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História Clichê - Capítulo 3


Escrita por: fuckjergui

Notas do Autor


Eu espero que gostem desse capítulo. A próxima semana será um pouco agitada com a minha volta às aulas mas assim que eu tiver qualquer tempinho livre venho atualizar.

Capítulo 3 - Capítulo 3


“Hey hey girl!”

Foi a mensagem que estava em meu celular assim que o peguei, eu havia lembrado da menina de olhos verdes do Starbucks falando exatamente essas palavras quando eu havia pedido para sentar no lugar vago na mesa. Eu estava tentando não transparecer o quão ansiosa e feliz havia ficado por ter recebido essa mensagem, mas era impossível já que eu estava quase pulando no mesmo lugar junto com Normani e Dinah.

--- É ela? – Mani perguntou pulando e já querendo mexer no celular para abrir a foto.

--- Calma eu ainda nem respondi. – Comecei a roer minha unha de nervoso – Ok, o que eu respondo?

Dinah soltou uma gargalhada enquanto se juntava atrás de mim para ver o que ela havia mandado e me ajudar a pensar na resposta.

--- Manda a mesma coisa, não sei.

Eu passava os polegares sobre a tela do celular sem digitar nenhuma mensagem, pensando no que responder, decidindo por mandar apenas um “Hey girl! ”.

Agora era só esperar e enquanto eu fazia isso as meninas tomaram de minha mão já clicando na foto de perfil de Lauren, não perdendo a oportunidade de enfiar a cara no meio para ver como ela estava.

Lauren tinha deixado seus cabelos presos em um coque, uma mexa caía sobre seu rosto que estava abaixado escrevendo em um caderno, suas roupas todas pretas contrastavam com a pele extremamente branca da menina.

--- Wow! Ela parece ser realmente linda – DJ exclamou assim que viu o celular. – Eu não sei, parece que eu conheço ela de algum lugar, o que você acha Mani?

--- Você a conhece e não me apresentou? E nossa... sério, ela não só parece linda, ela é linda. – Eu sorri olhando um pouco mais para a imagem, até sentir o celular vibrar mais uma vez, era ela me respondendo.

“Espero que não tenha esquecido de mim kkk sou a menina do Starbucks... a Lauren”

Por um segundo a imaginei um pouco sem jeito, mesmo em todo momento ela ter se demonstrado a pessoa mais autoconfiante que conhecia, porém, a cena dela toda envergonhada que eu criei em minha cabeça era fofa demais para eu relevar.

“Como poderia esquecer? Você me salvou de uma queimadura séria”

Eu não podia prever que conversar com Lauren seria tão bom e tão tranquilo ao mesmo tempo, sem um peso normal que muitas conversas têm quando se começam. Sentada com minhas amigas e comendo minha pizza de banana com canela eu comecei a rir de uma piada que Lauren havia feito sobre engasgar e quase que eu acabei engasgando.

--- Você ta achando o mesmo que eu? – Dinah sussurrou para a namorada e eu acabei ouvindo.

--- Aham, só espero que no final isso tudo acabe bem porque olha como ela está felizinha. – Normani a respondeu e eu fingi que não havia escutado ficando apenas com um sorriso em meu rosto.

“Mas então Camila, me diga, além de ser modelo o que mais você faz?” Lauren soltou isso e eu nunca fiquei tão vermelha na minha vida, ela havia acabado de me chamar de bonita sem nem me preparar para tamanho tombo.

Bebi um longo gole do meu refrigerante percebendo que 2 pares de olhos me encaravam, com certeza perceberam que eu tinha ficado envergonhada. Já estava imaginando a série de perguntas, quando só senti meu celular escapar de minha mão e Normani ler em voz alta a última mensagem de Lauren.

--- Essa menina é um gênio, já pode marcar de namorar.

--- Dinah! Eu não sou assim, você sabe... – bufei tentando esconder a vermelhidão em minhas bochechas que haviam voltado pelo momento constrangedor.

--- Mila, está na cara que ela gostou de você então não pensa demais dessa vez, só vai. – Mani comentou olhando cúmplice para a namorada.

Ao dizer isso minha mente voou até meu último relacionamento, em todas as coisas ruins que eu havia passado por simplesmente ter me jogado de cabeça, e decidi que agora eu iria ser mais racional que normalmente, isso se eu conseguisse manter um pouco de sanidade.

--- Anda, responde sua mulher, ela está esperando, e vê se não me envergonha e dá uma resposta à altura.

Sorri já pegando meu celular de volta e teclando uma resposta a Lauren.

“De modelo eu acho que não tenho nada não, mas de advogada eu tenho um pouco. E você, de qual filme da Disney saiu?”

            Sorri ao mandar a mensagem fazendo como Dinah tinha falado e não me surpreendi ao vê-las me encararem curiosas, não pensei duas vezes antes de mostrar a mensagem para as duas.

            --- Essa é nossa garota – elas bateram as mãos felizes – Vê se marca logo para beijar essa menina, não enrola não, hein.

            --- Não vou enrolar DJ, fica tranquila.

            O filme que estava rolando na televisão já nem importava mais para mim, isso porque eu havia percebido que Normani colocou no Megarromântico para passar na Netflix enquanto eu mexia no celular.

            “Fico lisonjeada por ter me chamado de princesa, mas não sou nenhuma não, estou mais para a pessoa que escreve as histórias delas, doutora.” Lauren me impressionou mais uma vez, uma escritora, quem diria.

            “Meu deus você é escritora mesmo? Um dia eu vou querer ler algo seu...”

            “Te mostro o que quiser, com todo prazer.”

            Passamos mais um tempo conversando para eu saber um pouco da vida de Lauren, ela era escritora, tinha 26 anos, ou seja, só um ano mais velha do que eu, veio de Miami mas fez faculdade em Harvard de administração. Não era muito, mas já era o bastante para saber que ela era muito inteligente além de linda.

            Contei um pouco de minha história para ela também que consistia em sempre morar em Nova York, fazer Direito na Yale e abrir meu próprio escritório de advocacia depois, ela ficou um pouco assustada por eu já ter meu escritório tão nova e ele ser um bom escritório, mas tudo demandou muito esforço meu e de minha amiga para que desse certo, além de todo o trabalho duro.

            “Agora a perguntar que não quer calar... Vai fazer algo amanhã à tarde?”

            “Nada programada, por que?” Perguntei ansiando para ela chamar para fazer algo.

            “Vou estar livre, então se quiser sair um pouco...”

            “Tô dentro, afinal ainda estou te devendo um café com leite.”

            “Pensei em algo um pouco mais ao ar livre, o que acha?” Eu me animei com a ideia, a rotina de escritório-casa me fazia sentir falta de um pouco das cores já que tudo basicamente ao meu redor durante o trajeto era tão cinza.

            “Eu acho perfeito.”

            “Amanhã às 14 no Central Park perto da barraquinha de cachorro quente do Joe, pode ser?” A menina dos olhos verdes perguntou e antes de eu a responder ela mandou outra mensagem: “Não precisa se preocupar com nada...”

            “Mas Lauren, eu que estou te devendo um café e você vai comprar as coisas por mim? Nada disso” eu rebati sua proposta e completei “Perto da barraquinha do Joe tá ótimo pra mim.”

            “Camz, vamos fazer o seguinte, você leva o café e eu levo o que eu to planejando, ok?”

            Sorri ao ver que ela havia me dado um apelido com tão pouco tempo de conhecidas, e um apelido muito fofo, diga-se de passagem, todos sempre me chamavam de Mila, e também havia o “Kaki”, apelido dado pela minha irmã mais nova, que acabou pegando e toda minha família basicamente só me chama assim.

            “Mas Laur... Eu nem sei qual é o terceiro ingrediente daquele seu café com leite maravilhoso.”

            “Não se preocupa que isso eu levo e te mostro o segredinho da minha família. Estamos combinadas?”

            “Estamos.”

            Conversei mais um pouco sobre banalidades com ela e logo fui deitar acompanhada de minhas duas amigas que se jogaram na minha cama comigo. Caso fosse uma cama normal eu até reclamaria e as colocaria para fora, mas a cama que eu havia comprado era grande suficiente para umas 5 pessoas, gostava demais de espaço já que eu era mestra em rolar e ter sonos inquietos. No fim, dormir com as duas era uma tarefa fácil e nada desconfortável, Mani deitava no meio e enquanto recebia carinho da namorada me fazia um cafuné que era tão bom e calmante ao mesmo tempo.

            O sono chegou tão rápido que eu nem percebi em qual momento deixei de ouvir o que Normani falava sobre suas futuras apresentações na Broadway para só lembrar vagamente de um sonho muito comum que eu sempre tinha que era com minha família, e sempre que o tinha e lembrava eu acordava já ligando para meus pais indo marcar uma visita a eles.

***

            Luna resmungava enquanto minhas amigas usavam o liquidificador para a vitamina delas, o barulho alto a incomodava e assustava um pouco, tanto que a vi correndo direto para sua caminha e deitando lá cabisbaixa.

            Com o telefone em meus ouvidos eu falava com minha mãe sobre ir vê-los amanhã em nossa casa no Queens, como sempre o almoço de domingo era tradição de se reunir só que ultimamente eu não tenho dada a atenção necessária à minha família como eu deveria. Pude ouvir uma gritaria em espanhol entre provavelmente minha mãe e minha irmã, mas logo ouvi a voz de Sofia no telefone.

            --- Kaki, você precisa vir me ajudar! Mamãe está surtando com meus quinces, eu não quero nada grande e louco como ela tá fazendo.

            Eu ri lembrando o quão importante era a tradição dos quinces na nossa família cubana, o meu foi uma grande festa e um pouco diferente da tradicional, e era isso que minha irmã queria, mas provavelmente minha abuela e mamá estavam fazendo a cabeça da menina para a tradicional na época delas.

            --- Filha, não escuta sua irmã ela não sabe o que está falando – minha mãe pegou de volta o telefone expulsando minha irmã da conversa comigo, coisa que eu nem tive tempo de responder, e no momento que minha mãe ficou sem falar ouvi Sofi gritando por trás:

“Te ódio! Ay... no me escuchas!”

--- Eu vou conversar com ela, pode deixar mamãe. Agora eu preciso ir, manda um beijo para o papai e abuela por mim, amanhã eu tô aí. Aliás, preciso levar alguma coisa para o almoço? – Perguntei pensando no que levar para mimar um pouco minha irmã que assim como eu era fã de chocolate.

--- Você sabe o que eu quero que traga para o almoço... – minha mãe se referia uma namorada, era sempre isso desde que eu tinha decidido morar sozinha.

--- Torta de chocolate, então. Tchau mãe, te quiero – pude ouvir sua risada ao telefone o que me deixou com um sorriso em meu rosto também antes de desligar.

Segui para a cozinha vendo a bagunça que minhas amigas tinham feito, mas ao invés de brigar eu só sorri e fui tomar café da manhã com elas que estavam animadas já que Normani havia conseguido o papel principal numa peça.

Mani sempre foi desde criança muito envolvida com a dança e o canto, tanto que seu sonho sempre foi estar na Broadway fazendo o que gosta, mas ela lutou muito para chegar onde está agora. Na sua graduação ela aparecia muitas vezes exausta e com os pés em carne viva de tanta bolha que dava ao treinar sem intervalos, e isso sempre nos deixou muito preocupada, mas agora que podemos ver seu esforço recompensado ficamos muito felizes. Hoje ela iria junto com Dinah assinar os papéis de seu contrato, como sempre fazíamos toda a análise minuciosa de cada contrato que ela assinava.

Dinah estava babando um pouco na namorada, a mimando depois de saber que ela tinha conseguido o papel que sonhava fazia meses e tinha treinado muito.

--- Quando é a estreia, Mani? – Perguntei pegando algumas coisas para eu comer além do meu inseparável café.

--- Daqui a 3 meses, Mila. Segunda já começam os ensaios e está pra ser um musical bem grande pelo que eu vi. – Ela sorriu toda orgulhosa de estar fazendo parte daquilo.

--- Você vai arrasar como sempre, e só para lembrar, quero ingressos para a primeira fila na estreia.

Ela assentiu enquanto DJ a puxou e deixou um beijo estalado em sua bochecha, ela transbordava orgulho de sua garota.

A manhã foi passando enquanto conversávamos e brincávamos umas com as outras, quando eu percebi já eram mais de meio-dia e as meninas foram fazer o almoço. Eu estava extremamente nervosa agora que havia parado para pensar no encontro com Lauren, ela havia mandado mensagem mais cedo de bom dia e confirmando no Central Park mais tarde. Não poderia esquecer a cara das meninas de felicidade ao saber que eu sairia com ela ainda mais para o lugar que ela havia escolhido.

Dinah e Mani criavam diversas histórias em suas cabeças sobre o encontro cada um mais frufru que o outro.

--- Eu aposto 20 reais que ela vai fazer um piquenique – Mani suspirou sonhadora, mas seus olhos estavam em chamas querendo apostar.

--- Ah, não vale amor. A gente tinha falado juntas do piquenique... – Dinah fez um bico que Normani não resistiu indo de encontro a namorada a abraçando e dando um selinho para tirar aquele bico que havia feito.

--- Aff, vocês duas são muito melosas, credo. – Reclamei enquanto me arrumava.

Não demorei muito ao me arrumar, como era a tarde e no Central Park peguei uma roupa mais leve e confortável, nada de vestidos ou jeans, e por estarmos no outono, o frio já mostrava sua cara, então preferi colocar uma calça preta de algodão que se ajustava em meu corpo de forma a não ficar tão presa quanto o jeans, coloquei minha blusa cinza que tinha David Bowie escrito na frente e peguei um casaco de flanela levando-o na mão.

A ideia de me atrasar martelava em minha cabeça me deixando paranoica, mesmo ainda sendo 13 horas eu não conseguia controlar a ansiedade, fazer intermináveis rotas e pensando em todas as desculpas possíveis caso me atrasasse. Já estava quase pronta e louca para sair de casa enquanto isso andava de um lado para o outro em casa enquanto minhas amigas me analisavam, desde o momento que saí do quarto buscando meu All Star preto favorito que estava guardado perto da lavanderia, até a hora que eu decidi sentar no sofá para calçá-los.

— Caramba Mila, você tá uma sapatão gostosa para caralho!

Ouvi as meninas elogiarem enquanto só sorri amarelo, eu definitivamente estava muito nervosa. Até ato de calçar meu tênis nunca foi tão demorado, pelo menos em minha cabeça, tudo parecia estar em câmera lenta. Segui para meu quarto mais uma vez passando perfume levemente, pegando minha carteira e meu celular. Assim que saí parei na porta entre meu quarto e a sala hesitando um pouco antes de sair finalmente de casa. Minhas amigas saíram junto comigo, elas iriam para o Lincoln Center assinar o contrato de Normani. Depois de receber muitos elogios, mesmo não achando isso tudo que elas falavam, descemos pelo o elevador comigo um pouco aérea de tudo tanto que nem ouvi o que as meninas falavam ou percebi que tínhamos chegado no térreo

— Mila, fica calma. Vai dar tudo certo, deixa o celular ligado e eu vou te monitorar, se algo der errado você me manda mensagem que eu te busco na hora, tá bom? — Dinah disse com a voz mais doce e preocupada do mundo enquanto ela deixava um beijo em minha testa — De resto é só juízo, vai ser tranquilo e mostra pra essa branquela o poder latino dessa sua bunda! — Recebi um tapa em minha bunda, não segurei o riso e passei a mão onde havia recebido fingindo que estava dolorido.

Depois de nos despedirmos rapidamente, seguimos em caminhos contrários, O bom de morar no West Side era a proximidade que eu tinha de tudo, da Quinta Avenida, Central Park e felizmente, o Starbucks, que foi para onde eu caminhei rapidamente. Chegando lá, como sempre estava um pouco cheio e a fila estava razoavelmente grande o que já me fez voltar com a ansiedade. Faltavam menos de 20 minutos para encontrar com Lauren e eu não tinha comprado os cafés e ainda tinha uns minutos longos de caminhada.

A fila milagrosamente andou rápido o suficiente para eu fazer os pedidos e esperar o moço preparar dois cafés com leites médios que a menina de olhos verdes tinha tanto falado. Recebi os dois copos com o suporte embaixo que ajudaria a carregar melhor sem que eu queimasse minha mão, a caminhada apesar de rápida deixou meu coração estranhamente acelerado, coisa que aumentou ainda mais os batimentos ao ver perto da barraquinha de cachorro quente do Joe, o meu encontro.

Lauren não aparentava nervosismo algum tirando que ela digitava rapidamente em seu celular, ela parecia a pessoa mais calma no mundo, mostrando toda a serenidade possível com uma calça preta rasgada, uma camiseta branca do The 1975, uma jaqueta de couro toda preta. Ai Camila, você se meteu com uma badgirl, é isso mesmo? Perguntei para mim mesma já me aproximando dela vendo que faltavam apenas 2 minutos para as 14 horas.

Enquanto me aproximava ela tirou os olhos que estavam grudados na tela do celular e olhou para mim dando um sorriso lindo que poderia facilmente arrancar o fôlego de qualquer um que passasse por ali naquele momento.

A distância foi se encurtando a medida que eu me aproximava de Lauren e aquele maldito sorriso que parecia um ímã.

--- Hey hey girl! – mais uma vez ela disse aquelas três singelas palavras que eu achava encantador quando faladas por Lauren.

--- Oi – respondi um pouco tímida ainda, e logo sentindo os braços dela me envolver em um abraço rápido.

Aquilo foi inesperado. Eu havia repassado em minha mente as mil maneiras que poderia acontecer na hora de nos cumprimentar, mas eu imaginava que seria com um aperto de mãos, me surpreendendo mais uma vez com a menina de olhos verdes.

--- Oh! Desculpa, rápido demais? – Lauren perguntou e pela primeira vez eu a vi ficar vermelha. – É que minha família é latina e a gente tem a mania de cumprimentar com abraços e tudo mais...

--- Eu entendo, minha família também é latina, na verdade eu nasci em Cuba, só que acabei vindo pra cá muito nova. E não se preocupa, eu... gostei – sorri tentando acalmá-la e pelo visto deu certo já que ela soltou um suspiro de alívio.

--- Cubana, então? Meus avós vieram de lá quando bem novos, logo quando Castro tomou o poder. – Não contive um sorriso, é bom ter pessoas que entendem um pouco a sua realidade e a de sua família – Então, vamos?

Eu assenti e a vi tirando a chave do carro do bolso apertando o botão para que o porta malas se abrisse. Assim que me virei notei um carro lindo, um Toyota Prius estacionado, ele era de um cinza bem escuro, beirando a preto. Aquele era um dos melhores carros vendidos ultimamente por funcionar a eletricidade além de gasolina, era um sonho de carro e aquele parecia que tinha acabado ser comprado, não havia uma mancha de sujeira no para-brisa.

A observei pegar uma cesta num tamanho não muito grande e um pequeno cooler, é Normani teria ganhado a aposta, aquilo definitivamente seria um piquenique. Vi Lauren se atrapalhar um pouco para fechar o porta-malas e fui em sua direção fechando por ela.

--- Espero que goste de piquenique e das coisas que eu comprei porque eu só tive um pouco de conversa com você e não deu pra descobrir suas coisas favoritas nesse meio tempo – Lauren tinha a carinha um pouco para baixo, com certeza escondendo um pouco sua vergonha, mas isso fez com que seus cabelos caíssem um pouco em seu rosto, e assim que ela levantou o rosto eu levantei minha mão indo em direção a seu rosto para a ajeitar aquela mecha rebelde, só que parei no meio do caminho observando seus movimentos ao ajeitar seu cabelo o jogando para a direita a franja.

Ela me olhou com um pouco de confusão e eu devolvi o olhar só percebendo que minha mão estava no ar perto de seu rosto, sorriso que ela deu quando me viu corar foi reconfortante, mas percebi sua pequena timidez, e ali eu me encontrava a mulher que aparentava ser a maior badgirl de Nova York, que se mesclava muito com a pessoa mais fofa desse mundo sem dúvida alguma.

Ofereci para ajudar a levar uma das coisas, mas ela negou enquanto caminhávamos até a parte perto dos lagos bem próximo a uma árvore grande que deixava uma sombra boa na grama. O piquenique era totalmente clichê, até a toalha quadriculada ela havia trago e colocado no chão.

--- Ok, trouxe o café com leite? – Assenti mostrando a ela – Agora fecha os olhos.

--- Mas Laur... – reclamei como se houvesse chance de vencer a batalha, não tardando a fechar meus olhos.

A ouvi mexendo provavelmente na cesta e depois tirando da minha mão os dois copos que estavam comigo. Não demorou muito e ela colocou um de volta em minha mão pedindo para que eu experimentasse.

O gosto não era o mesmo do outro dia, parecia muito mais apenas café com leite normal do que o que Lauren tinha me oferecido.

--- Isso é café com leite normal, qual é o segredo? Não me diz que é amor porque essa desculpa não vai colar comigo – ela riu me oferecendo o outro copo que eu prontamente tomei um gole tendo a nostalgia do real café com leite que ela havia me oferecido – Tá bom, qual é o truque?

--- Canela – eu franzi a testa e ela riu – e Chantilly, estes são os ingredientes “especiais”, não tem nada demais.

--- Eu esperava algo mais grandioso do que uma simples canela com chantilly. – Eu disse voltando a beber do meu.

--- Às vezes as melhores coisas estão nos menores detalhes, Camz. A canela apesar de pura não ser tão saborosa, quando misturada no café e no leite tem o poder de mudar o gosto amargo, deixando mais encorpado, já o chantilly é bem pouco só para adoçar, assim como tudo na vida, nada em excesso é bom ou tudo que às vezes parece ruim de certa forma, quando olhamos de outra perspectiva, aquilo nos muda para melhor.

Acho que eu deveria começar a me acostumar com esse lado meio poético por assim dizer de Lauren, afinal o que esperar de uma pessoa que é escritora.

--- Isso foi... wow, como fazer uma analogia tão fácil com um simples café com leite. Não esperava menos de uma escritora.

Lauren riu e foi mexer na cesta que tinha trago com as coisas, ela hesitou um pouco nervosa ao ir tirando aos poucos, item por item, mal sabia que tudo que ela tirava de lá eu gostava. Acho que havia acabado tudo e ela foi olhando para ver se não faltava nada, tinha Nutella, mel, morango, banana, cookies, um brownie que tinha uma cara deliciosa, mini pãezinhos e uma patê que parecia que se passa no pão. Ela me olhava com certa expectativa e para não deixá-la sofrendo mais eu abri um sorriso.

--- Eu adoro tudo que está aqui, Lauren. Não se preocupa – o suspiro de alívio foi tão alto que eu consegui ouvir.

--- Eu não sabia o que trazer então trouxe algumas coisas universais tipo Nutella e morango, outras eu lembrei um pouco de ontem.

A vi pegando um morango tão bonito e o passando na Nutella que automaticamente me deu água na boca. Aquela cena ficaria eternizada em minha memória, o jeito que ela fechou os olhos ao comer o morango, a satisfação sendo expressa num suspiro baixo e o canto de sua boca que havia ficado com um resquício de Nutella que eu particularmente adoraria tirar.

--- Pode comer, Camz – Lauren me fez despertar do transe que eu me encontrava indo direto para os pedaços picados de banana.

– O que te fez lembrar que você comprou hoje?

--- Sua capinha do celular é de banana e você estava comendo cookies e brownies. Foi mais um palpite mesmo.

Fiquei surpresa por saber que ela tinha prestado tanta atenção em tão pouco tempo que conversamos ontem, se aquilo pode ser chamado de conversa, já que havia sido basicamente eu passando vergonha.

--- Eu trouxe café, toddynho e refrigerante também, é só pedir que eu pego pra você.

            Um ponto a mais para Lauren, havia trago as três coisas que eu mais sou viciada no mundo, primeiro café que eu não consigo largar desde quando entrei na faculdade, Toddynho que era a segunda coisa que eu mais bebia quando não tinha café ou só tinha a minha preguiça e falta de vontade, e por fim refrigerante que era um vício mas eu já tinha diminuído bastante, considerando que uns anos atrás eu bebia todos os dias, como se fosse água.

            --- Só tomo café ser for um legítimo cubano, hein.

            --- Pode ter certeza, que este é. – ela tinha um sorriso tão genuíno que seus olhos brilhavam deixando todo o verde ainda mais clarinho.

            --- Falando em Cuba, minha irmã vai ter o quinces dela em alguns meses e já colocou a família toda desesperada por conta disso.

            --- Eu entendo ela, nos meus quinces minha abuelita quase morreu do coração ao me ver preferindo ir de um terninho ao invés daquele vestido horrível tipo de noiva – eu ri acompanhada de Lauren, os vestidos eram sem sombra de dúvidas nossos maiores inimigos – Na época eu tinha acabado de me assumir pra família, tinha um clima meio sombrio, mas todos, sem exceção, me apoiaram.

            --- Meus quinces foi menos tradicional, minha família tinha pouco tempo desde que tinham chegado aqui e minha irmã era bem novinha, foi mais simples, mas pelo menos o vestido minha mãe fez com que ficasse a minha cara.

            Ficamos conversando por horas, sobre tudo, desde nossa família em Cuba, até sobre a cidade de Nova York. O tempo com ela passava voando e eu não percebi em momento algum, o relógio já marcava quase cinco horas da tarde e eu só queria ficar ali para sempre.

            Lauren comentava sobre como seu cachorro era brincalhão e como ele tinha mania de pular em cima dela e toda vez que ela deitava, ele deitava perto mas com o bumbum virado exatamente para a cara dela.

            --- Seu cachorro é surreal, nunca que Luna fez isso comigo. Ela costuma arranhar a porta do banheiro quando eu vou tomar banho. Qual o nome do seu?

            --- Meu pequeno se chama Sun, ele é filhote ainda, deve ter só um ano. – Laur disse sendo a mãe mais orgulhosa desse mundo. – A sua é Luna, né? Quantos anos?

            --- Um ano e meio que vai fazer mês que vem, meus pais me deram porque eu fico muito sozinha.

            Depois de mostrar as fotos que tínhamos com nossos cachorros, Lauren se espantou um pouco com a hora e foi juntando as coisas.

            --- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei confusa, estava sendo tão bom aquele tempo com ela.

            --- Não, Camz. Está tudo bem, é que eu perdi a hora e estou com medo de me atrasar para onde eu quero te levar agora.

            --- Que? Tem outro lugar? Para onde a gente vai? – fui a ajudando recolher tudo com o coração voltando a pulsar por toda a ansiedade que eu já tinha.

            Lauren que estava de costas para mim, se virou levemente, olhando por cima de seu ombro e dando o sorriso mais lindo que poderia dar.

            --- Surpresa, Camz...

 



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