Ela parecia estar feliz, o sorriso em seu rosto não negava. Mas eu estava um caco, sem sorrisos, sem mulheres, sem amor. Era apenas eu e o vazio que jamais alguém o preencheria.
A maneira como seus cabelos caiam sobre seus olhos enquanto ele a rodava, a deixava tão linda. Suas gargalhadas eram altas e contagiantes. Meus pés criaram raízes, impossibilitando de sair dali. Queria ser eu a fazê-la sorrir, a abraçá-la e a beijá-la. Seria eu o causador das suas lágrimas e das noites mal dormidas? Seria eu o cara que ela amava? Eu tive várias oportunidades, mas eu preferi escolher o meu orgulho e os meus medos a ter que a escolher, e agora isso me corria cada vez mais.
Vê-la sorrir e não ser eu o motivo, vê-la tão apaixonada e não ser por mim . Agora eu pagava a consequência dos meus atos, e eu merecia. Merecia por ser tão canalha e idiota a ponto de perdê-la para Alex, merecia por deixá-la ir e não impedir isso. Eu merecia isso mais do que um murro em meu rosto, mais do que uma facada em meu peito. Porque, apesar das dores diferentes, a dor de ser esquecido era maior.
Sei que já fazia horas que eu observava os dois conversando animadamente, e sorrindo um para o outro. Eu não queria sair daqui, ainda que a dor seja maior, eu queria ficar ali. Imaginando eu no lugar de Alex.
Eu podia negar quantas vezes quisesse e fosse preciso, mas eu não podia negar mais, não a mim mesmo, que eu estou completamente apaixonado por Anna. Ainda que meu lado orgulhoso falasse mais alto, eu não iria admitir isso a ninguém.
Já se pondo o sol, resolvi que já estava tarde. Contragosto, fui para meu apartamento. A raiva que sentia era imensa, e o pior de tudo isso é que eu quis presenciar tudo aquilo, para me deixar mais frustrado ainda. Minhas mãos estavam brancas pelo tempo em que eu as apertei em punho, para poder conter toda a raiva, mas eu não conseguia controlar mais.
Empurrei todos os portas-retratos da mesa e algumas coisas na pequena estante. Peguei o telefone que havíamos acabado de comprar e o joguei na parede, espedaçando-o por completo.
- DROGA – gritei e deixei a raiva me corroer mais ainda. Esmurrei a parede, com vontade de espedaçá-la, tal como o telefone – DROGA – gritei novamente, sentindo minhas vias pulsaram mais fortes e meu sangue ferver. Puxei a cortina, rasgando-a por completo.
- Lucas? – a voz doce de Anna invadiu meus ouvidos, e eu queria que fosse apenas coisa da minha cabeça – O que aconteceu? – perguntou preocupada – Seus dedos estão sangrando.
- O que aconteceu, T3ddy? – perguntou Alex.
- CALEM A BOCA – gritei e subi para o meu quarto, derrubando todos os ursos e a pequena prateleira.
- O que está fazendo aqui? – perguntei e Anna sentou-se em minha cama – Droga, Annabel! O que você está fazendo aqui?
- Não quero que grite comigo.
- ENTÃO SAIA – bufei.
- Sei que não posso fazer muita coisa, nem sei o motivo pelo qual você se alterou, mas eu quero te ajudar – se ela soubesse qual o motivo...
- Eu não pedi sua ajuda – falei e virei às costas – Saia antes que...
- Antes que o quê? – interrompeu-me – Vai querer me bater agora? – encostou-se.
- Você não sabe do que sou capaz – falei, ainda de costas para ela.
- Então me bata – pediu – Você não tem coragem – desafiou e eu virei para ela com o rosto transbordando de raiva. Ela parecia estar com medo e recuou para trás, batendo com as costas na parede. Cada vez eu chegava mais perto de si, seu cheiro tão doce e inebriante quanto as flores invadiu minhas narinas, acabando com a raiva que sentia. E quando meu olhar encontrou-se com os seus, cheios de medo, eu quis recuar e sair dali batendo a porta, mas algo me fazia querer chagar mais perto. Meu coração batia aceleradamente, e minhas veias pulsavam mais que o normal. Encarei sua boca tão convidativa agora e encostei meus lábios nos seus, causando-me um choque elétrico. Aprofundei o beijo e a mesma cedeu. Suas mãos subiram para o meu cabelo e pelo meu pescoço, enquanto as minhas desceram para sua cintura, entrando em sua blusa. Apertei mais sua cintura puxando-a mais para perto de mim.
- Anna – gemi quando o beijo acabou e voltei novamente a beijá-la. O beijo era desesperado, tentando de alguma forma matar toda a saudade do primeiro dia em que nos beijamos pela primeira vez. E eu precisava disso, e com urgência.
- Eu não sei se isso é certo – sussurrou – Digo, você fala que não me quer e depois me beija quando bem entender, eu não sou brinquedo, Lucas – suas mãos estavam entrelaçadas em meus ombros e as minhas mãos continuavam em sua cintura por baixo de sua blusa.
- Eu não quero me afastar de você – desabafei.
- E isso é a sua definição de amigo?
- Não. Céus! Não, Anna – falei – Não quero ser apenas seu amigo.
- Suas palavras são apenas mentiras, não é? Você só me quer como um brinquedo, como você fez com a Katy, mas eu não sou assim, Lucas. Eu não sou brinquedo para ninguém, e não quero ficar chorando em meu quarto por sua casa. Eu tenho que me preocupar com minha mãe, não com você – tentou sair, mas eu não deixei.
- Não, Anna! – implorei – Não vá, por favor. Eu não quero te usar, eu quero você para ser apenas minha. Droga! Como eu quero você.
- Lucas, eu...
- Eu não vou te usar, nem fazer você sofrer, eu prometo. Mas eu não quero ser apenas seu amigo. Eu amo você – deixei as palavras escaparem, sem me arrepender de tê-lo feito.
- Você o quê? – perguntou incrédula e voltou me encarar – Repete, Lucas.
- Eu amo você – repeti – Droga, Anna! Como eu amo você! – a selei e ela sorriu – Eu amo você – voltei a repetir e a selar novamente.
- Eu te amo, Lucas – repetiu a minha fala e me beijou.
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