Anoto num pedaço de papel o quanto quero te bordar flores bonitas na renda azul que cobre teus ombros bronzeados - mas a maresia corroeu meus dedos, transformou minhas mãos em pó, e sinto que não posso te alcançar no alto mar; não acho justo pisar no recife de corais para ter seus braços ao meu redor novamente. Odeio praia, não vou a nenhuma delas, mas ando em linhas irregulares no calçadão com teu tênis nas mãos. É uma metáfora para o que nunca vivi, sabe? Não tenho como escapar das correntes e beijar teu rosto, trançar teu cabelo e te cantar alguma música dos los hermanos às 4 da manhã. Essa não sou eu.
Tens uma coleção de conchas bonitas sobre a mesinha ao lado da cama, e disse que me faria uma coroa qualquer dia desses; eu sorri porque não precisava. Não sou de lugar nenhum para ser coroada.
Sinto dedos acarinhando a parte raspada do meu cabelo, e quase choro. Quase abandono minhas ideias, quase deixo para trás qualquer convicção pré-cozida no meu âmago para me jogar no mar, mas sou tão covarde para viver um amor fantasia. Um convite bonito, mas um véu cobre teu sorriso de batom vermelho e lábios mordidos. Digo que te amo no fim do conto, mas acho que você não lê dedicatória e não tem medo do oceano.
Eu tenho, eu tento, não somos. Não vou a lugar nenhum.
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