História City Of Roses - Capitulo 6

Roseli Honorem

Assim que chegamos em casa, Justin saiu da minha caminhonete e foi para sua casa. A rua estava deserta e o único barulho que podia se ouvir era o das árvores que balançavam de acordo com o vento.

Fui andando até a porta de casa e assim que girei a maçaneta dei um impulso esperando que a porta se abrisse, só que para minha surpresa, ou não, a porta estava trancada, fazendo com que eu batesse a cara na madeira branca.

Depois de mais tentativas falhas de abrir a porta e um pequeno chilique em silêncio, me conformei de que ela estava realmente trancada e que eu não poderia simplesmente quebrar a maçaneta ou Logan iria perceber. 

Andei até um lado da casa e não havia nada que me ajudasse a entrar, fui ao outro lado e encontrei uma pequena cerca que dava entrada para o quintal, como não vi isso antes? Pulei a mesma e logo avistei a janela do meu quarto, olhei uma árvore a minha esquerda e sorri em aprovação. Dei impulso com a ponte de meus dedos e agarrei em um dos galhos da árvore, subi o suficiente e pulei para minha janela.

Minha bota acabou agarrando na janela e me fez rolar no chão do quarto o que fez um enorme barulho assim que eu bati no pé da cama. Levantei com a mão na cabeça que latejava e ajeitei minhas roupas, ouvi um pigarrear atrás de mim. Eu estava completamente ferrada.

Me virei lentamente e vi Logan encostado no batente da porta com as braços cruzados, a cara amassada e um sorriso irônico no rosto.

– Eu estava fazendo exercícios. - disse enquanto fingia me alongar.

– Exercício as cinco horas da manhã?

– Sim. Me empolguei um pouco.

– Você não levantaria cedo nem se a casa estivesse pegando fogo. – fingi indignação. – Bom, aproveitando que não vou ter que gastar meu tempo te acordando, vou voltar a dormir e você pode preparar o café e se aprontar para escola. Está parecendo uma maluca. – disse já se virando para ir embora.

– Já que você tocou nesse assunto, eu tenho mesmo que ir para aula hoje?

– Não.

– Qual foi, você precisa ser tão chat... – eu parei o olhando estranha por um tempo. – Você disse “não”?

– Foi o que saiu da minha boca?

– Foi.

– Desculpa.

– Porque?

– Por que eu menti. – ele começou a rir desesperadamente como se aquilo realmente tivesse alguma graça. – Tinha que ver a sua cara. Você realmente acreditou que eu deixaria você aqui coçando a bunda enquanto eu me fodo com aquelas crianças?

Gentilmente o levei até a porta e bati a mesma em sua cara. Me joguei na cama e olhei o despertador em cima da cômoda, eu tinha exatamente duas horas e meia para dormir o máximo que eu puder.

...

– Acorde. Você precisa acordar. – uma voz que eu conhecia de sonhos passados soou bem perto de mim. – Não há mais tempo para dormir. Querida o tempo está acabando. – era uma voz feminina e tranquila, porém ficava acelerada a cada “tick tack” do despertador. - Você precisa acordar.

– Acordar para o que? – eu pergunto sem mesmo olhar para a pessoa que tentava persistentemente me acordar.

Tick tack

– Você já está atrasada, pode ser tarde demais.

Tick tack

– Tarde demais para que? – eu não conseguia abrir meus olhos, era como se eu só precisasse escutar.

Tick tack

– Precisa entender que eles estão vindo e estão perto demais. Precisa acordar e voltar.

Tick tack

– Voltar para onde?

Tick tack

– Voltar para realidade.

Tick tack

...

O barulho do despertador fez com que eu desse um pulo da cama. Eu estava totalmente ligada, como se houvesse heroína correndo em minhas veias, minha respiração estava descompassada e podia ver pelo espelho que minhas pupilas estavam dilatadas e minhas garras estavam para fora.

A porta se abriu revelando um Logan estressado, provavelmente pelo barulho do despertador que ainda não tinha parado de tocar. Guardei minhas garras e rapidamente desliguei o troço barulhento.

– Já era para você estar pronta. – ele me olhou com uma cara estranha. – Seus batimentos estão rápidos demais, por acaso teve outro sonho daqueles? - eu apenas concordei e ele se aproximou.

– Ela disse que... – eu não conseguia processar mas sabia que era ruim o que estava por vir.

– O que? O que ela disse? Precisa me dizer.

– Ela disse que eles estão vindo e que estão perto. – Logan fingia não estar assustado, mas eu sabia a verdade.

– Isso não é bom, não é nada bom. – ele começou a andar de um lado para o outro com as mãos nos cabelos.

– Quem são “eles”?

– Vá para escola e tome cuidado. Diga ao diretor que estou doente e não vou poder dar aulas hoje. – ele se aproximou de mim, colocou as mão em meu rosto e olhou nos meus olhos. – Não confie em ninguém.

Logan saiu apressado e pela porta pude o ver entrando em seu quarto. Depois de alguns segundos tentando assimilar, fui em direção a porta de seu quarto e comecei a bater e gritar seu nome, ele abriu a porta já vestido normalmente e passando por mim sem me olhar. Desceu as escadas correndo e eu pulei do segundo para o primeiro andar parando bem a sua frente o impedindo de sair.   

– Você precisa me dizer o que está acontecendo.

– Já disse o que você tem que fazer, apenas me obedeça. – o olhei incrédula.

– Pessoas estão vindo atrás da gente, quer realmente que eu fique em casa ou vá para escola sem saber o que está acontecendo? 

– É mais complicado do que você pensa. – ele estava visivelmente alterado. – Você é esperta o bastante para compreender que se eu falar alguma coisa agora as coisas podem piorar. Só espere eu chegar e eu contarei tudo que quiser saber.

Logan passou por mim e saiu de casa. Eu teria que ir para escola como Logan mandou e depois voltaria para casa e esperaria por ele. Isso não vai mesmo acontecer.

Me apressei em pegar as coisas e logo já estava na caminhonete. Chegando no colégio já não se via mas ninguém, exceto pelos expectores que rondavam a escola em busca de alunos que queriam matar aula. Comuniquei meu atraso a um deles que logo me deixaram entrar, fui em direção a sala do diretor e não havia ninguém por lá, corri pelos corredores olhando os vidros das portas das salas a procura de Justin e nada, estava à beira de surtar quando alguém coloca as mãos nos meus ombros e eu viro rapidamente passando meus pés sobre as pernas de Justin o fazendo cair no chão.

– O que está fazendo aqui? Você me assustou, deveria estar na sala.

– Eu fui ao banheiro, costumo fazer isso algumas vezes ao dia sabe, e a propósito, obrigado por perguntar se eu estou bem. – disse enquanto se levantava.

– Bom, você está de pé e falando perfeitamente, acho que está bem. – ele me olhou sério revirando os olhos. – Não tenho tempo, preciso de você.

– Estamos em aula. – eu levantei uma sobrancelha. – Tudo bem, vamos. – eu ia começar a andar quando ele me parou. – Para onde vamos para ser mais exato?

– Isso realmente faz diferença?

– Na verdade... não, mas você me assusta, então caso me sequestre preciso saber para onde vamos.

– Para biblioteca municipal mais próxima descobrir qualquer coisa sobre o passado dos Honorem.

– Mas você é uma Honorem, certo? – eu assenti. – E quem disse que você tem um passado tão importante para se estar em algum livro?

 – Todos nós temos passados importantes. – joguei as chaves da caminhonete em suas mãos e ele as agarrou. – Você dirige hoje.