda! Isso não deveria ser bom desse jeito!

Eu sinto o resto das minhas forças sendo sugadas para fora do meu corpo quando meus músculos se apertam em torno de seu membro. E a sensação conhecida me atinge, é como se eu estivesse fora de órbita, mas suas estocadas contínuas não param, me puxando de volta para a terra, prolongando meu ápice.

— Christian... — eu gemo um momento antes de senti-lo esparramar-se dentro de mim. Lentamente, a velocidade de seus movimentos diminui até cessar por completo.

Ele expira satisfeito, impulsionando o próprio corpo para o lado e caindo deitado ao meu lado. Nossas respirações estão semelhantemente desiguais. Eu levo uns segundos para conseguir voltar a mim. Quando eu me sinto levemente recuperada, eu me sento, apoiando minhas costas na cabeceira da cama. Eu esfrego as mãos pelo rosto tentando fazer a moleza do meu corpo ir embora. Meus olhos buscam Christian. Ele está deitado, relaxado, de olhos abertos encarando o teto. Sua calça ainda está aberta. Seu peito subindo e descendo mais devagar. E como se soubesse que está sendo observado, ele rola na cama, subindo em meu colo, e feito um felino faminto ele me encurrala contra a madeira da cama.

— E então? — posiciona suas mãos na parede, na direção da minha orelha. — Satisfeita ou ainda precisa de mais?

Meu sorriso é mole e preguiçoso.

— Bem, eu acho que você tem uma leve ideia... — digo, sentindo minhas pálpebras pesarem.

Os cantos de sua boca se erguem em um sorriso insolente.

— Talvez eu saiba, ou talvez não... Isso depende do que você tem a dizer.

Eu estreito meus olhos para ele.

— Você está adorando isso, não está? Está saboreando cada minuto de tortura que está conseguindo me causar. — eu digo em tom fraco mas acusador.

Ele maneia a cabeça em concordância.

— Sim, eu estou. E sabe por que, Anastásia? — sua voz é um sussurro provocante que me induz a fechar os olhos.

Estou terrivelmente exausta como nunca antes. Essa indisposição total não é comum. Talvez seja o calor da Georgia, ou as minhas horas de sono perdidas, ou Christian drenando minhas energias constantemente, ou uma mistura dos três...

— Porque você gosta de me contrariar? — eu arrisco em um palpite quase certo.

— Não... É porque este jogo é seu, Ana, mas são minhas regras. — eu abro os olhos encontrando seu sorriso malicioso a centímetros de mim. — Você insiste em não querer que eu tenha o controle, mas você me proporciona isso sem perceber.

Ele me beija, e eu me sinto um pouco mais desperta. Christian continua a sorrir quando se afasta, como se tivesse acabado de ganhar um prêmio de valor. Ele está me olhando, e está próximo. Aproveitando a deixa eu me inclino para a frente, depositando um beijo leve em seu pescoço.

— Mas não é isso que você quer, Christian? — sussurro, arrastando meus lábios pela extensão de seu pescoço. — Ter total controle sobre... Mim? — sorrateiramente eu levo minha mão em direção ao seu membro descoberto, mas antes que eu possa toca-lo, Christian captura meus pulsos, prendendo-os contra a parede, deixando-me imóvel.

— Eu já tenho isso. — eu sinto sua respiração em meu rosto.

— Então o que você quer? — pergunto baixinho, lutando contra a sonolência que me atinge.

Os olhos de Christian procuram os meus, mas eu mal consigo mantê-los abertos.

— Você.

Eu enrugo levemente a testa, confusa.

— Mas você já me tem. — eu afirmo, e meus olhos lutam para não se fecharem.

— Não totalmente. — ele sussurra de um modo estranho. Eu tento olha-lo, mas Christian começa a parecer desfocado e embaçado, como um borrão. — Você está cansada, Anastásia. É melhor deitar um pouco. — ele me puxa para baixo, me ajudando a deitar. Eu resmungo um barulho tentando contraria-lo, mas estou entre a consciência e a inconsciência. — Descanse. — ele diz em tom protetor e eu sinto seus lábios em minha testa em um gesto carinhoso.

— Christian? — eu chamo, com meus olhos entreabertos.

— Hm?

— Promete que vai estar aqui quando eu acordar? — eu murmuro, me segurando para não me entregar de vez ao sono.

— Prometo.

E com a sua confirmação certa eu me deixo levar para o paraíso escuro da inconsciência.

Savannah, Georgia, Casa da mãe da Ana. Uma e dois da madrugada em horário local...

Basta um suave toque em meu rosto para os meus sentidos despertarem e eu abrir os olhos por impulso. A primeira visão que tenho é de Christian bem próximo a mim, mas em um piscar de olhos ele já não está mais tão perto. Está escuro, e apenas a luz da rua que atravessa a janela ilumina o quarto.

— Quando tempo eu dormir? — eu pergunto, sentando-me na cama.

Christian está sentado a beira da cama, de costas pra mim, inclinado para frente com os ante braços apoiado nos joelhos.

— Umas seis ou sete horas. — ele diz incerto.

Eu encaro suas costas descobertas. Horas?! Para mim pareceram meros minutos. Mas se dormi por tantas horas, isso significa que já é madrugada. O quer dizer que eu perdi o jantar.

— Por que está acordado? — pergunto, lembrando-me que vi seu rosto ao acordar.

— Estou sem sono. — reponde de imediato.

Eu semicerro os olhos com desconfiança.

— Estava me olhando dormir? — eu dou voz ao meu pensamento.

Ele se vira de lado e me olha.

— E se eu estivesse?

Eu ergo os braços em sinal de rendimento.

— Foi só uma pergunta. — eu murmuro em minha defesa.

Christian volta a ficar de costas pra mim e não diz mais nada. Parece perdido em seus pensamentos. Eu me inclino para frente me aproximando de Christian e deito de bruços, apoiando meus antebraços na cama e erguendo meus pés, balançando-os no ar.

— Vai continuar acordado? — pergunto chamando sua atenção.

Eu olho para ele, e ele olha pra baixo em direção a mim, seus olhos uns suaves nublados cinzas.

— Você está cansada? — ele pergunta, mas não há segundas intenções

Eu dou de ombros.

— Não sei.

— Como não sabe? Ou você está, ou não está, é simples. — diz com obviedade.

Eu rio baixo.

— Acho que só estou com a minha preguiça de sempre... Por quê? — pergunto casualmente.

— Quer dar uma volta?

Eu arqueio uma sobrancelha.

— A essa hora?

— Você quer ou não? — ele insiste.

Eu suspiro.

— Aonde nós vamos?

Sem me responder ele se levanta e pega sua camisa, começando a se vestir.

— Coloque um casaco. — comanda.

Sem questionar eu me levanto e começo a fuçar minha mala até encontrar meu moletom preto. Eu troco meu short de moletom velho, por um shortinho branco mais apresentável e visto meu moletom por cima da camiseta. Na dúvida do que usar nos pés, eu decido vestir meu velho e bom All Star.

— Pronta? — ele pergunta quando eu termino de esconder o cadarço do meu tênis.

— Pronta. — eu confirmo com um sorriso.

— Vamos sair sem fazer barulho, ok? — avisa, abrindo a porta e eu concordo.

Pé ante pé, nós saímos de casa. Quando já estamos do lado de fora, Christian segura minha mão e me puxa, incentivando-me a correr.

— Por que estamos correndo? — pergunto confusa.

— Para chegar mais rápido, vem! — responde, continuando a me puxar.

Ele está animado e sem escolhas eu apenas o sigo. Nós corremos por dois quarteirões lado a lado, até eu começar a ficar para trás e Christian me provocar alegando que: 'eu não conseguiria passa-lo'. Irritada eu me esforço para tentar ficar pelo menos próxima a ele, mas minha tentativa é frustrada quando eu vejo-o correr um quarteirão inteiro a minha frente. Eu sou um verdadeiro desastre em corrida. Não faço ideia de como consegui passar em Educação Física! Quando eu finalmente consigo alcança-lo, vejo que ele está rindo de mim e da minha lerdeza.

— Podemos voltar? Eu acho que perdi meus pulmões lá trás. — arfo completamente sem fôlego, apoiando as mãos nos joelhos para me recuperar.

— Você precisa se exercitar urgentemente.

Eu levanto a cabeça, olhando-o incrédula.

— Mais do que eu acabei de me exercitar agora?! — minha voz é de puro choque.

— Sim, Anastásia, muito mais. — ele confirma com um sorriso astuto.

Eu ergo meu corpo, voltando a postura ereta quando sinto que minha respiração começa a se normalizar. Christian está olhando para a frente e eu só percebo que estamos a um pé da areia da praia quando sigo a direção de seu olhar.

— Por que estamos aqui? — questiono confusa.

Ele dá ombros.

— Gosto de ficar perto do oceano.

Eu sorrio e puxo meus tênis para fora do meu pé.

— Pegue-me se puder. — digo, e começo a correr desajeitadamente pela areia.

A praia está praticamente deserta, mas estranhamente ainda há algumas poucas pessoas aventureiras como nós, caminhando tranquilamente, sentadas na areia, ou simplesmente paradas encarando o oceano. O vento bate sobre as águas resultando numa brisa fresca. Eu sinto o vento bagunçar o meu cabelo enquanto corro. Eu consigo manter uma certa distância de Christian, sabendo que ele está em um ritmo lento propositalmente para me dar vantagem. Mas quando Christian resolve correr de verdade, ele rapidamente me alcança, embrulhando seus braços ao meu redor e me girando no ar.  Ele caçoa de mim, dizendo que eu sou extremamente fraca para corridas. Apesar de concordar, eu me defendo, dizendo que eu sei fazer cambalhotas e sou muito melhor nisso do que ele. Christian garante que não tem mais idade para ficar 'dando cambalhotas', e que não vai competir comigo por isso, mas eu o ignoro e faço assim mesmo, me arrependendo no instante seguinte quando sinto meu cabelo com resquícios de areia.

— Me conte uma coisa que você nunca contou a ninguém. — ele exige enquanto caminhamos em direção a lugar nenhum.

Eu já estou devidamente livre da areia, ou quase, e meu tênis já está de volta aos meus pés. Estamos apenas andando a beira do mar, assistindo as ondas irem e virem na areia.

— Uma coisa que eu nunca contei a ninguém? — eu repito alarmada. O que ele pretende arrancar de mim agora?

— É. Sobre você, seus gostos.

Eu reflito sobre seu pedido. Uma coisa sobre mim? Que eu nunca disse a ninguém? É quase impossível, Kate sabe praticamente tudo sobre mim! Mas talvez...

— Promete não rir?

Ele arqueia uma sobrancelha.

— Por que? É engraçado?

— Promete! — eu insisto.

— Está bem, eu não vou rir. — concorda se dando por vencido.

Christian está relaxado com as mãos nos bolsos e uma postura descontraída. O que me deixa mais a vontade para conversar.

— Quando o Sean era bebê, eu costumava experimentar as papinhas dele. — eu admito, fazendo uma careta engraçada.

— Sério?

— Eu sei que muita gente não gosta, inclusive os próprios bebês, mas eu gosto de comer papinhas de neném.

— Não acredito. — ele está sorrindo.

— Você disse que não ia rir! — eu cubro meu rosto com as mãos, fingindo vergonha.

— Mas eu não estou rindo. — ele mantém o sorriso discreto no rosto.

Eu olho-o tentando parecer zangada.

— Está sim! —digo em tom acusador.

E dessa vez ele realmente ri.

— Está bem, desculpe.

Eu sorrio.

— Ok... É a sua vez. — incentivo-o, dando um empurrãozinho em seu braço com o meu ombro.

Nós andamos lado a lado pela areia, mas não nos tocamos. Minhas mãos estão confortavelmente acomodadas nos bolsos do meu moletom. Mesmo sem contato, eu me sinto intimamente ligada a ele.

— Minha vez de que? — me olha confuso.

— De me contar algo que nunca contou pra ninguém. — respondo como se fosse óbvio.

— Eu não costumo contar coisas para as pessoas, Anastásia. — ele tenta me enrolar.

— Eu sei bem disso. — ironizo. — Aliás eu acho até que o seu nome do meio deveria ser 'mistério'. Mas me conta alguma coisa! Qualquer coisa. Mesmo que seja insignificante. — eu pressiono.

— Tipo o que? — ele parece indiferente.

— Algo diferente, divertido... Algo seu! Que nem mesmo o Doutor Flynn saiba!

Ele fica um momento em silencio, como se estivesse refletindo ou pensando algo para me contar.

— Eu gosto de jujubas coloridas. — diz em tom de confissão.

Eu franzo o cenho.

— Jujubas coloridas?

— Sim. Elas são gostosas. — afirma como se estivesse me contando que a noite está linda.

Inevitavelmente eu rio.

— Esse é o seu segredo mais sombrio? Fazer parte da sociedade secreta das jujubas?

Ele enruga a testa.

— Existe uma sociedade secreta das jujubas? — pergunta com expressão séria.

— Não!

Eu acabo gargalhando histericamente de sua expressão de seriedade.

— Sabe, eu gosto quando você ri assim.

Arqueio uma sobrancelha.

— Assim como?

— De verdade.

Eu pisco sem entender.

— Mas eu sempre estou rindo de verdade. — respondo o óbvio, porque é a verdade. Eu não forço risada para ninguém. Nem mesmo para o presidente!

— Não para mim.

Ele parece desapontado.

— Você acha?

— É o que eu vejo. E eu gostaria de vê-la sorrindo e rindo mais vezes com essa mesma vontade.

— Assim? — eu sorrio de orelha a orelha me sentindo o gato da Alice.

Ele ri. Eu gosto do som de sua risada.

— É... Bem assim. Eu gosto do seu sorriso. — ele bajula.

Eu faço expressão de desdém.

— Eu estou surpresa que você goste de mais coisas em mim além de sexo. — zombo, fazendo barulho de deboche com a boca.

— Você acha que só porque eu sou homem, eu não sou capaz de apreciar outras coisas além de sexo? — ele me olha desacreditado.

Eu arqueio as duas sobrancelhas para ele.

— Preciso mesmo responder a isso?

Christian bufa evidentemente irritado.

— Você tem ideias muito antiquadas sobre mim, Anastásia. — diz em tom seco.

Eu me encolho na defensiva.

— Desculpe, eu não queria te ofender. — murmuro em sinal de paz.

Ele suspira, relaxando e aparentemente retomando seu bom humor.

— Você gosta de sexo tanto quanto eu.

Eu balanço a cabeça em concordância.

— É verdade. Eu sou bem resolvida a respeito da minha vida sexual.

— Você teve muitas experiências? — ele pergunta, e eu tento achar algum sinal de ciúmes em sua voz mas não encontro. De qualquer forma, é melhor eu me manter longe de detalhes.

— O suficiente pra descobrir do que eu gosto. — é tudo que eu digo.

— Com quantos anos você perdeu a virgindade? — agora sim, sua voz está mais dura.

— Você é bem direto, não é mesmo? — eu tento trazer o Christian feliz de volta, mas não funciona.

— Sim, eu sou. — ele está sério. — E você vai me responder?

Suspiro derrotada.

— Eu tinha acabado de completar quinze anos. Literalmente, porque foi na minha festa de aniversário. — admito um pouco tímida. É estranho admitir isso em voz alta para alguém que não seja Kate ou um dos meus amigos.

Ele tenciona ligeiramente. Seus olhos escurecem em um cinza carvão.

— Eu não pedi detalhes. — ele é ríspido.

Certo, Christian é tão ciumento quanto eu. Mas diferente dele, eu não mantenho nenhum tipo de contato com nenhum dos meus ex's.

— Ok... — eu murmuro, sem ideias de como diminuir o clima tenso entre nós.

— E quando foi sua primeira experiência fazendo o que eu faço? — sua pergunta me pega de surpresa.

— Oh não, não vamos falar disso agora.

— Por que não agora? — ele é persistente como sempre.

— Porque eu não quero que você sinta pena de mim e me veja como a garotinha frágil e desiludida que sofreu. Eu não me sinto preparada pra me expor dessa forma. Você me entende?

Ele ameaça dizer algo mas se contém.

— Sim. — sua voz é um murmuro sem emoção.

Eu encaro seu rosto, na tentativa de captar qualquer coisa que me dê uma pista do que ele possa estar sentindo, mas eu fracasso. Christian é o muro de Berlim e eu sou um anão tentando escalar para chegar do outro lado.

— No que está pensando? — ele atrai minha atenção.

Tenho vontade de responder 'você'. Mas seria uma piadinha muito clichê.

— Será que é possível fazer anal giratório? — eu pergunto em um falso tom reflexivo e um dos cantos do seus lábios se curvam.

— Você quer descobrir?

Eu torço meu lábio em uma expressão de estranhamento.

— Sabe que teria a probabilidade de você quebrar o pênis, né?

— Sim, mas parece um preço pequeno a se pagar. — ele está brincalhão outra vez.

Eu nego freneticamente com a cabeça.

— Eu não quero arriscar.

Ele me olho curioso.

— Por que não?

— Porque não posso perder meu brinquedo favorito. — digo como se fosse óbvio.

Ele sorri, tirando as mãos dos bolsos e me abraçando pela cintura, por trás, me impedindo de continuar a andar.

— Você quer tentar outra posição? — eu sinto sua respiração em minha orelha quando ele sussurra provocantemente em meu ouvido.

— Eu sempre quis fazer uma tal de "espanhola". — digo em tom malicioso. — Mas acho que não tenho peito pra isso.

Ele morde a ponta da minha orelha.

— Você quer fazer?

Arregalo os olhos.

— Aqui? — minha voz soa esganiçada.

— Não, claro que não. Aqui a gente pode fazer outra coisa... — ele sussurra e com as mãos invade  o meu moletom e minha blusa. Eu gemo ao sentir o choque térmico de seus dedos frios em contato com a pele quente da minha barriga.

— Christian, não podemos transar em público! — eu tento adverti-lo, mas sei que se ele realmente quiser, eu não resistirei aos seus encantos.

— Então vamos nos esconder.

— Onde? Na água? — eu debocho.

— Se você quiser... — ele propõe. Seus dedos massageando de leve a minha barriga.

— A água deve estar um gelo. — eu tento arranjar uma desculpa.

— Não se preocupe, eu te esquento... Desde que você não fique com medo. — sua voz de repente está seria.

Eu me viro para ele.

— Por que eu ficaria?

Sua expressão é cautelosa.

— Você não tem nenhum tipo de trauma com a água? — pergunta receoso.

Eu levo uns segundos para entender ao que ele se refere.

— Está preocupado comigo só porque a Mellanie me empurrou do navio aquela vez? — ele concorda com a cabeça  e quando ele dá sinais de que vai dizer algo eu o corto. — Claro que não, Christian! Se eu fosse me traumatizar a cada vez que uma coisa ruim acontece comigo, eu estaria trancada num quarto agora. A vida é assim, caiu tem que levantar.  — eu rio da minha própria desgraça deixando-o mais confortável.

— Você tem um modo engraçado de ver as coisas, Ana.

Eu sorrio envolvendo meus braços em seu pescoço.

— É, eu sei.

Savannah, Georgia, Casa da mãe da Ana. Seis e quatro da manhã em horário local...

Eu acordo com o primeiro sinal de luz da manhã. Sonolenta, estico a mão e a passo pelo colchão ao meu lado em busca de um corpo, mas Christian não está nele. Um pouco mais desperta eu me sento e avisto Christian na escrivaninha, debruçado sobre o meu MacBook. Está preso em um sono profundo. Eu sorrio sozinha com a visão.

Tivemos uma madrugada esplendidamente agitada na praia. Nós corremos como loucos, eu dei cambalhotas na areia, nós conversamos, trocamos carinhos, beijos, ficamos nus, transamos na água, eu fiquei com areia no meu bumbum, tentei fazer um castelinho de areia mas a água destruiu... É, definitivamente, foi uma noite surpreendente. E eu nem estou tão exausta quanto deveria.

Eu olho para o lado e verifico o relógio sobre o armário. São seis e cinco. Sem fazer barulho eu me levanto e sigo para o banheiro. Depois de um banho relativamente rápido, eu me enrolo na toalha e volto para o quarto. Christian ainda dorme. Ótimo, eu posso surpreende-lo com um café.

Vasculho minha mala em busca de um vestido fresco e opto por um todo azul. Prendo meu cabelo com um laço branco em um rabo de cavalo alto. Passo alguns segundos contemplando minha própria imagem no espelho. Já faz um bom tempo desde a última vez em que me senti assim. Tão... Diferente. Eu arrisco dizer que pareço mais fofa do que realmente sou.

Dou uma olhada em Christian. Ele continua do mesmo jeito. Sorrateiramente eu saio do quarto e sigo para a cozinha. Minha mãe está a mesa, tomando seu café quando eu chego.

— Bom dia, querida. Já de pé tão cedo? Caiu da cama? — pergunta com estranhamento forjado.

Eu reviro os olhos para sua provocação, mas acabo sorrindo.

— Bom dia, mãe. A senhora tem algum compromisso hoje? — pergunto em um tom casual, com uma ideia relativamente interessante para me divertir com Christian.

Ela arqueia uma sobrancelha pra mim.

— O que está planejando nessa sua cabecinha? — questiona com desconfiança.

— A senhora quer me ajudar? — pergunto enquanto pego uma caneca e coloco um pouco de café. O cheiro de café recém preparado invade minhas vias nasais. É intoxicante.

— Diga, o que eu tenho que fazer?

Meu sorriso se alarga quando eu me viro para ela.

— Arrume o Sean, eu vou acordar o Christian e desço em dez minutos. — digo, saindo da cozinha e rumando de volta ao quarto.

Devagar, eu me aproximo de Christian. Ele está visivelmente cansado. Provavelmente não dormiu depois que chegamos, pois ele não se deitou comigo, e eu sonolenta, não tive forças para intima-lo a descansar. Sua boca está levemente aberta e o subir e descer constante de seu peito confirmam minha teoria. Olhando assim até parece um garotinho. Eu rio com pensamento. Delicadamente eu afasto uma mecha de cabelo rebelde de sua testa antes de me inclinar para frente e colar minha boca em seu ouvido.

— É hora de acordar, grandão. — digo baixo, mas é o suficiente para ele se mexer e pestanejar assustado. — Bom dia, coisa linda. — implico, vendo-o passar a mão pelo rosto na tentativa de espantar o sono.

— Que horas são? — sua voz é um murmúrio  baixo e rouco.

— Não se preocupe, ainda é cedo. — dou ombros e estendo a caneca em sua direção. — Café?

Ele aceita sem me dirigir o olhar.

— Obrigado. — murmura após tomar um gole.

— Se quiser um pouco de leite eu posso ir buscar pra você... — ofereço, sentando-me a beira da cama.

— Não precisa. — responde um pouco seco.

Eu franzo meu cenho.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto cautelosa. Será que eu fiz ou disse algo durante a noite?!

Leva um tempo antes dele suspirar e finalmente se pronunciar.

— Eu preciso ir.

Minha testa se enruga ainda mais.

— Ir? Mas... Agora? — ele não responde, e nem me olha, então eu continuo: — E quando você volta?

Pela primeira vez desde que despertou ele vira seus olhos cinza em minha direção. E para minha surpresa, não há o brilho convidativo e provocante de sempre. Seus olhos estão foscos, pálidos... Distantes. Christian está tenso, sério e pela sua expressão eu posso dizer que está preocupado com algo. Está calado, alheio, como se estivesse em outra dimensão.

— Eu tenho que voltar para Seattle, Ana. — ele despeja dando um longo suspiro.

Eu pisco confusa. Ele está voltando? Por quê?

— Será que eu posso saber o motivo? — tento não soar rude.

Ele fica em silêncio, parecendo analisar as possibilidades de me dizer algo mentalmente.

— Por hora, eu acho melhor não.

Ótimo. Ele vai voltar para casa e não vai nem ao menos me dizer o porquê. Meus planos foram esmagados sem dó nem piedade. Eu ignoro a facada indesejada de decepção.

— Tudo bem, então vá.

Não escondo meu descontentamento. Ele está me escondendo coisas. Achei que já tivéssemos superado essa fase.

Christian suspira exasperado, deixa a caneca de lado e corre as mãos pelo cabelo.

— Você vai ficar zangada comigo se eu for?

— Vou. — eu sou sincera. — Mas vou ficar zangada comigo mesma se você ficar. Então pode ir, a porta está aberta. — não reprimo minha insatisfação ao cruzar meus braços.

Ele se levanta e se abaixa a minha frente, apoiando uma mão em meu joelho.

— Acredite em mim, Anastásia, eu gostaria muito de ficar e passar o resto da semana só com você. Mas eu preciso resolver um problema de última hora. — eu não respondo, deixo minha expressão emburrada falar por si só. Mas Christian prende meu queixo entre o polegar e o indicador, forçando-me a olha-lo, mas não de um modo rude. — Você vai ficar bem?

Incapaz de dizer algo produtivo, eu apenas concordo com a cabeça.

— Você vai conseguir cumprir nosso acordo afinal.

Ele ergue um dos cantos de sua boca, mas sua tentativa de sorrir é falha.

— Eu gostaria de tentar descumpri-lo. — ele murmura com um tom mais convidativo, cheio de segundas intenções. — Você vai mesmo ficar a semana inteira aqui?

— Com ou sem você. — respondo em voz baixa.

Ele maneia a cabeça.

— Será uma longa semana. — suspira. — Verei você no domingo?

— Eu passo na sua casa. — digo em tom desanimado.

Domingo parece tão distante.

— Eu vou te esperar.

Christian se inclina para me beijar, mas eu o impeço, formando uma barreira com a minha mão no último segundo. Ele abre seus olhos e pisca confuso. Eu corro minha mão por seu rosto, memorizando seus traços devagar. Sem dizer nada eu avanço, encostando nossos lábios. Apenas isso. Um simples e puro encostar de lábios.

Não suportaria passar mais uma semana me torturando com a sensação de seu gosto. Uma despedida simples será menos agonizante.

Eu me afasto e Christian me olha enervado, como se esperasse por mais.

— Você não tem que ir? — eu me levanto, fugindo de seu olhar penetrante.

— Eu preciso me trocar. — eu estava tão focado em sua carinha de bebê que nem ao menos reparei que ele está apenas de cueca.

Com o olhar eu rapidamente fiscalizo o quarto e encontro as roupas de Christian na cabeceira da cama. E seu sapato, ao lado, no chão. Mais que depressa eu recolho tudo e coloco em suas mãos.

— Há um banheiro no corredor. Você pode se trocar lá. — digo sem olha-lo, na tentativa de dispensa-lo.

Eu ouço seus passos calmos, e suponho que ele esteja próximo a porta.

— Então, até domingo, Ana. — ele diz, e em sua voz há um traço de esperança escondida.

— Até. — eu me limito a dizer apenas isso antes de ouvir a porta se fechar.


Notas Finais


E ai? O que acharam? Espero que tenham gostado! ><
Desculpem qualquer errinho bobo, eu revisei uma três vezes, mas provavelmente deixei alguma coisa passar então não estranhem hahahah'
Lembrando que: estamos usando a page da fic para postar trechos do capítulo de vez em quando: https://www.facebook.com/cinquentatonsdesteele e vocês podem chamar no twitter também: https://twitter.com/@50tonsdeSteele \o/ por esses dois é mais fácil de vocês me encontrarem, porque o Spirit ainda não disponibilizou o app do site para Windows Phone :( #chateada
Enfim, é isso amoras, eu nem vou falar quando sai o próximo capítulo porque eu tenho uma forte tendência a ter má sorte nesse dia g.g KKKKK
Então eu vou me despedir de modo simples hoje hahah' beijo, beijo moranguinhas e até a próxima! <333'


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