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História Closer - Secrets


Escrita por: Rose_Quartz

Notas do Autor


Esse segredinho da Sakura já deu o que tinha que dar, né? Tá mais que na hora de alguém descobrir o talento da criança.

Uma ótima leitura ♥

Capítulo 8 - Secrets


Fanfic / Fanfiction Closer - Secrets

 

Segredos são como livros favoritos. Se você os guardar bem, com cuidado e em segurança, eles só serão abertos por você e mais ninguém. No entanto, se esquecidos, deixados de lado e citados com frequência, acabam sendo descobertos por outras pessoas que se interessam tanto quanto você.

Porém, nesse mar de metáforas e comparações, existe um meio termo.

É quando o livro, mesmo guardado, é fechado com um marca páginas. Mesmo que conservado em segurança, alguém ainda pode vê-lo e querer abri-lo para saciar a curiosidade sobre o capítulo marcado com tanto zelo.

Assim era o segredo de Sakura. Ainda que bem retido apenas consigo, não estava cem por cento seguro.

Já havia se passado dois meses desde sua chegada naquela casa e tudo estava indo incrivelmente bem. Ela não colocava um limite na festa dos rapazes e também não tentava entrar nela. Ajeitava o sobrado e ainda cozinhava quando podia. A única coisa que exigia dos garotos era o mínimo de higiene e a louça bissemanal de cada um, o que parecia ser justo, já que ela mantinha o local organizado e habitável. A convivência não podia estar melhor. Tinha até aprendido a lidar com Sasuke. Bom, mais ou menos.

Ele era daquele jeito caladão e na dele, mas ela sabia que ele não a odiava. Já era um começo.

Com Naruto se dava muito bem, mesmo que ele a tirasse do sério às vezes. Também tinha lá seus assuntos e simpatias com Gaara. Já conseguia ficar confortável numa sala onde estavam só os dois.

Sakura, durante aquele mês, estava tão atarefada com assuntos pendentes que mal conseguia arranjar um tempo para si. Naquela semana, sequer chegara perto de sua música e, sinceramente, começava a sentir falta de uma boa hora sentada em frente ao piano ou umas arranhadas no velho violão.

Tudo em que conseguia pensar, era no que tocaria assim que os rapazes sumissem dali.

Como de costume, ao sair, deu de cara com os todos os outros moradores ainda acordados e jogados no sofá, conversando e comendo. Às vezes estavam jogando, outras vezes, bebendo, mas nunca os vira fumando mais que uns baseados. Sabia que usavam coisas mais pesadas na casa de Neji e ficava mais que aliviada por não ver carreirinhas ou qualquer coisa do tipo sobre a mesinha de centro.

Quando ela voltava, estavam sempre dormindo e roncando como porcos e só acordariam pouco antes das seis da tarde. Normalmente, com seu instinto de boa samaritana, ela sempre preparava alguma coisa para que comessem antes da faculdade, outro hábito que os rapazes apreciavam e muito. Em seus melhores dias, fazia pratos separados especiais pra cada um.

Assim que pôs os pés dentro de casa, sentiu o cansaço a atingir e sorriu se jogando no sofá e chutando os tênis que usava para longe. Estava enfrentando uma difícil temporada de simulados e provas, mas já tinha acabado e se saído muitíssimo bem em todos. Outro período de testes tão difícil assim só viria ao fim do ano.

Precisava fazer uma ligação.

O telefone deve ter tocado umas sete vezes até alguém atender.

— Alô?

— Oi, pai! Sou eu! Não viu pelo identificador de chamada? — Sakura estranhou o tom profissional e a falta de um vocativo carinhoso.

— Oi, querida. Nem olhei o identificador. Se soubesse que era você, teria retornado outra hora... — acertou-a em cheio. — O que foi? Aconteceu alguma coisa? Fale rápido, estou ocupado.

O som apressado de uma caneta riscando um papel passou a irritá-la profundamente.

— Como sempre, pai... — ela enrolou uma mecha de cabelo no dedo indicador da mão livre e suspirou, triste.

— Algum problema com os garotos? — pareceu genuinamente preocupado. — Eles tentaram alguma coisa com você? Porque se sim, eu arranjo outro lugar ainda hoje e...

— Não, pai! Nada disso — Sakura riu. — Não é nada sério, não.

— Sakura, se não é nada sério, por que me ligou?.

— Eu só queria falar um pouco com meu pai... — murchou na mesma hora.

— Sakura, eu estou muito ocupado. Sabe como aqui é corrido. Pode me ligar depois? 

E ele sequer esperou pela resposta. Sakura ficou quieta, ouvindo a linha muda por alguns segundos.

— … Posso, pai… Tchau, até… — só então desligou.

Não estava mais de bom humor suficiente para fazer lanches separados.

Subiu bastante derrotada para o quarto. Sentou-se em sua cadeira, abriu sua gaveta e puxou uma foto meio velha e sofrida com o tempo. Uma linda mulher loira e de olhos verdíssimos a olhava da foto.

Sentia muito a falta da mãe.

Sakura gostava de olhar o sorriso bonito da mulher da foto pra se sentir amparada. De qualquer forma, ainda estava cansada e se jogou na cama macia, afundando nos travesseiros e edredons. Era tão bom. Queria passar o resto do dia ali. 

Sakura revirou. Ainda sentia a alma pesada. Fitou seu violão encostado não muito longe da cama. Se tocasse baixinho ninguém escutaria.

Pegou o instrumento pelo braço, sentindo a madeira fria e o peito aquiescendo. Ajeitou o instrumento junto ao corpo e passou os dedos pelas cordas.

Amava aquela sensação.

Fechou os olhos e dedilhou um acorde Dm. Depois, Cm7. Começou a dedilhar acordes avulsos até encontrar uma melodia de ritmo gostoso e harmônico. Tocava baixinho, com muita cautela, o suficiente para ninguém ouvir. Mas os ouvidos sensíveis e treinados de Sasuke conseguiram captar a música que vinha do quarto ao lado do seu.

Sasuke abriu devagar os olhos. Tinha o sono bem leve e, geralmente, a casa inteira ficava em silêncio enquanto dormiam. O som baixo que ouvia formava nitidamente a melodia de Wish You Were Here. Porém, ele percebeu, era tocada num ritmo bem mais calmo. Como se ela estivesse sendo apreciada em cada acorde, cada nota, cada som. Era delicado.

Em qualquer outro momento, pararia para apreciar. Mas estava com sono e qualquer barulho o deixaria irritado. Deduziu de cara que era Gaara quem estava tocando. Não era do feitio de Naruto curtir um som tão calmo e suave quanto aquele.

Sasuke se levantou devagar, esfregou os olhos como uma criança sonolenta e foi até o quarto de Gaara. Bateu na porta e ele respondeu com um murmúrio cansado.

— Gaara, Gaara.

— Hm? — respondeu ao chamado ainda meio inconsciente.

— Para de tocar, cara. Tô morrendo de sono... — Sasuke encostou a testa na parede, praticamente cochilando em pé.

— Não sei de nada, cara... — a voz saiu alta, porém, abafada pelo travesseiro no qual Gaara provavelmente amassava a cara.

Sasuke, ainda meio desnorteado, se descolou da parede e parou para prestar mais atenção ao som que, gradativamente, aumentava. Bateu na porta do quarto de Naruto, só podia vir dali.

— Naruto —  falou mais alto para chamar a atenção dele.

Deitado em sua cama, Naruto não desfrutava exatamente do sono dos justos. Tinha acordado fazia poucos minutos e estava bastante excitado graças a um sonho erótico. Não aguentando, acabou optando pelo prazeroso ato do onanismo.

Até se assustou quando Sasuke bateu na porta.

Sakura, que estava concentrada, também se assustou com Sasuke praticamente gritando o nome de Naruto. Parou de tocar na hora.

— Naruto, para de tocar! Sabe que se empolga fácil. Tá dando pra ouvir lá do meu quarto, imbecil — continuou falando alto e ele se espantou. 

Pobrezinho, achou que estava fazendo tudo tão discretamente.

— Caralho, não sabia que estava alto. Desculpa... — Naruto sussurrou a última parte e Sakura tratou de guardar o violão bem rápido.

Sasuke, ainda morrendo de sono, voltou feito um sonâmbulo para seu quarto e trancou a porta assim que entrou.

Sakura esperou alguns segundos antes de soltar a respiração e rir só para si. Quase fora pega.

Só por ter tocado um pouquinho, já estava mais alegre e ouviu o estômago roncar. Desceu silenciosamente para a cozinha. Abriu os armários e achou uma massa de lasanha que havia comprado na outra semana. Daria para improvisar uma lasanha de primeira com o que tinha por ali. 

Sabia que não dava pra ouvir nada no andar de cima do que acontecia no andar debaixo. Aproveitou para cantarolar enquanto curtia seu momento na cozinha.

Sakura gostava de cozinhar. Havia desenvolvido o gosto durante sua estadia no internato.

Sinceramente, achava ridículo que, num colégio de meninas, fossem obrigadas a tomar aulas de economia doméstica como se fossem terapêuticas. Mas, realmente, a cozinha lhe encantava.

Enquanto estava com a lasanha no forno, Sakura ainda conseguiu desfrutar de dois episódios de um desenho animado qualquer que encontrou pelas gravações dos rapazes. Gostava de animações, principalmente quando as via sozinha e podia rir à vontade das piadas mais toscas possíveis. Era bom apreciar aquele tempo consigo.

Aproveitou um bom pedaço da lasanha e guardou a forma ainda cheia no forno desligado, deixando um bilhetinho para que os garotos a encontrassem. Voltou ao seu quarto e checou o horário. Quatro e meia da tarde. Esparramou-se na cama. Deveria estar estudando, revisando o conteúdo daquele dia, lendo um livro. Sendo, de alguma forma, produtiva.

Fechou os olhos cansados e acabou pegando no sono.

— ὡѼὠ —

O despertador de Gaara tocou às cinco da tarde e, assim que o barulho irritante o atingiu, ele abriu os olhos num ímpeto. Saltou da cama, pegou uma toalha e quase correu para o banheiro.

Gostava de acordar antes para ser o primeiro a usar o chuveiro.

Assim que foi tentar tomar um banho, se viu barrado por uma porta trancada. Forçou o trinco, mas recebeu uma resposta curta e grossa.

— Tem gente — a voz grave de Sasuke se fez presente.

Gaara quase arrancou os cabelos.

Ele e Sasuke travavam uma guerra particular e silenciosa quando se tratava do uso do banheiro. Era quase que sagrada. Quem usava o banheiro primeiro, poderia se sentir o vencedor por um dia.

Contendo a raiva, Gaara se apoiou à parede.

— Vai demorar? — indagou entre dentes e ouviu o chuveiro sendo desligado.

A resposta só veio alguns segundos depois, quando Sasuke saiu com uma toalha enrolada na cintura e outra jogada sobre o ombro.

— Não — deu um tapinha no ombro de um Gaara resignado.

Gaara, admitindo a derrota, pulou para dentro do banheiro e começou sua ducha rápida. Cinco minutos depois, já estava saindo com os cabelos cor de fogo molhados e pingando. Foi direto para a porta do quarto de Naruto e bateu nela com força.

— Acorda! — Socou a pobre porta mais uma vez. — Não vou chamar de novo!

— Acordei, Gaara! Caralho — ouviu a reclamação vinda de dentro do quarto e saiu satisfeito.

Às seis já estavam todos prontos para partir. Desceram e encontraram a delícia feita pela companheira e já caíram de boca.

Quando Sakura não estava por perto, eles comiam feito condenados.

Naruto nem se deu ao trabalho de pegar um prato. Tratou de cortar um generoso pedaço e pegar com a mão mesmo. O cheiro era bom, mas nada comparado ao sabor.

Filaram a boia sem dizer uma palavra e, quando já estavam quase saindo, Naruto subiu e avisou Sakura.

Bateu três vezes na porta e ela atendeu, colocando somente a cabeça sonolenta para fora. Durante os dois meses que estava lá, nenhum dos meninos jamais havia visto o quarto da garota.

Até aquele dia.

— Sim, Naruto?

— Estamos indo, só vim te avisar. Depois vamos colar no Neji. Você é sempre bem-vinda, sabe disso. Quer que eu te mande mensagem quando formos?

— Agradeço pelo convite, Naruto. Mas vou passar. Boa aula e divirtam-se na casa do Neji.

Naruto anuiu e Sakura ficou olhando enquanto ele sumia no corredor e, assim que ouviu a porta da frente batendo e sendo trancada, sorriu e correu para o piano.

Sentou-se e, com maestria, fez um rápido movimento de exercício. Depois, como sempre fazia antes de tocar qualquer coisa, começou a bater alguns acordes soltos e aleatórios até começar a formar uma música.

Gostava de deixar a melodia vir até si.

A escolhida foi Requiem For A Dream, de Mozart. Aquela melodia a lembrava muito da mãe, que era uma completa apaixonada pelo compositor.

Começou meio falha, apenas com a mão direita. Logo, ambas as mãos trabalhavam juntas numa melodia que ia lenta, complexa e maravilhosa. Era quase como um exercício para Sakura. De olhos fechados e sentindo o som de cada nota invadir seu ser. A menina conhecia o teclado do piano de cor.

Distraída, não percebeu quando alguém chegou silencioso demais e praticamente invadiu o quarto sem fazer nenhum barulho.

Ele a observava tocar tão majestosamente o instrumento e mexer a cabeça, que parecia leve, conforme a melodia.

Sakura finalizou de forma dramática e arpejada. Bateu um, dois, três acordes e, sem pensar, deu início a Wherever You Will Go, da The Calling. Foi completamente inconsciente. Ao se lembrar da mãe, lembrou-se da letra profunda.

Mal bateu a primeira nota, já entrou com o canto. Sakura amava cantar até mais do que tocar, mas era uma coisa que vinha fazendo com menor frequência desde a mudança. Era muito mais arriscado se descobrissem.

O rapaz, que apenas assistia ao show privado, quase revelou sua presença quando ouviu a voz de Sakura.

 

 Ultimamente, tenho pensado

Quem irá ocupar meu lugar?

Quando eu me for, você precisará de amor

Para iluminar as sombras no teu rosto

Se uma grande onda cair

E cair sobre todos nós

Então, entre a areia e a pedra

Você conseguiria se virar sozinha?

 

Com notas e acordes simples, Sakura dava início a uma bela apresentação que pensava ser apenas para si.

 

Se eu pudesse, então eu iria

Eu vou para onde quer que você vá

 

Bem lá em cima ou lá embaixo

 

Eu vou para onde quer que você vá

 

Enquanto a música ia passando, ela ia incrementando os acordes que já viravam arpejos. Tocava tão concentrada e se entregava de forma tão bonita que era emocionante.

 

E talvez eu descubra

Um modo de conseguir voltar algum dia

Para te vigiar, para te guiar

Nos seus dias mais negros

 

Se uma grande onda cair

E cair sobre todos nós

Então eu espero que haja alguém lá

Que possa me trazer de volta para você

 

Era lindo como saia do refrão e retomava a música e tornava ao refrão novamente. Conseguia controlar muito bem sua respiração ansiosa quando a música deixava. Todo seu profissionalismo ficava evidente.

 

Se eu pudesse, então eu iria

Eu vou para onde quer que você vá

 

Bem lá em cima ou lá embaixo

Eu vou para onde quer que você vá

 

Os dedos hábeis já dançavam sozinhos pelas teclas e Sakura cantava com tamanha paixão que chegava a ser espantoso.

  

Fuja com o meu coração

Fuja com a minha esperança

Fuja com o meu amor

 

Só agora eu sei o quanto

A minha vida e o meu amor precisam permanecer

No seu coração e na sua mente

Eu estarei com você por todo o tempo

 

O jeito como tocava, cantava e se mexia entravam em uma sincronia sem igual. Era como se tudo se encaixasse e combinasse. Ela era admirada com tanta atenção que era quase palpável.

 

Se eu pudesse, então eu iria

Eu vou para onde quer que você vá

Bem lá em cima ou lá embaixo

Eu vou para onde quer que você vá

 

Se eu pudesse voltar no tempo

Eu vou aonde quer que você vá

Se eu pudesse fazer com que você fosse minha

Eu vou aonde quer que você vá

 

Sakura bateu sua última nota e abaixou a cabeça. Sempre fazia isso ao final de cada música. Respirou fundo e, quando ia dar início a uma série de novos exercícios antes de tocar outra, ouviu a voz.

— Eu não sabia que você tocava — Sakura esbugalhou os olhos espantados e ficou imóvel. — e muito menos que cantava.

Ela quis sumir.

Talvez alguém tivesse acabado de achar seu livro e aberto na página marcada.


Notas Finais


Música: https://www.youtube.com/watch?v=DChHEf0lpEE (Essa não é a versão original, mas é acústica e tocada ao piano, assim como a da Sakura <3)

Apostas sobre quem é o rapaz misterioso que a viu tocando/cantando? Quem será? Hmmmm...

Espero que tenham gostado. Mil beijos e até o próximo ♥


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