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História City of Angels - Problemas de uma adolescente podem gerar amizades de verdade


Escrita por: HellHeir

Notas do Autor


Voltei <3
*Divirtam-se*

Capítulo 23 - Problemas de uma adolescente podem gerar amizades de verdade


*Percy

— Você entrou mesmo no espírito dessas saias, não é mesmo? – disse assim que Annabeth desceu as escadas.

— Piper disse que usaria também, não resisti – ela deu uma volta e sorriu. Então levei minha mão até seu pescoço, segurando o colar que usava.

— É o colar que minha mãe te deu?

— É sim. Até combina para onde estamos indo.

— É, combina mesmo – segurei sua mão e gritei para Helena que estávamos saindo.

Paramos em frente à praia e eu consegui ver uma fogueira ali perto.

— Não acredito que fizeram mesmo uma fogueira – pensei alto e Annabeth concordou. Então me lembrei do que pretendia fazer hoje e chequei meu bolso enquanto andávamos pela areia até nossos amigos. Senti o embrulho e relaxei, me sentando entre Annie e Frank quando nos aproximamos. Então percebi que havia uma garota ao lado de Annie que eu não conhecia. – Quem é essa?

— Bianca, minha irmã mais nova – Nico respondeu. – Bianca, esses são Percy e Annie, nossos amigos do Brasil.

— Prazer em conhece-los – Annabeth sorriu para ela e eu fiz o mesmo. – Podemos começar?

— O que querem ouvir primeiro? – Will pegou um dos violões que havia ali e Piper ergueu a mão, dizendo o nome de uma música que eu pensei não conhecer, mas reconheci a melodia. Vi Annabeth ajeitar a saia e cantar a música baixinho, o que me fez sorrir. Para minha surpresa, conhecia a maioria das músicas que eles tocavam. Annabeth parecia estar na mesma situação e, eu reparei, sorriu ainda mais quando uma música em específica começou a tocar (uma que nós, por um acaso, havíamos dançado juntos).

Passava da meia noite quando algumas pessoas resolveram ir dar uma volta e ficar na água. Logo, apenas Annabeth, eu e Bianca havíamos ficado ao redor da fogueira, vendo Piper e Jason saírem de mãos dadas.

Annabeth e Bianca estavam conversando algo sobre uma festa quando o celular de Bianca começou a tocar.

— Com licença – ela se levantou e foi para longe de onde estávamos. Annabeth se virou para mim, sentando-se mais perto e ajeitando a saia.

— Sobre que festa estavam conversando? – perguntei.

— Sobre a festa de Bianca. Ela vai fazer dezesseis anos e você sabe que por aqui isso é o equivalente aos quinze anos do Brasil. E estava me perguntando como havia sido a minha.

— Você fez uma festa de quinze anos?

— É – ela riu, provavelmente se lembrando de algo. – Lembro-me até hoje de Luke tentando aprender a dançar valsa.

— É uma cena que eu gostaria muito de ver.

— Pode ver nas próximas férias, tenho tudo gravado.

Sorri e Annabeth se inclinou para frente, encostando os lábios nos meus. Quando nos separamos, passei a mão por seu rosto.

— Tenho uma coisa pra você – eu disse e ela fez uma cara confusa. – Feche os olhos.

— Percy ... – ela começou em tom de aviso.

— Anda logo – coloquei a mão por cima de seus olhos e, quando a tirei, eles estavam fechados.

— Se tentar de alguma forma me colocar na água, Jackson, vai se arrepender.

— Deuses, você é muito desconfiada – tirei o saquinho do bolso e segurei sua mão. – Pode abrir – deixei que o embrulho caísse e ela ergueu uma sobrancelha.

— O que é isso? – fiz sinal para que ela abrisse e ela o fez. – Percy, é linda – ela observou a correntinha que estava dentro do embrulho. – Mas por que?

— Você é minha namorada. Tem que ter um porquê?

— É claro que tem.

— Bem, quando fui comprar seu presente de aniversário, talvez eu tenha sido um pouco precipitado.

— Novidade.

— Então – disse mais alto – passei em frente a uma loja que Helena me disse que eu poderia montar meu próprio presente. Então eu entrei, enquanto Helena ia ao banheiro, só pra dar uma olhada. Ela nem sabe que eu comprei isso – vi ela observar melhor os pingentes. Haviam dois, que eu passara um bom tempo escolhendo: uma estrela do mar dourada e uma pedrinha azul claro.

— Podia ter guardado para o natal ou coisa do tipo.

— Você não gostou?

— É claro que eu gostei, Cabeça de Alga – ela beijou minha bochecha e guardou o colar de volta no saquinho com o maior cuidado possível. – Mas a ideia de você me dando presentes do nada ... me sinto um pouco culpada com isso.

— Não se preocupe. Minha criatividade para encontrar presentes é resumidamente finita. Vai demorar pra eu ter outra boa ideia – ela sorriu.

— Ainda bem. Mas eu amei o presente – ela guardou o saquinho no bolso da frente de minha calça. – E terei de recompensa-lo mais tarde.

— Mal posso esperar – ela me beijou novamente, com mais intensidade dessa vez e eu desci a mão para sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Então ouvimos alguém vindo e nos separamos.

— Que cara é essa, Bianca? – Annabeth perguntou quando ela se aproximou, torcendo os cabelos num coque e parecendo pensativa.

— Nada não – ela disse, mas até eu percebi que era mentira. Então Annabeth olhou novamente para mim e eu entendi o que ela quis dizer.

— Vou ver se Jason conseguiu achar seu ... aquilo lá – fiquei de pé. – Ele provavelmente não achou e eu vou demorar a achar pra ele, então ... – não consegui terminar a frase e apenas sai, deixando as duas sozinhas.

*****************************************************************************

*Annabeth

— Quer me contar o que aconteceu? Talvez eu possa ajudar – disse a Bianca assim que Percy saiu de perto.

— Você provavelmente tem mais experiência com relacionamentos do que eu – ela disse.

— Na verdade, não muita. Mas sempre ajudei minhas amigas com os delas.

— Ok, foi o seguinte – ela puxou a perna pra cima e se virou de frente para mim. – Eu estava ficando com um menino, amigo de uma amiga minha. Ele era gente boa e tudo, mas não tínhamos nada sério. Ia fazer um mês, eu acho, desde que ficamos pela primeira vez, acho que não mais do que isso. Então ele me ligou agora e disse que está terminando comigo.

— Mas você disse que ...

— Eu sei, e é exatamente isso.

— Bianca, eu não entendi.

— Ele parecia bastante triste, Annabeth. E eu não sinto nada, nenhuma tristeza ou coisa do tipo.

— E isso não é bom?

— Estou me sentindo culpada. Ele parecia bastante triste e eu fiquei tão normal que acho que, não sei, foi meio frio da minha parte.

— Bianca, você não precisa se culpar por isso – eu disse. – Vocês só estavam ficando, talvez ele não soubesse disso e acabou se apegando demais.

— Você acha?

— Quando eu tinha sua idade ... deuses, olha a velha falando – nós rimos e eu me senti melhor fazendo Bianca sorrir. – Enfim, com quinze anos, estava saindo com um carinha a duas semanas, mais ou menos. Ficando, na verdade. Sabe o que aconteceu? – ela negou com a cabeça. – Nós havíamos ficado umas três vezes, no máximo, e na quarta, enquanto conversávamos um pouco na praça, ele simplesmente disse que me amava.

— Em duas semanas? – ela parecia surpresa e eu não a culpava.

— Exatamente. Alguns garotos tendem a se apegar demais, e pouca gente sabe disso. A sociedade esconde isso da gente, falando o tempo todo que as meninas sempre ficam melosas antes e os garotos acabam desistindo, mas as vezes é ao contrário. Então não se sinta culpada por causa disso, ok? Você não precisava sentir nada por ele.

— Tem certeza?

— É claro que tenho. Se ele sentia algo, devia ter dito. Então você diria que não sentia nada e poderia ter poupado tudo isso, mas ele confundiu as coisas. Se quiser dizer a ele que sente muito por deixa-lo acreditar que você sentia algo, você pode, talvez faça ele se sentir melhor.

— Eu gostaria. Ele era bem legal, gostaria de tê-lo como amigo.

— Então faça isso. E lembre-se de nunca se sentir forçada a permanecer em relacionamento algum por causa da outra pessoa, ok?

— Annie, você foi um presente dos deuses hoje – sorri e deixei que ela me abraçasse.

— Não por isso.

— Hey, está muito tarde para aceitar meu convite para minha festa? É daqui a duas semanas, e eu ficaria extremamente feliz se você e Percy fossem, caso consigam se programar a tempo – nós rimos.

— Eu ficaria honrada, Bianca. Mas então quero que você anote meu número e venha falar comigo caso tenha algum problema, ok?

— Obrigada, Annie. Mesmo – ela me agradeceu novamente e se virou pra trás, vendo que o irmão a chamava ao lado de Will. – Tenho que ir. Pego seu número com meu irmão depois e te mando mensagem – assenti e nós ficamos de pé, nos despedindo. Observei-a ir até Nico e ele acenou para mim, assim como Will. Retribui e vi Percy voltar até onde eu estava.

— Conseguiu salvar o dia? – ele perguntou.

— Fiz o meu possível – dei de ombros. – Já quer ir embora?

— Como eu sei que você não quer nadar, não tem mais nada pra fazer aqui – ele assoviou e Jason e Piper, que estavam na água, nos olharam. Acenamos para eles e voltamos pra casa, enquanto eu contava para Percy o que tinha acontecido e sobre o convite.

— Então temos um aniversário mesmo pra ir? Finalmente uma festa que eu saiba o nome do aniversariante e possa levar um presente.

— Está se esquecendo do aniversário de Piper, Cabeça de Alga – retruquei e vi ele abrir o mais malicioso dos sorrisos.

— Ah, mas eu não me esqueci mesmo – revirei os olhos e deitei a cabeça em seu ombro, sentindo ele depositar um rápido beijo em minha testa e passar o braço ao meu redor.

*****************************************************************************

*3ª pessoa

— Annie, já tá quase na hora – Percy bateu na porta e disse do lado de fora.

— Deuses, Percy, entra logo, já tô terminando – Annabeth retrucou e o garoto entrou. – Só preciso me vestir e pôr os sapatos, de resto, já estou pronta.

— Na verdade, não – ela parou a meio caminho do guarda-roupa e o encarou. – Você disse que eu poderia escolher um dia, Chase – ele estendeu a caixa que ela havia lhe dado de aniversário. – E eu escolho hoje.

— Você podia ter avisado antes – ela revirou os olhos e pegou a caixa das mãos dele, começando a tirar as alças do sutiã.

— O que você ...

— O vestido é tomara que caia, Percy – ela deixou as alças de lado e as peças em cima da cama. – Isso quer dizer que ...

— Que as alças não podem aparecer porque iria ficar estranho.

— Tá aprendendo rápido, que fofo – ela beijou-lhe a bochecha. – Agora saia daqui.

— Mas eu ...

— Fora, Jackson! – ela apontou para a porta e, a contragosto, Percy obedeceu. Annabeth tirou as roupas íntimas que vestia por baixo do roupão e colocou o “presente de Percy” no lugar. Pegou o vestido verde-água que havia escolhido (juntamente com Piper) e calçou os saltos. Colocou os brincos de concha que Sally lhe dera e o colar novo, vendo que a pedra e o vestido tinham cores bastante semelhantes. Perguntou a Piper e Hazel onde estavam e as duas confirmaram já estar na festa.

Annabeth pegou seu presente e abriu a porta, vendo Percy parado na escada. Ela tinha que admitir, ele combinava com roupas sociais, mesmo que não fosse um terno. Uma blusa jeans clara dobrada até os cotovelos contrastando com a calça mais escura o deixava com aquele ar de rebelde sem causa, ainda mais com os cabelos meio bagunçados. Ele estava com a câmera no pescoço e parecia ajeitar alguma coisa quando ela fechou a porta, vendo ele encara-la meio abobado, mas ela não estava muito diferente.

— Esse colar fica bem melhor em você do que naquele saquinho – ele segurou a mão da namorada e a girou no lugar. – Permita-me tirar uma foto de vossa senhoria, madame.

— Só se permitir que Helena tire uma de nós dois depois, querido – ele assentiu e tomou distância, fotografando Annabeth algumas vezes. – Vai levar a câmera pro aniversário? – ela perguntou enquanto desciam as escadas.

— Não sei. Devo?

— Haverão fotógrafos por lá, Percy. Qualquer coisa, acho que pode pedir a câmera emprestada e depois buscar as fotos.

— Pode ser – Helena estava quase subindo quando os dois chegaram no primeiro andar.

— Vocês dois estão tão adoráveis – ela disse e Percy lhe estendeu a câmera.

— Tire uma foto nossa antes que Annabeth me mate, Helena, por favor.

Helena riu e tirou algumas fotos dos dois. Annabeth teve que fazer algumas cócegas em Percy até que ele sorrisse, mas ele cooperou no final. Os dois se despediram e deram o endereço para o motorista.

O lado de fora havia sido iluminado com canhões de luzes e a entrada tinha cortinas transparentes prendidas dos lados. Percy e Annabeth entregaram os convites na entrada, deixaram os presentes juntos dos outros e foram procurar os amigos. Eles estavam numa mesa perto da mesa onde ficariam as comidas, o que deixou Percy bastante feliz.

— Por que você acha que escolhi essa mesa? Tô com fome – Piper disse e olhou para trás.

— Onde está Bianca? – Annie perguntou e eles apontaram para algo atrás dos dois. Quando olharam, viram Bianca conversando com algumas outras pessoas em outro ponto do salão e Annabeth puxou Percy até lá.

Eles cumprimentaram a garota, alguns outros conhecidos e voltaram para a mesa. O jantar foi servido, eles cantaram parabéns para Bianca (e Percy só se deu conta de que estava cantando em português no meio da música) e então chegou a hora da valsa e da cerimônia. Annabeth observou Nico levar o salto para Bianca calçar e dançou com ela. Era uma cena bastante inusitada ver Nico valsando e ela não parecia ser a única a pensar isso. Viu que Will parecia um tanto quanto impressionado ao lado de Silena, sorrindo e parecendo prender uma risada alta ao mesmo tempo.

Então todos foram convidados para se juntar ao restante do pessoal na pista e Hazel, Piper e Calipso puxaram os namorados para lá, deixando Percy e Annie sozinhos.

— Você não quer dançar? – ele perguntou e Annabeth deu de ombros, pegando um dos docinhos dali.

— Você ainda está comendo. E nós já vamos dançar música calma daqui a dez dias – ela respondeu e Percy se lembrou que a estreia da peça aconteceria dali a esse tempo.

— Então quer dizer que não quer dançar músicas lentas? – ele sorriu malicioso e Annabeth achou aquilo muito suspeito.

— Percy, o que você ... – ele ficou de pé e andou até o palco, chamando o guitarrista de lado e dizendo alguma coisa. Quando ele voltou com um sorrisinho no rosto e Annabeth viu o cara repassar alguma coisa para os outros, ela cruzou os braços. – O que foi que você fez?

— Você vai ver – ele lhe estendeu a mão e Annabeth a segurou, comendo um último doce antes de seguir Percy para um dos cantos da pista. Então o cantor anunciou que havia um pedido especial feito por um dos convidados e as pessoas aplaudiram. Então, quando ele começou o ritmo de Drunk in Love um pouco mais acústico, Annabeth riu com as mãos no rosto e observou Percy.

— Você é inacreditável – ela disse e colocou as mãos ao redor do pescoço dele.

— É, eu tento na maior parte das vezes – ele deu de ombros e ela lhe beijou a bochecha, voltando a encara-lo depois.

— Você consegue na maior parte das vezes – ela enfatizou. – Como aquilo que disse sobre a ordem e o caos. Eu nunca iria esperar aquilo de você e, eu não sei, mas ... – ela gaguejou um pouco e Percy sabia que, se Annabeth estava gaguejando, era porque não encontrava as palavras certas pra dizer. Então ela respirou fundo e, encarando os olhos brilhantes de Percy, disse quatro palavras que nunca haviam se encontrado juntas em seu dicionário particular. – Eu amo você, Percy.

A primeira reação de Percy, pelo menos em sua mente, era de desmaio e depois alguns rodopios extravagantes, com muitas e muitas exclamações, mas por fora, ele conseguiu apenas encarar Annabeth em silêncio. Quando ela já estava quase se arrependendo de ter dito aquilo, ele começou a puxar sua mão para o lado de fora, indo para um dos lados do salão. Ele parou repentinamente e Annabeth nem o viu de aproximar, só sentiu os lábios dele sob os seus, e depois a parede fria em suas costas.

— Eu achei que ia levar, no mínimo, alguns anos até poder ouvir isso vindo de você – Percy sussurrou quando se separaram, com a testa junta a dela.

— Vou tentar não levar isso pro lado pessoal, claro que não – ela retrucou e Percy a encarou, sorrindo.

— Eu amo você, Annabeth Chase, e sua incrível capacidade de conseguir me surpreender cada vez mais.

— Ok, já decidi – ela disse. – Agora você não fica melhor de boca fechada.

— O que?

— Ou talvez fique – ele balançou a cabeça e no segundo seguinte já estava beijando a garota novamente.

— Eu gostaria muito de poder sair gritando isso por ai, mas sei que iria apanhar se fizesse – Percy disse e Annabeth riu.

— Você pode contar aos seus amigos, mas sem gritar – ele ergueu as mãos e, com os dedos entrelaçados, eles voltaram para o salão. Percy resolveu que, na verdade, ninguém além dos dois precisava saber do que havia acontecido agora a pouco. Ele apenas dançou um pouco mais com Annabeth, não tirando os olhos dos dela nem um segundo.

No final das contas, não foi necessário dizer nada a ninguém. Quem olhava, mesmo que não soubesse da história dos dois, podia perceber que havia um brilho a mais no casal, algo que faiscava entre os olhares e queimava no breve contato entre suas mãos.

*****************************************************************************

*Percy

Helena havia saído a pouco mais de meia hora para ir buscar nossos pais no aeroporto. Annabeth e eu havíamos acabado de chegar do penúltimo ensaio antes da estreia e só tivéramos tempo pra tomar banho antes de escutar a porta ser destravada e a voz de Helena anunciando a chegada de todos.

Corremos para o primeiro andar e os abraçamos, agradecendo por eles estarem ali. Helena pediu a Hermes que fizesse um café para nós e nos levou até a sala de jantar. Jogamos conversa fora por um bom tempo (eu tentando atualizar minha mãe de tempos em tempos, já que seu inglês era bastante fraco) até que Helena segurou minha mão e a de Annabeth ao mesmo tempo.

— Então? Eles já contaram a novidade?

— Helena, falando desse jeito, parece que você quer anunciar uma outra coisa – eu disse e Annabeth riu, vendo Helena pensar por alguns segundos.

— E o que seria essa coisa? – o pai de Annie olhou desconfiado dela para mim, voltando para ela. Então Annabeth me encarou alguns segundos, sorrindo e depois olhando para os pais.

— Percy e eu estamos namorando – ela disse.

— Mesmo? – minha mãe perguntou e sorriu pra gente.

— Mas e a sua promessa? – Athena perguntou para Annabeth e eu traduzi para Helena, já que ela tinha feito em português.

— A promessa só valia se Thalia cumprisse comigo. Ela começou a namorar antes de terminar a faculdade, então eu não tenho necessariamente que cumprir – Athena assentiu e olhou para o marido, voltando a atenção para a filha.

— Bem, então, bem vindo a família, Percy – ela disse e a impressão que eu tive de que ela não gostava de mim foi embora.

— Obrigado, senhora.

— Percy, não podemos demorar pra dormir hoje, temos ensaio amanhã antes da peça.

— Tem razão – fiquei de pé.

— Não vão querer jantar? – Helena nos perguntou e nós negamos ao mesmo tempo.

— Nós comemos no caminho Helena, não se preocupe.

— Peguem os dois colchões de solteiro que estão em meu quarto pra vocês dois e deixem as camas para seus pais – Helena disse.

— Claro – assentimos. Beijei a bochecha de minha mãe, de Helena e, com um pouco de receio, de Athena. Apertei a mão de Frederick, que não tentou quebrar meu braço, e esperei Annabeth terminar de dar um beijo em todo mundo.

Passei o braço por seus ombros e ela abraçou minha cintura enquanto subíamos as escadas e riamos baixinho.

— Aquilo me pegou totalmente de surpresa – ela disse assim que deixou o colchão apoiado em sua cama.

— Não estava pronto para contar pra eles, pelo menos não hoje – ela assentiu e segurou meu braço quando ameacei me virar.

— Eu não estou com nem um pouco cansada – ela disse. – E como não vou poder visitar você hoje nem vice versa – ela puxou os lados de minha blusa até que estivéssemos com os corpos encostados um no outro – podemos ficar na sala até eu ficar com sono?

— Claro, Sabidinha – abracei-a e inspirei o perfume de seus cabelos, o reconhecível cheiro de limão e morango que eu adorava. – Só espere nossos pais subirem e ficarem acomodados, ai você me avisa e nós vamos.

Ela assentiu e encostou os lábios nos meus, mas a porta foi aberta e nós nos separamos.

— A boa notícia é que, se nós não tivéssemos contado, eles saberiam agora – ela disse e eu ri, beijando sua bochecha antes de, meio constrangido, passar entre seus pais e seguir minha mãe até meu próprio quarto.

Abri a porta e minha mãe olhou ao redor, indo até minha cama e parando para observar as fotos.

— Deuses, Percy – ela disse enquanto eu tentava decifrar sua expressão. – Você realmente gosta dela.

— Eu não estaria namorando se não gostasse, né, mãe.

— Você entendeu o que eu quis dizer – ela segurou minha mão. – Você nunca tirou fotos tão bonitas quanto essas.

— A modelo ajudou bastante, se quer saber – ela olhou pra mim, cruzando os braços. – Ok, eu realmente gosto dela, por que está fazendo isso comigo?

— Precisava saber se estava feliz – ela disse e estreitou os olhos. – Ela está nua nessa foto? – segui seus olhos e vi que era uma das fotos de Annabeth coberta apenas pelos lençóis de minha cama, no dia em que ficáramos de verdade pela primeira vez (e estávamos mais bêbados que o Batman, mas ninguém precisava saber).

— Não, claro que não. Ela só tirou as alças da blusa pra ... deuses, você faz de propósito, né?

— Só porque eu te amo – ela riu e me abraçou. – Poderia me dar uma cópia de algumas em que vocês dois estão? Nunca vi você sorrindo tanto.

— Annabeth estava fazendo cócegas na minha barriga na maioria delas – nós rimos e ela pegou algumas coisas em sua mala e foi para o banheiro. Me troquei rapidamente e, em pouco tempo, minha mãe já estava deitada em minha cama, lendo um livro. – Por que Paul e Tyson não vieram?

— Paul não podia vir por causa do trabalho – ela disse.

— Uma pena, sinto falta Tyson. Ele é legal – ela sorriu.

— Ele sente sua falta, não tem quem brinque com ele a noite toda agora.

Sorri e escutei batidas na porta. Disse para a pessoa entrar e Annabeth apareceu, saltitando até minha cama para dar um beijo de boa noite em minha mãe.

— Onde vocês dois vão? – minha mãe colocou o livro de lado e nós nos viramos.

— Annie está ansiosa pra amanhã. Vamos ver um filme e já voltamos, prometo.

— Claro. Boa noite – ela apagou a luz do abajur e se virou, então nós dois saímos.

— E seus pais? – perguntei enquanto descíamos as escadas.

— Minha mãe já dormiu, estava morrendo de sono. Meu pai tá mexendo no computador, mas também estava cansado.

— E você? Nada de sono? – chegamos na sala e nos sentamos.

— Nem um pouco – ela sorriu e ligou a TV, procurando por algo. Ela achou um filme e deixou o controle em cima da mesinha de centro, deitando a cabeça em meu ombro. – Nem acredito que vamos nos apresentar amanhã. Era pra ser uma brincadeira.

— Verdade – eu ri. – Eu só queria tirar algumas fotos e acabei sendo o personagem principal.

Ela também riu e ergueu a cabeça. Então Annabeth apoiou os pés no sofá e, em segundos, estava sentada em meu colo, de frente para mim, se recostando.

— Mas foi divertido, esse tempo todo – ela disse. – O teatro, eu quero dizer.

— Foi mesmo. Mas foi por causa dele que eu briguei com você – ela ergueu a cabeça.

— Mas eu acho que, não fosse por aquela briga, você nunca teria mudado de opinião sobre mim e eu nunca teria mudado sobre você.

— Que opinião você tinha sobre mim? – ela riu.

— Achava que você me odiava, Percy. Até o dia em que pediu pra ficar comigo, achei que você só me suportava por causa dos outros.

— Na época isso poderia até ser verdade, mas ...

— Mas você, de um jeito que eu ainda não sei como concordei, tomou iniciativa e eu vi que você talvez não fosse o que eu pensava.

— Então eu estraguei tudo uma vez – passei a mão por seu rosto e coloquei seus cabelos atrás da orelha.

— É, estragou sim – ela disse. – E eu nunca quis tanto bater numa pessoa, acredite em mim.

— Não é difícil acreditar nisso.

— Mas você me pediu desculpas. Pediu desculpas e ainda se tornou um ótimo amigo – ela sorriu. – Mas então nós estragamos tudo de novo.

— Nós vírgula, foi você quem começou a me embebedar, a dançar em cima de mim e a me levar para os caminhos da perdição.

— Vai reclamar dos meus caminhos da perdição agora, Jackson?

— De jeito nenhum, eu adoro esses caminhos e você sabe disso – ela sorriu orgulhosa e eu a apertei mais em um abraço.

— É, sei sim – ela voltou a se deitar em meu peito e a brincar com a camiseta de meu pijama. – Acho que foi a primeira vez que fiquei feliz de ter estragado tudo, não estou familiarizada com essa sensação.

— Você estragou minha tentativa frustrada de pedir você em namoro, não lembra?

— Você veio do nada e começou a me pressionar, Cabeça de Alga. Sutileza definitivamente nunca vai ser seu nome do meio.

— Olha, me desculpe se eu queria muito namorar você de uma vez – então eu senti ela soltar minha blusa e voltar a se desencostar.

— Está decidido. Eu definitivamente não me arrependo de ter dito que amo você.

— E você dizendo isso é definitivamente minha coisa favorita de ouvir. Bom, depois de uma outra coisinha.

— Que os biscoitos estão prontos?

— Quase – aproximei-me de seu ouvido. – Meu ego prefere mais quando me chama de Jackson, de preferência quando estamos no meu ou no seu quarto. Ou na sala do zelador – aproveitei e mordi o lóbulo de sua orelha, vendo Annabeth corar quando me afastei.

— Pervertido – ela disse e me beijou, passando as mãos entre meus cabelos e grudando o corpo ao meu.

— Você não deveria me beijar assim quando nossos pais estão em casa – eu disse, vendo-a sorrir.

— Então eu também não deveria fazer isso – ela ergueu a própria blusa e a jogou para o lado. – Ou isso – ela desceu a mão até minha bermuda e, maldita seja, passou as unhas por cima, sabendo que ela era fina o suficiente para que qualquer mera atividade ali embaixo me deixasse excitado.

— Annie, não faz isso – deitei a cabeça no encosto do sofá e ela riu, descendo de meu colo. – Espera, você vai obedecer?

— Nós não queremos deixar uma má impressão pros nossos pais, não agora – ela disse e começou a vestir sua blusa.

— Por que você me confunde tanto? – comecei a me inclinar sobre ela.

— Porque é bastante divertido fazer isso – ela encostou nossos lábios e voltou a se deitar.

— Você é má – ela deu de ombros. – E eu amo você por isso.

— Eu sei, Cabeça de Alga – ela sorriu convencida e eu voltei a beija-la. – O que acha de dormirmos aqui?

— O que? Você disse que acha que vai cair no sono agora mesmo e não tem nenhuma maneira de voltar para seu quarto? – ela riu e eu voltei a me sentar. – Acho que terei de ficar aqui com você, já que tem medo de ficar sozinha.

— Você é tão discreto – ajeitei as almofadas e nós nos deitamos, Annabeth encaixando a cabeça na curvatura de meu pescoço.

— Boa noite, Annie – beijei sua cabeça e desliguei a TV, apertando-a ainda mais em meus braços.


Notas Finais




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