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História Cinza das Horas - É um contentamento descontente


Escrita por: Pri__

Notas do Autor


Oi, gatinhas, voltei antes do esperado.

Beijão!

Capítulo 27 - É um contentamento descontente


Fanfic / Fanfiction Cinza das Horas - É um contentamento descontente

Mills

Cheguei à  casa de Zelena não eram nem oito horas da manhã. Tinha passado em minha casa e tomado um banho rápido.   Milah e Henry ainda dormiam.  Mandei uma mensagem para ela, em seu celular, avisando que ficaria fora também pela manhã. Planejava estar de volta antes de Robin chegar, pois queria me despedir de meu filho antes do pai levá-lo.

 

Não estava me aguentando, parecia que ia explodir, precisava falar com minha irmã. Bati na porta. Bufei pela demora. Provavelmente  ela estava dormindo, era sábado.  Bati mais algumas vezes.

 

— VAI ACORDAR A MÃE! —  gritou abrindo a porta com seus cabelos ruivos totalmente bagunçados, usava uma camisola verde. Revirei os olhos. — Ah não, deixa a Cora lá no inferno, é  cedo pra acordar o Diabo! — falou quando viu que era eu. Soltou a maçaneta da porta,  me deu as costas, é foi em direção ao sofá.  — Já estava com saudade, irmãzinha? — perguntou com voz de sono.

 

Entrei, tranquei a porta.  Zelena se deitou no  sofá de bruços, abraçada as almofadas. Bocejando. 

 

— Preciso conversar com você.  — me aproximei, inclinei, e beijei seu rosto — É  urgente! — disse séria.

 

Ela abriu totalmente os olhos pela primeira vez ao escutar o meu tom de voz. 

 

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupada. 

 

Me sentei no sofá à  frente.

 

— Transei com Swan. Sai da casa dela agora pela manhã.  — disse sem rodeios, a encarando.

 

— MEU DEUS! FINALMENTE! — gritou, e veio correndo para o sofá em que estava. Se jogou sobre mim — Pera aí... — franziu o cenho com o rosto perto do meu  —  E você vem me beijar com essa boca de boceta? — falou dando um pulo, se endireitando  no sofá, passando a mão  desesperadamente no rosto, no lugar onde eu havia  beijado.

 

— Idiota!  Passei em casa para tomar banho.  — falei brava pelo comentário infeliz. Ela relaxou no sofá. — Além disso, escovei os dentes na casa dela e na minha também, já que isso te incomoda tanto. — disse irônica. 

 

Zelena franziu o cenho.  

 

— Escovou os dentes na casa dela? — perguntou confusa.

 

— Sim, ela tinha escovas extras. Usei uma hoje de  manhã quando acordei. — falei naturalmente, mas já sabendo o que minha irmã  pensava.

 

— Quando a- cor- dei? — Zelena falou pausadamente se ajeitando no sofá.

— Dormi lá. —  Zelena arregalou os olhos.

 

— Dormiu de dormir? O ato? — gesticulou nervosamente.

 

Apertei os lábios. Desviei o olhar para o outro lado. 

 

— As coisas meio que saíram do meu controle. — falei sem jeito.

 

— Dormiram abraçadas? — perguntou já com receio de escutar a reposta. 

 

Senti minhas bochechas queimarem. Apenas meneei a cabeça em um sim.

 

Ela levou a mão à testa, apoiou o cotovelo no sofá, e balançou a cabeça desacreditada.

 

— Mas que diabo de sexo casual é  esse que você dorme abraçada à pessoa? Assim não dá pra te ajudar, sis. — falou batendo a mão na própria perna — Você faz tudo ao contrário! Primeiro, não aceita o meu conselho de transar com ela longe da escola, faz um acordo furado para não mais se beijarem. Aí vão  lá   e  BEIJAM! — falou mais alto — Deixa uma transa de lado com a Mal, para passar seu aniversário  braçada a ela.  E, em menos de uma semana vai à casa dela transar. Dormem abraçadas. E agora você tem uma escova de dentes lá? — finalizou em um tom  desacreditado.

 

— Eu não tenho uma escova de dentes na casa dela. — me defendi — Usei  e joguei fora.

 

— Ah, sim! E isso resolve todo o problema! — disse, e sua ironia era cortante. Revirei os olhos.  — Pelo menos a minha teoria de matar o tesão  funcionou?

 

— Teria funcionado se tivesse sido ruim. — falei sem jeito.  Abaixei a cabeça — Mas foi maravilhoso.

 

— Você faria de novo, não é? — balançou a cabeça,  já sabendo a reposta.

 

Sorri sem mostrar os dentes. — Vontade não  me falta.

 

Ela sorriu pequeno. — Você está perdida, irmãzinha.

 

Passei as mãos pelo rosto, agoniada. Voltei a olhar para minha irmã. Ela me analisava.

 

— Emma me deu uma rosa hoje pela manhã. — não consegui esconder o sorriso ao lembrar — E me fez tomar café com ela.

 

Zelena sorriu ainda mais, analisando a minha expressão. 

 

— Essa garota é  demais. — passou a mão pelo sofá.

 

— Ela é incrível! — sorri com o canto dos lábios. 

 

— Então a sua transa casual teve abraço  ao dormir,  flores e café da manhã?  — resumiu debochada — É, Regina Mills não é  mais mesma!

 

— Acho que estou velha para isso. — apertei os lábios.

 

— Ou talvez o problema seja ela. — falou voltando a ficar séria.

 

— Como assim?  — perguntei confusa.

 

— Já passou pela sua cabeça, que você pode estar apaixonada? — disse como se fosse a coisa mais natural do mundo.

 

 

— Ora, Zelena, não diga  bobagens. — falei, desviando o olhar, e passando as mãos nervosamente pelas minhas coxas. 

 

— Sis, eu estaria muito feliz se você estivesse fazendo isso conscientemente.  Mas na verdade,  estou  preocupada. 

 

— O que quer dizer, Zelena? — não  sabia aonde ela queria chegar.

 

— Você está a cada dia mais envolvida com essa garota. E me preocupa o fato de lá na frente, quando se descobrir  completamente apaixonada  por ela, não saber o que fazer, por ter sua vida pública, a escola, Cora.  Tudo o que dificultaria isso.  Emma é uma boa pessoa. Já passou por muita coisa, não merece sofrer mais. 

 

—  Zelena  chegamos  a um ponto  da conversa onde a conjectura nos lava à Emma e eu com sentimentos uma pela outra. Isso não seria possível! Ela é  carinhosa e atenciosa, mas não acho que sentiria algo por mim. — disse analisando a situação.

 

— Sinceramente, não sei! Dessa história,   não duvido de mais nada. — balançou a cabeça em negação  — Mas  como vai ser agora? Vão continuar transando?

 

— Eu não sei, Zelena, não conversamos sobre isso.  Ela ainda é  minha aluna. Não  me sinto confortável. É  melhor deixar como está. Foi ótimo! Mas agora, é  guardar a boa lembrança  na memória. — falei tentado convencer a mim mesma do que seria o mais razoável a fazer.

 

— Por que eu acredito que você fará exatamente o contrário? — falou com deboche.

 

— Quieta, Zelena! — disse  irritada, me levantei — Eu preciso ir, tenho que estar em casa antes de Robin chegar.  — Zelena  também se levantou  — Eu precisava colocar isso para fora. Estava me corroendo.


— COMO ASSIM, SIS! — disse mais alto — Quero saber quem deu primeiro, quem chupou quem... — a interrompi rapidamente. 

 

— CALA A BOCA, ZELENA. Eu nunca te contaria isso. — disse indignada. 

 

— É  eu sei. — falou fazendo cara de vencida — Eu tinha que tentar. — sorriu.

 

Não aguentei e ri daquela idiota.

 

— Tchau, eu te amo ! — falei chegando à porta.

 

— Também te amo, boca de boceta!  — disse irônica.

 

— Não me chame assim! — respondi  fingindo estar brava, como dedo em riste para ela.  Tentando segurar o riso.

 

Ela riu alto. Sai, e ganhei a calçada.

 

— SIS! — Eu já estava perto de meu carro quando minha irmã me chamou novamente. Me virei para olhá-la              — Você ficou todo aquele  tempo na casa dela,  porque queria aproveitar mais  a sua companhia. Não finja que  não sabe disso. Eu te conheço! Ninguém  faria você ficar, caso não quisesse  realmente. 

 

Respirei fundo, apenas meneei a cabeça concordando. Eu não tinha como negar. Zelena sorriu preocupada. 

 

Sai da casa de minha irmã mais aliviada. Mas não menos pensativa. Eu não sabia como agir de agora em diante.

 

***

Swan

Vi Regina sair com o carro, e ainda sentia o seu beijo em meus lábios.  Fechei a porta. Olhei para mesa lateral. Sorri ao ver as coisas que tinham caído no chão quando a coloquei sentada ali.   Me abaixei para pegá-las, uma caneta, correspondências, e dois livros de poesia. Um deles, justamente o que  Ruby vivia dizendo que  comprei só para lembrar dela. Nunca tinha admitido, mas era a pura verdade. Regina estava dentro daquele livro. Em vários versos e estrofes.  Nas páginas que me faziam, depois de lê-las, olhar a esmo procurando na memória a lembrança de seu rosto, cheiro, o som de sua risada, o contorno de seus olhos, ficando pequenininhos quando sorria.  Ela estava ali! Sempre que lia alguns poemas daquele livro,  a sua imagem se afigurava  diante mim.

 

Peguei os objetos, os arrumei na mesa.  Percebi quase caindo do móvel, o brinco que eu havia tirado de sua orelha para não atrapalhar o meu impulso de desejo. E não machucá-la,  claro.  O peguei,  analisei de perto, era uma jóia delicada e marcante,  assim como ela.  Uma “rainha delicada”, sorri ainda mais ao lembrar de sua fala, no café da manhã.

 

O guardei no bolso do robe que usava. Passei pela sala e peguei algumas almofadas que tinham caído no chão, as ajeitei no sofá.  Eu não mentia  quando disse a ela que o seu perfume tinha ficado por ali. Eu podia senti-lo. Arrumei a posição da mesa de centro, provavelmente eu a havia chutado quando  carreguei  Regina escada à  cima. O tesão  era tamanho que não me lembro. 

 

Passei na cozinha, peguei meu celular no balcão. Suspirei ao lembrar do e-mail me negando informações  sobre Liam, esse era um assunto que me preocupava nos últimos  meses. 

 

Abri o WhatsApp, olhei as últimas mensagens. Reli minha breve conversa com Regina. Não conseguia ver a sua foto. Provavelmente ela não salvou meu número em seus contatos, e as configurações de privacidade limitavam o meu acesso. 

 

Mandei uma mensagem para Ruby,  pedi para ela vir o mais cedo  possível. Minha amiga passaria o final de semana comigo.  Segunda iríamos juntas à escola. 

 

Subi para o meu quarto.  Ao abrir  a porta, senti minhas pernas tremerem. Lembrei dos momentos ali. Passei os olhos pelo lugar, sorri novamente ao avistar o abajur quebrado no chão. “Nossa, como é  forte”,  sua voz ecoou na minha memória, e a sua risada em meu ouvido. Que risada gostosa. Que mulher perfeita! Eu não sabia o que aquela noite tinha significado para ela. Mas para mim, tinha sido única! A maneira como me tocou, o cuidado, a satisfação em me agradar, em me dar prazer, e sentir prazer também nisso. Os nossos corpos encaixados. E a sua respiração entrecortada. Tudo! Absolutamente tudo, tinha sido perfeito! Eu nunca havia chegado perto de algo assim com ninguém. Respirei fundo. Me abaixei pegando os pedaços  do abajur,  joguei-os no lixo da sacada, pois era maior.  Peguei minha camiseta que ela tinha usado, coloquei na poltrona ao lado da cama.  Me deitei de bruços em minha cama, sentindo o seu cheiro também ali no lençol. 

 

Regina, não estava apenas dentro de um livro que fazia meu coração disparar. Estava no perfume pela casa, na sala, no lençol, em minha camiseta, estava na noite viva em minha memória.  Estava em cada poro de minha pele. Regina estava mim.

 

***

 

Ruby chegou cerca de duas horas depois, eu já havia tomado um banho, e estava de pijama sentada no sofá da sala, tentado assistir algo que não prendia de maneira alguma minha atenção. 

 

— Oi, Emm, o que aconteceu ? — disse assim que entrou. Me deu um beijo na bochecha, sentou, e colocou sua mochila ao lado.  

 

Desliguei a tv, joguei o controle de lado, a olhei nos olhos. 

 

— Regina passou a noite aqui. — ela franziu o cenho. 

 

— O QUÊ? Por... Por quê? — gaguejou , tentando raciocinar — NÃO! — finalmente  entendeu o que eu queria dizer. Arregalou os olhos, e abriu a boca em um espanto. 

 

Sorri sem mostrar os dentes. 

 

— Mas como assim? Como aconteceu? Vocês se encontraram em algum lugar? — perguntou sem respirar, ainda incrédula.

 

— Eu fiz um macarrão ontem a noite,  ficou tão bonito que resolvi mandar   uma foto para ela. — comecei a gesticular nervosa — Ela sempre me zoa, porque não sei cozinhar direito.  Até pensei que ela fosse brigar comigo, ou ignorar minha mensagem, pois não  me passou o seu número pra isso.  Mas para a minha surpresa, me respondeu, e muito simpática. 

 

— E você a chamou para jantar aqui? — perguntou se ajeitando no sofá.

 

— Fiz uma piada com isso sim, na mensagem . Mas não pensei que viria. — respondi sincera.

 

— É então? — franziu o cenho.

 

— Em menos de quinze minutos, ela entrava por aquela porta. — apontei com o dedo.

 

Ruby levou as mãos à boca. Ficou me olhando por alguns segundos. 

 

— E  foi bom? — perguntou, depois que o espanto diminuiu.

 

— Perfeito! — senti minhas bochechas  queimarem. 

 

— E agora? — perguntou analisando minha expressão.

 

— Eu não  sei. — falei com a voz um pouco abalada — Não sei se fico contente, ou desesperada. — levei as mãos ao rosto e esfreguei nervosamente.

 

Ela me deu um sorriso carinhoso. 

 

— Vem cá! — sentou no mesmo sofá que eu. Me debrucei em seu colo.

 

Ali, no abraço de Ruby, fiquei repassando tudo o que havia acontecido. Sem certezas. Sem saber como seria de agora  em diante.

 

***
 

Mills 

Coloquei os livros sobre a mesa lateral da  sala de Zelena, comecei a contá-los. Não era possível que faltava um.  Eu  peguei exatamente dez livros. Qual aluno não tinha devolvido? Bufei!

 

Acabara de sair da sala de Swan. A aula fora tranquila, a inquietude estava em mim. Não vou negar que senti  um frio na barriga desde a hora em que  passei pelo portão  dessa escola hoje. Posso negar menos ainda, que dei aula com as pernas moles,  com um arrepio passando pelo meu corpo inteiro a cada vez  que meu olhar cruzava com o dela.  Não me concentrei! Expliquei rapidamente os esse exercícios, e fiquei em minha mesa. Contei os segundos para sair dali.  Eu precisava de ar. Precisava retomar o controle sobre meu corpo.  O sinal bateu e a única coisa que inundava os meus pensamentos  eram as lembranças de seus toques em meu corpo.

 

— Acho que falta este. — dei um pulo ao escutar a sua voz  atrás  de mim.

 

 Me virei rapidamente. Swan estava perto da porta com o livro na mão. 

 

— Ficou com Belle. Ela esqueceu de entregar, porque estava em baixo  da mesa. — deu um passo à frente meio hesitante — Posso entrar?

 

— Claro! — sorri sem mostrar os dentes — Você não deveria estar em aula agora?  — perguntei, e minha voz saiu um pouco trêmula. Não esperava ficar  sozinha com ela ali.

 

— Sim. Eu estou. Mas a professora de matemática me deixou vir, e entregar a você. — falou se aproximando de mim e colocando o livro com os demais —  Belle ficou com receio, pensou que fosse  brigar com ela. 

 

Sorri sem graça. 

 

— Ia mesmo! Ela tem que prestar mais atenção. Não pode ficar atrapalhando a aula dos outros professores. — disse nada contente com a situação.
— Você é muito brava. — sorriu com o canto dos lábios, me olhando fixamente nos olhos. O frio em minha barriga voltou no mesmo instante.


— Pensei que já soubesse disso, Swan. — ergui uma sobrancelha, tentado não demonstrar o abalo que aquele olhar sempre me causava.


— Eu gosto. — aprofundou  ainda mais o seu olhar no meu, e  escorou na mesa.  
— Emma... — falei sem graça, sentindo minhas bochechas queimarem. Dei um passo para trás, encostei na prateleira. Ela percebeu o meu receio.
— Fica tranquila. — ergueu a mão com a palma virada para mim — Não vou agarrar você. Só quero ter certeza que  não vai voltar a me evitar. — disse  insegura.
—  Emma, não posso ser hipócrita, eu procurei por isso. Eu fui atrás de você! Foi realmente muito bom. Não vou negar!  — falei sincera.

 

— Foi sim! — concordou, e sorriu envergonhada.

 

— Mas sabe que é complicado, não sabe? — disse séria, colocando as mãos na cintura.

 

— É  complicado se você quiser complicar! — falou com naturalidade  — Ninguém precisa saber. Eu também achei bom. Achei maravilhoso, na verdade.  E queria continuar. — finalizou com certeza na voz.

 

— Eu tenho o dobro da sua idade.  — balancei a cabeça em negação. 

 

— Isso não impediu que fosse à minha casa. — e parecia que já tinha pensado em todas as respostas que eu daria. Hesitei por um instante.

 

— Mas se levarmos isso a diante, o fator idade seria uma complicação.  — respondi depois de alguns segundos. 

 

— Eu não concordo com  isso! — respondeu rápido, e desviou o olhar. 

 

— Tem muitas outras coisas envolvidas também. Fora o fato de você ser minha aluna. — continuei falando baixo — É  melhor deixar como está. 

 

Ela voltou a me olhar.

 

— É  melhor deixar como está. — repetiu baixo para si mesma. Seu tom era decepcionado. Senti um aperto no peito.

 

— ADOREI A REUNIÃO  NA MINHA SALA! — Zelena chegou gritando e fechando a porta. Swan e eu demos um pulo, assustadas.
 Emma endireitou a postura, e ficou em pé  ao meu lado.


— VOCÊ! — Zelena  falou alto, apontando o dedo em riste para Swan — Quais são suas intenções  com a minha irmã mais nova? — usou um tom intimidador.  Emma arregalou os olhos.


— ZELENA, PELO AMOR DE DEUS! VOCÊ ENLOUQUECEU? — falei dando um passo à  frente, passando a mão nos cabelos nervosamente.


— Eu ... Eu... — Swan  gaguejou, totalmente vermelha.  


— É  brincadeira, Emma, relaxa! — a ruiva falou na  maior cara de pau. E caiu  na risada.

 
Swan relaxou o corpo, colocou a mão no peito, totalmente sem graça. 


— Que susto! — sorriu aliviada.


— Você é uma idiota mesmo! — falei irritada. Zelena foi em direção à sua mesa, sentou em sua cadeira.

 
 Virei para Swan. 


— É  melhor  você voltar para a aula. — usei um tom  sério.


— Tem mais uma coisa. —  ela disse virando para mim.  Olhou de canto de olho para Zelena.


— Tudo bem! Finjam que eu não estou aqui. — minha irmã  colocou os óculos, e pegou alguns papéis para ler.


— O quê? —  perguntei baixo, só para ela escutar.


  — Queria te devolver isso. — retirou meu brinco de seu bolso. Sorriu. — Ficou na mesa lá em casa. — Me estendeu.


— Eu senti mesmo falta dele.   — disse sem graça, pegando o brinco de sua mão.  Lembranças da noite que passamos juntas me vieram à mente, aquele arrepio novamente fez-se presente em meu corpo.


— Bom, então  vou indo para a sala. — Sorriu sem jeito.  — Tchau, Zelena! — falou olhando para minha irmã. 


— Boa aula, Emma! — minha irmã  respondeu simpática, olhando por cima dos óculos.


— Vai almoçar no Granny’s hoje?  — perguntou virando para mim. — Por que se for, posso levar Henry para o ginásio. Vou treinar saques.


— Eu conversei com Henry. Ele ficou muito animado em tentar jogar. Mas  pedi para a babá  levá-lo na sexta, e de lá, deixá-lo com o pai. Tenho um compromisso político, não poderei levá-lo. —  sorri lembrando da felicidade de meu filho por isso  — Já escolheu até a roupa. Está  eufórico!

 

— Se quiser deixá-lo ir hoje,  para assistir como da última vez, é  só  avisar.   — disse sorrindo.  Meneei a cabeça como resposta.  — Bom... — hesitou. Se aproximou meio sem graça. — Tchau! —  pensei que me daria um beijo no rosto, mas, ao contrário disso,  me abraçou. Passou carinhosamente as mãos pelas minhas costas.  Fiquei tensa pelo toque inesperado, mas no instante seguinte, relaxei e retribui. Era bom senti-la de novo. Fechei os olhos aproveitando o seu calor, passei os braços por seu pescoço, encostei meu rosto do seu, respirando seu cheiro. Como senti falta do seu toque. Virei o rosto, e dei um beijo demorado em sua bochecha.  A escutei suspirar baixinho. Nos afastamos devagar. Tinha vontade de prolongar aquele contato.  E pelo seu olhar, sei que ela também. 

 

Sorri quando percebi em seu rosto, a marca do batom vermelho que  usava.

 

— É  melhor tirar isso aqui. — falei permanecendo perto dela,  e limpando sua bochecha com a ponta dos dedos. Ela deu um sorriso lindo.

 

— Pelo menos, levo um pouquinho de você  comigo. —  sussurrou olhando em meus olhos.  Senti um frio na barriga. 

 

— Não seja boba, Emma! — balancei a cabeça em negação, e retirei todo o batom de sua pele. — Pronto!

 

— Tchau! — ela repetiu baixo. Antes de sair, olhou uma última vez para Zelena, que assistia toda a cena em silêncio.  Fechou a porta.


 
— Mas o que foi isso? — Zelena  levantou, e colocou as mãos espalmadas sobre a mesa.

 

— Isso o quê? — me fiz de desentendida, me virei de costas para ela,  peguei os livros da mesa,  e os coloquei na prateleira.

 

— Você se derretendo toda assim que ela te tocou.  — disse, vindo até mim e retirando os óculos  — “Não seja boba, Emma". —  fez uma voz teatral de deboche — Agora ela é  Em-ma, né?  Depois diz que não  está apaixonada. — finalizou  indignada.

 

— Que apaixonada! — me irritei.  — Eu vou para o escritório.  Podemos almoçar umas duas hoje? Tenho algumas coisas para resolver  ainda. — disse mudando de assunto. 

 

— Tá né! Isso, foge mesmo do assunto! — debochou. Ignorei.

 

— Pega o Henry na escola pra mim? — perguntei já na porta. 

 

— Pego! — respondeu.

 

Zelena ia falar mais alguma coisa. Mas fechei a porta em sua cara. A última coisa que precisava era alguém falando de meus sentimentos, quando nem eu mesma sabia o que estava sentido.

 

Fui em direção  ao estacionamento ainda sentindo a sensação  gostosa do abraço de Emma em mim.

 

***

Cheguei ao Granny’s,  minha irmã e Henry já estavam sentados em uma mesa perto da janela.  Passei o olhar pelo local, não vi Swan por ali.  Talvez tivesse mudado de ideia, e   ido almoçar em outro lugar. 


 
— Mamãe! — meu filho se animou ao me ver. 


 
— Oi, meu amor! — me aproximei e dei um beijo em sua cabeça.   — Já escolheu o que vai comer? — perguntei me sentando ao seu lado. 

 

— Queria hambúrguer. — falou com receio.

 

— Henry... — ergui uma sobrancelha.

 

— Mas vou pedir frango. — disse rindo —  Eu já sabia que não ia deixar. — sorriu.

 

Zelena e eu nos entreolhamos e rimos.  Meu filho me conhecia.

 

Comemos tranquilamente. Estávamos conversando, depois de terminar, quando  pude ver na escada, ao lado do  corredor dos fundos, uma cabeleira loira.  Sorri ao reconhecê-la. Deduzi que  teria almoçado com Senhorita  Lucas dentro da casa, e não no restaurante. Swan me viu de longe, e também  sorriu. Veio em nossa direção. 

 

— Olha, o apelão do videogame! — falou colocando o rosto no ombro de meu filho, o assustando por trás do banco. 

 

Henry deu um pulo, mas logo em seguida virou para trás, como podia.

 

— EMMA! — gritou, e a abraçou fortemente pelo pescoço.  Os sorrisos eram lagos.  Aquela cena aquecia meu peito. Eram lindos juntos. Só percebi que sorria feito   boba, quando vi Zelena me analisar, ela estava em minha frente. Ria e balançava a cabeça.  Fiquei séria. 

 

— Henry, Emma convidou você para acompanhá-la ao ginásio hoje. Quer ir? — perguntei olhando para meu filho.

 

— QUERO! — a apertou ainda mais pelo pescoço.  

 

— Então já sabe, lição de casa quando chegar, e sem fazer corpo mole! — falei em um tom autoritário — Vá escovar os dentes. 

 

Meu filho levantou, pegou o seu estojo higiênico na mochila, e foi ao banheiro.  

 

— Se quiser, pode ir junto . — Swan convidou, meio sem jeito, colocando as mãos nos bolsos e chegando mais perto de mim.

 
 
— Obrigada, Emma, mas eu tenho muito trabalho ainda hoje.  — respondi em tom ameno. — Você pode deixá-lo em casa depois?

 

— Claro! — sorriu.  

Escutamos risadas altas vindas da mesma escada pela qual Swan tinha vindo.  Franzi o cenho ao perceber  quem era.

 

— Só você para ir ao ginásio no dia de folga. — a italiana falou para Swan. Chegou acompanhada de Ruby — Boa tarde! — se direcionou para mim e Zelena.  Minha irmã respondeu.

 

— Eu preciso, não tenho o nome que você tem, Picci! — respondeu  simpática. Revirei os olhos.

 

— Bom, o convite continua  de pé  — se aproximou mais de Swan, colocou a mão em sua barriga. Apertou os dedos na jaqueta marrom que ela usava. Cravei as unhas na palma de minha mão. — Eu estarei em minha piscina, ela é  aquecida, frio você não vai passar. — sorriu, com o rosto próximo ao de Swan  — Já sabe o caminho!  — Deu um beijo estalado em sua bochecha   — Adorei o almoço! — se afastou sorridente.  Swan ficou vermelha, mas não tirou o sorriso do rosto. Engraçado! Teve a coragem de me falar que “queria continuar",  e   almoça com a italiana? Ela só podia estar de brincadeira comigo! Senti meu sangue ferver. Pude ler nos lábios de minha irmã  um “calma”, inaudível.  

 

Vi a italiana se despedir de Ruby, e ir em direção à saída.  Swan me olhou naturalmente, como se nada tivesse  acontecido.

 

Henry voltou do banheiro, me  levantei, peguei meu celular que estava na mesa.

 

— Henry, Swan vai deixar você em casa depois.  — meu filho meneou  cabeça, demonstrando que havia entendido. Dei um beijo em sua cabeça  — Qualquer coisa me ligue. —  Coloquei o celular no bolso do  casaco — Tchau, Zelena.  — dei um beijo em minha irmã, que estava com uma expressão preocupada. 

 

— Ei, Henry. — escutei Zelena falar para meu filho — Me ajuda a pegar um ursinho ali naquela máquina. — levantou, e  arrastou meu filho para os fundos do restaurante. 

 

Continuei andando, vi Swan fazer uma expressão confusa, observando tudo.  Ignorei,  fui em direção à porta. 

 

— Regina? — ela me chamou, mas apertei o passo. 


Ganhei rapidamente a calçada. 

 

— Regina! — falou meu nome mais alto — Espera! —   parei. Mas não me virei de frente para ela. A escutei dar mais alguns passos, e parar atrás de mim. Não haviam clientes nas mesas no lado de fora do Granny’s.

 

— O que aconteceu? — perguntou baixo.

 

— Eu preciso voltar para o escritório — falei ainda de costas, totalmente impaciente.

 

— Por isso saiu assim? — perguntou em um tom confuso.

 

— Eu tenho coisas relacionadas à minha carreira política  a resolver.  —   falei ríspida,  e  me  virei de frente.

 

— Você saiu assim por causa da Picci, não foi? — perguntou hesitante.

 

— Não diga bobagens!  — só de escutar ela se referindo à italiana pelo apelido, ficava ainda mais irritada.

 

— Ela é só uma colega de equipe. Hoje estamos todas de folga, almoçamos juntas. Ela não conhece mais  ninguém aqui em  Storybrooke... —  começou a se explicar, a interrompi.

 

— Engraçado que só você ela chama para passar a tarde na piscina dela, não é? — gesticulei nervosamente  — Não a ouvi chamar a senhorita Lucas! — finalizei entredentes.

 

Ela sorriu pequeno e balançou  cabeça desacreditada.

 

— Você está com ciúmes da Picci? — perguntou com a expressão  surpresa.

 

— Ora, não seja ridícula, senhorita Swan! Não tenho nada a ver com suas amizades. Com quem você almoça, ou deixa de almoçar! — respondi irônica. 

 

— Então voltamos ao senhorita  Swan? — perguntou decepcionada.

 

— Talvez tenha sido um erro ter mudado isso! — falei em um tom cortante.  E vi uma expressão de mágoa  surgir em seu rosto.

 

Quando fez menção de responder, continuei a falar. 

 

— Não vou ficar aqui perdendo tempo em uma conversa infundada.  — balancei a cabeça em negação  — Quando terminarem no ginásio, se não puder deixar Henry em casa, peça para ele me ligar, eu o busco. — não  esperei por reposta. Sai.

 

Quando virei à esquina para entrar no carro, pude ver pelo meu olhar periférico que Swan permanecia no mesmo lugar ainda me olhado atravessar. Henry chegou ao seu lado, ela o abraçou pelo pescoço. Falou algo a meu filho,  que também olhou em minha direção.  Dei partida no carro sem delicadeza, e os perdi de vista.

 

 


 

 

 


Notas Finais


Spoiler do próximo capítulo no Instagram cinza_das_horas (stories).


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