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História Clocks - Cheesecake e problemas de casais


Escrita por: versoacabado

Notas do Autor


Oláaa, gente bonita! Todo mundo bem? Espero que sim!
Cheguei com atualização! Tentando manter Clocks com atualizações semanais, mas não sei se vai dar sempre. Esse capítulo 8 não queria sair de jeito nenhum, fiquei matutando ele por umas quatro noites e só ficou pronto hoje.

Fiquei toda boba com os comentários do capítulo anterior, obrigada ;_;
A todos que comentaram, favoritaram e visualizaram, um cheiro no cangote!

Nos vemos no próximo!

Capítulo 8 - Cheesecake e problemas de casais


[Ruki POV]

 

Acabei trocando mensagens com Reita até 2h da manhã.

Ele me contou sobre outro lugar estranho que ele descobriu onde vendiam esse tal de sorvete de cerveja, mas ele ainda não tivera coragem de provar. Pelo visto lugares estranhos com sorvetes misteriosos eram uma coisa comum na vida do modelo.

Combinamos de tentar ir nesse lugar durante a semana, se os horários permitissem. Mesmo eu não tendo perguntado, não querendo ser enxerido ou algo do tipo, ele me explicou que esse fim de semana ele estava ocupado até o pescoço com ensaios e outras coisas do trabalho de modelo dele, por isso ele nem tinha como fazer nada.

Achei adorável como ele parecia estar tentando fazer nosso próximo “encontro” ser o mais rápido possível.

Não achei que fosse possível ficar tanto tempo trocando mensagens de celular assim com alguém, mas nenhum de nós parecia querer parar de responder. Com relutância, eu que acabei cortando a conversa, pois ele disse que tinha um trabalho de manhã que começava às 8h30 e eu não queria que ele chegasse acabado lá por minha culpa.

Suas últimas mensagens foram:

 

[Reita 02h13

Vamos nos falando, sobre o próximo sorvete.

Dorme bem :) ]

 

[Reita 02h14

P.S: Só sei usar essa carinha :). Depois me ensina como coloca esses bonitinhos que você usa!]

 

Adormeci com um sorriso bobo no rosto.

 

 

Acordei por volta das 9h e depois de fazer um café e passear com Koron, decidi trabalhar um pouco para compensar a sexta-feira que fiquei parado à toa. Eu havia trazido do estúdio duas das peças que estava fazendo para o ensaio da REDO, que teria um total de seis roupas diferentes. Eu estava com meio caminho andado, já tinha tirado o molde e feito os cortes de quase todas, e estava na fase de fazer a costura inicial. Havia trazido para casa as duas que estavam mais atrasadas com relação ao conjunto, e fiquei trabalhando nelas até umas 14h00, parando apenas porque estava com fome.

Estava com preguiça de cozinhar e de ter dignidade na vida, então só esquentei o que havia sobrado da comida que preparei no dia anterior e fui me sentar na frente do sofá em busca de algum programa ruim para assistir. Será que de sábado passavam a continuação daquele drama ridículo que eu havia assistido ontem? Até que ficara curioso para saber o desenrolar da trama.

Mas acabei nem prestando atenção no que estava assistindo, minha cabeça cheia de outros pensamentos, a maioria a respeito de trabalho. Que material eu ia usar para os brincos que eu havia desenhado para uma coleção nova na Black Moral, se eu ia lançar só brincos ou alguma outra joia. As roupas nas quais eu trabalhara a manhã inteira e não estavam saindo exatamente como eu queria, e talvez eu precisasse pedir para Reita vir tirar algumas outras medidas para que eu pudesse corrigir o que estava errado.   

Falando no modelo, óbvio que ele era a outra coisa que estava ocupando minha cabeça. Tentava me concentrar no que estava fazendo, mas ele não parava de aparecer na minha mente. Seus sorrisos, suas gentilezas, suas mensagens adoráveis... Seu corpo maravilhoso já tinha descido na lista nas coisas que eu achava mais atrativas nele, e aquilo era surreal. Só um encontro com ele já tinha me deixado assim, se as coisas continuassem dessa forma...

De todo modo, eu realmente precisava de Reita pra poder continuar mexendo naquelas peças do ensaio da REDO, então como quem não quer nada, depois que terminei de almoçar, peguei meu celular e mandei a seguinte mensagem para ele:

 

[Ruki 14h27

Boa tarde!

Desculpa se estiver incomodando! Mas você tem algum horário livre ainda essa semana?

Preciso que você faça uma prova de algumas peças do ensaio, eu acho que fiz alguma coisa errada e preciso tirar algumas medidas de novo 。゚(゚´ω`゚)゚。 SOS]

 

Não era só uma desculpa para falar com ele. Claro que não. Eu precisava realmente tirar as medidas para corrigir o erro. Isso acabar sendo uma desculpa para falar com ele era apenas um bônus.

Levantei do sofá, me preparando para ir deixar o prato sujo na cozinha mas o celular apitou o recebimento de uma mensagem bem nesse momento. Abandonei o prato de novo na mesa de centro e peguei o aparelho rapidamente, mas era só uma mensagem de Uruha.

 

[Uruha 14h29

Rukinho!

Voltamos de Hakone agora. Yuu vai se arrumar pra ir dar aula daqui a pouco, quer vir aqui em casa? Trouxemos omiyage[1] pra você :D]

 

Comecei a digitar uma resposta para Uruha, achando graça nele pedir para eu ir lá estrategicamente na hora em que Aoi não estaria em casa. Estava escrevendo qualquer coisa sobre “fugir do diabo” quando o celular vibrou de novo em minha mão, logo surgindo a notificação do recebimento de outra mensagem – dessa vez era Reita.

Abandonei a mensagem que estava escrevendo para Uruha e abri logo a do modelo. Não que eu estivesse ansioso esperando por ela ou nada do tipo, eu só precisava saber as coisas do trabalho, não é mesmo?

 

[Reita 14h30

Você não me incomoda :)

Hoje e amanhã está complicado, mas segunda eu consigo na parte da noite. Fica ruim pra você? Não vai te atrasar muito?

Se eu demorar pra responder é porque tô entrando na sala de maquiagem agora.]

 

Quase atirei meu celular na parede, pensando “Pare de ser fofo!” ao ler aquela mensagem.

Primeiro esse “você não me incomoda” com direito a sorrisinho, depois ficar preocupado com estar atrasando meu trabalho mesmo com sua provável agenda corrida? Não era justo ele ficar me mostrando esse seu lado gentil e adorável toda hora. Esse tipo de atenção me desarmava completamente, e eu já nem sabia mais exatamente o que é que eu estava esperando desse lance – ou o que quer que fosse – que estava acontecendo entre nós. As coisas estavam tão mais fáceis de lidar quando ele era somente um corpo sensual para cobiçar.

E isso tudo havia acontecido rápido demais. Até a tarde do dia anterior ele realmente era só o modelo gostoso do trabalho que eu havia aceitado, e minha vida estava perfeitamente normal e nos eixos. Mas então aconteceu aquele encontro acidental no supermercado, a carona, o pedido para tomar sorvete... todas essas coisas vieram de uma forma tão inesperada que eu nem me dei tempo para pensar direito, só estava indo no embalo pela chance de conhecê-lo melhor.

E eu havia gostado demais de tudo o que ele me mostrou naquelas horas que passamos conversando no café. Tínhamos gostos parecidos, ele era fácil de conversar, mostrava interesse no que eu tinha para falar... além daquela gentileza que não era forçada, parecia vir de uma forma tão natural para ele. Claro que eu não havia ficado cego à sua sensualidade de uma hora para a outra, era impossível esquecer isso ainda mais depois de ter sentido naquele abdômen maravilhoso com minhas próprias mãos quando estávamos na moto, mas o que mais ficara na minha cabeça sobre a noite anterior foi como ele me deixava confortável.

Eu não era uma pessoa assim de me abrir e falar muito sobre mim com qualquer um, ainda mais com alguém cujo relacionamento comigo era profissional. Mesmo com Kai, que parecia ser uma pessoa incrivelmente fácil de lidar, e que eu tinha certeza que poderíamos ser bons amigos se eu o permitisse se aproximar, eu não conseguia sair de tópicos de conversa mais “seguros”.

Mas em apenas algumas horas eu havia contado tanto sobre mim para Reita, podiam ser coisas bobas e pequenas, mas diziam tanto sobre mim que eu sentia que era como se eu tivesse me exposto para ele.

E eu sentia que era recíproco, sentia que ele também havia me contado muitas coisas, e eu sentia que não era só eu que havia percebido uma química entre nós. Quando ele me ajudou a colocar o capacete pareceu muito uma desculpa para me tocar, mas assim como eu, sentia que ele estava esperando alguém dar o primeiro passo. Por isso eu havia apenas dado um beijo em seu rosto ao me despedir, caso ele estivesse com dúvidas a respeito do meu interesse aquilo lhe mostraria que ele não estava vendo coisas, mas ao mesmo tempo deixava clara a minha cautela.

Eu ainda não tinha nenhuma informação sobre sua vida amorosa, e nem ele da minha e talvez isso é que estivesse nos deixando tão relutantes. Pelo menos para mim, esse era o caso.

Mas chacoalhei a cabeça, ainda era muito cedo naquela tarde para ficar me perdendo em pensamentos profundos, e eu ainda tinha duas mensagens para responder.

Respondi a de Reita primeiro:

 

[Ruki 14h35

Posso mexer nas outras peças enquanto isso, então não vai me atrasar, não se preocupe! Segunda à noite é perfeito, depois te passo o endereço do meu estúdio. Mas se ficar fora de mão, pode vir aqui em casa mesmo, também não quero te atrapalhar. Obrigado! Vou procurar algum sorvete de sabor estranho pra te retribuir! (*´ω`*)

Bom trabalho pra você!]

 

Apertei logo “enviar” antes que me arrependesse desse convite sútil. De fato eu não queria causar problemas pra ele se fosse ficar muito ruim para ele ir ao estúdio, já que eu podia fazer os ajustes no mini estúdio do meu apartamento também. Mas é claro que no fundo eu não acharia nada ruim tê-lo aqui em casa. Só que eu não queria parecer um oferecido dizendo “eba, então vem aqui em casa à noite delícia” (não que eu fosse escrever isso, claro), e como era algo relacionado ao trabalho também não queria deixá-lo desconfortável achando que isso era só uma desculpa para que ele viesse para o meu apartamento. Se ele entendesse a sutileza na mensagem e aceitasse vir aqui, melhor para mim. Se não, a mensagem era perfeitamente segura e não deixaria nenhum de nós envergonhado.

Depois disso tratei de responder à mensagem de Uruha – que nesse meio tempo já havia enviado mais uma dizendo “Cadê vocêeee?” só porque eu demorei mais do que 5 minutos para responder à primeira mensagem – e confirmei que ia para lá depois de tomar um banho e ajeitar algumas coisas.

Na verdade eu nem tinha nada para ajeitar porque já tinha desistido de fazer algum progresso no trabalho por hoje, então depois do banho só fiquei enrolando tempo suficiente para Aoi ir embora dar aula antes de eu chegar no apartamento dos dois. Não que eu não quisesse vê-lo, afinal de constas ele era meu amigo também, mas eu queria poder conversar com Uruha por alguns momentos sem aquele neurótico arranjando qualquer desculpa para começar alguma crise de ciúmes.

Cheguei no apartamento do casal alegria alguns minutos antes das 16h, e quando toquei a campainha fui recepcionado por um Uruha sorridente vestindo algo um tanto... inusitado.

- Que porra é essa? – Eu nem entrei direito no apartamento e já fui apontando para as suas roupas. Não tinha nada de errado com a calça de moletom preta e a camiseta cinza que ele vestia, o problema era o que estava na frente daquilo. Sobre aquele conjunto de roupas normais, ele estava vestindo um avental. Mas não era um avental qualquer, de gente normal e sensata, era um avental branco com bolinhas roxas, e no centro havia um grande bolso todo roxo com o escrito “Rainha das Tortas” e um desenho de uma torta com um sorrisinho.

- Ah, você não tinha visto ainda né? – Ele tinha um sorriso idiota no rosto igual ao da torta desenhada no avental enquanto pegava minha bolsa para guardar numa estante da sala. Hoje seus cabelos estavam presos em um pequeno coque atrás da cabeça. – Ganhei do Yuu mês passado. Ele reclamou que eu ando fazendo muita bagunça pra cozinhar e tava difícil tirar as manchas de algumas blusas, aí ele me deu esse avental.

- Nossa, mas não tinha um menos ridículo?

- Eu achei fofo. – Uruha riu, dando de ombros, já acostumado com minha delicadeza. – E é minha cor favorita!

- Sem comentários. – Rodei os olhos mas sorri, seguindo-o pelo apartamento depois que terminei de tirar os sapatos. – Mas o que você tá fazendo pra vestir isso daí? A gente não ia sair pra jantar mais tarde?

- Ah, não é o jantar, estava só fazendo cheesecake! – Ele explicou, e quando entramos na cozinha eu entendi o que ele quisera dizer com Aoi reclamando da bagunça que ele fazia.

Tinha açúcar espalhado para todo os lados, farelos e restos do biscoito que ele devia ter usado na confecção da massa, a bancada da pia também tinha rastros de manteiga, e o pano de prato e uma parte do fogão estavam melecados de amora.

– Acabei de colocar na geladeira, daqui a uns 40 minutos a gente pode comer! Fiz a cobertura de amora porque você não gosta de morango.

- Meu deus, que zona você fez aqui!

- Eu sei... – Dessa vez sua voz veio meio chorosa, e ele levou as mãos ao rosto enquanto admirava a própria bagunça. – Tenho que limpar antes do Yuu voltar, se não ele briga comigo de novo.

- Há, então me chamou pra vir aqui estrategicamente só pra te ajudar na limpeza? – Coloquei uma mão no peito, dramático. -  E eu achando que você queria passar um tempo com seu amigo favorito depois de dar um pé na bunda dele na tradicional noite de sexta!

- Ora deixe de ser besta, claro que não foi pra isso que te chamei. – O loiro riu e abriu uma gaveta, pegando um pano limpo. – Vou limpando e a gente vai conversando. Mas claro que se você quiser me ajudar, vai ser um amigo ainda mais favorito!

- Só porque eu sou muito legal, vou lavar a louça.

- Você é o melhor! Terminando aqui já faço um café pra gente.

- Ok! – Fui até a pia enquanto Uruha dava um jeito no fogão judiado, e comecei a lavar alguns talheres. – Mas e aí, como foi a viagem? Fizeram alguma coisa além de ficar no hotel transando?

- Claro que fizemos! – Ele tentou parecer ofendido, mas quando olhei pro lado ele tinha um sorriso safado nos lábios. – Fomos no lago Ashi, aquele da foto que mandei pra você. Daí passeamos de trem pra ver as hortênsias[2] e depois ficamos só no hotel.

- E daí em diante só safadeza?

- Mais ou menos... – Pelo canto dos olhos pude vê-lo rindo, chacoalhando a cabeça. – Conversamos bastante também, tenho uma novidade pra te contar.

- Novidade? – Larguei o pote que eu estava ensaboando e olhei pra ele, esperando que ele continuasse, mas ele não disse nada, o que me deixou irritado. Odiava quando me faziam suspense. – Vai me deixar curioso, é?

- É que é um assunto um pouco sério, não quero falar disso assim enquanto esfrego um fogão!

Franzi o cenho, ficando ainda mais curioso. – Assunto sério? Não vai me dizer que... Ah! Decidiram a data do casamento?

- Não exatamente, mas tem um pouco a ver...

- Ai que droga, pode ir acelerando aí essa limpeza que agora eu tô curiosíssimo!

Terminei de lavar a louça o mais rápido possível, mas como Uruha ainda estava limpando as coisas eu tomei a frente e decidi eu mesmo fazer o café. A cafeteira apitou no mesmo instante em que Uruha anunciou que a cozinha estava em condições de ser aprovada na inspeção minuciosa de Aoi, então pegamos nossas canecas e algumas torradinhas e fomos sentar na mesa. Era uma mesa quadrada para quatro pessoas que ficava na sala de estar, depois de uma bancada que separava o ambiente da sala e o da cozinha.

- Mas então, me conta!

- Como eu te disse, nós conversamos bastante nessa viagem... – Uruha começou, os olhos baixos e fixos na caneca em suas mãos, que ele girava entre os dedos distraidamente. – O assunto do casamento surgiu. E não é que eu não esteja feliz com a vida de noivado, sabe, pra mim as coisas estão ótimas. Qualquer coisa com ele pra mim tá ótimo, na verdade.

- Porém...? – Indaguei, instigando-o a ir ao ponto logo.

- Bom, já vai fazer um ano que noivamos, e conhecendo Yuu eu achei que ele ia dar entrada nos papéis na prefeitura[3] no dia seguinte depois que eu aceitasse, mas ele nunca mencionou nada. Às vezes a gente fala sobre a festa, e sobre a viagem que estamos economizando dinheiro pra fazer, mas nunca falamos sobre datas nem nada.

-  Eu estranhei mesmo não ter recebido convite pra nada ainda, já tava achando que vocês casaram escondidos e não me falaram. – Interrompi. – Você sabe que eu quero ser testemunha, se você não me chamar eu nunca vou te perdoar!

- Claro que eu não vou esquecer de você, baixinho. – Uruha sorriu, me lançando um olhar provocador e eu ergui o dedo do meio diante daquela audácia.  

- Teu cu. – Revirei os olhos nas órbitas e peguei uma torrada. – Mas então, você falou com ele sobre isso?

- Sim... Perguntei pra ele ontem se tinha algo errado, pra não termos decidido a data até hoje.

- E ele?

- Ele disse que não está preparado ainda...

Espera aí, por acaso eu estava ouvindo bem? Aoi não estava preparado para dizer para o mundo inteiro que Uruha era só seu e de mais ninguém?

- O que? Como assim? Ele ficou doido de vez? – Franzi ainda mais o cenho, se eu ficasse com rugas na cara seria tudo culpa de Uruha e Aoi que não estavam fazendo sentido nenhum.

- Calma, ele me explicou o porquê. E essa é a novidade que eu tenho pra te contar. – Uruha pausou de novo, com um pequeno sorriso nos lábios, encarando de novo a caneca de café. – Yuu me disse que quer fazer terapia.

- Não. Mentira! – Arregalei os olhos, não acreditando no que ele estava me dizendo. – Ele ficou mesmo doido de vez. É sério isso?

Fiquei realmente espantado. Não era de hoje que eu achava que o ciúmes de Aoi por Uruha era excessivo, e como várias vezes eu havia presenciado cenas constrangedoras por conta dos acessos dele, sabia como aquele era um problema que afetava o relacionamento deles. Mesmo Uruha com sua paciência de buda para lidar com aquele lado de Aoi, havia dias que ficava muito mal com aquilo, sentindo que o outro não confiava nele, sem saber o que fazer para mostrar que as cismas de Aoi eram só coisa da cabeça dele.

Quando eu consegui convencer Uruha a conversar com ele para sugerir a terapia, a briga que eles tiveram foi tão feia que Uruha veio passar a noite no meu apartamento e eu não lembro de outra vez em que eu tenha visto meu amigo tão mal quanto naquela noite. Depois disso eles nunca mais haviam tocado naquele assunto.

Era difícil acreditar que uma iniciativa dessas havia partido justo de Aoi.

- É sério. – Ele ainda não me encarava, os olhos fixos na caneca, a expressão pensativa. – Ele disse que esteve pensando muito nisso desde que pediu a minha mão. Pode não parecer pra você, mas... ele sabe que o problema de ciúmes dele é sério. Mas ele tem uma relutância enorme com terapia, com o tabu de “psicólogo ser coisa de doido”.

- E o que fez ele mudar de ideia?

- O casamento. – Ele tomou um gole do café antes de continuar. – Yuu disse que... se eu for casar com ele, que não é pra eu me arrepender de nada depois. Que eu tenho que entender os defeitos dele, mas que ele também não pode jogar tudo em cima de mim e esperar que eu aceite assim, então ele tem que se esforçar pra ser uma pessoa da qual eu não vou me arrepender. Por isso que depois de muito pensar, ele decidiu tentar fazer a terapia, por mim. Por nós dois.

Meu primeiro impulso foi fazer uma piada dizendo que os dois eram muito bregas, mas me contive, talvez Uruha não ficasse muito feliz comigo fazendo piadinha em assunto sério. Mas aquilo era incrível, eu estava tão feliz por ele que não sabia nem o que dizer.

- Kou, isso é... – Tentei, procurando as palavras. – Isso é maravilhoso!

- Ué, não vai fazer piadinha? – Ele riu, finalmente me encarando com ar de surpresa, e eu dei um tapa na sua mão. – Achei que você ia falar que somos bregas e ridículos!

- Vocês são. – Concordei, sorrindo. – Mas eu estou muito feliz por vocês! Achei que isso era um caso perdido...

- Eu também achei... ainda nem acredito que ele me disse tudo isso.

- Aposto que você chorou igual um bebezinho. - Arrisquei uma piadinha, brincando com a sorte.

- Não posso te dar liberdade, hein? – Uruha se fez de ofendido, e nós dois rimos. Seu semblante ficou mais sério de novo antes de voltar a falar. – Estou muito feliz, mas sei que ainda vamos ter um longo caminho pela frente, até ele se sentir preparado pra assinarmos os papéis.

- Mas ele aceitar a terapia já é algo imenso!

- Sim... Acho que vai demorar um pouco pra ele começar, ele ainda deve estar digerindo o fato de ter admitido pra mim que precisa de ajuda. Mas vamos aos poucos, por enquanto vou ajudá-lo a encontrar um bom psicólogo.

- Só não deixa ele enrolar e acabar desistindo, hein!

- Não vou deixar, não se preocupe! – E então ele levantou, pegando a caneca de café. – Meu café esfriou, vou pegar mais e ver se o cheesecake ficou comestível! Vai querer mais café?

- Pode ser! – Eu ia levantar para ir com ele, mas bem nessa hora meu celular vibrou, e enquanto eu me colocava a mão no bolso da calça para pegá-lo, Uruha tirou minha caneca de cima da mesa e foi para a cozinha.

Aproveitei que a conversa já estava interrompida mesmo e parei para ler a mensagem que havia acabado de chegar, o sorriso idiota já surgindo em meus lábios automaticamente quando verifiquei o remetente.

 

[Reita 16h37

Ensaio eterno hoje, meus olhos já estão tortos de tanto flash. :(

Posso ir na sua casa mesmo na segunda, eu já sei onde é, fica mais fácil. Tudo bem pra você?

Vou cobrar o sorvete de sabor estranho!]

 

Já que Uruha ainda não tinha voltado da cozinha, resolvi responder logo.

 

[Ruki 16h38

Nossa, ainda é o mesmo que você tava de manhã? É ensaio de que?

Sem problemas. Segunda me manda mensagem quando estiver vindo. Meu apartamento é o 608! -(>ω・ )ノ゙]

 

E como das outras vezes, talvez Reita estivesse com o celular na mão naquele momento, porque a resposta veio bem rápido. Eu ia para a cozinha ver se Uruha precisava de ajuda, mas acabei me distraindo totalmente com as mensagens. Reita me explicou que ele estava tirando fotos para um catálogo enorme, eram mais de 80 combinações diferentes de roupas e como eram só ele e mais um modelo, eles tinham que ficar trocando de roupa toda hora, mudando a maquiagem, e por isso a sessão ia até umas 21h e ainda continuaria no dia seguinte.

- Com quem você tanto fala nesse celular com esse sorrisinho, hein? – Dei um pulinho na cadeira, quase derrubando meu celular no chão com a voz de Uruha me trazendo de volta para a realidade.

- Caralho, que susto! – Coloquei o celular na mesa e levei as mãos ao coração, que batia acelerado. Uruha estava sentado de novo em sua cadeira, os cotovelos apoiados na mesa e o rosto entre as mãos, me olhando com um sorriso curioso nos lábios.

- Hmm, quem é essa pessoa te distraindo tanto que você nem percebeu que eu voltei com o café? – Só então me dei conta que a minha caneca havia retornado com mais café, e junto com ela um prato com uma fatia de cheesecake. Como foi que me distraí tanto a ponto de nem ver Uruha voltando com tudo isso?

- Nossa, há quanto tempo você voltou? – Sentei de novo e tentei acalmar o coração.

- Uns dois minutos. Você estava todo aéreo, com um sorriso assim. – Ele fez uma cara ridícula que com certeza não tinha nada a ver com meu sorriso, e eu retribui mostrando o dedo do meio. – Mas você não respondeu minha pergunta!

 Eu ia responder, mas bem nessa hora meu celular vibrou de novo em cima da mesa, e Uruha foi mais rápido que eu e pegou-o a tempo de ver a prévia da mensagem aparecendo no visor.

- “Reita: Vou entrar na sala de maquiagem de novo, desculpa se não responder mais, carinha triste.” – Ele leu em voz alta, fazendo uma voz ridícula. Tentei pegar o celular de volta, mas ele levantou e segurou-o no alto, e como eu sou muito mais baixo que ele, era inútil tentar me esticar para pegar. Cruzei os braços e sentei de novo na cadeira, fazendo uma expressão emburrada.

- Já deu essa zoeira aí. – Resmunguei, e ele me devolveu o celular, rindo.

- Então esse tal de Reita é a sua pessoa secreta? Eu lembro desse nome... – Uruha coçou o queixo, apertando os olhos enquanto pensava. – Espera! Não é o modelo gostosão que você me falou outro dia?

- Sim.

- Como assim!? Desde quando você tem o telefone dele? Vocês saíram? Você não disse que ele era o cara mais heterossexual do universo? Ele tá solteiro? – Ele perguntou tudo aquilo de uma vez só, os olhos arregalados em surpresa, e eu não contive o riso. – Para de rir, me conta essa história direito!

- Calma, Uru, respira! – Era engraçado como Uruha parecia mais empolgado com a possibilidade de eu arranjar um cara do que eu mesmo. Ele era mesmo um bom amigo...

- Como você não me conta essas coisas importantes?

- Eu ia te falar, mas a gente tava conversando sobre outras coisas.

- Agora não estamos mais, então desembucha aí!

- Então, é uma história bizarra. – Comecei, e ele me olhava concentrado, sem nem tocar no seu prato de cheesecake. – Pode comer enquanto eu falo, Uruha!

- Depois eu como, fala logo! Vocês saíram ou não?

- Mais ou menos...

- Como mais ou menos? Não existe “sair mais ou menos”.

- Deixa eu contar a história?

- Ok, ok, desculpa.

- Bem, ontem quando eu fui no mercado, eu tava lá fazendo minhas compras e ele apareceu do nada. Ele disse que tava indo correr no parque, mas como estava muito sol ele foi se refugiar no supermercado, e quando me viu veio falar comigo. – Expliquei, e Uruha me olhava, concentrado.

- Hm, e aí?

- Aí ele ficou me seguindo feito um cachorrinho enquanto eu fazia as compras. Eu acabei oferecendo carona pra ele porque fiquei com dó dele ter que voltar pra casa debaixo daquele sol...

- Já vi tudo, seduziu ele com o porsche!

- Deve ter sido isso, porque ficamos batendo papo no caminho e aí ele me chamou pra tomar sorvete.

- Pra tomar sorvete? – Ele repetiu, com um sorrisinho. – Que convite mais... fofo! E você aceitou?

- Claro! – Uruha bateu as mãos na mesa animado. – Foi assim que eu consegui o telefone dele.

- E aí?

- Aí nós fomos tomar sorvete de noite. – Ele continuou me olhando, esperando que eu dissesse mais alguma coisa, mas eu não tinha muito mais o que dizer. – E foi isso.

- “Foi isso”? Porque eu tenho a impressão de que você está me ocultando informações? – Uruha ergueu uma sobrancelha, sério. – Não aconteceu nada? Vocês não...?

- Não! – Falei apressado, encarando a minha caneca de café. - Eu conheci o cara faz uma semana, não é assim que as coisas funcionam!

- Tempo nunca foi problema pra você... Ainda mais do jeito que você me falou dele no outro dia, achei que você ia me contar que atacou ele já no carro!

- Olha você me chamando de fácil!

- Não foi isso que eu quis dizer. –  Ele comeu um pouco do próprio cheesecake antes de continuar. – Quando você só quer pegar um cara, sem compromisso, você vai lá e pega. A menos que... - Uruha parou de falar e eu ergui o olhar para encará-lo. Seus lábios estavam curvados em um sorriso enorme e ele apontava o garfo sujo de cheesecake na minha direção. – Você não quer mais só ir pra cama com ele.

Eu não disse nada, meu olhar desviando novamente para o meu próprio prato de cheesecake intocado. Decidi que aquela era uma boa hora para reconhecer a existência do doce, e peguei meu garfo para comê-lo enquanto ignorava o que Uruha havia dito. Era ridículo o quão bem ele me conhecia.

- É isso, não é? Você ficou interessado nele. – Ele tornou a questionar, e eu assenti, meus olhos ainda fixos no cheesecake. – E como isso aconteceu?

Mordi os lábios, de repente não queria falar naquele assunto. Eu mesmo ainda não sabia exatamente o que eu queria, e uma coisa era tentar chegar a um consenso comigo mesmo, outra era explicar para um terceiro o que eu estava sentindo. Ainda era muito cedo para dar nomes aos bois, se é que havia algum boi.

- A gente ficou conversando por um tempão enquanto tomávamos sorvete. – Comecei, cutucando o cheesecake com o garfo. – Um tempão mesmo, ficamos lá no café até os funcionários virem expulsar a gente porque era hora de fechar! A gente tem tanta coisa em comum, a personalidade dele é extremamente agradável, ele é atencioso comigo... Ele reparou nas minhas pintas.

- As que você vive entupindo de maquiagem?

- Eu não coloco tanta maquiagem assim! – Me defendi, e Uruha chacoalhou a cabeça, rindo. – Mas então. Eu tava sem maquiagem quando ele me viu no mercado, aí quando fomos tomar sorvete ele comentou sobre as pintas. Disse que eu tenho um rosto bonito com e sem maquiagem.

- E você nem agarrou ele depois disso? Tava com febre é?

- Eu fiquei super sem graça, ok?

- O rei da sem vergonhice ficando sem graça, deixa eu marcar esse dia histórico no calendário!

- Mas é verdade! Ele tem um jeito que, sei lá, me desarma todo. Pareço um idiota conversando com ele, isso é perigoso...

- Perigoso porque? Não entendo essa hesitação toda. – Ele pausou para tomar um gole de café. – Você disse que foi ele que te convidou, que ele fica mostrando interesse, e vocês pelo visto estão trocando mensagem toda hora. Eu acho bem óbvio que ele tá querendo alguma coisa. Então qual o problema?

- Eu ainda não consegui ver o maldito contador dele, e não conversamos nada sobre esse assunto. – Uruha soltou um “ahh” suspirado e sua feição tomou ares de compreensão. – E se ele já tiver alguém, e estiver só procurando diversão? Não quero... me deixar envolver pra depois quebrar a cara. De novo.

- Bom, isso você só vai saber perguntando. E algo me diz que você já está um tanto quanto envolvido. Ele sabe sobre você? – Mesmo sem especificar, eu sabia que Uruha estava se referindo ao fato de eu ser um zero.

- Não estou envolvido, eu sei o que estou fazendo. – Aquilo não convencia nem a mim mesmo. – Eu não falei nada, e agora ele nem tem como saber porque meu relógio tá preto. Eu não sei se o Kai contou pra ele, quando aconteceu aquele incidente com o modelo mal educado e o Reita voltou pro projeto.

- Pelo que você me falou desse editor, imagino que ele iria querer respeitar a sua privacidade.

- Talvez...

- Você tá se preocupando demais, Ru. – Uruha agora me sorria gentilmente, e ele tocou minha mão sobre a mesa. – Deixa as coisas rolarem. Se aparecer alguma complicação... você atravessa essa ponte quando chegar nela.

- Hum... – Mordi os lábios mas depois chacoalhei a cabeça e tentei sorrir, apesar de ainda estar bastante receoso. – Você tem razão. Vamos ver no que dá. Segunda ele vai lá em casa.

- Oh! Ele vai é? Contexto, por favor.

- É coisa de trabalho. Preciso rever umas medidas dele porque deu erro em duas peças que eu estou fazendo, ai pedi pra ele me salvar...

- Sei, mas na sua casa? – Uruha mexeu as sobrancelhas para cima e para baixo, sorrindo sugestivamente. Eu ri, rodando os olhos nas órbitas. Depois eu que era o sem vergonha.

- Eu perguntei se ele preferia ir no estúdio, mas ele disse que tudo bem ir no meu apartamento porque ele já sabe onde é.

- Como assim ele sabe onde é? Você aí me ocultando as coisas de novo!

- Ele me deu carona ontem na volta do sorvete... de moto...

- Você numa moto? Safado, só pra ficar agarrado nas costas dele! – Meu sorriso disse tudo que Uruha precisava saber, e ele sorriu ainda mais, animado. – E vocês deram uns amassos depois?

- Não, eu só dei um beijo de boa noite na bochecha dele.

- Ai que fracasso! – Ele se recostou de novo na cadeira dramaticamente, fingindo que estava desabando. - Não me volte aqui sem ter agarrado esse homem na segunda-feira, ouviu?

Eu ia rebater com alguma resposta sarcástica, mas bem nessa hora nossa conversa foi interrompida pelo som da porta do apartamento se abrindo. Olhei para Uruha, confuso, e depois olhei para o relógio – era 17h25 – não estava meio cedo para Aoi voltar da aula?

- Chegueeeei! – A voz de Aoi veio empolgada. Uruha levantou da cadeira, indo até a porta enquanto ele tirava os sapatos, e pude vê-lo pegar a case de guitarra que Aoi havia acabado de encostar em um canto.

- Chegou cedo hoje, Yuu.

- O folgado do aluno tinha compromisso às 17h e nem avisou antes... Aí acabamos mais cedo. – Aoi levantou depois de terminar de tirar os sapatos e se aproximou de Uruha, dando-lhe um selo rápido nos lábios. - Não deu tempo de esconder o amante no armário, é?

- Ah, esse amante dá pra esconder no bolso... – Uruha riu mas Aoi fechou a cara instantaneamente e virou a cabeça, procurando algo pelo apartamento até que seus olhos pausaram em mim. Sua expressão relaxou um pouco, mas as sobrancelhas continuavam um pouco franzidas e ele não sorria.

- Você quer morrer e me matar junto, Uru? – Falei, olhando para Uruha, e depois para Aoi. – Oi, Aoi!

- Ruki. – Aoi disse seco, e eu suspirei, levando uma das mãos ao rosto.

- A gente só tava comendo cheesecake, Aoi.

- Eu não falei nada!

- Mas tá fazendo aquela cara de cu.

- Meninos, que tal não brigarem? – Uruha interrompeu, pressentindo o perigo, e tocou o braço de Aoi com a mão livre.

- Não estamos brigando, só estamos dizendo oi...

- Estou vendo esse oi aí! – Ele ergueu a guitarra com as duas mãos e começou a andar. – Vou guardar a guitarra, tá? – Falou, olhando para Aoi. Ele assentiu e então veio sentar comigo na mesa.

- E aí, tampinha? – Ele esticou a mão e bagunçou meus cabelos, ganhando um tapa no braço em resposta.

- É o seu pau. - Mas eu ri, não querendo fazer o ambiente ficar mais pesado. – Como foi de viagem? – Perguntei, mesmo já sabendo como tinha sido.

- Queria ficar lá mais uns 3 meses, o hotel era tudo de bom. Kou te falou que a gente tinha um onsen[4] particular no quarto?

- Não! Quanto luxo!

- Tivemos uma noite de reis! Ah, o Kou já te deu seu presentinho? – Chacoalhei a cabeça negativamente, e ele gritou “KOU TRAZ O OMIYAGE DO RUKI”, a voz do outro logo vindo de algum lugar no quarto, dizendo “AI VERDADE”.

Quando Uruha voltou, ele trouxe consigo uma sacola azul, e me entregou. Dentro havia uma caixa de madeira que Aoi me explicou se tratar de uma yosegi zaiku[5], um tipo de artesanato tradicional da Era Edo que ainda era muito característico da região. Eu estava mesmo precisando de uma caixa nova para colocar acessórios, então fiquei feliz por ter ganhado uma tão bonitinha dos dois.

Depois Aoi pegou a câmera e começou a me mostrar algumas fotos que eles haviam batido no lago e no passeio de trem, e também do quarto da ryokan que eles ficaram, que realmente era muito luxuosa.

Antes que percebêssemos, já era quase 19h e começamos a ficar com fome. Uruha disse que eu e ele íamos sair para jantar, porque não tínhamos saído na tradicional noite de sexta por conta da viagem, mas Aoi fez um pequeno drama dizendo que não era justo nós o largarmos sozinho com fome. Até eu fiquei com um pouco de dó, e como eu já tinha conversado bastante com Uruha durante a tarde, acabei ficando do lado de Aoi e nós pedimos pizza para jantar no apartamento mesmo, e depois ficamos vendo filmes.

Voltei para casa com o coração leve, pensando em tudo o que havia conversado com Uruha naquela tarde. No relacionamento dele e de Aoi que eu tinha certeza que agora, mesmo que a passos lentos, ia caminhando para resolver os pontos que ainda estavam soltos para que eles pudessem ser plenamente felizes. No apoio incondicional que Uruha me dava a respeito dos meus relacionamentos, como ele sinceramente desejava que eu também fosse feliz.

Decidi que nada andaria se eu ficasse remoendo minhas inseguranças antes mesmo que alguma coisa acontecesse. Eu queria alguma coisa com Reita. Eu só tinha que fazer minha parte, e ver onde as coisas iriam dar.

Antes de dormir, mandei uma mensagem para o modelo.

 

[Ruki 00h35

Espero que tenha sobrevivido ao ensaio. Boa noite!]

 

Talvez ele tivesse um alerta interno para quando recebia mensagens minhas, ou ele vivesse com o celular na mão, pois mais uma vez a resposta veio rápido.

 

[Reita 00h36

Terminou faz 20 minutos, estou morto... Não sabia se te mandava mensagem, achei que já ia estar dormindo. Obrigado por me distrair um pouco nesse ensaio eterno de hoje. Dorme bem, bons sonhos :)]

 

Acho que eu estava indo no caminho certo.


Notas Finais


[1] Omiyage (お土産) é lembrancinha de viagem, geralmente algum doce local ou coisa pequena tipo chaveiro. No Japão é esperado que você traga omiyage para as pessoas quando vai viajar, é mal visto se você volta sem trazer nada.

[2] Tem um trem que passa no meio da montanha em Hakone (essa cidade que o Aoi e o Uruha foram passear) que é lindo de ir no fim de junho quando as hortênsias estão florescendo. É assim: http://i.imgur.com/xxP5iBO.jpg

[3] No Japão, para casar no civil o casal tem que dar entrada no certificado de matrimônio (kon’in todoke / 婚姻届) em algum órgão municipal – geralmente a prefeitura -, e é bem parecido com o esquema do casamento civil em cartório no Brasil. Precisa de duas testemunhas para assinar o documento, etc. Casamento homossexual no Japão não é permitido, mas como o universo de Clocks é diferente por causa dessa coisa toda dos contadores, e acontece muito de aparecerem casais homossexuais, ninguém acha fora do normal casamento gay e nesse universo é permitido legalmente. Claro que tem os preconceituosos, mas a lei tá do lado certo. Achei melhor explicar isso em uma nota, pra não ficar confuso já que o Ruki e Uruha estão falando super na boa sobre papelada e etc.

[4] Onsen (温泉)são as tais fontes termais de origem vulcânica, que tem muito nessa cidade que o Aoi e o Uruha foram passear. Geralmente os onsen são banhos grandes que entram várias pessoas ao mesmo tempo. Algumas pousadas, se você pagar beeem mais caro, tem quartos de luxo com onsen particular.

[5] Yosegi Zaiku (寄木細工), assim: http://i.imgur.com/k93DH9Q.jpg



Pra quem tava com saudades do Uruha e do Aoi... Bem, ok que o Aoi ficou super coadjuvante, mas ele tá aí. Agora sdds Reita, teremos mais no próximo!
Até!


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