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História Closer - O quarto ensaio: Serenade For Two


Escrita por: HokutoYuuri

Notas do Autor


Olar, como vai? Estou em falta com os comentários porque fim de semestre existe e é assassino com a minha pessoa. O que me consola é que em breve isto acaba. E vai ficar tudo bem. [Assim espero.] De toda sorte, me perdoem nos atrasos pra responder.

No mais, boa leitura. :)

Capítulo 5 - O quarto ensaio: Serenade For Two


Fanfic / Fanfiction Closer - O quarto ensaio: Serenade For Two

Otabek e Yuri estavam no estúdio há algum tempo. O fotógrafo arrumava os equipamentos enquanto o bailarino assistia. Conversavam amenidades e o clima era leve. Era como se sempre fizessem isso.

 

"O que vamos ter hoje?" Yuri perguntou, tentando esconder a ansiedade.

 

"Eu não sei. Escolhi a música faz tempo, mas não tenho ideia do motivo. Apenas queria ver você dançá-la." Otabek assumiu, tímido. 

 

"Quer dizer que você aceita sugestões?" O loiro perguntou, interessado, enquanto aquecia.  

 

"Bom... Sim. Suas sugestões sempre são boas de qualquer forma." O fotógrafo falou, coçando a nuca de forma tímida. 

 

"Finalmente!" O russo vibrou, entusiasmado. "Prepare sua coisa toda aí mais rápido, cara. Eu quero escutar essa música pra ontem!"

 

"Está pronto. Devo começar a filmar?" O moreno respondeu.

 

"Sim. E dê o bendito play."

 

Com tudo pronto e a máquina em punhos, Otabek deu o play e esperou. 

 

Yuri estava genuinamente surpreso com a escolha da música. Serenade for two? Ela era relativamente conhecida, embora não fosse seu estilo habitual. Ainda assim a letra parecia falar com ele especialmente. A melodia cheia de minúcias e delicadezas o envolvia e o fazia leve. Não queria dançá-la sozinha, mas não tinha parceiro. Mas nada o impediria de dançar como se tivesse um. Quando a música acabou, ele abriu os olhos, determinado. Já sabia o que fazer. 

 

Otabek registrou as reações sutis de Yuri, que culminaram em um sorriso que ele nunca tinha visto antes. Mas quando os olhos se abriram, era o velho bailarino de sempre, focado e atento. Ele começou a andar de um lado para o outro, achando sua máquina de fumaça e botando para funcionar. Trocou de roupa rapidamente, colocando uma calça preta colada, as ponteiras e uma blusa branca de manga curta. Prendeu o cabelo em um meio rabo de cavalo médio e pegou o kit de maquiagem:

 

"Espera." Otabek chamou, entregando a Yuri a maleta de oncinha. "Você esqueceu isso semana passada."

 

"Tá de sacanagem, né?" O bailarino perguntou, chocado.

 

"É a estampa? Achei que você fosse gostar, mas posso trocar." O fotógrafo falou, constrangido.

 

"Isso não é meu." O rapaz louro falou. 

 

"Se não é seu de quem é, então? Eu não uso maquiagem." O rapaz disse, vermelho. 

 

"Você tá usando base." Yuri denunciou, divertido.

 

"Protetor solar." Otabek corrigiu, contrariado. "Isso se torna um hábito quando você passa um tempo morando no deserto, sabe?"

 

"Otabek, eu..." O russo tentou contra-argumentar.

 

"É um presente. Aceite, por favor." O fotógrafo disse, empurrando a maleta no peito do outro. 

 

Yuri abraçou a maleta e respondeu, sorrindo com doçura: 

 

"Obrigado. Significa muito para mim."

 

Otabek deu um discreto sorriso, satisfeito com o resultado:

 

 "Mas pára de me atrasar, porra. Você está me desconcentrando." O bailarino retrucou, voltando a focar no momento profissional.

 

Yuri fez uma maquiagem que Otabek considerou simples se comparada as outras vezes, apenas destacando seus melhores traços e seus olhos. Quando buscou os olhos do fotógrafo por aprovação, pareceu lembrar de algo e passou blush nos lábios, deixando-os mais destacados e avermelhados, mas de forma mais natural do que um batom faria em sua opinião. Vestiu as ponteiras e correu para a mesa de iluminação do estúdio de dança. 

 

"Apague as luzes principais, por favor, Otabek." O bailarino pediu. "E bote a máquina de fumaça para funcionar."

 

O fotógrafo obedeceu até que Yuri o substituiu e encheu a sala de fumaça baixa que mais pareciam nuvens cheirando à baunilha.

 

"Faça seus testes de luz." O garoto pediu. 

 

Altin tomou um susto quando notou que a sala parecia uma noite de lua cheia com a iluminação que o garoto fez. Testou a luz por garantia e constatou que estava tudo certo, confirmando ao garoto. 

 

O bailarino se posicionou no centro da sala e deixou o corpo de prontidão, respirando fundo e controlando a ansiedade:

 

"Música em três, dois, um." Otabek disse e deu o play.

 

Yuri abriu os olhos e começou uma série de movimentos delicados, girando no próprio eixo, o olhar fixo como se tivesse dançando com alguém. Sutil, delicado, belo... Apaixonado. O bailarino parecia amar aquela pessoa invisível e Otabek registrava tudo com uma ponta de inveja por não ser aquele ser imaginário. Os saltos e rodopios suaves, Yuri parecia voar, caindo no chão com graça e levantando com delicadeza. Yuri amava aquela pessoa invisível e, além disso, era amado de volta. Altin se sentiu ridículo por notar que seu estômago se contraía em sinal de ciúmes e inveja. Mas se ele fosse muito honesto consigo mesmo, diria que queria o garoto agindo daquela forma com ele e mais ninguém. Porém, honestidade naquele ponto não era seu forte e ainda considerava arriscado demais assumir o que sentia.

 

No auge da música, chegava também o auge do romance de Yuri e o ser imaginário, culminando no que parecia ser um beijo leve, mas apaixonado, cheio de emoções. Dançaram juntos até a quebra da música que indicava que estava acabando. O dançarino pareceu se despedir da sua contraparte imaginária e o adeus gerou um olhar triste e direto para a câmera que partiu o coração do fotógrafo registrar. Ele se virou e saiu andando, como se fosse embora, mas se virou e olhou para a câmera uma única vez, parecendo ainda mais magoado. 

 

Em sua imaginação, Yuri dançara com Otabek e esperava que o fotógrafo tivesse entendido o recado. Mas parecia que seu esforço tinha sido em vão, pois o olhar do moreno era indecifrável. Viu a luz cênica se apagar e iluminação convencional se acender. O cazaque começou a desligar as câmeras e a guardá-las. Não queria que as coisas acabassem assim. Era seu momento mágico, merecia mais dele, embora se recusasse a entender seus sentimentos de forma racional. Tomando coragem, foi correr atrás dos seus objetivos:

 

"Dança comigo?" 

 

Otabek soltou a última câmera e olhou para o bailarino, surpreso.

 

"Eu não danço." Ele respondeu, sério e tenso. 

 

"Tudo bem." Yuri sussurrou, manso, pegando a mão do moreno. "Não precisa ser perfeito. Só dança comigo, por favor."

 

Otabek ficou nervoso. Estava conseguindo se conter e funcionar de forma decente mesmo com o coração descompassado e a miríade de sentimentos que Yuri provocava em si. Mas se dançasse com ele, poderia botar tudo a perder, inclusive sua ética profissional e a amizade recém-conquistada. Virou-se e se afastou, tentando desviar dos olhos cheios de expectativa do rapaz. Porque, para além disso tudo, ele mesmo também poderia estar criando expectativas irreais. Se ele se controlasse ficaria tudo bem. Só seria uma dança e nada demais aconteceria. 

 

Yuri tentou não se sentir mal com a recusa, afinal Otabek deveria ter seus motivos, mas se sentiu. Mas não desistiria fácil. Não teria outra oportunidade como aquela. Era seu sonho, um momento de fantasia. Olhou a máquina e achou o botão de gravar, ativando-o. Foi quando as luzes se apagaram e a luz cênica na qual ele dançara voltou. Ele se virou para Otabek e o viu no centro do foco de luz, a mão esquerda no bolso enquanto a direita estava estendida. 

 

A música começou a tocar novamente e Yuri andou na direção do fotógrafo e pegou sua mão estendida, pousou em sua cintura, resolvendo descansar os braços no ombro do moreno. Otabek o envolveu com o outro braço e eles começaram a se mover, um passo para o lado, um passo para o outro.  

 

Whenever I hear you, bands begin to play. It’s our serenade for two. [Sempre que te ouvir, bandas começar a tocar.  É a nossa serenata para dois.]

 

Otabek se sentia bem por ter Yuri em seus braços. Quase se sentiu estúpido por não ter se permitido dançar com o russo, mas agora estava tudo bem, porque estava com ele, sentindo aquele perfume de flores que emanava dos cabelos louros. Os dedos das mãos estavam fechadinhos, com medo de tocar o bailarino. Abriu-os e começou a mexer os polegares em uma carícia simples, mas que arrancou um sorriso de Yuri. Era um cara de sorte, definitivamente. 

 

How do I forget you? This feeling inside. I am always watching over you. [Como eu posso te esquecer? Este sentimento em mim. Eu estou sempre cuidando de você.]

 

Yuri sorriu ao sentir a mão de Otabek se mexer sobre suas costas. A carícia que ele fazia na sua lombar o arrepiava, fazendo-o ter frio na barriga. Não podia ter aquelas reações sozinho, então mexeu os dedos com delicadeza, acariciando a nuca do outro e adorando a sensação dos cabelos cortados curtos contra a sua pele. Aquele jogo era satisfatório para ambos, o bailarino sabia. 

 

Whenever I see you. Stars in your eyes. Brighten up the sky for me. [Sempre que eu te vejo. Estrelas em seus olhos iluminando o céu para mim.]

 

Tinham praticamente a mesma altura, então se olhavam nos olhos diretamente, corados, mas satisfeitos com o arranjo. As orbes escuras se afundando na beleza e na profundidade daquele verde-azulado, enquanto Yuri tentava decifrar o que o cazaque sentia através daqueles olhos negros e brilhantes como ônix, falhando em seu intento. Conformado com sua sorte, o bailarino ajustou os braços para dar espaço a sua cabeça, deitando-a no ombro do fotógrafo e apreciando o cheiro que aquele homem tinha a ponto de deixa-lo louco.

 

We're dancing in the moonlight. Tonight you will be loved. To me, only you. [Estamos dançando sob o luar. Esta noite você será amada. Para mim, só há você.]

 

Otabek sentiu o abraço se estreitar e Yuri apoiar a cabeça em seu ombro, os rostos se encostando, lado a lado. Ajustou seu abraço aos desejos do bailarino, pouco acostumado àquela sensação de proximidade, mas estava confortável. Tão confortável que se pegou cantando ao pé do ouvido do garoto, acompanhando a música:

 

"You mean the world to me, my lady.

[Você significa tudo para mim, minha dama.]

 

Incapaz de resistir, Yuri sorriu contra o ombro do cazaque. Não sabia se devia interpretar como o moreno lhe fazendo uma confissão, mas assumia que seu coração doía de alegria ao pensar que sim. Apertou mais ainda Otabek contra si ao ouvir sua voz grave e surpreendentemente carinhosa seguir cantando os versos:

 

"I can be as brave as a knight for you. If you want I can be a shadow of the night." [Eu posso ser corajoso como um cavaleiro por você. Se você quiser eu posso ser uma sombra da noite.]

 

Otabek se sentia fora de sua zona de conforto ao flertar tão abertamente com Yuri, mas nada podia fazer a não ser assumir que o queria para si. E podia tentar, conquistando-o e fazendo o russo ficar depois que todos os compromissos contratuais acabassem. Talvez fosse o caso de surpreender o bailarino em seu próprio território, concluiu, tomando a mão direita do rapaz para si e desfazendo a proximidade. 

 

"No one loves you like the way I do. Let's fly over the moon. [Ninguém te ama como eu. Vamos voar para além da lua]" Yuri ouviu, tão entretido na voz do outro e no momento que se assustou quando o cazaque tomou sua mão e o afastou, rodopiando-o.

 

Don't get me wrong. Maybe I'm foolish enough to want you to love me for only tonight, where you'll be the one for me... Until the clouds hide the moon away. [Não me interpretem mal. Talvez eu seja tolo o suficiente para querer que você me ame por apenas esta noite, na qual você será a única para mim... Até as nuvens escondam lua.]

 

'Esse filho da mãe sabe dançar! Por que ele mentiu pra mim?' Pensou Yuri, enquanto era conduzido por passos complexos e ritmados, ocupando todos os locais. 

 

Otabek não só sabia dançar, como era um dançarino decente, embora enferrujado, concluiu o russo, deixando-se levar e apreciando como os lábios curvados para cima lhe ornavam bem o rosto. Ele mesmo sorria abertamente, querendo que aquele momento nunca acabasse. 

 

Foi quando o cazaque abaixou e abraçou sua nádegas e Yuri ficou tenso. Ele seria levantado?

 

"Otabek, não..." O russo disse, assustado. 

 

"Confia em mim." O fotógrafo pediu.

 

Tudo isso durou uma fração de segundos. Yuri fechou os olhos, respirou fundo e pulou, auxiliando o parceiro. Seus pés saíram do chão, suas mão se apoiaram nos ombros fortes do moreno e agora ele dependia inteiramente de Otabek para não se cair. 

 

'Exibido!' Ele pensou, olhando para o sorriso confiante que o cazaque mostrava.

 

Adoraria desfazer aquele ar de convencido dele. Altin moveu os braços fazendo Yuri deslizar contra seu corpo, para botá-lo no chão. O bailarino tinha os olhos fixos naquela boca, naquele sorriso cada vez mais próximo. Fechou os olhos e sentiu o pé tocar no chão enquanto seus lábios tomavam os lábios cheios do cazaque para si. 

 

Otabek sentiu o beijo de Yuri e não soube o que fazer. Não tinha planejado o momento em que conseguia de fato o que queria, porque sinceramente achou que o louro não fosse ceder, além de duvidar se ele o queria do mesmo jeito que o cazaque estava querendo. Estava estático.

 

O russo ficou nervoso com a falta de reação. Aquilo não era bom sinal. Afastou-se, não apenas dos lábios, mas de Otabek como um todo. Era assustadora a mera possibilidade de estar apaixonado por alguém, por acaso seu contratante, mas que, acima de tudo, não lhe correspondia.

 

Whenever I touch you, music seems to stop. [Sempre que eu te toco, a música parece parar.]

 

Otabek sentiu o beijo se desfazer e o bailarino se afastar. Ele não ia fugir. Não naquela hora ou daquele jeito. Puxou-o pelo braço, abraçando-o por trás, apoiando a cabeça naquele ombro e colando sua boca naquele pescoço. Yuri sentiu o sorriso contra a sua pele e relaxou, sorrindo de volta, abraçando aqueles braços e sendo conduzido pelo moreno a dançar de forma calma, um passo para o lado, um passo para o outro, como começaram. 

 

I never felt this way. So true... [Eu nunca me senti assim. Sinceramente...]

 

Dançaram juntos as últimas notas e ficaram parados, abraçando-se e sentindo a energia acolhedora e apaixonada que fluía entre eles. Ainda nos braços do cazaque, o bailarino se virou e o abraçou de volta de forma meio desajeitada:

 

"Você disse que não sabia dançar." O russo reclamou, embora sorrisse. 

 

O fotógrafo afastou os cabelos loiros do ombro do outro e respondeu, os olhos fixos naqueles lábios:

 

"Eu não disse que não sei dançar. Eu disse que não danço. Mas você vale a exceção."

 

Yuri viu os olhos negros cerrarem enquanto se aproximava cada vez mais e fechou os olhos lentamente, pronto para aquele beijo. Seu nariz tocou no de Otabek e ele prendeu a respiração.

 

Um celular se fez ouvir e os dois abriram os olhos com brusquidão, o clima totalmente desfeito. 

 

"Yuri, eu..." Altin tentou se explicar, nervoso e frustrado.

 

"Atende, cara. Deve ser importante." Yuri retrucou com uma tranquilidade que não reconhecia como sua. 

 

Entendeu que não era tranquilidade, mas sim torpeza. Nem tentava entender o que se passava com a sua cabeça ou sentimentos, pois sabia que não valia a pena. Ao invés disso, assistiu ao cazaque atender o telefone com o ar sério e profissional que estava acostumado, já sentindo falta do homem que lhe beijara e lhe sorrira mais cedo. Altin respondia "certo" e "desculpa" de maneira que não fazia sentido para Yuri, pois não ouvia a conversa completa. Quando desligaram, tudo que o cazaque sussurrou foi:

 

"Merda!"

 

Era tão sentido que doeu em Yuri. Tinha algo de errado. O moreno se apressou para perto do bailarino e disse, soando preocupado:

 

"Yuri, me perdoe. Meu prazo... Eu fui dormir porque queria estar inteiro para agora, mas..."

 

"Eu entendo." O menino disse, ainda mascarando a torpeza com compreensão. 

 

"Mas eu ainda posso levar você para casa." O moreno ofereceu, parecendo levemente ansioso. 

 

"Não precisa. De verdade." Yuri respondeu, ciente de que negara todas as outras vezes que ele lhe oferecera carona. "Eu vou ficar bem."

 

Otabek odiou ver tristeza naqueles olhos antes tão brilhantes. E odiou mais ainda ver que ele baixava os olhos para não lhe encarar, aflito.

 

"Yura, está tudo bem." O fotógrafo falou, tocando o rosto do russo corado pelo uso inesperado de um apelido carinhoso, aproximando-se para beijar sua testa. 

 

O bailarino notou o movimento e se mexeu, capturando os lábios do outro com os seus. O beijo começou hesitante, mas logo foi envolvido com carinho, cuidado e intensidade, embora não tivesse durado tanto quanto os dois gostariam.

 

"Está tudo bem, Beka." Yuri respondeu, retribuindo o apelido, adorando as sensações de nervoso e ternura que aquele modo de chamar o cazaque evocava em si.

 

Eles trocaram um sorriso agridoce e Otabek começou a levar as coisas para o carro. Yuri desligou a última câmera e a guardou para Altin. Deu tchau para ele, mantendo o sorriso, e quando a porta da sala de dança se fechou a pose compreensiva se desfez, dando lugar a aflição e a confusão. Se antes estava tudo acabado entre eles, agora estava tudo incerto. E Yuri não sabia dizer o que era pior. 

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

Otabek estava prestes a enlouquecer pelo novo trabalho freelance ridiculamente minucioso e detalhista que tinha conseguido. Não tinha mais tempo para nada e menos ainda conseguia se concentrar, porque se antes pensava muito em Yuri, depois daquele beijo não pensava em outra coisa que não fosse o russo. Achou sinceramente que fosse apenas a vontade de eternizá-lo com suas lentes, mas agora ficava cada vez mais claro como estava errado. 

 

Por causa do trabalho, não tinha tempo para as relativamente longas conversas interessantes que tinha com Yuri. Por conta dos seus sentimentos confusos e seus anos de treinamento em não se envolver emocionalmente com as pessoas para não doer quando perdê-las, não conseguia sequer iniciar algo mais complexo que uma saudação, tendo desistido de se forçar a qualquer lá pelo meio da semana. 

 

Quando a necessidade por uma pausa para não enlouquecer se tornou fundamental, Otabek levantou e foi beber água gelada, olhando o Instagram. Rodou a timeline de forma desatenta, curtindo postagens aleatórias quando um vídeo começou a rodar de forma automática. Apertou na tela para ouvir o som e a música melancólica e lenta invadiu seu lar:

 

"Your increasingly long embraces, are they saying sorry or please? I don't know what's happening, help me. I don't normally beg for assistance, I rely on my own eyes to see, but right now they make no sense to me. Right now you make no sense to me."

 

O vídeo se repetia incontáveis vezes, enquanto Otabek tragava as palavras da música, a aura e expressões de Yuri como se fosse uma fumaça tóxica, mas extremamente doce e viciante.

 

"Seus abraços cada vez mais longos estão dizendo perdão ou por favor? Eu não sei o que está acontecendo, ajude-me. Eu normalmente não imploro por ajuda, confio nos meus próprios olhos para ver, mas agora eles não têm sentido para mim. Agora você não tem sentido para mim." Otabek repetia junto com a música, observando como a linguagem corporal, as expressões faciais e os olhos de Yuri eram tão eloquentes consigo, parecendo tristes e até decepcionados por não conseguir alcançar algo que lhe parecia tão importante e caro.

 

Foi quando leu a legenda:

 

"Eu podia deixar você registrar esta dança e me eternizar, como você sempre faz, mas dessa vez eu só queria que você prestasse atenção em mim e me ouvisse. Música: Sorry or Please - Kings of Convenience. #Instadance #Dancer #Ballet #Instaballet #ContemporaryDance #Practice #Dancing #Music #Love"

 

Ele ficou nervoso. Parte de si se recusava a acreditar que Yuri dava um recado tão direto para si. Isso implicava em responsabilidade emocional e ele não estava pronto para isso, simplesmente porque tinha medo das consequências de estar emocionalmente atado a alguém e, a partir daquele instante, correr o risco de perdê-la, tornando tudo pior. Incerto do que fazer, decidiu testar o terreno, porque, no fim das contas, algo precisava ser feito.

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

Deitado na cama, Yuri mexia no celular de forma distraída, perguntando-se se valia a pena ter postado seu ensaio improvisado da tarde. Se fosse honesto, assumiria que se tratava de uma indireta para Otabek. Mas não se daria ao trabalho, uma vez que isso o lembrava que seu plano inicial de fazê-lo implorar por si tinha falhado. Agora era ele que estava praticamente se humilhando na internet por um pouco de atenção. Quando sua gata miou por atenção, Yuri fez carinho nela e desabafou, usando a voz fofinha de sempre para falar com o felino:

 

"Otabek não é um grandessíssimo filho da puta, Tepa? Me bota louco por ele, me beija e depois fica de merdinha."

 

Tepa, a gata himalaia miou em resposta, como se entendesse o que o humano dizia e mexeu a cabeça contra a pele do tutor, como se concordasse.

 

"É um filho da puta sim, né, garota? Você é tão inteligente! Mais inteligente que ele." O loiro respondeu, abraçando a gata que reclamou em um miado aflito pelo excesso de carinho.

 

Seu celular apitou e ele soltou a gata, que saiu correndo, chateada, para ver o que tinha de notificações:

 

"Photobiker curtiu seu vídeo."

 

"Otabek_altin curtiu seu vídeo."

 

"Otabek_Altin comentou em seu vídeo: *emoticon do polegar para cima*"

 

"Otabek_Altin: Trabalho está me matando. Você está bem?" 

 

Yuri pensou se respondia ou não a mensagem privada. Verdade fosse dita, era primeira vez que conseguia fazer o moreno falar consigo naquela semana. E pelo jeito que ele estava preocupado da última vez, talvez não fosse uma desculpa esfarrapada. Respondeu:

 

"Aqui também, mas vou sobreviver. E você?"

 

"Melhor agora." Foi a mensagem que Yuri recebeu, corando. "Tudo certo para domingo?"

 

O bailarino ficou escarlate ao pensar que dançaria para ele de novo. Não sabia o que esperar do ensaio, mas se pegou esperando ansioso por isso mesmo assim.

 

"Claro. Mesmo local de sempre?"

 

"Sim." Otabek respondeu, seco. 

 

E as mensagens seguintes chegaram de forma consecutiva

 

"Saudades." 

 

"Vou trabalhar."

 

"Se cuida."

 

":*"

 

O bailarino se odiou por rir daquilo, porque provavelmente o fotógrafo mandou as mensagens por impulso. Queria corresponder a altura, mas se Otabek o tinha feito sofrer tanto, merecia uma revanche, por menor que fosse:

 

"*emoticon do polegar para cima*"


Notas Finais


Uuuuuh, está feito. Eu confesso que fiquei meio com vergonha de postar esse capítulo porque eu achei ele meio fofo demais até pros meus padrões. Esta casa pede perdão por ser brega e vai continuar enaltecendo a breguice, porque temos que honrar o pós-doutorado que temos no tema. hahahaha

Curiosidade: tava no meio da fofura toda quando a Nikkiyan soltou uma fanart "indecente" de OtaYuri e eu tive que parar tudo por algumas horas pra absorver aquilo e pensar no que vem depois. Eu quase meti os pés pelas mãos e escrevi o limão antes da cena fofa, mas foco é foco, meta é meta. Ficou tudo bem, aqui temos o capítulo... Sobre o limão... SOON. hahaha

https://www.youtube.com/watch?v=Vb_LF5OGG4g&spfreload=10 -> Essa foi a música que Yuri dançou no post do Instagram. Antes de optar pelas músicas dos programas de patinação (que são convenientes porque todo mundo conhece), eu ia usar músicas desse duo pra ambientar a fic. Acabei aproveitando a ideia mesmo assim, porque indireta é sempre indireta.

A tradução de Serenade For Two é minha e provavelmente contém erros ou termos melhores pra tradução. Mas eu tentei. De toda sorte, se tiver algum erro, comentem aqui embaixo pra eu consertar, por favor.

Eu esqueci de perguntar isso da última vez, mas temos mais um ensaio. Vocês tem palpites pra última música que eu escolhi? Caixa de comentários está aí pra isso. =X

No mais, a caixa de comentários está aberta pra comentários. Sugestões, críticas (construtivas, se possível), gritos, ataques, qualquer coisa que lhe venha o coração e etc. Titia está ocupada até o pescoço com o fim do semestre, mas vai responder todos, mesmo que demore um pouco. E me incentiva pra caramba a continuar escrevendo, não só Closer, que eu ainda não consegui terminar, mesmo faltando 2 ou 3 cenas (o tempo! Ele é curto!) mas também um segundo projeto (OtaYuri e AU, claro) que já está quase pela metade e eu voltar com ela depois de Closer e eu pretendo postá-la, claro.

E é isso. Gratidão por tudo, pessoas, e até a próxima. [E orem pela minha alma pra que eu tenha paz, tranquilidade e resiliência pra lidar com tudo. Questões acadêmicas acabam com o moral. askdjalkdjaskldjas]


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