História Cobaia - DIA VII - Eu vou me arrepender disso

Marshall travou em surpresa ao ver Gumball em cima de si, prensando-o contra a cama. Marshall havia pensado em algumas piadas a respeito da saliva, mas foi impedido de falar qualquer coisa. Gumball começou um beijo rápido e profundo, ao qual Marshall demorou para se acostumar, e parecia ter levado a história de "deslocar a mandíbula" muito a sério.

- Princesa... - Marshall tentou dizer quando Gumball passou a espalhar chupões por seu pescoço e massagear seu membro por cima da calça desajeitadamente, devido à proximidade entre os corpos. Marshall estava gostando, claro que não reclamaria (nunca!), mas queria saber o motivo daquilo tudo.

Marshall então entrelaçou as pernas no quadril de Gumball e puxou o braço esquerdo dele com a mão direita, o que fez o príncipe cair de costas na cama e Marshall ficar por cima. Nessa posição, ele pôde segurar as mãos do príncipe acima da cabeça e encará-lo.

- Gumball, o que você está tentando fazer? - Marshall perguntou lento, como em um sussurro alto e o mais novo contorceu-se abaixo de si, para poder sair (falhando miseravelmente).

- Essa é minha vingança pelo que me fez passar mais cedo.

- Oh! Você está querendo se vingar por eu ter feito você ficar duro na frente das suas amigas durante o café da manhã me beijando na sua cama? - Marshall disse rápido para que o outro conseguisse ver o quão idiota era aquela ideia.

- Olha, - o mais velho continuou, saindo da cama e pegando algumas cobertas - você vai se arrepender de ter feito isso assim que acordar e eu vou me arrepender do que vou fazer assim que eu terminar, mas é a coisa certa.

- Eu não vou dormir! - Gumball protestou. - Eu não posso... tenho...

Gumball foi se acalmando à medida que Marshall acariciava seus cabelos. Teria tido o mesmo efeito se Marshall tivesse dado um mata-leão nele, mas o cafuné pareceu uma opção melhor.

Ao perceber que ele havia se acalmado, Marshall retirou os sapatos de Gumball e o cobriu, enquanto começava a dizer coisas que iam ganhando ritmo com o tempo. A cena era doce e as palavras que eram pronunciadas denunciavam o sentimento que havia ali. A música, que em pouco tempo ganhou forma, falava sobre um príncipe muito pomposo, ótimo cozinheiro, viciado em trabalho e cujo perfume fazia qualquer um se apaixonar.  Se Gumball, já encolhido no meio dos cobertores, pudesse produzir sentido para aquelas palavras, ouviria a mais pura declaração de amor. Mas a voz grave de Marshall enchia o quarto e embalou seu sono como uma canção de ninar, daquelas cuja a letra não faz sentido, mas a voz de quem canta acalma.

Marshall continuou a arrumar algumas coisas e quando olhou para relógio, viu que já eram dois terços da madrugada e ele pensou: "Eu deveria mesmo tê-lo feito dormir quando estávamos prestes a transar?".

...

"NÃO!". Aquele velho ditado sobre arrependimento caiu bem aquela hora, mas a sensação não chegou a matá-lo porque o rostinho angelical de Gumball provava ter valido a pena. Além disso, as olheiras dele estavam visíveis, aquilo era preocupante e causou em Marshall um sentimento similar a culpa.

Marshall abaixou-se próximo à cabeça de Gumball, cujos cabelos já estavam totalmente desarrumados. 

"Você precisa de uma folga, princesa."