História Cocaine - Tenho todos os sintomas do "Eu te amo".

POV Marco

Winfried veio até mim assim que abaixei tocando meu pé.

-Johanna me mata se souber de qualquer negligência  minha sobre você, o que foi?-Ele perguntou desamarrando a minha chuteira.

-Perdi a firmeza e uma dor aqui...-Eu respondi tocando meu pé.

Winfried olhou para o céu e então para mim novamente.

-Marco, o que você come? Não é possível...-Ele revidou e começou a mexer meu pé.

-Como o que me mandam comer no CT, e em casa a comida que tiver...-Eu falei.

-Intensidade da dor?-Ele disse.

-Três...-Eu revidei.

- Menos mal... Consegue andar?-Winfried falou me ajudando a levantar.

Levantei.

-Acho que sim...-Eu disse e dei um passo ainda me apoiando nele.

-O que foi?-Thomas perguntou.

-Acredito que seja apenas um fadiga, intensidade da dor é três... Precisa de regeneração, massagem... Descanso...-Winfried respondeu.

-Descanso?-Eu revidei.

-Nada de jogar amanhã... Nada de namorar muito...-Winfried falou e riu.

-Tá bom... Vou cortar ele da relação... Terça ele está disponível, Winfried?-Thomas disse.

-Se ele seguir as recomendações e não vier feito louco como nesses últimos treinos...-Winfried revidou.

Thomas voltou ao treino com os rapazes e eu saí dali com Winfried.

-Feito louco?-Eu perguntei.

-Está se forçando muito... Ou você acha que te prendo mais nos tratamentos por que eu amo você? Fora as mensagens que Johanna manda pra me pressionar nos cuidados...—Ele respondeu.

-Ela manda?-Eu revidei surpreso.

-Manda... Ela tá morrendo de saudade do trabalho dela... Antes ela não mandava, mas desde o início do mês... Me pergunta como estão as coisas e sugere alguns procedimentos... Deu uma loucura nela também...-Winfried falou.

Me sentei e ele me deu gelo pra colocar no pé.

-Joh tem tido muito tempo livre em casa, e não gostou da ideia de eu jogar amanhã... Mas agora é que não vou mesmo...-Eu disse.

-Ontem ela me mandou uma mensagem dizendo que queria matar eu, Jonas e o Thomas... Perguntou se nós três tínhamos merda na cabeça... Falou que o jogo é intenso demais pra ser o jogo do seu retorno aos campos...-Ele revidou.

-Mesmo discurso comigo, mas parece que ela acertou mais uma vez...-Eu falei.

-Quando ela souber... Vai me atacar no WhatsApp... Vai mandar um áudio gritando...-Winfried disse e riu.

-E eu que vou encontrá-la pessoalmente quando chegar em casa... Se eu falar que ela faz ioga, ninguém acredita...-Eu revidei.

-Você acha que quando ela voltar, se voltar mais ela do que nunca, pega o lugar do Jonas?-Winfried perguntou.

-Não sei... Por que tem nossos os filhos agora... Acho que Joh vai querer ficar mais tranquila no trabalho... Por que pergunta isso?-Eu respondi.

-Sei lá... Eu conheço Johanna há um ano e alguns meses e depois que ela chegou, trabalhou praticamente nove meses aqui até se afastar por conta da gravidez... Vejo diferença de profissionalismo entre ela e Jonas... Ele é bom, mas tem umas coisas que eu não concordo e que penso que Johanna faria totalmente de forma diferente...-Ele revidou.

-E por que não você? Você também é bom, Winfried, se sabe que a Joh faria diferente, é que sabe como as coisas deveriam ser feitas, não?-Eu falei.

-Pois é... Mas sei lá, Johanna tem uma postura mais firme que a minha... Mas antes ela mandando, que Jonas...-Winfried disse.

-Jonas fala em sair?-Eu revidei.

-Quem é que quer sair?-Ele falou.

-Alguém que não esteja contente aqui...-Eu disse.

-Só um grande descontentamento com Jonas faria ele mudar  de cargo ou sair...-Winfried revidou.

-Ou outro clube oferecesse mais pra ter ele...-Eu falei e ri.

 Só o Bayern não é? Que ofereceu aumento de salário pra Joh continuar lá, mas você fez a cabeça dela...-Ele disse e riu.

-Antes ela ter vindo do que eu ter ido...-Eu revidei.

-Ah, isso é verdade... E o olha que o maior problema dela lá o Pep... Aí O Bayern perdeu o médico, a fisioterapeuta por causa dele... E no final das contas ele saiu... Apesar de que tem muitos bons jogadores lá... E outros bons profissionais... –Winfried continuou.

-É verdade... Mas escuta, tenho certeza que se ela pedisse pra trabalhar novamente, eles contratavam...-Eu falei.

-Você acha mesmo que há possibilidade dela pedir isso?-Ele perguntou e riu.

-A gente briga, como todo casal... E ela meio que ameaça voltar pra lá...-Eu respondi.

-Hã? Estão nesse nível? E nem completaram um ano de casado ainda...-Winfried revidou surpreso.

-Os hormônios dela ainda estão se ajustando por causa da gravidez... Ela fala isso quando está muito brava...-Eu disse.

-A minha irmã foi desse jeito... Surtou durante a gravidez toda...-Ele falou e riu.

-E ainda teve o surto pelo seu patê... Depois disso, nunca mais falou nele...-Eu revidei.

-Você está falando demais na sua mulher... Vamos lá pra sala, te libero logo, você vai pra casa, ficar com ela e aquela coisinha linda... Que é capaz de fazer esse time inteiro parar, só pra olhar...-Winfried disse.

-É minha paixão aquela raposinha... Junto com o meu pequeno que logo vai poder ir pra casa...-Eu falei.

-Imagino que sim...-Ele revidou.

Fomos pra dentro do CT, fiz tudo o que deveria fazer e fui pro apartamento. Quando entrei Joh estava na sala com Lilian.

-Que merda foi essa? Que diabos vocês fizeram no treino pra te deixar de fora mais uma vez?-Joh perguntou vindo até mim.

Peguei Lilian dos braços dela.

-Não foi nada demais, amor... Só muito esforço... Terça eu jogo...-Eu respondi e beijei o rosto de Lilian.

Ela fazia barulhinhos.

-Eu bem que queria confiar no BVB, mas não dá... Ainda mais estando de licença...-Ela revidou.

-Você já está sabendo disso?-Eu falei balançando um pouco Lilian.

-Claro... Quem não está?-Ela disse e se aproximou de mim.

Me beijou.

-Eu estou bem, fica tranquila... Foi só fadiga muscular... Winfried disse pra eu descansar esses dias... Que fica tudo bem pra terça feira... E é Champions League...-Eu revidei ao cessar o beijo.

-É que eu não quero ver mais você fora dos jogos... Quero te ver feliz e isso faz parte da sua felicidade... E já estava preocupada com o jogo de amanhã, aí na véspera recebo essa notícia... Fico louca...-Joh falou mais calma.

-A boa notícia é que eu vou ficar em casa amanhã... Com as minhas garotas... O que acha de depois que visitarmos o Martin, irmos pra nossa casa? Ficamos lá o dia inteiro e à noite... Eu levo a minha esposa pra jantar... Por que domingo tem a reunião geral...-Eu disse.

Ela sorriu.

-No meio de suas garotas, tem a Dulce também....-Joh revidou rindo.

-É... Já posso considerar ela uma das minhas garotas, já que é bem presente na minha vida...-Eu falei.

-Ela eu deixo... Cuida de mim muito bem desde que me conheceu...-Ela disse e me beijou.

-O que vocês fizeram hoje?-Eu perguntei.

-Ioga... Sabe que agora estou conhecendo umas mulheres legais lá? E eu até estou tentando convencer Dulce a fazer... Estou convidando... Só falta ela aceitar, por que Lilian fica deitadinha no transporte, nem chora enquanto a mommy está fazendo... Aí daria pra Dulce começar...-Joh respondeu animada.

-É? Essa princesa fica quietinha esperando a mommy?-Eu revidei.

-Fica sim... Quando ela puder ir aos treinos te ver, aposto que vai ficar toda linda concentrada assistindo...-Ela falou.

-A Lilian e o Martin...-Eu disse.

-Os dois, seu Deus quiser...-Joh revidou.

-Eu simplesmente amo chegar em casa e te encontrar animada assim...-Eu falei.

-As coisas estão melhorando e eu decidi que todo e qualquer momento das nossas vidas deve ser um pouco celebrado...-Ela disse e me abraçou junto com Lilian.

-Ioga faz muito bem pra você pelo jeito...-Eu revidei.

-O psicólogo também... Ele acha que fiquei cômoda por ter tudo e quando eu falei aquilo que queria ter morrido junto com Martin, foi um sentimento de não ter por o que ou por quem  lutar... E ele me explicou que qualquer conquista, mesmo que seja um bolo que eu conseguir fazer deve ser comemorada... Afinal acontecem muitas etapas pra se chegar a um resultado de qualquer coisa...-Joh falou.

Ela nunca tinha comentado sobre as sessões com o psicólogo. Fiquei feliz em ouvir.

-Então o que vamos comemorar agora?-Eu perguntei.

-O jantar maravilhoso que  a Dulce está fazendo... -Joh respondeu.

-Humm... Gostei de ouvir isso...-Eu revidei rindo.

-Amor, amor... Depois do jantar vamos dar uma volta... Meio disfarçados pelo centro... Eu comprei umas coisas hoje, e acho que vai ser divertido...-Ela falou.

-Entendi, você comprou algumas coisas....-Eu disse e ri.

Fomos para o quarto, Joh tomou banho e já começou a se arrumar pra nossa saída. Eu estava deitado na cama com Lilian e ela saiu do closet.

-O que acha?-Joh falou rindo.

Estava com o cabelo preto.

-Joh, isso é uma peruca?-Eu revidei surpreso.

Sentei na cama. Joh ria .

-Sim... Eu estava dirigindo, vi uma loja de cabelos... Eu parei lá e não resisti...-Ela falou e foi andando até o espelho.

Se olhou e deu mais uma arrumada no cabelo. Fui até ela, toquei.

-É de verdade? Como você colocou isso? Por que você tem muito cabelo...-Eu disse.

-É de verdade... Fiz uma touca com o cabelo... Pesa um pouco essa peruca... E aí o que está achando de ter uma morena em casa?-Joh revidou me olhando através do espelho.

-Interessante... Mas como você vai me disfarçar?-Eu falei.

-Espera...-Joh disse e saiu em direção ao closet.

Entrou.

-Lilian, sua mãe não é normal não...-Eu falei sentando na cama.

Lilian me olhava com a mão na boca.

-Eu trouxe duas pra você, essa longa pra você ser um metaleiro ou essa  de cabelo mais curto... Tem esse óculos falso aqui...-Joh disse saindo do closet com as perucas na mão.

Colocou sobre a cama.

-Meu Deus do céu... Você inventa cada coisa...-Eu disse olhando as coisas.

-Coloca... Essa longa pra eu ver como fica... Pode colocar uma toca ou boné, vai ficar muito bom pra andar no centro... Podemos ver as decorações de natal... Fazer comprinhas...-Ela falou.

Peguei a peruca e coloquei. Joh parecia segurar o riso enquanto me olhava. Levantei, fui até o espelho, me olhei e caí no riso.

-De onde você tirou essa ideia?-Eu perguntei rindo.

A minha ia até os ombros.

-Do meu ócio... Aí a gente coloca umas roupas mais escuras e saímos...-Ela respondeu vindo até mim.

Ficamos os dois de frente para o espelho.

-Uma foto agora, seria boa...-Eu revidei.

-Sim... Boa ideia... Com a Lilian...-Joh falou e foi até Lilian.

Pegou e voltou, tirei meu celular do bolso e tirei uma foto da gente no espelho.

-Vamos jantar assim , pra Dulce rir da gente...-Eu disse.

-Eu pensei em trazer um cabelo Bob Marley pra você...  Vamos jantar assim  pra ir acostumando também...-Ela revidou.

-Vamos colocar a outra ali na Lilian...-Eu falei.

Joh soltou uma gargalhada.

Fui até a cama e peguei a peruca pra colocar na Lilian, colocamos e tiramos mais uma foto.

-Se minha mommy e o meu daddy tem cabelo preto, eu também tenho que ter...-Joh disse imitando voz de criança.

-Está uma graça... Vamos pra cozinha...-Eu falei.

Nós fomos. Dulce estava de costas.

-O cheiro está ótimo, Dulce...-Joh disse sentando.

-Dios mio!-Dulce gritou ao virar e nos ver.

Nós rimos.

-Estamos mais parecidos com espanhóis, Dulce?-Eu perguntei.

-Preciosos... Mas até a bebê? O que vocês estão tramando? Estão um pouco espanhóis, mas falta o bronzeado...-Dulce respondeu.

-Nós vamos sair hoje... Eu e o Marco... Disfarçados... -Joh revidou animada.

-Estão engraçados... Mas será que vai dá certo?-Dulce disse.

-Não sei Dulce, também tenho minhas dúvidas... Mas ela acredita que sim...-Eu falei.

-Eu também não sei, mas não custa tentar...-Joh disse.

-Estou agoniada vendo essa peruca na Lilian...-Dulce revidou.

-Já chega né meu amor? Seu cabelo é lindo demais pra ficar debaixo de uma peruca...-Joh falou tirando a peruca de Lilian.

-Dulce, me diz se não dá vontade de apertar bem muito essa minha filha...-Eu  disse.

-Toda hora tenho essa vontade...-Dulce falou rindo.

-É por que eu sou muito fofa gente...-Joh revidou imitando voz de criança.

Ela colocou Lilian pra mamar enquanto jantávamos. Depois terminamos de nos arrumar e saímos para o centro no carro dela.

Estacionamos em uma rua vazia e seguimos andando. O disfarce funcionava, nós ríamos um do outros, mas nos divertimos na feira do centro. Nos sentimos bem à vontade na rua, compramos algumas coisas e decidimos ir ao McDonalds relembrar os velhos tempos antes de ir pra casa.

Fizemos o pedido, pagamos, esperamos um pouco e enfim sentamos pra comer.

-Até agora, nada de reconhecimento... Gostei disso...-Eu falei encarando Joh.

-Dá próxima vez  compro umas lentes de contato, verde pra mim e marrom pra você...-Ela disse rindo.

-Quando entrarmos nos carro tiramos... Ninguém vai ver a gente...-Eu revidei.

-Verdade... Sabe o que é engraçado? No apartamento ninguém nunca perturbou a gente... Parece até que não tem vizinhos lá...-Joh disse.

-Ainda bem que é tudo tranquilo lá... Que nem a nossa casa... Vizinhos distantes... –Eu falei.

-Mudando de assunto... Uma pena eu ter calçado botas...-Ela revidou e sorriu.

-Por que? Está ruim pra andar?-Eu perguntei.

-Não... Mas não dá pra eu te fazer lembra do meu pé embaixo da mesa...-Joh respondeu sorrindo.

-Ah... Aquele pezinho safado... Lembro dele... Mas não muito.. Quando a gente chegar em casa, poderia me ajudar com isso...-Eu revidei.

-Em casa posso te ajudar a relembrar muitas coisas...-Ela falou.

-Mas vai ter que segurar um pouco, o Winfried  falou pra não namorar muito...-Eu disse.

Joh parou de comer e me encarou.

-Winfried não manda em mim... –Ela revidou.

Eu ri.

-Mas você é fisioterapeuta, deveria concordar com ele...-Eu falei.

-Justamente, sou fisioterapeuta e por isso eu sei até onde eu posso ir  com você em relação a namorar...-Joh disse.

-Tem que ser amor gostoso, em vez de depravação...-Eu revidei.

-É... Winfried não me conhece mesmo...-Ela falou e voltou a comer.

Segurei o riso, Joh estava voltando ao normal e o normal dela era esse, geniosa e louca. Lembrei de quando nos conhecemos.

-Amor, lembrei agora quando nos conhecemos... Que eu não fazia a menor ideia de como você era realmente... E nós éramos comportados um com o outro...-Eu disse.

-E você era tímido comigo... O que pra mim te deixou mais interessante...-Joh revidou.

-Interessante?-Eu perguntei curioso.

-Atraente pra mim... Uma timidez sensual nesse corpinho...-Ela respondeu.

-Timidez sensual....-Eu revidei.

-Já está ficando vermelho... Para branquinho, estamos em público e eu não posso te atacar...-Joh falou.

Eu ri da cara dela.

-Em casa você pode...-Eu disse.

-Agora já está querendo desobedecer ao fisioterapeuta Winfried? Mas não foge do assunto não... Estávamos falando do nosso passado...-Ela revidou.

-Sim... O que mais?-Eu falei.

-O que achava de mim?-Joh disse.

-Interessante também, óbvio... E fiquei com medo de você entender tudo errado,  só que o seu beijo naquela festa ficou com um gosto de quero mais... E quando te reencontrei... Eu até esqueci isso por que meu coração acelerava tanto perto de você... E ele só ficou um pouco mais tranquilo, quando o seu ficou próximo ao meu...-Eu revidei.

-Não posso com você... Quer me matar de amor mesmo? Você se apaixonou a primeira e segunda vista?-Ela falou sorrindo.

-Você pode comigo sim... Quando você me beijou na festa, já tinha te achado linda... Louca, mas isso eu tive certeza depois... Aí quando te vi lá no salão falando com o pessoal nem acreditei...-Eu disse.

-Já estou louca pra chegar em casa... Só pra te encher de beijos...-Joh revidou.

-Então vamos deixar tudo aqui e ir embora...-Eu falei e ri.

-Não... Não... Eu ainda quero levar alguma coisa pra Dulce... Ela está lá cuidando da nossa preciosa... Merece McDonald’s também...-Ela disse.

-Tá bom... Ela merece mesmo...-Eu revidei

-Amanhã... Já que vamos pra nossa casa em Herbede... Montamos a árvore de natal... Saudades da casinha... –Joh falou.

-Sim... Vamos ver o Martin e depois casa...-Eu disse.

Terminamos de comer, compramos um lanche pra Dulce e voltamos para o apartamento ainda se divertindo com as perucas.

-Gostaram mesmo disso...-Dulce falou ao nos ver.

-Dulce, isso é nossa capa da invisibilidade, saímos na rua e ninguém reconheceu o Marco...-Joh revidou ainda animada.

Tirei a peruca e Joh também.

-Foi bem legal...-Eu disse.

-Ainda bem que se divertiram...-Dulce continuou.

-Trouxemos McDonald’s pra você, Dulce...-Eu falei e entreguei o pacote a ela.

-Ah, muito obrigada...-Ela revidou.

-Onde está a raposinha?-Joh perguntou.

-Dormindo no quarto de vocês... Acho que daqui a pouco ela acorda pra mamar...-Dulce respondeu.

-Vou lá... Por que estou morrendo de saudade...-Joh revidou indo em direção ao corredor.

Acompanhei ela, no quarto fomos logo tomar banho, então Joh pegou Lilian e acordou pra mamar. Cuidamos dela e nos deitamos com ela entre a gente.

Lilian ficou acordada e parecia querer interagir com a gente, ficamos conversando com ela, tirando fotos.

Quando ela dormiu novamente, coloquei de volta ao berço.

Joh me abraçou quando deitei na cama, e dormiu em cima de mim.

De manhã cedo, ela levantou por causa de Lilian, trocou a fralda e colocou ela pra mamar. Fiquei fazendo carinho na coxa dela.

-Já vamos levantar?-Eu perguntei baixo.

-Não, está muito cedo... Parece que ela vai dormir de novo... Piscando bem devagar...-Joh respondeu e sorriu olhando Lilian.

Acabei dormindo de novo enquanto esperava, mas acordei quando Joh levantou. Ela colocou Lilian no berço e voltou.

-Dormiu?-Eu falei.

-Sim... Ficou acordada até mais tarde com a gente... Só pode estar sonolenta mesmo...-Ela revidou.

-E você? Sonolenta?-Eu disse fazendo carinho sobre a barriga dela.

Joh sorriu.

-Não muito, por que?-Joh falou.

-Pensei em algo silencioso e gostoso...-Eu revidei.

-Concordo com seu pensamento...-Ela disse e  começou a beijar o meu pescoço.

Embalamos um amasso, transamos e adormecemos depois.

Quando acordamos novamente preparamos tudo e nos arrumamos, fomos todos para o hospital visitar o Martin antes de ir pra nossa casa.

Entramos na UTI e Leonardo mexia em Martin.

-Olha só Martin... Quem chegou... A sua mamãe, o seu papai e a sua irmã e convidada....-Leonardo disse ao nos ver.

-Como ele está hoje doutor?-Joh perguntou.

-Acredito que louco pra enxergar vocês finalmente...-Ele respondeu.

Martin estava com os olhos descobertos.

-Martin...-Joh disse se aproximando mais dele.

Ele mexia as pernas  e os olhos como se tentasse entender onde estava.

-Acabei de tirar a máscara desse super herói...-Leonardo falou.

-Oi meu amor... –Joh continuou tocando a mão dele.

Olhava pra ele, Martin retribuía o olhar, vidrado em Joh.

-Lilian o seu irmãozinho pode te ver hoje...-Eu falei pegando ela dos braços de Dulce.

-Oh meu Deus... Ele é pequenininho...  Bem menor que a irmã...-Dulce disse surpresa.

-É... Ele nasceu com 25 semanas... Seis meses, ela nasceu no tempo normal... Ainda faltam dois meses pra ele ficar pronto pra sair do hospital... Vai ter uma certa diferença em relação ao crescimento e desenvolvimento deles dois....-Leonardo explicou.

-Eu quero segurar ele...-Joh falou.

Leonardo sorriu e abriu a incubadora pra tirar ele, Joh sentou e Martin foi colocado sobre o peito dela. Assim que tocou sua mão novamente, ele segurou e moveu a cabeça pra cima, como se procurasse os olhos de Joh. Ela começou a chorar.

-Ele está te olhando, Raposa...-Eu disse com os olhos cheios de lágrimas.

-Ele está animado hoje...-Leonardo revidou.

-Oi meu amor, eu estou aqui... Mommy está aqui... E tão feliz... Eu te amo muito, Martin...-Joh falou acariciando a cabeça dele devagar.

Martin não desgrudava os olhos da Joh.

-Acho que temos um amor á primeira vista acontecendo...-Dulce disse sorrindo.

-É meu pequeno, você tá vendo a sua mommy?-Eu revidei.

Martin se mexeu a cabeça, parecia me procurar, me aproximei mais pra ele me ver, toquei sua mão e ele segurou a minha, comecei a chorar.

-Acho que ele está vendo nós dois meu amor...-Joh falou.

Encarei ela sorrindo e beijei.

-O cabelo é loirinho...-Dulce disse.

-Sim, vai ficar igual ao daddy...-Joh revidou cessando o beijo.

-Olha Lilian... Seu irmão...-Eu falei aproximando ela dele.

Joh colocou a mão de Lilian na dele, ela segurou.

-Vão ser muito unidos... Eu sinto isso...-Joh disse.

-Já dividiram sua barriga juntos, claro que vão ser unidos...-Leonardo falou.

-Posso levar ele Doutor? Não quero mais ele aqui... Morrendo de vontade de ter ele em casa... Meu outro maior amor do mundo...-Ela revidou sorrindo.

-Ainda não, Johanna... Até quero falar com vocês, é preciso mais um procedimento nele...-Leonardo disse.

-Mais um doutor? Por que? Onde?-Joh perguntou.

O rosto dela mudou, de alegre para preocupado.

-Nos rins, mas não se preocupem, é muito simples e rápido... Acredito que vai ser o último e ele tem crescido bem, ganhado peso...  É algo tranquilo...-Ele respondeu.

-Quando vai fazer?-Eu revidei.

-À tarde... Vou demorar aproximadamente uma hora... Coisa muito simples...-Leonardo falou.

-Ai meu Deus, por que tudo isso?-Joh disse.

-Meu amor, vai ficar tudo bem...-Eu falei.

-Vai sim,  e antes de ir pra nossa casa nós vamos á igreja...-Ela revidou e beijou a cabeça de Martin.

Sussurrou algo pertinho dele, não consegui ouvir direito, parecia falar português. Então pediu que Leonardo colocasse Martin de volta a incubadora. Nos despedimos e saímos do hospital, fomos à igreja onde nos casamos, estava aberta, mas haviam umas três pessoas rezando lá dentro, Joh parecia apressada foi para um banco perto do altar, sentou e então ajoelhou.

Fiquei com Dulce e Lilian  perto da porta.

-Devo ir lá?-Eu perguntei.

-Não sei precioso, talvez ela queira ficar sozinha lá... –Dulce respondeu.

-Não falou mais nada depois que disse que era essa igreja que ela queria vir...-Eu revidei.

-Foi aqui que Deus abençoou a relação de vocês dois... Então aqui é um lugar que Joh se conecta com Ele... Já vim outras vezes aqui com ela...-Ela falou.

-Já? Ela nunca fala...-Eu disse.

-Sempre depois que vai ao psicólogo ela decide vir aqui...-Dulce continuou.

-Obrigado por me contar isso Dulce, acho que vou seguir o exemplo dela...-Eu falei e fui para um dos bancos.

Ajoelhei e rezei um pouco.Quando levantei Joh estava em pé me olhando.

-Pronto, Deus vai cuidar de tudo...-Ela disse sorrindo.

Abracei ela.

-Sim... Vamos pra casa...-Eu revidei.

Saímos da igreja, entramos no carro e fomos para a nossa casa.

Estava há um tempo fechada, apesar de que meus pais iam sempre pra dar uma olhada e limpar.

-Tanto tempo sem vir aqui... Nós temos que fazer umas mudanças no quarto da Lilian... Comprar um berço pro Martin, colocar umas coisas de menino... Por enquanto os dois vão ficar juntos lá...-Joh falou ao entrar na casa.

-Comprar coisas de menino vai ser a melhor parte pra mim... Logo meu pequeno vem e merece tudo de melhor e mais legal...-Eu revidei.

-Eu também mereço...-Dulce disse imitando voz de criança enquanto segurava Lilian.

-Merece sim minha pequena...-Eu falei e peguei Lilian.

-Acho que precisamos ir até a cidade comprar umas coisas pra cozinha.... Vem me ajudar Dulce...-Joh disse indo em direção à cozinha.

 Dulce foi atrás dela. Fiquei na sala com Lilian. Ela fazia barulhinhos me olhando, como se quisesse conversar.

-Vamos olhar o rio Lilian?-Eu perguntei caminhando até a porta de vidro.

Abri, o vento frio invadiu a casa, mesmo assim saí pra varanda já que nós dois estávamos preparados.

-A nossa casa é muito legal, daddy... Tem muito espaço...-Eu falei imitando voz de criança.

-É, tem muito espaço pra você correr com o seu irmão... Nós vamos poder acampar aqui fora... Tomar banho com muito cuidado no rio... Só com o daddy e a mommy perto... Por que pode ser perigoso... E a gente não quer que nada de ruim aconteça com vocês dois... A gente pode colocar uma cama elástica aqui, um playground... O que os maiores do mundo quiserem... Pra gente brinca muito tá ouvindo meu amor?-Eu disse abraçando ela.

-Eu vou gostar muito, daddy...-Eu revidei imitando a voz novamente.

Fiquei andando pelo quintal com ela por um tempo, então voltei pra dentro da casa e deitei no sofá com Lilian sobre mim, liguei a TV e acabei dormindo um pouco depois.

-Branquinho...-Joh falou tocando meu cabelo.

-Oi?-Eu disse abrindo os olhos.

-Amor, vou com Dulce até Herbede... Comprar umas coisas pra gente fazer um almoço aqui... Vá para o quarto... Tenho medo da Lilian em cima de você assim... Ela pode rolar e cair no chão... Na cama vocês ficam mais a vontade...-Ela revidou.

-Tá bom...-Eu falei levantando.

-Trocamos a roupa da cama, tem leite pra Lilian na cozinha... Qualquer coisa, vocês já sabe o que fazer...-Joh disse e me beijou.

Fiz o que ela falou, fui para o quarto com Lilian. Eu estava cansado mesmo, tanta coisa acontecendo  e com os treinos puxados, a única coisa que mais queria quando não tinha nada pra fazer era descansar.

Fiquei pensando em como tudo havia mudado, agora eu sendo  pai minha vida estava diferente, mas muito agradável, chegar em casa depois de um dia inteiro de trabalhos no CT e encontrar Lilian se tornou a minha parte favorita do dia.

-Você é mais linda que sua mãe, mas não fala isso pra ela, por que se a Raposa mãe souber disso, vai ficar com ciúmes...-Eu falei baixinho olhando Lilian dormindo ao meu lado.

-Isso pode ser nosso segredo, daddy...-Eu revidei imitando voz de criança.

-Sim... Mas a mommy continua linda... Sendo que você é mais do que ela...-Eu disse e ri.

Me estiquei na cama e acabei dormindo novamente.

Acordei um tempo depois com Lilian chorando alto. Peguei ela e pelo cheiro, a fralda estava suja, saí do quarto e fomos para o dela. Troquei a fralda e desci com ela até a cozinha, peguei a mamadeira na bolsa térmica e subi novamente de volta ao quarto, ela se acalmou mais quando começou a tomar o leite.

Lilian me encarava enquanto sua mão segurava meu punho.

-Dá vontade de te colocar dentro de uma caixa de vidro pra ninguém mexer... Essa minha coisa mais linda...-Eu falei.

-Daddy, eu pareço uma bonequinha, mas eu sou gente, ouviu?-Eu disse imitando voz de criança.

-É a minha princesa... Meu maior amor do mundo...-Eu revidei.

-Ah a minha gordinha está com o meu magrinho tomando leite?-Joh  falou entrando no quarto.

Lilian mexeu a cabeça e soltou a mamadeira, como se procurasse Joh.

-Olha quem voltou Lilian... A mommy...-Eu disse.

-Não meu amor, beba o seu leite na mamadeira... A mommy não vai pegar em você agora...-Joh revidou se aproximando.

Me beijou.

-Deu tudo certo?-Eu perguntei colocando a mamadeira na boca da Lilian novamente.

-Sim... Comprei até o berço do Martin... Achei um igual ao da Lilian, foi na mesma loja... A tarde vem um montador... Aí Dulce tá lá embaixo lavando  umas roupinhas de cama pra gente arrumar, pra atrair ele pra casa logo...-Joh respondeu tirando o casaco.

-Não precisa de ninguém pra montar... Tem manual pra montagem? Se tiver eu faço isso... Na garagem tem as ferramentas que a Anelise colocou como parte dos equipamentos da casa... Então eu posso fazer... Enquanto eu monto, fica você e Lilian na poltrona assistindo...-Eu revidei.

-Tem o manual sim, mas tem certeza amor que quer fazer isso em vez de descansar?-Joh falou.

-Sim... Com manual eu consigo fazer...-Eu disse.

-Então vou ligar lá pra loja e cancelar o serviço...-Ela revidou.

-Pagou por isso?-Eu continuei.

-Não... Comprei o berço, o colchão e algumas coisas, e incluíram o serviço já no valor que paguei tudo...-Joh falou.

-Ah bom, então liga e cancela que daqui a pouco já começo...-Eu revidei.

-Certo, mas eu não vou poder assistir ao daddy montar o berço, só a Lilian gordinha... Por que vou fazer um almoço bem delicioso hoje, coisa que provavelmente você nunca comeu...-Ela disse.

-Se for formiga frita, nunca comi...-Eu falei e ri.

-É peixe... E não adianta vir dizendo que não gosta, por que nem experimentou ainda... É o que eu vou fazer e aposto que vai adorar...-Joh revidou.

-Não Joh... Peixe não... Por favor...-Eu continuei.

-Se você não gostar... Já vai ter algo pra você comer... Mas não custa experimentar, branquinho...-Ela falou e foi saindo do quarto.

-A sua mãe é fogo de todo jeito... Vai me fazer comer peixe... Imagina com você e seu irmão como ela vai fazer comer tudo...-Eu disse olhando Lilian.

Continuei com Lilian até ela soltar a mamadeira, então levantei e fui até a cozinha com ela.

Joh estava na pia cortando o peixe. O celular  no balcão passava um vídeo. Uma mulher falando em português.

-Eu odeio fritar peixe, mas nunca mais comi isso... Então vou fazer mesmo assim...-Ela disse.

-Mais um motivo pra você desistir de fazer isso...-Eu revidei.

-Não, de jeito nenhum vou desistir de comer esse peixe... Estou até vendo vídeos no YouTube pra ver qual a melhor maneira de fazer...-Joh falou.

-Peixe frito? Até parece que nunca comi assim...-Eu disse.

-É só uma etapa da receita...-Ela revidou. –Sabe de nada inocente...-Joh completou em português.

-Hã?-Eu falei.

-Nada branquinho... Quando estiver tudo pronto eu chamo você...-Ela disse  e continuou a cortar o peixe.

Saí da cozinha e subi com Lilian, coloquei ela no berço e desci novamente.

-Onde está o berço?-Eu perguntei.

-Na sala... Nós ainda vamos sair pra jantar hoje?-Joh respondeu.

-Sim, se não acontecer nenhum imprevisto... Mas tem o jogo não é? Vamos depois dele...-Eu revidei.

-Deixa o jantar pra amanhã... Não temos nada planejado... Ah, tem o negócio lá do BVB, reunião... Encontro anual, sei lá... De manhã... Vemos o Martin , deixamos Lilian na casa dos seus pais, folgamos a Dulce, fico um pouco no evento e depois espero que o senhor me encontre lá no almoço...-Joh falou.

-Tem muito peixe?-Eu disse.

Joh parou e me encarou.

-Para de se preocupar com o peixe, eu vou fazer a quantidade necessária...-Ela revidou.

-De repente me deu vontade de convidar umas pessoas... Por isso perguntei...-Eu falei.

-Seus amigos?-Joh disse.

-É... Os rapazes...-Eu revidei.

-Por mim tudo bem... Liga pra eles e me diz, por que aí faço a quantidade certa... E pede pra trazer algo de sobremesa...-Ela falou e riu.

-Tá bom... Vou ligar, aí falo com você e monto o berço...-Eu disse e saí da cozinha.

-Pensa que é assim?-Ouvi Joh dizendo bem atrás de mim.

Virei, ela colou o corpo ao meu e envolveu os braços no meu pescoço sem me tocar com as mãos, eu sorri e ela me beijou.

Joh me soltou segundos depois.

-Depois do jogo, podemos tomar um banho quente de banheira... Com velas acesas, o que acha?-Eu falei encarando ela.

-Acho perfeito...-Joh revidou sorrindo.

Entrou na cozinha novamente.

Peguei meu celular na mesa da sala e liguei para os rapazes, eles aceitaram o convite, quando desliguei, falei com Joh novamente e fui para o quarto com o berço pra montar enquanto eles não chegavam.

-Ainda não consegue ficar em pé né pequena? Nem pode me olhar e conversar... Mas o daddy vai montar o berço do seu irmãozinho... Pra ele vir logo ficar em casa com a gente...-Eu falei abrindo a caixa.

-Que bom papai, quero muito meu irmãozinho aqui com a gente...-Eu revidei imitando voz de criança.

Segui o manual de montagem, fiz isso conversando com Lilian, terminei um tempo depois e quando olhei ela dormia.

Desci  e fui para a sala, liguei o vídeo game  e fiquei jogando.

-Precioso já terminou?-Dulce perguntou ao chegar à sala.

-Já... Berço montado, Lilian dormindo ... Como está a cozinha? Joh já desistiu do peixe?-Eu respondi.

-Não... Ela me expulsou, por que eu estava questionando umas coisas duvidosas sobre como esse peixe vai ser servido... Não vou nem falar pra você... Por que senão com certeza vocês dois vão brigar por causa de um peixe...-Ela revidou sentando no sofá.

-Qual a outra opção de almoço?-Eu falei.

-Ovo cozido... Acho que vou fazer dois pra mim também... Por esse peixe eu não sei não... A Johanna é boa na cozinha, mas do nada inventa umas coisas do além...-Dulce disse e riu.

-Ela faz de propósito, me recuando pra comer o peixe...-Eu revidei.

-Olha que eu gosto de peixe, mas do jeito que ela falou que faria... Não estou achando uma boa ideia...-Dulce falou.

-Estou ficando com medo...-Eu disse.

-Ela estava toda cuidadosa, olhando se tirou todas as espinhas pra você não ter o que reclamar... Ela é muito dedicada a você, eu acho tão bonito isso dela...-Ela revidou.

Eu sorri.

-É assim com tudo que ela ama...-Eu falei.

Ouvimos a buzina de um carro.

-Os preciosos chegaram...-Dulce disse sorrindo.

Nós dois levantamos e fomos para a porta. Saíam do carro, Robin, Marcel, Estela e Armin.

-Dulce! Mi preciosa cósmica más bonita!-Armin gritou em espanhol.

Veio até nós e abraçou Dulce.

-Precioso cósmico...-Ela falou e riu.

-Já chega gritando na casa dos outros...-Marcel disse.

-Não é bem a casa dos outros... É a casa do Marcinho, e ele é irmão... Assim como você e Robin...-Armin revidou soltando Dulce.

Me abraçou.

-Oi Armin...-Eu falei.

-Cadê a cósmica?-Ele perguntou me soltando.

Foi entrando na casa.

-Oi... Marcel... Robin... Estela... Bem vindos mais uma vez...-Eu disse.

Dulce e eu fomos cumprimentados. Entramos em casa, Armin não estava na sala.

-Mas Estela, sua barriga já está bem visível...-Dulce falou.

-É... Eu estava conversando com minha mãe... Ela acha que é menina justamente por causa disso...-Estela disse.

-Engraçado por que a barriga da Joh demorou pra aparecer de verdade... E menina...-Eu revidei.

-Vai ser uma menina bem grande... O Marcel toma suplementos...-Robin falou e riu.

-Vai fazendo piada, vai fazendo... Quando for sua vez aposto que vem logo três de uma vez, pra tirar o seu atraso, por que a sua situação não anda bom em relação ao namoro... Trigêmeas...-Marcel disse.

Eu e Dulce rimos.

-Cadê a namorada Robin?-Dulce perguntou.

-Acho que ainda não nasceu...-Robin respondeu.

-Mas por que precioso? Não achou nenhuma legal?-Dulce revidou.

-E a garota lá da confecção?-Eu falei.

-O problema não são as namoradas... É ele mesmo...-Marcel disse rindo.

-Coitadinho, Marcel...-Estela revidou.

-Mas é verdade, ele poderia estar esperando a Juliana vir pra cá no natal, mas  foi idiota e brigou por uma bobagem... Agora ela está na Inglaterra... E boatos que está com o Loris... Outro alemão... E é muito visível que Robin está incomodado com isso...-Marcel falou.

-Marcel... Ela não falou nada concreto em relação a isso... Só que são amigos... Não fica brincando com os sentimento do Robin...-Estela disse.

Segurei o riso.

-Ah, a Juliana... Meu querido, por que não conversa com ela? Está chegando o natal e é uma bela época para reconciliações...-Dulce continuou.

-É verdade, por isso vou mandar uma mensagem pra Meghan...-Robin falou pegando o celular no bolso.

-Esses rapazes...-Dulce revidou.

Marcel me encarou como se desaprovasse o que Robin havia falado.

-Mas enfim, quando vão saber o sexo do bebê?-Eu disse.

-Semana que vem...-Marcel e Estela falaram em coro.

-Tem sentido muito enjoo Estela?-Dulce perguntou.

-Sempre pela manhã...-Ela respondeu.

-Mas eu tenho cuidado muito bem dela, ouviu Dulce?-Marcel revidou e tocou a barriga da Estela.

Ela sorriu.

-É... Isso é verdade, não tenho o que reclamar...-Estela disse.

-Muito bom saber que vocês tão crescendo...-Dulce falou.

-Eu acordei... O tio Armin conversou com os cósmicos e eu acordei...-Armin disse imitando voz de criança.

Segundos depois ele apareceu descendo a escada com Lilian.

-Eu pensei que você estava na cozinha com a Joh...-Eu falei olhando ele.

-Claro que não... Os cósmicos me disseram que Lilian estava lá em cima... E eu precisava falar com ela...-Armin revidou e sentou no sofá com ela.

-É muito fofa essa filha de vocês...-Estela disse olhando.

-Você é ruiva, cósmica, linda...  E prima da minha cósmica Letícia...-Armin falou.

-Cadê a Letícia Armin?-Dulce perguntou.

-Em Munique... Ela vem para o natal... Robin... Seu idiota... Para de mandar mensagem pra Meghan... Ela já está com outro... Os cósmicos me falaram...-Armin respondeu.

Robin olhou pra ele.

-Como você sabe que... Deixa, não quero saber...-Robin revidou.

-Meu Deus... Esse rapaz é caso de estudo...-Dulce falou.

-Tenho medo quando Armin começa... Marco, a Joh está na cozinha? Posso ir lá falar com ela?-Estela disse.

-Claro, fique à vontade...-Eu revidei.

Ela beijou Marcel, levantou e foi em direção à cozinha.

-Joh tá fazendo o almoço sozinha?-Robin perguntou.

-Sim... Peixe...-Eu respondi fazendo careta.

-Mas você não gosta de peixe... Ou essa é uma grande novidade e  você agora come sushi?-Ele revidou.

-Não... Não gosto... Estou com um pouco de medo... Quando ela colocar na mesa que eu vou ter que me servir...-Eu falei.

-Johanna cismou que faria o peixe...-Dulce disse.

-E você vai comer o que?-Marcel revidou e riu.

-Vou ter que experimentar... E depois ser feliz com ovos cozidos...-Eu falei.

-Vocês tão sentindo cheiro de banana?-Robin perguntou.

-Sim... Essa é a surpresa do peixe... E eu paro de falar por aqui... Antes que fique tudo mais estranho do que já está...-Dulce respondeu.

-Peixe com banana... Que comida mais exótica... Deve ser cósmica...-Armin revidou.

-Bem exótica mesmo... Mas não custa experimentar... Gosto disso...-Robin falou.

-Eu estou é com medo dessa comida...-Eu continuei.

-Pelo menos tem salada, arroz e ovos cozidos...-Dulce disse.

Ficamos mais um pouco conversando na sala.

-Só tem mal educado aqui agora é?-Joh falou chegando a sala.

Estela vinha atrás dela.

-Por que Joh?-Marcel revidou.

-São tão de casa, mas nenhum, tirando a Estela, foi falar comigo na cozinha... Oi.. Oi... Oi... Como vocês estão?-Joh disse.

-Joh.... Cósmica... Oi.... É que eu cheguei e os cosmos me falaram pra ir conversar com Lilian...-Armin falou.

-Oi Joh...-Robin revidou.

-A Joh tá fazendo um prato que é uma delícia literalmente... Peixe a delícia... Comia sempre que dava no Brasil...-Estela disse sorridente.

-Não sei não se é mesmo uma delícia...-Eu falei.

-Shhh... Você não fala nada hein? Ainda estou pensando na aposta que vamos fazer...-Joh revidou e sentou no meu colo.

-Que aposta?-Eu perguntei brincando com a mão dela.

-Se você gostar do meu peixe, você perde a aposta... Você perdendo, vai ter que fazer algo por  mim... Já sei... Lavar a louça do almoço...-Ela respondeu.

-Então não vai ser somente eu... Dulce está duvidando do peixe também...-Eu revidei.

-Iiiih... Vai sobrar pra mim também...-Dulce falou.

-Vai... Ah vai... Estou vingativa...-Joh disse e riu.

-Está pronto o peixe exótico?-Armin revidou.

-Não... Está no forno...  Pessoal... Tenho uma proposta... Já que tem bastante gente aqui... A árvore ainda não foi montada...-Joh falou sugestiva.

-Sim! Nós vamos montar a árvore juntos!-Armin exclamou levantando do sofá de uma vez com Lilian nos braços.

Joh saiu  rapidamente do meu colo em direção à ele.

-Cuidado, Armin... –Joh disse e pegou Lilian.

-Só a mãe mesmo pra pegar ela dos braços do Armin...-Robin falou e riu.

-Mas estava tudo bem até ela falar em árvore de natal...-Eu revidei.

-Meu filho ou filha vai precisar de um esquema de segurança quando Armin quiser segurar...-Marcel disse.

-Aí já é demais... O Armin não fez nada de errado, só levantou de uma vez...-Estela falou.

-Segura nossa gordinha, amor... Eu preciso fazer um telefonema...-Joh disse me entregando Lilian.

-Algum problema?-Eu perguntei baixo encarando ela.

-Não... Só preciso saber como nosso pequeno está...-Ela respondeu e me beijou.

Saiu da sala indo em direção às escadas. Subiu.

-Como está o Martin?-Marcel falou.

-Bem... Só que o médico vai fazer uma pequena cirurgia hoje, nos rins... A Joh fica desesperada a cada agulhada que ele leva...-Eu revidei.

-Também né precioso... É muito pequenino o Martin..  Johanna deve ficar com o coração menor que uma formiga... E tenho certeza que você fica mais apreensivo ainda... Por que você é o homem da casa e tem que aguentar muita coisa... Escuta precioso... Até comentei com seus pais outro dia... Em como você é forte... Por que aguentar tudo isso não é fácil... Situação do filho, esse tipo de depressão que afetou a Johanna... É precioso... Você cresceu tanto... Amadureceu... Estou muito orgulhosa de você...-Dulce disse.

Olhei pra ela.

-Muito obrigada Dulce...-Eu falei.

-Concordo com a Dulce...-Robin revidou.

-É verdade, você mudou, Marco...-Marcel disse.

-Finalmente virou cósmico...-Armin falou.

-Como assim virei cósmico?-Eu revidei.

-Ah você era cósmico, aí fez aquelas bobagens com a Joh... Deixou de ser... E então voltaram, mas só agora está cósmico novamente...-Armin disse.

-Armin voltou a comer cogumelos?-Eu perguntei.

-Nunca deixei...-Ele respondeu.

-E você volta a jogar quando?-Robin continuou.

-Já na terça... Champions League... Ontem falaram pra eu tirar o final de semana pra descansar... A dor que senti foi por puro cansaço...-Eu expliquei.

-Era pra jogar hoje não é... Teve pelo menos um lado bom... Conseguimos nos reunir...-Marcel disse.

-É... As semanas estão complicadas... Eu fico praticamente o dia inteiro no CT... Quando chego em casa , só quero um banho, comida e meus amores me cercando...-Eu falei e ri.

-Vida de homem casado...-Robin revidou rindo.

-Nem é exatamente isso... É que estou me esforçando muito pra voltar a campo... Se não fosse este grande detalhe da minha vida... Com certeza chamaria vocês mais vezes pra ir lá, jantar... Jogar vídeo game... Mas a verdade é que estou exausto... Tenho que acordar mais cedo pra visitar o Martin, e de madrugada tem Lilian que precisa de atenção... Não estou reclamando... Vocês não imaginam como eu amo a minha família...-Eu disse.

-Mas você está certíssimo Marco... Escolheu uma vida ao lado da Joh... Escolheu dar a vida á uma filha e à um filho... Por que mesmo que Joh tenha carregado eles dois... Você com toda certeza se doa totalmente pra eles... Não há nada de errado em ter esse pequeno afastamento dos amigos... Até por que tem essa situação delicada do bebezinho Martin...-Estela falou.

-Não é por que eu quero... Não é minha falta de interesse... Eu sei que hoje convidei de última hora... Mas é que não esperávamos também receber essa notícia de mais um procedimento no Martin... Mas ainda bem que lembrei e vocês aceitaram o convite...-Eu revidei.

-A gente te entende totalmente... Mas espero que saiba que sempre estamos ao lado de vocês...-Robin disse.

-O Martin está bem Graças a Deus... Leonardo já fez o que tinha que fazer... Amanhã vamos ver ele... Pessoal, hoje ele pôde olhar pra gente pela primeira vez... Foi tão bom... Aqueles olhinhos encarando nós dois...-Joh falou voltando a sala.

Eu sorri pra ela.

-Foi maravilhoso... Ele sabe bem quem nós somos... Fica animado com a mãe dele...-Eu revidei.

-Sim... Vou tirar o peixe do forno...-Joh disse e foi em direção à cozinha.

-Agora que notei... Mas o corpo da Joh está bem normal pra quem teve dois filhos... Ficou em coma... Teve inchaço do soro, dos pontos... Já quero saber o segredo dela...-Estela falou e riu.

-É ioga, Estela... Esteira também... Alimentação muito saudável... E não para um minuto, mesmo em casa... Faz isso, faz aquilo... –Dulce revidou rindo.

-Mas digam isso à ela... Joh fala que é mentira... Que está gorda...-Eu disse.

-Só nos sonhos dela....-Robin falou se divertindo.

-A amamentação também colabora com esse emagrecimento rápido em algumas mulheres... Se só com a Lilian está assim, imaginem aí com os dois filhos...-Estela disse.

-Estela, fala isso pra ela, por favor, me ajudaria muito... Fala pra ela que deve tentar vestir as roupas dela de antes....-Eu revidei.

-Posso tentar...-Estela falou.

-Vamos almoçar pessoal? Está pronto..-Joh disse  aparecendo na sala novamente.

Então voltou pra cozinha.

-É a hora da verdade... Dulce,  nós temos que nos ajudar agora...-Eu falei.

-Vocês não sabem como é bom...-Estela revidou e riu.

Fomos para a mesa de jantar, antes de me sentar , coloquei Lilian no transporte. Dulce foi para a cozinha e voltou com os pratos e os talheres. Arrumou sobre a mesa e Joh veio logo depois segurando uma travessa.

O cheiro estava bom, ela colocou sobre a mesa e foi até a cozinha novamente, não demorou muito e apareceu com outra travessa.

-Fiquem à vontade... Podem se servir... Vou pegar os copos...-Joh disse.

POV Johanna

Coloquei os copos na bandeja e levei para a sala de jantar, mas ainda voltei à cozinha pra pegar o suco e a salada e então finalmente me sentei à mesa.

-Cadê os ovos cozidos?-Marco perguntou me encarando.

Olhei o prato dele.

-Você nem colocou o peixe ainda... Só quando você experimentar... E eu perceber que não gostou mesmo...-Eu respondi e peguei um pouco do peixe.

Coloquei no prato dele.

-Joh, está ótimo... Me senti no Brasil agora...-Estela disse de boca cheia.

Marco continuava encarando o prato.

-Ouviu? É uma delícia... E vocês Rapazes? O que estão achando?-Eu falei.

-Muito bom... É uma mistura de doce com salgado gostoso... Tem banana?-Robin revidou.

-Sim... Tem banana, queijo , peixe e molho branco...-Eu disse.

-Um delícia Joh... –Marcel falou.

-Cósmico demais... –Armin revidou.

-Tão vendo... Só faltam vocês dois bobões... Experimentem....-Eu falei me servindo.

Marco e Dulce começaram a mexer devagar na comida. Eu queria rir da cara deles, mas segurei pra não demorar mais ainda.

-Se eu não gostar, você vai pegar os ovos e você vai comer repolho no jantar... Sei que não gosta...-Marco disse segurando o garfo perto da boca.

-Feito... Agora come...-Eu revidei.

Ele colocou na boca e Dulce também.

-Retiro tudo o que disse antes... Parabéns preciosa... Está muito bom...-Dulce falou com a boca cheia.

Então se serviu mais. Eu sorri pra ela.

-Música de suspense....-Marcel disse olhando pra mim e depois pra Marco.

-Do filme Psicose por que vou pegar essa faca aqui e apontar pra ele se não falar nada...-Eu revidei rindo.

-Calma Raposa, deixa eu apreciar a comida... Vou colocar mais um pouco tá bom?-Marco falou.

-Você gostou... E não quer se entregar... Gostou sim... Está uma delícia, você r não quer colocar mais um pouco e sim uma quantidade satisfatória...-Eu disse.

Marco colocou mais no prato dele.

-Está bom, Raposa... Você venceu,mais uma vez...-Marco revidou.

-Nem doeu... –Eu falei e continuei a comer.

Marco e Dulce gostaram da comida, mas eu não fiquei implicando mais com eles, depois do almoço fiquei um pouco com Lilian e Estela no quarto, Dulce foi descansar em outro, Marco e os amigos ficaram na sala jogando vídeo game. Um pouco antes do final da tarde montamos a árvore de natal e quando anoiteceu voltamos todos pra Dortmund.

Marco saiu com os rapazes pra ver o jogo do BVB contra o Bayern na antiga casa. Estava cansada, fiquei deitada no sofá e consegui assisti o jogo.

O BVB comandou o primeiro tempo e aos dez minutos Pierre abriu ao placar. O time teve muitas chances de ampliar nos quarenta e cinco minutos mas não aproveitara.

No segundo tempo, o Bayern dominou e deu trabalho ao BVB, até cometeram um erro, Xabi errou um passe e deixou Pierre na cara de Neuer, mas ele não conseguiu fazer o segundo gol.

O jogo terminou assim, 1 a 0 para o BVB.

“Essa foi a primeira vitória do Dortmund diante do Bayern nos últimos dois anos. De lá para cá, quatro derrotas e três empates diante do rival.”

O narrador comentou quando o jogo acabou.

-Nossa, saiu da seca... Ainda bem...-Eu falei e liguei o vídeo game.

Fiquei jogando vídeo game esperando Marco chegar, nesse tempo Lilian chorou e eu fui pegá-la no quarto pra mamar e ela dormiu novamente, mas continuei com ela na sala até que o interfone tocou, atendi.

-Sra. Porfírio?-O porteiro disse.

-Sim... –Eu revidei.

- É da portaria... Desculpe ligar agora, sei que está tarde, mas é que seu marido acabou de chegar... E parece que ele está bêbado... Tive que apertar o número do andar pra ele subir... Bom, estou só avisando... Ele pode precisar de ajuda pra sair do elevador... Não sei...-O porteiro falou.

-Certo... Muito obrigada, e boa noite...-Eu disse.

-Boa noite...-Ele revidou.

Nós desligamos. Fui com Lilian para o quarto, coloquei ela no berço e voltei apressada para a porta. Abri e vi Marco no corredor parado à porta do apartamento vizinho.

Ele tentava abrir.

-Por que não abre? Raposa... Abre amor...-Ele falou com o rosto encostado na porta.

-Ei Loiro! Acho que você mora aqui...-Eu disse alto.

Ele olhou.

-Não vai abrir? Pois vou dormir aqui na vizinha ruiva igual a você...-Marco continuou e veio caminhando até mim.

-Ouviu Johanna? Ele vai dormir aqui...-Eu revidei.

-Querida, cheguei!-Ele falou com os braços pra cima.

Entramos. Lembrei da família dinossauro, fiquei na dúvida se tinha o programa em alemão.

Marco começou a cantar alto uma música da torcida e se jogou no sofá.

-Nada de sofá... Vamos para o quarto... –Eu disse pegando a mão dele.

Marco me puxou, eu caí sobre ele que me abraçou e me beijou

-Você parece muito com a minha mulher...-Ele sussurrou ao cessar o beijo.

-É por que eu sou ela... Vamos para o quarto...-Eu revidei me saindo dele.

Puxei pela mão novamente.

-Está na hora do amor gostoso!-Ele gritou.

-Shh... Não amor... Agora não... E não pode gritar que a nossa bebezinha está dormindo...-Eu falei baixo.

No corredor Dulce apareceu.

-O que está acontecendo?-Ela perguntou baixo.

Os olhos um pouco apertados.

-Bebeu um pouco a mais...-Eu respondi.

-Oi Dulce... Quando você chegou?-Marco falou se apoiando em mim.

-Quero ver como é que ele vai pra reunião amanhã... Eu arrumei o terno dele como pediu...-Dulce revidou e veio até nós dois.

-De um jeito ele vai... Você acha que vou perder de acordar ele cedo e jogar na cara dele que ele chegou bêbado?-Eu disse e ri.

-Mas e por que essa bebedeira?-Ela falou me ajudando a entrar no quarto com ele.

Marco voltou a cantar a música.

-Acredite ou não, o BVB venceu o jogo...-Eu revidei.

-Ah, explica-se...-Ela disse.

-Olha... Um bebê!-Marco falou alto apontando pra Lilian no berço.

-Shh... Sem gritar...-Eu revidei empurrando ele em direção ao banheiro.

Dulce me ajudou a tirar a roupa dele e eu comecei a dar banho nele.

-Vamos ao parque aqui, amor?-Ele disse e me puxou pra debaixo do chuveiro.

-Ah... Marco... Não é a hora...-Eu revidei tentando me soltar dele.

Marco me beijou.

Empurrei ele com força.

-Raposa...-Ele falou me olhando.

-Agora não... Não tem nada agora pra você além do banho e cama...-Eu disse séria.

-Sim senhora...-Marco revidou.

Eu me molhei toda, teria que terminar o banho depois que ele fosse pra cama. Peguei o shampoo e coloquei um pouco na cabeça dela e esfreguei. Deixei a espuma escorrer pelo corpo dele e depois água.

Peguei a toalha e fiz ele se enrolar, saímos do banheiro.

-Preciosa, você se molhou toda...-Dulce falou sentada na cama.

-Dulce, vai dormir comigo? Abraçada?-Marco perguntou e sentou no colo dela.

-Não precioso... Deita  pra descansar...-Ela respondeu.

-Amanhã tem um longo dia branquinho... Deita...-Eu revidei.

Marco saiu do colo dela puxou um pouco o cobertor e se deitou ainda um pouco molhado. Ajudei ele a se cobrir e peguei a toalha.

-Vai sem roupa mesmo?-Dulce falou baixo.

-Sim... Não quero mais ele falando alto... Assim acorda a Lilian...-Eu disse.

-Amor, sabe o que eu quero?-Marco continuou.

-O que?-Eu perguntei.

-Que tenha peixe no natal... Foi pouco hoje...-Ele respondeu já com os olhos fechados.

-Pensarei no seu caso...-Eu revidei me aproximando.

- Johanna  vou voltar para o quarto... Qualquer coisa você me chama, tá preciosa?-Dulce falou vindo até mim.

Beijou meu rosto.

-Obrigada, Dulce...-Eu disse.

Ela saiu do quarto, fiquei fazendo carinho na cabeça do Marco em pé mesmo já que estava molhada até ele começar a dormir.

Parei quando ouvi um ronco baixo, fui para o banheiro, tomei banho, escovei os dentes, coloquei o pijama e me deitei ao lado dele.

Dormi logo.

Na manhã seguinte acordei com Lilian chorando, peguei ela e já coloquei pra mamar. Olhei a hora, ainda estava um pouco cedo pra chamar Marco.

Lilian dormiu novamente, achei estranho e decidi perguntar sobre isso a Leonardo quando fosse ver o Martin daqui a pouco. Coloquei ela na cama e peguei as coisas pra trocar a fralda dela, daria banho depois que eu tomasse café, Lilian deixou eu fazer aquilo na tranquilidade. Então coloquei ela no  berço e fui para a cozinha.

Comecei a preparar o café e Dulce apareceu.

-Bom dia preciosa... Dormiu bem?-Ela falou ao entrar na cozinha.

-Bom dia Dulce... Dormi tranquila e você?-Eu revidei.

-Dormi bem e o precioso?-Dulce disse.

-Melhor que nós duas, ainda está lá no sono dos justos... Roncou até um pouco mais alto que o habitual...-Eu falei e ri.

-Espero que ele não acorde mal... Você vai lá na tal reunião?-Ela continuou e se serviu de um pouco de água.

-Vou já levar um remedinho pra ele... Eu vou... Mas não vou demorar muito... Primeiro vou visitar o Martin, depois deixar Lilian na casa dos avós e enfim ir pra lá... Vou ficar só um pouco, marcar presença... Afinal ainda sou funcionária...-Eu disse.

-Eu vou ficar sozinha aqui?-Dulce perguntou.

-Você pode fazer o que quiser hoje Dulce... Ficar aqui, sair... Ou ir pra casa dos Reus, só não pode trabalhar...-Eu respondi.

-Acho que vou pra casa dos meus velhos amigos, mas eles que cuidem da neta... Estão uns avós muito folgados pro meu gosto...-Dulce revidou rindo.

-É que quando eu voltar a trabalhar... Não vão ter escolha, ou ficam com os gêmeos ou ficam com os gêmeos, por que babá está fora de cogitação...-Eu falei.

-Você tem medo?-Ela continuou.

-Um pouco... E é muita invasão na nossa vida... Você sabe Dulce... Ando bem discreta...-Eu disse.

-Você não conhece ninguém de confiança?-Dulce revidou.

-Fora a minha família, a dele e você? Não... Até pensei em perguntar a alguma prima que quisesse vir pra cá... Mas não sei se consigo conviver com outra mulher na nossa casa... Eu não confio em mulheres mais novas ou com a mesma idade que a minha... Eu não confio nem em mim... Pelo menos em relação a isso... Não vou trazer o perigo pra dentro de casa... Marco é homem e depois de não confiar em mulheres, eu não confio em homem...-Eu falei.

Dulce riu.

-Mas ele é muito louco por você... Acha mesmo que tem a possibilidade de traição dele ou sua?-Ela disse.

-Dulce é muito difícil saber isso... Eu espero que não... Que seja sempre nós dois um para o outro...-Eu revidei.

-Vai ser assim... Eu acredito nisso...-Dulce falou e sorriu.

-As vezes fico pensando em como minha vida estaria agora se eu não tivesse conhecido ele? Talvez ainda solteira, em Munique... Atolada de trabalho no Bayern... Desmaiando algumas vezes, sendo salva por jogadores... Evitando algo com Holger... Recebendo mensagens do Mario falando que sente minha falta na fisioterapia já que ele veio pra cá e eu teria ficado lá... Acho que um pouco sem vida pessoal... Ou tendo casos aleatórios com homens aleatórios...-Eu disse e ri.

-E o precioso solteiro também... Fazendo quase a mesma coisa... Mas talvez perguntando ao Mario quem é você já que ele mandaria mensagens... Marco iria ver sua foto e se apaixonaria do mesmo jeito... E quando tivesse DFB iria ficar doidinho pra te conhecer melhor...-Ela revidou.

-E eu acho que eu iria cortar as investidas dele...-Eu falei.

-Ah não sei hein... Ele é apaixonante...-Dulce disse.

-Sim... Ele é... Vou lá acordar meu loiro apaixonante de ressaca...-Eu revidei e peguei um copo com água.

-Vá... Mime muito...-Ela falou rindo.

Saí da cozinha e fui para o quarto, lá entrei no banheiro e peguei remédio para o estômago e dor de cabeça, coloquei tudo na mesa de cabeceira.

Fui para a frente da cama, subi indo por cima dele e comecei a cantar:

“Vamos acordar esse prédio, fazer inveja pro povo, enquanto eles tão indo trabalhar, a gente faz amor gostoso de novo.”

Marco se mexeu.

-O que é isso Raposa? Essa hora da manhã cantando em português pra eu não entender nada... Ai minha cabeça....-Ele falou  com a voz rouca.

Manteve os olhos fechados, beijei ele.

-Acorda marido ressacado... –Eu disse tentando abrir os olhos dele devagar com os dedos.

-Não acredito que você tá fazendo isso... Deixa eu dormir, amor...-Marco revidou tirando minhas mãos  do rosto dele.

-Não... O senhor tem compromisso hoje... Levanta, toma os remédios que vai tudo melhorar... E logo, por que você tá nu... E eu posso acabar abusando desse seu corpinho...-Eu falei saindo de cima dele.

Puxei o cobertor.

-Raposa!-Ele exclamou sentando na cama.

Eu ri da cara e do cabelo dele.

-Remédio está aí do lado... Vai passar a dor de cabeça e o seja lá o que estiver sentindo no estômago... Tenho certeza que sente alguma coisa...-Eu disse.

Marco puxou o cobertor pra cobrir a cintura, pegou os remédios e água. Tomou.

-A gente fez amor ontem dos bons? Já que acordei nu...-Marco falou me olhando.

-Só se foi você e a bebida... Comigo você só tomou banho... E já pode ir tomar outro... Se arrumar pra ir à reunião...-Eu revidei.

-Você tomou conta de mim sozinha?-Ele perguntou levantando.

-Não... Dulce me ajudou...-Eu respondi.

-Ela me viu nu?-Marco revidou com os olhos arregalados.

-Viu...  Mas você é como um filho pra ela... Não teve comentários, tá?-Eu falei.

-Não sei como vou olhar na cara dela...-Marco disse e entrou no banheiro.

-Olhando...-Eu sussurrei e ri.

Levantei da cama e entrei no closet, procurei minha roupa e deixei separada lá dentro mesmo, peguei  o terno dele e coloquei sobre a cama em seguida.

Então fui para a cozinha olhar o café da manhã. Dulce havia arrumado a mesa.

-Conseguiu acordar?-Ela perguntou ao me ver.

-Já está até no banho... Vou pegar o vaporizador... Minha roupa tá um pouco amassada...-Eu respondi e segui pra área de serviço.

Peguei e voltei para o quarto, coloquei ele no closet e fui olhar Lilian. Fiquei olhando ela dormir até sentir Marco me abraçando por trás.

-Obrigado por cuidar de mim...-Marco disse e começou a beijar minha nuca.

Me arrepiei e virei, nos beijamos.

-Se divertiu com os rapazes?-Eu falei cessando o beijo.

-O BVB venceu não é? Por isso cheguei bêbado...-Ele revidou.

-Sim...-Eu confirmei e sorri.

-Então acho que me divertir... Ainda bem que não saí no meu carro...-Marco disse e riu.

-Chegou e errou o apartamento... Sentou no colo da Dulce... Estava bem desnorteado...-Eu falei.

Marco ficou vermelho.

-Desculpa amor...-Ele revidou.

Beijei ele e me soltou logo em seguida.

-Lembra pelo menos o que temos que fazer hoje?-Eu disse.

-Mais ou menos... Lilian ainda está dormindo?-Marco falou olhando ela.

-Seu sono foi tão pesado, ela já chorou, já mamou, depois do nosso café da manhã, vou acordar ela pra tomar banho...-Eu revidei.

-Deixa eu acordar ela?-Ele disse.

-Deixo... Mas você tem que se arrumar e tomar pelo menos café pra acalentar seu estômago...-Eu falei e beijei ele.

-Tá bom...-Marco revidou  e saiu em direção ao closet.

Saiu pouco tempo depois de cueca e começou a vestir o terno que estava sobre a cama. Eu entrei no banheiro  e tomei banho, quando terminei ele não estava mais no quarto, vesti um roupão e fui pra cozinha.

Dulce e Marco já tomavam café, eu me juntei à eles.

-Doeu olhar na cara da Dulce?-Eu perguntei segurando o riso.

-Joh!-Ele exclamou.

Ficou vermelho. Dulce nos olhou confusa.

-O que foi?-Ela perguntou.

-Ele estava sem saber como ia olhar na sua cara agora de manhã depois que você viu ele nu...-Eu respondi e ri.

-Eu estava fingindo que não tinha acontecido nada...-Marco revidou.

-Não casado comigo, baby... Não casado comigo... Algo como o que aconteceu não pode ser esquecido tão facilmente...-Eu falei.

-Precioso, nem se preocupa com isso... Faz de conta que não vi nada...-Dulce disse.

-A Joh não perdoa nada...-Marco falou.

-Não mesmo... E só Deus pode me julgar...-Eu revidei e mostrei a língua pra ele.

-Palhaça...-Ele disse.

Soltei beijos pra ele, Dulce riu. Comecei a falar a nossa rotina do dia enquanto comíamos. Depois do café, ela tomou a frente pra organizar a cozinha, eu e ele voltamos ao quarto.

-Acorda o maior amor do mundo... Eu preparo o banho...-Eu falei e entrei no banheiro.

Coloquei a água na banheirinha e esperei esfriar um pouco, Marco apareceu na porta com Lilian, ele havia tirado a roupa dela, estava só com a fralda.

-Mommy, eu tô com tanto soninho...-Marco falou imitando voz de criança.

-É meu amor, mas tem que tomar banho pra ir pra casa do vovô e da vovó...-Eu revidei.

Fui tirando a fralda e depois peguei ela, coloquei dentro da banheira, Lilian não chorou.

-Está crescendo... Nem chora mais é meu amor?-Marco disse.

-Eu gosto de banho, daddy...-Eu falei imitando voz de criança.

-Se não gostasse, acho que teríamos problemas aqui em casa... Será que Martin vai gostar também?-Ele disse.

-Espero que sim...-Eu revidei continuando com o banho de Lilian.

-Amor, você dá conta de tudo? Por que se eu sair agora consigo visitar o Martin rapidinho...-Marco falou.

-Sim... Pode ir... Daqui a pouco nos vemos...-Eu disse.

Marco sorriu, se aproximou mais de mim e me beijou.

-Até daqui a pouco...-Ele falou cessando o beijo e saiu.

-Mommy, o daddy nem falou comigo...-Eu continuei imitando voz de criança.

-Deixa que eu vou puxar a orelha dele quando  eu chegar na reunião...-Eu revidei e ri.

Terminei o banho dela pouco tempo depois, arrumei e levei logo ela pro transporte e então sequei o meu cabelo, passei o vaporizador na minha roupa pra tirar os amassados, me vesti, me maquiei e preparei a bolsa da Lilian.

-Preciosa...-Dulce falou entrando no quarto.

Ela parou na porta e sorriu.

-Oi Dulce...-Eu revidei encarando ela.

-Preciosa... Você está muito bonita...-Ela disse.

-Você acha? Isso é só um uniforme formal...-Eu falei.

-Me pergunto se ainda tá paranoica com o corpo?  Por que está ótima... Olha sua cintura...-Dulce revidou.

-É... Está ficando melhor... É ioga Dulce... Você deveria fazer comigo ...-Eu falei e sorri.

-Quem sabe essa semana... Você está quase me convencendo...-Ela disse.

-Vou cobrar... Só estou achando a camisa um pouco apertada nos meus seios... Mas dá pra ir... Tem o terninho... E o casaco pelo menos até chegar lá...-Eu revidei.

-É leite... Fartura de leite graças a Deus... –Dulce falou.

-Ainda bem que falou nisso... Esqueci de tirar pra colocar na bolsa dela...-Eu disse e comecei a desabotoar a camisa.

Saí do quarto em direção a cozinha fiz isso lá. Voltei e terminei de me arrumar, encontrei Lilian e Dulce na sala, finalmente saímos.

Fui deixar elas na casa de Manuela e Thomas.

Quando chegamos, Thomas estava na calçada e abriu um sorriso ao nos ver saindo do carro.

-Ah... A netinha ruiva veio visitar o vovô...-Ele falou se aproximando.

-Olá Thomas... Não só veio visitar, mas como passar um tempinho aqui...-Eu disse pegando as coisas dela dentro do carro.

-Mas que alegria... Que coisa mais boa...-Ele revidou pegando ela dos braços de Dulce.

-Bom dia Thomas...-Dulce falou.

-Bom dia... Cadê o meu filho?-Ele disse.

-Foi pro evento do BVB... E eu não vou demorar muito aqui, por que tenho que visitar o Martin antes de ir pra lá também... Deixa eu dá um beijo na minha filha...-Eu revidei entregando as coisas de Lilian à Dulce.

-Vocês voltam pra cá depois?-Thomas perguntou.

-Sim... Dá um beijo na Manuela por mim...-Eu respondi e entrei no carro.

Fui para o hospital. Martin estava bem, conversei pouco com Leonardo e segui para o evento.

O primeiro que encontrei lá foi Roman pegando café, com o braço enfaixado.

-Quem é viva sempre aparece...-Ele falou e me abraçou.

-Não enrola não, o que foi que aconteceu?-Eu revidei.

-Me machuquei ontem... Mas já fiz exames... E advinha só... Não vou mais jogar esse ano e a minha fisioterapeuta favorita está de licença maternidade, mas não parece por que ela está ótima...-Ele falou sorrindo.

-Obrigada... Mas estou um pouco envergonhada, as pessoas olhando pra mim...-Eu disse e me servi do café.

-Também né...  Parece que você saiu de um clipe da Jennifer Lopez... Cabelão, corpão... Pra quem teve dois filhos irmãzinha, você está uma Kardashian... Ruiva...-Roman revidou.

Eu ri.

-Nem em sonhos eu quero ser uma Kardashian... Retire o que disse...-Eu falei.

-Tá bom, eu retiro o que eu disse... Como estão os filhos?-Ele continuou.

-Bem... A Lilian é um amor, o Martin também... E ele está se desenvolvendo sem mais tantos problemas... Eu acho que minha felicidade está voltando...-Eu disse.

-Que bom, quero te ver feliz sempre e logo voltando pra dar uns gritos na gente...-Ele falou.

-Daqui alguns meses... Não vejo a hora também... Sério, irmão, tem algo errado comigo? Estão me olhando sem parar...-Eu revidei.

-Cabelão, corpão e peitão pós parto é algo errado? Se for, pra mim não é... Eu acho ótimo... Acho que as mulheres aqui queriam ser você...-Roman disse e sorriu.

Marco apareceu atrás dele bem na hora. Arregalei os olhos, e o rosto dele não estava amigável.

-Merda...-Eu falei em português.

-O que foi Joh? Você não se assustava assim antes com esses assuntos...-Ele revidou confuso.

-Com licença...-Marco disse pegando o meu braço.

-Até depois Roman...-Eu  revidei acompanhando ele.

Me levou pra um lugar mais afastado das pessoas.

-Johanna,  o que é isso? Que tipo de conversa você tem com o Roman?-Marco perguntou.

Respirei fundo.

-Foi só uma brincadeira, Marco... Roman sempre faz isso...-Eu respondi sem pensar muito.

-Sempre?!?-Ele revidou.

-É só o jeito dele,  não teve nada demais...-Eu falei.

-Ele falou do seu corpo... Esses assuntos? Quer saber Johanna? A gente conversa em casa...-Marco disse e saiu andando.

Roman veio apressado até mim.

-Falei besteira  não foi?-Ele falou.

-Pra mim foi besteira, mas pra ele não...  Eu não vou pedir pra você mudar, tem que vir de dentro de você, e sabe que eu só quero o seu bem... Mas tenha mais cuidado ao falar comigo... Nós somos amigos, mas eu conheço meu marido, ele não gosta disso...-Eu disse.

-Tudo bem, desculpa mesmo irmã, eu não vi ele chegando... Veio por trás de mim... Prometo só falar minhas bobagens quando estivermos a salvo dele...-Ele revidou.

-Tem outro porém... Não falaremos mais de mim assim... Você pode comentar de outras, menos de mim, tá?-Eu falei.

Roman sorriu.

-Como quiser... Até por que você tem meus sobrinhos agora... Tem que ser uma senhora respeitada...-Roman disse e riu.

-Senhora é a sua mãe...-Eu revidei rindo.

Ele riu.

-Acabou a formalidade da conversa... Tudo voltando ao normal pessoal... –Ele falou se divertindo.

-Já podemos brincar de lutinha de irmãos... Vou descer do salto e quebrar mais sua mão...-Eu disse.

-Você já vai ter essa briga em casa, não? E a culpa é minha, eu deveria deixar você fazer picadinho de mim...-Ele revidou.

-É... A vida é assim mesmo... Mas deixa isso pra lá... E aí vai rolar uma cirurgia?-Eu falei.

-Sim... Amanhã...  Pelo menos vencemos o Bayern ontem... Quebrei a mão, mas não deixei passar a bola... Estou orgulhoso...-Roman disse e sorriu.

-Ferimentos de guerra, soldado... Vamos pro auditório... Tenho que encontrar minha turma ainda...-Eu revidei.

Fomos conversando até lá e nos separamos. Encontrei Jonas e Winfried, me sentei com eles. Mario apareceu.

-Chata... Por que o Woody tá emburrado?-Mario perguntou ao se aproximar.

-Não sei se falam isso aqui na Alemanha... Mas já ouviu algo como... Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher?-Eu respondi.

-Chata...-Ele revidou.

-Mario, sabe o que lembrei agora? Você falou Woody... Há uns dias eu estava em casa, no meu ócio da maternidade assistindo TV e começou a passar Toy story... Que tem o Woody, o caubói... Sei que o apelido do Marco tem a ver com o Woody Woodpecker, mas se mudarmos o desenho dele para o Toy Story... Ele é o caubói Woody e você pode ser o Buzz Lightyear, o que você acha Winfried? Ele não parece o Buzz?-Eu falei.

Winfried riu, Mario me encarava boquiaberto.

-Como o Marcinho te aguenta hein?-Mario disse e saiu.

-Pior que parece mesmo, vou perturbar muito ele com isso agora...-Winfried falou rindo.

-Quem seria o Rex?-Jonas perguntou rindo.

-Pierre... Aquele sorriso dele lembra o Rex...-Eu respondi.

-Lembra mesmo... Thomas é o Sargento...-Jonas revidou.

-Mas tem aquela... É você Joh... Ruiva...-Winfried disse.

-Jessie... Joh é a Jessie...-Jonas falou.

-Você conhece bem hein Jonas?-Eu revidei;

-É que meu filho quando era menor gostava muito de Toy Story... E até hoje ele gosta... Então tive que aprender sobre eles...-Ele disse sorrindo.

-Quem mais pode ser personagem?-Winfried perguntou.

-Tem aquela turma de aliens, os Little Green Men... Lembro do Marc... Já que ele chama muita atenção com os olhos...-Jonas respondeu.

Nós rimos. Nossa conversa foi interrompida quando começaram a falar no microfone.

Demorou um pouco até chegar ao intervalo. Fomos para o coffee break. Vi Marco com Pierre, André e Mario. Jonas nos deixou sozinhos.

-Estão brigados?-Winfried perguntou se servindo.

-Estamos na guerra fria... A briga mesmo vai ser em casa...-Eu respondi.

-Vida de casada deve ter dessas não é... Só não briguem na frente das crianças...-Winfried revidou de boca cheia.

-Sim... Não queria brigar não... Mas a gente erra um com o outro...-Eu falei.

-Nunca esqueça que as relações humanas são complicadas...-Ele disse.

-Verdade... Vou embora... Vim só dar o ar da minha graça e já tive problemas por ter feito isso... Ficar com minha filha vai ser mais interessante...-Eu revidei.

-É só falação aqui mesmo... Vai e dá um beijo naquela criaturinha linda por mim...-Winfried falou.

-Darei... Tchau Winfried... Até qualquer dia...-Eu disse e abracei ele.

Quando soltei fui até onde Marco estava.

-Joh... Você por aqui?-Pierre falou e me abraçou.

-Oi Pierre... André...-Eu revidei.

Marco ficou calado.

-Oi Joh... Tudo bem?-André disse.

-Mais ou menos... Ah, parabéns pelo jogo ontem, rapazes...-Eu falei.

-Obrigado...-Pierre e André revidaram em coro.

-Marco, já estou indo embora...  Lá pra casa dos seus pais... Tá? Qualquer coisa me liga... Tchau rapazes...-Eu disse tocando o ombro dele.

Ele não falou nada, eu saí dali. Peguei meu casaco na entrada e segui para o carro fui forte até entrar nele, então chorei. Era insuportável pra mim ser ignorada por ele daquele jeito. Quando me acalmei peguei lenços no porta luvas, minha maquiagem estava borrada, limpei como podia, respirei fundo liguei o carro e fui para a casa dos pais dele.

Quando cheguei, Manuela abriu a porta.

-Joh... Que bom ver você minha filha...-Ela falou e me abraçou.

-Oi Manuela... Tudo bem?-Eu revidei e beijei o rosto dela.

-Estou bem, mas e esses olhos borrados, avermelhados?-Ela disse.

-Não foi nada... Não parei de bocejar lá, estou com sono... Fui dormir tarde ontem e acordei cedo, juntou com o tédio do evento... Lacrimejei e borrou tudo... Mas é só ir ao banheiro e lavar...-Eu falei entrando.

Fui logo  em direção às escadas, subi para o quarto de Marco, as coisas de Lilian estavam sobre a cama, joguei meu casado e o terno sobre ela também. Tirei os sapatos e no banheiro lavei o rosto.

Quando saí, Manuela estava sentada na cama.

-O que aconteceu?-Ela perguntou.

-Nada... Manu, Lilian já tomou o leite?-Eu respondi.

-Faz pouco tempo, está com Dulce e Thomas na cozinha...-Ela revidou.

-Podem ficar com ela enquanto eu durmo um pouquinho aqui?-Eu falei.

-Podemos... Deixa eu colocar essas coisas no armário...-Manuela disse pegando as coisas de cima de cama.

Foi guardando, eu me deitei e ela sentou na cama novamente.

-Obrigada...-Eu revidei.

-Você está muito bonita hoje...-Ela disse fazendo carinho na minha cabeça.

-Acho que nem deveria ter saído de casa hoje... Mas é assim mesmo... –Eu falei e fechei os olhos.

-Tem certeza que não quer falar o que aconteceu?-Manuela revidou.

-Tenho...-Eu disse.

-Tudo bem... Durma minha querida...-Ela falou e continuou fazendo carinho.

Dormi pensando no Marco. Acordei um tempo depois com o choro de Lilian, ela estava com Marco no quarto.

-Você chegou...-Eu falei sentando na cama.

-Faz um tempo... Lilian está com a fralda suja... Vou trocar...-Ele disse abrindo o armário.

Pegou a bolsa dela e saiu do quarto. Levantei da cama e fui ao banheiro, depois que lavei as mãos e o rosto me olhando no espelho percebi que estava com a roupa toda amassada. Então fui atrás de Marco, ouvi ele falando com Lilian, encontrei no quarto de Manuela e Thomas.

-Tinha espaço na cama... Poderia ter trocado ela lá...-Eu falei parada na porta.

-Mas eu quis fazer aqui...-Marco revidou seco.

-Marco eu não estava querendo conversar com você aqui na casa dos seus pais... Mas do jeito que está, vai ter que ser aqui mesmo...-Eu disse.

-Não... Só no apartamento... O Almoço está pronto... Eu já desço com Lilian...-Ele falou.

Eu não saí dali, esperei ele terminar, pegar ela nos braços e tentar passar por mim. Não deixei.

-Fala comigo direito... Conversa logo comigo, por favor...-Eu falei encarando ele.

-Só no apartamento, Johanna... Com licença, eu estou com fome...-Marco disse.

Saí da frente dele. Decidi ir embora, mas antes desci até a cozinha. Marco havia colocado Lilian no transporte.

-Descansou Joh?-Thomas perguntou.

Estavam todos sentados à mesa.

-Sim...- Eu respondi e peguei a mamadeira de Lilian no balcão.

-Senta aqui pra almoçar...-Manuela revidou.

-Estou um pouco sem fome hoje, Manu... Comi lá no evento...-Eu falei de costas lavando a mamadeira.

-Come só um pouco, preciosa...-Dulce disse.

-Não, eu comi demais lá... –Eu menti e saí da cozinha.

Fui para o quarto e tirei leite pra Lilian, então me calcei, vesti o terno, peguei minha bolsa, casaco e desci. Coloquei a mamadeira na mesa de centro da sala e saí.

No carro conectei meu celular ao som do carro.. Gostava de ouvir música brasileira quando estava no carro sozinha.  Coloquei minha play list da Ivete Sangalo, fazia tempo que eu não ouvia ela, a primeira música foi uma surpresa.

 

“Não precisa mudar vou me adaptar ao seu jeito, seus costumes, seus defeitos... Seus ciúmes, suas caras... Pra que mudá-las?”

Comecei a cantar a música. Fui para um McDonalds almoçar. Fiz o pedido, paguei e fui com minha bandeja  pra uma mesa. Chamei Filipe no FaceTime, estava sentindo falta dele. Por sorte Letícia estava com ele.

-Joh, é domingo e o que você está fazendo sozinha na hora do almoço em um McDonalds?-Filipe perguntou.

-Coisas da vida conjugal...-Eu respondi.

-Brigaram?-Letícia revidou.

-Mais ou menos... Mas resolvi dar um pouco de espaço pra ele... Lilian está com ele...-Eu disse.

-Pode fazer logo as pazes... Eu não devolvo o apartamento...-Filipe falou.

Eu ri.

-Ah, Filipe... Até parece que se eu me divorciasse de Marco ia querer o apartamento de volta... Venderia o meu daqui e comprava uma casa aí...-Eu revidei.

-Casa... Humm... Eu iria morar com você então Joh... Nem que não quisesse... Prefiro casa...-Letícia falou.

-Eu deixo... Caso um dia isso aconteça...-Eu disse.

-Eu espero que nunca aconteça, que vocês fiquem velhinhos e estragando sofás como sempre fazem...-Filipe revidou.

-O que sofá tem a ver com isso?-Letícia perguntou.

-Nada, Letícia...-Filipe respondeu.

-Vamos mudar de assunto que é melhor...-Eu revidei.

-Sim... No Natal estaremos todos juntos... Em Dortmund... Quando seu marido volta a jogar agora Joh?-Filipe falou.

-Já na terça... UCL... Não teve problema grave... Só fadiga mesmo...-Eu disse.

-Ainda bem... Pensando em um final de semana por aí pra aproveitar os benefícios de ser seu primo...-Ele continuou.

-Meu benefício de ser sua prima é poder ver o Armin...-Letícia falou.

-Ah, quando quiserem... É só avisar que vou ficar muito feliz de tê-los aqui...-Eu disse.

-Nós iremos... Uma hora iremos... Aguarde instruções...-Filipe revidou e riu.

-Eu espero... Bom... Foi ótimo falar com vocês... Mas vou terminar de comer... Até a próxima... Amo vocês...-Eu falei.

Os dois se despediram de mim e desliguei.

Depois que comi fui para o hospital ficar um pouco com Martin. Leonardo achou um pouco estranho, mas deixou que eu ficasse lá, colocou meu filho sobre o meu peito. Ele estava acordado e parecia tentar me encarar, fiquei massageando as costas dele com as pontas dos meus dedos devagar.

-A mommy queria ficar perto de uma pessoa pequena que ama ela incondicionalmente já que o seu pai está chato hoje e com Lilian...-Eu falei.

Martin apertava minha camisa, eu sorri com aquilo, parecia um gatinho massageando.

-Pode ficar aqui comigo mommy, eu te amo mesmo...-Eu disse imitando voz de criança.

-O seu daddy ficou bravo por que um amigo da mommy falou o que não deveria... Agora ele tá me ignorando...-Eu revidei e fiz carinho na cabeça dele.

Percebi que os fios ralos eram loiros. Fiquei conversando e ninando Martin.

-O daddy tem muito ciúme, Mommy?-Eu perguntei imitando a voz novamente.

-Sim, meu amor... Ele morre de ciúme, mas agora tem a Lilian pra ele ficar mais ciumento ainda... Você acha que ele vai brigar muito comigo?-Eu respondi.

-Não sei mommy... Espero que não...-Eu revidei com a voz.

-E olha que eu cuidei dele tanto ontem...-Eu continuei.

Martin dormiu pouco tempo depois, a primeira vez que fiz ele dormir, meus olhos se encheram de lágrimas e quis mais que nunca levá-lo pra casa.

Continuei mais um tempo lá com ele, então voltei para o apartamento. Ninguém havia chegado ainda, fui direto para o banho, quando terminei vesti um pijama e me deitei.

Acordei um tempo depois com Dulce me chamando.

-Preciosa... Chegamos e a Lilian precisa de você...-Ela falou colocando Lilian sobre a cama.

-Oi... Oi meu amor... Mommy sentiu saudades...-Eu disse pegando ela.

-Manuela deu um banho nela antes da gente sair de lá... Por que veio embora?-Dulce revidou.

Coloquei Lilian pra mamar.

-Achei melhor sair e fazer minhas coisas... Cadê o Marco?-Eu falei.

-Na sala... Eu vou dar uma saída... Preciso comprar umas coisas... Se importa se eu for no seu carro?-Dulce disse.

-Pode  ir... A chave está no chaveiro perto da porta...-Eu revidei.

-Obrigada...-Dulce falou e saiu.

-A mommy ficou longe de você hoje minha gordinha, mas ela esteve com o seu irmãozinho... Se divertiu na casa dos seus avós?-Eu disse fazendo carinho nela.

-Foi legal Mommy... Eles são muito bonzinhos comigo...-Eu falei imitando voz de criança.

Fiquei conversando até ela soltar o peito, dormiu e eu coloquei no berço. Fui até o banheiro e escovei os dentes,  sem apetite me deitei novamente, queria  Marco ali, mas ele não parecia querer falar comigo ainda, Lilian demorou a mamar e ele não havia aparecido no quarto.

Me mantive ali e dormi novamente, com o sono leve, ouvi passos no quarto e pouquíssimo tempo depois  o chuveiro, continuei com os olhos fechados.

Quando o barulho de água parou o cheiro dele se espalhou pelo quarto, e como eu queria aquilo bem pertinho de mim.  Senti ele deitar na cama.

-Amor... Tá dormindo?-Marco disse me abraçando por trás.

-Oi?-Eu revidei virando.

-Vamos conversar... Joh, você sabe que eu não posso impedir de nenhum homem pensar em coisas com você... Aí eu escuto Roman falando daquele jeito com você... Não posso impedir ninguém... Ainda mais os que nem conheço... Mas os que estão próximos é inadmissível... Não quero que tenha essas conversas com homens... –Ele falou me encarando.

-Você tem razão... Eu já falei com ele pra não falar mais assim comigo...-Eu disse.

-Eu nem fui falar com ele, pra evitar uma briga maior, espero que ele tenha mais cuidado por que se acontecer novamente... Ele vai se ver comigo...Marco continuou.

-Aí que está Marco, são apenas conversas... Eu e Roman nem nos tocamos direito... E estamos afastados um do outro desde que me afastei por causa da gravidez... E é só o jeito dele de falar... Não tem maldade... Ele nunca falou nada que pensa em mim, ou que me queria de algum jeito específico... É como se eu fosse irmã dele mesmo... Ele fala por brincadeira...-Eu revidei.

-Conversei com meus pais, minha mãe disse que aquilo poderia ser normal pelo fato do seu corpo está diferente agora... Atraente... E está... Isso que me deixa mais incomodado... Ouvi outras pessoas comentando sobre você, que estava ótima, com um corpo invejável... Mas do jeito que ele falou me deixou chateado, ainda mais com o detalhe de você não se assustar com aquilo outras vezes...-Ele falou.

-Eu já falei com ele sobre isso, Roman não vai mais fazer esse tipo de comentário...-Eu disse.

-Nenhum pode ter esse direito com você, nenhum... Ainda mais casada... Foi uma total falta de respeito da parte dele...-Marco continuou.

-Você está certo... Me perdoa por isso?-Eu falei.

-Sim... Vamos ficar de bem... Segundo meus pais, não é bom, nem o certo dormirmos brigados...-Ele disse e me beijou.

Abracei ele durante o beijo.

-Senti sua falta hoje...-Eu sussurrei em meio ao beijo.

-McDonalds e Hospital?-Marco falou cessando o beijo.

-Rastreando meu carro?-Eu revidei.

-Sim... Você sumiu e eu fiquei preocupado... Não só eu, mas todo mundo... Como o nosso pequeno está?-Ele disse fazendo carinho no meu rosto.

-Bem... Hoje ele dormiu no meu colo pela primeira vez... Quis tanto trazer pra casa...-Eu falei.

-Logo ele vem... Vai dormir sem comer nada Raposa?-Marco revidou.

-Tô sem fome... E ainda tá cedo pra dormir... A Dulce nem voltou ainda...-Eu disse.

-É que você já vestiu o pijama... Joh, você estava de meias finas hoje?-Ele continuou.

-Estava...-Eu confirmei.

-E pelo o que vi no banheiro, cinta liga?-Marco disse.

Eu sorri.

-Fica mais elegante e ainda tenho uma barriguinha aqui pra segurar com a cinta...-Eu falei.

-Como se precisasse... Estava linda hoje... Mas o Roman foi e estragou a minha oportunidade de te falar isso...-Marco revidou e me beijou.

-Vamos esquecer ele e focar em nós dois aqui...-Eu disse em meio ao beijo.

Ficamos namorando na cama, um tempo depois ouvimos Dulce pelo corredor.

-Ela foi fazer compras essenciais...-Marco falou e riu.

-Dulce merece sair um pouco...  E não ficar todo tempo olhando pra minha cara... A fome tá chegando... Quer comer uma salada comigo lá na cozinha?-Eu revidei.

-Claro... Se estiver falando daquela sua salada divina...-Ele disse levantando.

-Ela mesmo que vou fazer...-Eu falei e acompanhei ele.

Fomos pra cozinha. Marco me ajudou e Dulce comeu com a gente, voltamos pro quarto depois, escovamos os dentes, ligamos para os meus pais e finalmente dormimos.

Na segunda seguimos a rotina normal, visita ao Martin, Marco no treino e compromissos do BVB, eu na ioga e em casa com Dulce e Lilian.  Quando ele chegou à noite eu estava no quarto olhando uns back ups do meu celular no computador.

-Olhando fotos?-Marco perguntou e beijou meu rosto.

-Sim... Tem tanta foto legal pra impressão... Separei algumas aqui... Deixa eu te mostrar...-Eu respondi e abri a pasta.

Tinha umas fotos mais velhas nossa, do casamento, das últimas férias e minhas na Disney com Armin também.

-Essas da Disney não deveriam... Eu não fui...-Marco revidou.

-Mas eu fui... Incrível que nessa ida a Disney conseguimos ir a dois parques... Armin não queria ir embora do Magic Kingdom... Mas convenci ele pelas atrações do Universal... Quem sabe um dia não vamos novamente lá? À primeira vez que fui, visitei quase todos... Mas nessa última ida em um dia só deu pra ir à dois... Imagina se eu tivesse sequestrado o Armin?Ficado lá por uns três ou quatro dias...-Eu disse e ri.

-A gente ia colocar a polícia atrás dele...-Ele falou.

-E quando ele desse notícias iam pensar que ele tinha ficado comigo, como se eu estivesse me vingando de você... Pensa que não sei...-Eu revidei rindo.

-Talvez eu pensasse isso mesmo...-Marco disse.

-Quando a gente puder ir á Disney... Imagina Lilian e Martin impressionados com tudo... E aí poderiam ir os rapazes também...  Só que vamos ter que tirar um dia ou dois sem as crianças pra gente ir aos parques mais radicais...-Eu falei.

-A gente poderia ir pra Orlando, alugar uma casa... Levar meus pais, seus pais...  Nico e Mia, nossos filhos, os rapazes... Filipe, Letícia e pronto... Estaremos muito bem...-Marco revidou.

-Uma casa gigante pra caber todo mundo...  Você tem coragem de ir naquelas montanhas russa que viram de cabeça pra baixo?-Eu disse.

-Eu acho que tenho sim... Eu fui em algumas outra vez... Mas agora já devem ter várias coisas novas... Você tem?-Ele falou.

-Tenho... A gente nem precisa ir muito longe pra chegar à Disney... Tem em Paris... Não é a mesma coisa, mas acho que seria divertido, eu, você e as crianças passeando por lá... E dá pra ir com eles bebês... Devíamos ir nas próximas férias... Pelo menos uns três dias lá...-Eu revidei.

-É... Podemos  nos programar...-Marco disse.

-Vai jogar amanhã?-Eu perguntei.

-Vou... Estou muito ansioso por isso... Será que eu vou conseguir fazer gol?-Ele respondeu sorrindo.

-Não sei meu amor... Mas eu, Lilian e Martin estamos torcendo por você...-Eu revidei levantando da cadeira.

Abracei ele e beijei.

-Qual a janta de hoje?-Ele disse cessando o beijo.

-“Sopa pa nóis...”-Eu  falei em português e ri soltando ele.

-Oi?-Marco revidou confuso.

-Sopa...-Eu disse.

-Eu tenho que aprender português pra entender essas coisas que você fala..;-Ele falou.

Agarrei ele outra vez.

-Então fala... Eu te amo, Raposa...-Eu disse e completei em  português.

Marco sorriu.

-Eu te amo... Mas o que é Ra... Po... Sa?-Ele revidou.

-Raposa...-Eu falei em alemão.

-Eu te amo, Raposa...-Marco disse em português.

Nos beijamos.

-Português não é difícil... Você consegue falar,  só falta entender...-Eu falei cessando o beijo.

-Só falta o principal...-Ele revidou rindo.

-Outro dia eu estava conversando com a Tatiane, que vem pra Munique agora no final do ano por causa do Holger, ela me mandou um artigo que dizia que alemães aprendem  português com facilidade... Ela tem ensinado umas coisas ao Holger... E ele tem estudado sozinho também, e está indo bem...-Eu disse.

-Deu certo mesmo eles dois?-Marco perguntou.

-Sim... Ainda estão à distância... Mas já é a terceira vez que ela vem à Alemanha... Então... Está tudo bem...-Eu respondi.

-Não está tudo bem, cheguei e não falei com minha ruivinha...-Ele revidou indo até o berço.

-Está dormindo... Terminou de mamar e dormiu... Ficou bem acordada pela tarde... Viu os avós do Brasil pela vídeo chamada... Teve um dia agitado...-Eu disse.

-Minha linda... Fez tudo isso meu amor? Que dia agitado...-Marco falou fazendo carinho nas costas de Lilian.

-Foi mesmo... Por que de manhã, quando cheguei da ioga eu fiz umas movimentações com ela... Pernas e braços... E massagem...-Eu revidei.

-Atleta...-Marco disse.

-Meu pai falou que espera Lilian com meu talento para o golfe... Seria legal se ela aprendesse a jogar...-Eu falei.

-Eu deixo... Quando ela tiver maior Santos pode levar pra fazer o teste...-Ele revidou.

-Mas a mãe tem que ir também, pra ela se inspirar...-Eu disse.

-Não... Santos leva Lilian e Martin... Eu e você faremos outras coisas... Tipo mais um filho...-Marco falou.

Eu ri.

-Vou pensar no seu caso...-Eu revidei.

-Vai pensar? Você falou naquele dia que ainda queria mais um... Não tem essa de pensar... Por que é daqui alguns anos... Já vai ter tido tempo suficiente pra pensar...-Ele disse.

-Vou pensar se vai ser nesse dia mesmo... Bom, ninguém sabe... Por que a gente faz muito amor gostoso... Pode ser qualquer hora... Falar nisso eu quero parar com os remédios...  Vou quarta feira conversar com meu médico... Já tinha falado com ele antes, e ele concordou que era melhor outro método contraceptivo...-Eu falei.

-Se é melhor pra você, a gente dá uma segurada...-Marco revidou.

-Que marido compreensivo eu tenho...-Eu disse e abracei ele.

Marco sorriu, mas ficou vermelho, minha reação favorita dele.

-Vamos jantar? Por que tenho que ficar bem descansado pra amanhã...-Ele falou.

- Jantar e depois ficar no sofá vendo TV... Coisa de casal...-Eu revidei.

-Coisa de casal... Não podemos esquecer isso...-Marco disse.

Fomos jantar e depois ficamos na sala até ouvir Lilian chorar, troquei ela e coloquei pra mamar novamente, Marco adormeceu bem antes de mim. Dormi um tempo depois já que Lilian parecia sem sono.

No dia seguinte, nossa rotina de sempre até a hora do jogo, Marco se arrumou e ficou esperando na sala a hora de sair, ele estava ansioso, fui ao quarto e preparei uma surpresa pra motivá-lo mais ainda. Voltei à sala com Lilian.

-Eu estou na torcida pelo meu daddy...-Eu falei imitando voz de criança.

-Que linda... Toda uniformizada e de braçadeira? Vamos comigo? Pra dar sorte, Lilian...-Ele revidou pegando ela dos meus braços.

-Eu quero uma foto e depois vou te mostrar uma outra...-Eu disse posicionando meu celular.

Marco sentou no sofá e eu tirei a foto.

-O que você quer me mostrar?-Marco perguntou.

-Você acha que só a Lilian está na torcida?-Eu respondi.

POV Marco

Joh me mostrou uma foto de Martin no hospital. Ele estava coberto com uma mantinha do BVB e usava uma touca também.

-Meu pequeno... Como você fez isso Joh?-Eu revidei.

-Levei há uns dias, como ele ainda não pode vestir uma roupinha por causa dos aparelhos ligados à ele... Leonardo deixou que ele fosse coberto por algo especial hoje...-Ela falou sorrindo.

-Obrigada meu amor...-Eu disse e beijei ela.

-Somos três na torcida...-Ela revidou em meio ao beijo.

-A  Lilian está muito linda e capitã...-Eu falei cessando o beijo.

-Sendo filha de nós dois... Só pode ser linda mesmo... Mas logo o Martin vem pra casa e vai poder usar todos os uniformes que você quiser que ele use...-Joh disse fazendo carinho no meu rosto.

Me beijou novamente.

-Daqui um tempo vão estar os dois no Iduna correndo no campo... E eu atrás deles dois...-Eu revidei.

-Sim... Mas hoje, eu só desejo que o seu jogo seja muito bom... Que você aproveite bastante, se divirta... E que vençam... Por que aí... Mais tarde quando o meu maridinho chegar... Vai ter um jantar e sobremesa dupla... Se é que você me entende...-Joh  falou e tocou meu pênis por cima da calça.

-Tampa os ouvidos Lilian... Eu entendo muito... Mas não me complica agora, amor...-Eu disse e ri.

Joh se afastou.

-Quer que eu te leve? Ou vai todo independente?-Joh perguntou e riu.

-Adoraria que me levasse, mas eu prefiro que você fique em casa e se prepare pra minha volta...-Eu respondi e beijei o rosto dela.

-Sendo assim, pode ir logo... Pra voltar... Vai, vai... Vai capitão...-Joh revidou pegando Lilian de mim.

-Tá vendo Lilian? Sua mãe me expulsando do apartamento...-Eu disse rindo.

Levantei, Joh me acompanhou até a porta.

-Boa sorte meu capitão... Hoje vai dar tudo certo...-Ela falou e me beijou na porta.

-Obrigado... Lilian, até mais tarde... Daddy te ama muito...-Eu  revidei e beijei a cabeça de Lilian.

 Saí do apartamento, as duas na porta me esperaram entrar no elevador, desci, peguei o carro e fui para o CT, sairíamos todos juntos de lá. No ônibus  ficamos concentrados, sem muita conversa, mas mostrei a Pierre, Mario e André a foto de Martin. Recebi uma mensagem dos meus pais me motivando.

No Iduna relaxamos mais, nos trocamos e fomos para o alongamento e aquecimento do jogo contra o Legia. Depois voltamos ao vestiário e nos preparamos, Thomas conversou com a gente  e finalmente fomos para a cerimônia de abertura.

O jogo começou e o Legia nos surpreendeu, aproveitou nossa marcação inicial ruim e abriu o placar. Mas respondemos, Rocde tocou pra Dembelé, que fez o cruzamento e Shinji empatou.

Continuamos indo bem, em um contra-ataque, Shinji marcou o segundo pra gente. Um minuto depois, cobrei falta na área o goleiro socou em cima de Nuri e a bola foi para o fundo da rede.

Apesar do Legia ter diminuído, ainda no primeiro tempo marcamos mais dois, Dembelé recebeu minha assistência na área, cortou a marcação e finalizou para fazer o quarto.

Numa jogada coletiva em seguida, Shinji tocou da grande área pra mim e eu completei. Nem acreditei naquilo. Ainda estávamos aos trinta e dois minutos.

Na etapa final do primeiro tempo, depois de troca de passes, Dembeé recebeu na esquerda, cruzou rasteiro e eu apareci nas costas da defesa pra fazer o sexto.

O legia respondeu, em contra- ataque. Mas nós revidamos também, Pulisic arrancou pela direita, tocou para André, ele parou na defesa do goleiro, no rebote, Passlack completou de cabeça.

No fim, o Legia marcou mais um, porém não acabou assim, nos acréscimos, Pierre recebeu na esquerda, trouxe para o meio e abriu na direita da minha área, eu eu conclui entre as pernas do goleiro, a bola desviviu em um jogador e o gol foi considerado contra.

Acabou, eu não estava acreditando naquilo, imaginei Joh pulando na sala com Lilian, eu ri do meu pensamento. Fui comemorar com os rapazes.

Agradecemos a torcida e fomos para o vestiário. Thomas nos deu algumas considerações finais, e continuamos nos divertindo lá dentro, Winfried e Jonas um pouco perturbados querendo a nós todos quietos, decidiram apenas mandar a gente pra imersão.

Depois do banho, fui logo me vestir, peguei meu celular e tinha uma mensagem de Joh, uma foto dela com Lilian perto da TV.

“Parabéns Capitão! Vibramos muito com você! Te amamos demais e estamos muito felizes com o seu retorno!”

Eu sorri.

-Eu amo muito vocês também...-Eu sussurrei ainda olhando a foto.

- O que  você disse aí Marco?-Pierre perguntou.

-Olha...-Eu respondi mostrando a foto.

-Lilian linda...  Quero uma menina também... Vou começar a sugerir à Alysha...-Ele revidou olhando.

-É... Eu tenho um filho... Ele vai precisar de uma namorada...-Eu disse e ri.

-Você hein... Se vingando...-Pierre falou.

-Você quem começou...-Eu revidei.

Eu ri mais, terminei de me vestir e peguei o celular novamente, outra foto.

Era no banheiro, não dava pra ver ela direito, mas a perna apoiada na banheira, como se tivesse tirando a calcinha, espuma de banho e velas acesas.

“Só falta você e a champagne... Mas vou me contentar muito só com você chegando, já que não posso beber...”

Eu sorri.

-Qual a piada agora? Você abriu o maior sorriso...-Pierre disse.

Coloquei meu celular no bolso rapidamente.

-Joh querendo champagne, mas não pode beber...-Eu falei.

-Vocês são dois idiotas mesmo... Por que não compra sem Álcool?-Ele revidou.

-Existe?-Eu perguntei surpreso.

-Claro que sim... Vez ou outra eu compro... Sabe uma loja de bebidas que tem no centro?-Ele respondeu.

Pierre me falou onde eu encontraria, olhei no Google se tinha delivery, já que eu com certeza não encontraria a loja aberta quando fosse pra casa, consegui o número e fiz o pedido, paguei online pelo celular, então liguei para a portaria do prédio e pedi não avisassem Joh da encomenda,  no ônibus mandei uma mensagem pra Joh:

“Chego daqui a pouco meu amor...”

Ela mandou outra:

“Hoje teremos banho e sobremesa ao mesmo tempo, depois jantar e sobremesa de novo... Você tá merecendo...”

Digitei mais uma:

“E a Dulce?”

Joh:

“Ela foi pra casa dos seus pais, iam jogar baralho depois do jogo, só volta amanhã... Ela não é maravilhosa?”

Eu:

“Ela é... Mas você deve estar mais, e sem roupa ainda... Humm...”

Joh:

“Vem logo amor...”

Eu:

“Coisas boas chegam para garotas que esperam...”

Ela riu.

Joh:

“Aprendeu mesmo a lição...”

 Ainda demorou mais um pouco pra chegarmos ao CT, mas fui rápido em descer do ônibus, me despedir e pegar meu carro, finalmente  segui pra casa.

Depois de estacionar meu carro, pegue o elevador e fui na portaria, peguei a encomenda, estava em um isopor com gelo, o serviço me surpreendeu, duas garrafas e subi para o apartamento, no elevador mandei mais uma mensagem:

“Subindo...”

Cheguei e fui até a cozinha, peguei duas taças, segui para o quarto. Estava apenas com a luz de um abajur, Lilian dormia no berço, a porta do banheiro estava aberta, o cheiro das velas tomava conta ambiente.

Cheguei à porta e parei ao ver a cena. Joh coberta de espuma dentro da banheira.

-Bem vindo de volta, capitão...-Ela falou sorrindo.

 Coloquei o isopor e as taças sobre a pia.

-Obrigado...-Eu revidei e me aproximei.

Beijei ela, então  tirei a roupa e abri o isopor pra pegar a champagne.

-Amor... Você trouxe champagne... Só pra me torturar... Não vale... Golpe baixo...-Joh disse.

-Esse você pode Raposa... Sem álcool...-Eu falei e estourei a champagne.

Joh soltou um gritinho e aplaudiu.

Coloquei nas taças, entreguei uma a ela e entrei com a minha na banheira.

-Ao seu retorno com muito sucesso... E que venham vários jogos maravilhosos...-Ela falou.

-Ao sucesso...-Eu revidei e brindei com ela.

Bebemos um pouco e então nos beijamos.

-Muito bom...-Joh disse e pegou minha taça.

Colocou perto de umas velas, então voltou a me beijar, a água ainda estava quentinha já que a banheira era térmica.

Embalamos um amasso e transamos, ainda continuamos lá, eu sentado entre as pernas dela, Joh fazia carinho em mim e dava beijos nos meus ombros e nuca.

-Três gols... Um pra cada amor da minha vida...-Eu falei.

-Pra quem queria fazer pelo menos um... Vamos mandar uma cartinha ao Legia, agradecendo...-Joh disse e riu.

-Palhaça... Nós que trabalhamos duro pra isso...-Eu revidei.

-Foram muito bem... Quando eu voltar a trabalhar, vão ficar monstros...-Ela falou.

-Assim espero... Você volta, mantém a gente mais em forma do que nunca... Vamos ganhar tudo...-Eu disse.

-Que confiança boa de ouvir...-Joh revidou e deu beijos no meu rosto.

-Só não é bom ouvir o seu estômago roncando...-Eu falei.

-Estou com fome mesmo... Vamos terminar o banho e jantar...-Joh disse.

Fizemos isso. Depois de jantar Lilian acordou, fiquei cuidando dela enquanto Joh arrumava a bagunça do banheiro, então deitou na cama comigo e Lilian.

-Sou um homem de sorte... Duas mulheres na minha cama...-Eu disse rindo.

-Dois amores da sua vida... –Joh revidou e colocou Lilian pra mamar.

Acabei dormindo antes que Joh levantasse pra colocar ela no berço.

No dia seguinte, levantei cedo  pra treinar e a noite viajamos pra Frankfurt.

Já no quarto do hotel, depois de falar com Joh vi uma notificação no meu instagram.

Jporfírio está seguindo você, e em seguida uma marcação numa foto. Abri.

Eu e Joh no nosso casamento sentados a mesa e sorrindo feito bobos um para o outro.

-“I want you forever, even when we’re not together... We miss you...”-Eu li na legenda.

Foi uma surpresa pra mim ela ter voltado, Joh parecia nem ligar mais pra essas coisas, mas achei bom vê-la mais a vontade.

Escrevi lá:

“I miss you too.”

Era minha primeira viagem depois de tanto tempo, e eu também estava sentindo falta, mas teríamos que nos acostumar novamente. Dormi um tempo depois.

O jogo contra o Frankfurt não foi bom pra gente, comecei no banco, eles abriram o placar, Pierre diminuiu, mas não adiantou nada, o Frankfurt virou o jogo.

Quando cheguei em casa na manhã seguinte, Joh não estava lá.

-A preciosa foi para o hospital visitar o Martin, estava super animada hoje...-Dulce disse sentada no sofá com Lilian.

Peguei ela.

-Queria essa animação dela, mas perdemos ontem...-Eu falei.

-Devia ir lá pra vê se pega um pouco da animação dela...-Ela revidou.

-Pensei que ela iria me esperar aqui, mas pelo visto... Nem se importou com isso...-Eu disse.

-Iiiih... Está com ciúme? Ela só falou que se tudo desse certo hoje, iria acontecer algo muito importante...-Dulce continuou.

-Algo importante? Ela não disse nada pra mim...-Eu revidei.

-Por isso falei pra você ir lá...-Ela disse.

-Acho que vou... Você fica com a Lilian? Vou me trocar...-Falei entregando Lilian a ela.

-Claro...-Dulce revidou e sorriu.

Fui me trocar, então me despedi delas e saí.

Cheguei ao hospital e segui para a UTI, da porta pude ver Joh com Martin, ela sorria fazendo carinho nas costas dele sobre o peito dela.

-Oi meu amor...Meus amores na verdade...-Eu disse ao me aproximar.

Me inclinei pra beijar ela.

-Oi branquinho...-Ela revidou cessando o beijo..

-Como está o nosso pequeno hoje?-Eu perguntei pegando a mãozinha dele.

-Muito bem... Eu alimentei ele... Não é incrível? Só que ele tem que aprender ainda... Foi na seringa, mas foi maravilhoso...-Joh respondeu com os olhos brilhando.

-Sério? Ele não precisa mais do tubo?-Eu revidei.

-Precisa... Porém, Leonardo disse que já posso começar a ensinar ele... Ai, eu estou tão feliz com isso...-Ela disse sorrindo.

-Isso é ótimo mesmo... Bem que a Dulce falou que você estava animada... E como foi?-Eu falei.

-Difícil... Leonardo falou que era normal... Até ele aprender como funciona...-Joh revidou.

-Foi a primeira vez... Mas você vai conseguir meu amor... Não desanima...-Eu disse e beijei a cabeça dela fazendo carinho na nuca.

-Nunca... Já aprendi que não posso desistir jamais dos amores da minha vida...-Ela falou sorrindo pra mim.

-Nós dois aprendemos isso...-Eu revidei.

-Quer segurar ele um pouquinho? Olha os cabelos ficando cada dia mais parecido com o seu... Vai ser muito lindo esse menino...-Joh disse animada.

Levantou devagar e deu o lugar pra mim, colocou Martin sobre o meu peito.

-Você tá deixando sua mommy apaixonada? Vai roupar o lugar do daddy?-Eu perguntei.

-Claro que sim Daddy... Vai ter que aguentar ela dividindo amor comigo e Lilian..-Joh respondeu imitando voz de criança.

-Onde está o doutor?-Eu falei.

-Foi almoçar... Saiu um pouco antes de você chegar... Ele me mostrou como anda a cicatrização do Martin... A cirurgia do coração e a dos rins está indo bem... As primeiras já fecharam de vez...-Ela disse.

-Ele deu mesmo uma crescida...-Eu revidei.

-Só tenho vontade de abraçar bem muito... Levar pra casa, ficar com ele e Lilian na cama... Sentindo o cheirinho bom deles dois, junto com o seu também...-Joh falou.

Eu sorri.

Ficamos lá mais um pouco, até Leonardo voltar, conversamos com ele e fomos pra casa.

Almoçamos todos juntos e depois ficamos os três no quarto.

Alguns dias se passaram, eu comecei a estudar português sozinho pela internet pra matar o tempo nas viagens, não contei nada a Joh, nem ao pai dela. E não era mesmo difícil como ela havia falado antes.

 Dulce voltou pra Espanha. Santos e Maria chegaram em dezembro um dia antes do nosso primeiro aniversário de casamento civil. Fui buscá-los no aeroporto sem Joh.

-Marco!-Santos falou animado ao me ver.

Me abraçou.

-Oi Santos, como foi de viagem?-Eu revidei.

-Muito bem...-Ele disse.

-Oi Marco... Tudo bem?-Maria falou em seguida.

Me abraçou também.

-Estou bem... Senti falta de vocês...-Eu disse.

-Nossos pais mandaram beijos e abraços... Não quiseram vir por causa do frio... Você já sabe disso... Onde está minha filha?-Maria revidou.

-Ficou no apartamento preparando tudo pra receber vocês... Um jantar... A Dulce foi embora antes de ontem...-Eu falei.

-E por que você não trouxe a minha netinha?-Santos perguntou.

-Lilian ficou ajudando a mãe...-Eu respondi e ri.

-Daquele tamanhinho... Os bracinhos e perninhas são curtos... Coitadinha...-Santos revidou entrando na brincadeira.

-E o Martin?-Maria disse.

-Ainda no hospital, mas tem melhorado a cada dia...Só que ainda não aprendeu a mamar... Isso que deixa Joh muito triste, por que ela tenta todos os dia...Dá leite na seringa  e coloca o dedo com a luva na boquinha dele pra estimular,  ele até aceita, mas quando vai para o peito... Nada acontece...-Eu falei ajudando eles com as malas.

-Dá pra perceber que Johanna está frustrada com isso... Nas vídeo chamadas dá pra ver no olhar dela, quando fala dele...-Maria revidou.

-É que Joh tem aquela coisa dela... De não querer e não poder falhar em nada... Mas ela aprende... Tem que ter paciência, ainda mais sendo mãe...-Santos disse.

-Tirando a teimosia que ela tem as vezes, com Lilian ela está sendo ótima pra quem é mãe de primeira viagem...-Eu continuei.

-Parece que foi ontem que ela me contou que ia parar com os remédios... Na verdade, faz um ano hoje que ela parou, amanhã vocês fazem um ano de casados no civil, foi na véspera mesmo... E aí vai ter algo comemorativo amanhã?-Santos falou.

-Não... Vou viajar amanhã... Jogo na sexta...-Eu disse.

-Que horas você viaja?-Maria perguntou.

-No final da tarde...-Eu respondi.

Chegamos ao carro.

-Dá tempo comemorar... Comprou algum presente?-Ela revidou.

-Então... Eu estava pensando em dar um presente mais pra frente... Quando completasse um ano do outro casamento...-Eu falei.

-É dos meus, pra que gastar com dois presentes não é?-Santos disse.

-Insensíveis... Nenhum lembra que  mulheres em datas especiais gastam pra ficar lindas, se sentirem bem, pra fazer vocês se sentirem melhor ainda...-Maria revidou

-Maria e seu discurso de sempre...-Santos falou.

-Ela tem razão... Eu que não pensei em nada pra dar à ela de presente...-Eu disse.

-Puxa saco da sogra...-Santos revidou em português.

Não entendi, mas Maria riu.Fomos para o apartamento.

Abri a porta, vi Joh no sofá e o carrinho de bebê perto.

-Chegaram , Lilian... –Joh falou levantando do sofá.

Ela sorriu vindo até nós.

-Cabrita!-Santos exclamou e foi logo abraçá-la.

-Oi pai... Que saudade desse abraço...-Joh revidou.

Santos soltou ela e foi até o carrinho.

-Johanna... E não é que está em forma mesmo... Que bom te ver minha filha...-Maria falou abraçando ela.

-Que saudade de você, mãe...-Joh disse.

-E essa linda do vovô? Você é a lindona do vovô?-Santos falou em português pegando Lilian.

Lilian fez um barulho como se quisesse rir.

-Já reconhece o avô? E a vovó? Você lembra Lilian?-Maria disse ao soltar Joh.

Se aproximou de Santos e beijou Lilian. Joh veio até mim e me abraçou.

-Mata a saudade dos seus pais... Eu vou arrumar a mala lá no quarto...-Eu falei e  beijei ela.

Joh sorriu e me soltou, fui para o quarto. Eu precisava de um tempo sozinho pra pensar no que dar à ela de presente, fui arrumando a mala, mas não  me veio nenhuma ideia, Joh não mencionava nada que quisesse ganhar ou comprar há um tempo.

Não pensei em nada, terminei e pouco depois ela veio me chamar pro jantar. Santos e Maria falaram animados sem parar, elogiaram Lilian, contaram as novidades do Brasil.

Quando terminamos, os dois quiseram ir logo pro quarto descansar, Eu, Joh e Lilian fomos para o nosso também. Depois de mamar, nossa pequena dormiu, ela agora conseguia dormir por períodos mais longos e com isso estava ficando mais acordada durante o dia também.

Joh dormiu logo em seguida, peguei meu celular e mandei mensagem no grupo dos rapazes do time.

Pierre me respondeu no privado.

“Você está aprendendo português, por que não tenta se declarar pra ela em português? Seria uma bela surpresa...”

Concordei com ele e encerrei a conversa, levantei da cama, peguei o laptop na mesa e fui pra sala.

Fiquei três horas entre traduções, escrita e fala sem ter certeza se estava tudo correto, fui ao quarto rapidinho pra pegar o celular da Joh. Procurei o número do Filipe e mandei uma mensagem com o que eu havia escrito pelo meu celular. Pedi que ele olhasse se estava correto e que me mandasse um áudio falando minha declaração pra que eu pudesse praticar durante o dia. E claro expliquei a ele do que se tratava. Não tive resposta imediatamente, já estava tarde, então fui dormir.

Acordei pela manhã, Joh não estava na cama, levantei e fui para o banheiro, aproveitei logo pra tomar banho. Quando terminei e saí, Joh estava sentada na cama e ao lado uma bandeja com café da manhã.

-Bom dia...-Ela falou sorrindo.

Levantou, fui até ela que me abraçou me beijando.

-Bom dia... Mas que manhã  diferente... Café na cama?-Eu disse cessando o beijo.

-Pelo menos no nosso primeiro aniversário de casamento civil... Podemos abrir essa exceção...-Joh revidou pegando a minha mão.

Me fez sentar na cama.

-A minha surpresa só deve chegar mais tarde antes de eu viajar...-Eu falei.

-Não se preocupa com isso tá? Você sabe que eu não ligo pra presentes em datas específicas... Gosto mais quando não estou realmente esperando nada e você me surpreende...-Ela disse e me serviu café.

Eu sorri pra ela.

-Cadê a Lilian?-Eu perguntei e dei um gole no café.

-Com a vovó Maria...-Joh respondeu rindo.

-Enjoou da mãe dela?-Eu revidei.

-Nunca... Lilian disse que eu e você precisávamos de um momento sozinhos já que hoje é um dia especial...-Ela falou.

-Fico me perguntando se quando eles dois estiverem maiores e presenciarem a gente nas nossas trocas de carinho... Vão ficar envergonhados ou animados?-Eu disse.

-Ah, eu quero os dois chegando pra nós e falando... Beija a mommy, daddy...-Joh revidou.

-Dois sem vergonha que você quer é?-Eu falei.

-É... Pra você ficar com vergonha, vermelho... E mesmo assim vai me beijar...-Ela disse se divertindo.

-Vou sim... Te encher de beijos... Que é exatamente a minha vontade agora, tirar sua roupa e beijar o seu corpo inteiro...-Eu revidei.

-Estou disponível pra isso, sabia?-Ela falou me olhando e sorrindo.

-Você sabe que não vamos nos aguentar só nos beijos não é? Seus pais estão aí... Seu pai não tem vergonha alguma, se ouvir qualquer coisa nossa vai soltar pelos quatro cantos do mundo... Então dessa vez eu vou ficar na vontade... Quando eles derem uma saída do apartamento esses dias que vão ficar aqui... A gente faz o que quiser...-Eu disse.

-Se meu pai ouvisse alguma coisa, quando eu saísse do quarto, me perguntaria... Foi bom, filha?-Joh revidou rindo.

Eu ri, continuamos comendo e conversando, quando terminamos, Joh colocou a bandeja na mesa do laptop e voltou pra cama rapidamente, sentou no meu colo.

-Sou muito feliz com você...-Eu falei e beijei o rosto dela.

-Obrigada por esse um ano de casamento, por não ter desistido de mim, por que eu sei  que fui difícil de lidar, a gravidez não foi tranquila, depois que  nossos filhos nasceram também fiquei estressada... E você mesmo assim aguentou tudo... E depois disso, que agora estou mais tranquila, comecei a ver com clareza que o amor que eu sinto por você só deve continuar a aumentar... E acontece isso, tenho todos os sintomas disso... Tenho todos os sintomas do Eu te amo e te amarei para sempre...-Joh disse me olhando nos olhos.

-Eu te amo...-Eu sussurrei e beijei ela.

-Agora vai se vestir que quero uma foto...-Joh falou saindo do meu colo.

Ela foi para frente do espelho e eu entrei no closet. Me arrumei e saí, Joh estava com o cabelo solto e parecia ter se maquiado um pouco.

-Pronta?-Eu perguntei abraçando ela por trás.

-Sim... Seu cabelo está bonito...-Joh respondeu virando.

-Não molhei ele hoje... Está um pouco sujo...-Eu revidei e beijei ela.

-Em pensar que  não vamos ficar juntos hoje a noite... Já dá uma saudade de você...-Joh disse cessando o beijo.

-Mas eu volto... Quando eu voltar nós comemoramos com um jantar...-Eu falei.

-Vou cobrar... Vamos pra parede de vidro...-Ela revidou pegando minha mão.

Fomos para perto do vidro, ficamos de costas pra ele e tiramos a foto nos beijando, em seguida mais algumas. Peguei meu celular pra ver se tinha alguma resposta de Filipe, ainda nada.

Fui para a sala e encontrei Santos com Lilian assistindo TV.

-Bom dia Santos... Bom dia Lilian...-Eu falei pegando ela.

-Bom dia, Marco... Feliz aniversário de casamento...-Ele disse.

-Obrigado...-Eu revidei e me sentei.

-Está cada dia mais linda... Não digo só essa pessoa pequenina aqui... Mas minha filha também... Pra você ver... A felicidade faz bem... E ela parece se importar menos agora com as coisas materiais... Ontem durante o jantar eu percebi essa mudança nela... A vida de Joh agora tem outra base, você, Lilian e Martin... Isso faz muito bem à ela, não tem nada mais confortante do que isso pra um pai...Você vai entender muito disso um dia...-Santos falou e sorriu.

-Não posso dizer que ela está totalmente feliz... Martin ainda não veio ficar com a gente, não mama ainda...-Eu disse.

-A felicidade não se trata de perfeição... Joh deve se sentir a mulher mais feliz do mundo, casou com alguém que valoriza muito ela... Teve dois filhos, um foi uma surpresa imensa... Mas dois é melhor do que um... Eu e Maria bem que queríamos ter tido mais um filho ou filha... Mas não deu... Então, Joh ter nos dado dois netos é muito compensador...-Ele revidou.

-E ela já falou que quer ter mais um...-Eu falei e ri.

-O instinto materno falando alto... Ela está pagando com a própria língua, antes não sabia se queria... Agora já quer o terceiro...-Santos disse.

-Agora está loucamente apaixonada por mim...-Eu revidei imitando voz de criança mexendo os bracinhos de Lilian deitada nas minhas coxas.

Ela sorriu e fez um barulhinho.

-Já está rindo ruivinha linda?-Santos perguntou animado fazendo carinho na barriga dela.

-Ela ri vez ou outra... E parece querer conversar... Teve uma noite que fiquei quase a madrugada toda tendo que dar atenção...-Eu falei.

-Se eu te contar que Joh fazia isso muito? Queria ficar acordada de noite e de dia dormir, mas nunca reclamamos disso... Ai até me deu uma saudade dessa época... Não é por que ela é minha filha, mas era muito lindinha e gordinha que nem a Lilian...-Santos disse.

-Eu vi a foto dela... Era lindinha sim, desde pequena... Quer dizer, pequena ainda é...-Eu revidei.

-Palhaço...-Joh falou chegando a sala.

Eu ri.

-A quem será que Lilian vai puxar o tamanho?-Santos continuou se divertindo.

-Quero ela com pelo menos 1,60 de altura...-Joh disse.

-O pai desse tamanho, sonha que vai ser só isso...-Ele falou.

-Não vou deixar ela comer bolo com fermento...-Jon revidou.

-Ah, esqueci de contar... Eu tirei a licença internacional... Eu e Maria... Agora podemos dirigir aqui...-Santos disse.

-Que legal pai!-Joh exclamou animada.

-Que ótimo Santos... Podem ficar a vontade nos carros...-Eu falei.

-O senhor já pode dirigir agora de manhã... Vamos visitar o Martin...-Joh disse.

-Ah eu aceito a missão... Vou adorar...-Santos revidou.

-Já se imaginou no meu Aston?-Eu sugeri.

-Aquele carrão?-Santos perguntou.

-Aquele sim.. Imagina mais, na estrada pra Herbede... Sem limite de velocidade imposto...-Eu respondi.

Santos ficou boquiaberto como se imaginasse aquilo.

-Quer matar meu pai?-Joh revidou.

-Shh... Não se mete não Johanna...  O assunto brinquedos é entre sogro e genro...-Santos falou.

-Mãe!-Joh gritou em português.

Eu entendi.

-Não dá uma de estraga prazer, Joh...-Santos disse em português.

Não entendi mais.

-O que foi?-Maria perguntou chegando à sala.

-Meu pai quer dirigir sem limites o carro do Marco na estrada... Só por que vocês dois tiraram a licença internacional....-Joh falou.

-Ele acha que vai fazer isso...  Você sabe que não vai rolar... Não com a gente dentro do carro...-Maria disse.

-Vamos eu e Marco...-Santos revidou.

-Ótimo... Viúvas e herdeiras de tudo...-Maria falou.

Santos me olhou e sorriu.

-Pelo menos sabemos bem quem vai herdar tudo...-Eu disse.

-É? Então tenho que começar a escolher um marido novo... Quem você sugere?-Joh revidou em tom de provocação.

Eu não gostava de imaginar ela com outro em hipótese alguma.

-Santos vamos numa velocidade que dê pra gente aproveitar... Não máxima, por que não dá pra deixar sua filha pra outro cuidar...-Eu falei.

Santos riu.

-Essa sabe dobrar qualquer um...-Ele disse em português.

-Eu não entendi o que você falou, mas agora eu preciso ir...-Eu revidei e beijei Lilian.

Fui com ela até Joh que segurou e nos beijamos.

-Até mais tarde amor....-Ela disse cessando o beijo.

- Na volta eu visito o Martin...-Eu falei.

-Tá bom...-Joh revidou.

-Até mais, Santos e Maria...-Eu disse.

-Até...- Os dois falaram em coro.

Eu saí. No carro olhei meu celular, tinha uma notificação de Joh, abri, ela hvia me marcado numa foto  que tínhamos tirado depois do café, ela escreveu:

“Toda força que vejo em você tem sido vital pra mim... Você ainda é o meu melhor pecado, é o que mais desejo, é o meu berço e agora eu sei o quanto conhecer você foi bom pra mim...”

Obrigada pelo primeiro ano de casamento mais intenso de lutas e vitórias, alegrias e tristezas... Mas de muita união e compreensão e que venham muitos anos... Feliz aniversário de casamento! Te amo.

Eu escrevi:

Te amo.

E antes de sair do estacionamento vi que Filipe havia me respondido. Ele gravou um áudio pra mim, fui o caminho todo ouvindo e repetindo.

Cheguei ao treino e foi uma rotina normal até a hora do almoço, depois que comi fiquei com André e Mario na sala de convivência, eles tentavam me ajudar com o português.

Ríamos mais do que conseguíamos falar. Mas eu insisti, quando resolvemos ir embora, fiz uma vídeo chamada com Filipe no carro pra repassar novamente o meu péssimo português, mas ele disse que eu estava indo bem e que Joh me entenderia.  Do CT fui ao hospital ver Martin, fiquei um pouco e então segui pra o apartamento.

Joh estava deitada no sofá quando entrei.

-Boa tarde...-Eu falei em português.

Joh deu um pulo do sofá, me olhou assustada.

-Que susto... Pensei que fosse outra pessoa...-Ela disse.

-Sozinha?-Eu perguntei em alemão.

-Não... Meus pais tão no quarto curtindo a Lilian...  Foi ver nosso pequeno maior amor do mundo?-Ela respondeu.

-Fui... Ele estava animado hoje...-Eu revidei e beijei ela.

-Então foi só com você... Comigo ele só queria dormir...-Joh falou cessando o beijo.

- Tenho pouco tempo, vou chamar seus pais...-Eu disse e levantei.

Fui até o quarto e chamei Santos e Maria, eles vieram sozinhos, Lilian havia dormido.

-Parece até que vai pedir ela em casamento...-Santos falou sentando no sofá.

-É que talvez eu precise da ajuda de vocês...-Eu revidei sentando ao lado de Joh.

Peguei a mão dela.

-Não estou entendendo nada...-Joh disse me olhando desconfiada.

-Amor da minha vida... Estamos há um ano casados, mas parecem anos...-Eu falei em português com um pouco de dificuldade..

-Você tá falando em Português....-Joh me interrompeu.

-Você chegou de forma repentina e me fez sentir um tipo de amor que eu não imaginava que existia... Um amor que fez minha vida virar de cabeça pra baixo, mas não foi algo ruim... Talvez eu viva melhor assim do que de cabeça pra cima... Um amor que eu gostei de sentir, de sofrer por ele e se pudesse faria de novo, por que esse amor não vale só a pena... Vale a galinha inteira...-Eu disse.

Joh parecia segurar o riso, Santos e Maria riram.

-Continua amor... Tá lindo...-Joh falou me olhando nos olhos.

-Eu sou muito feliz por ter te conhecido e sou muito feliz por ser o homem da sua vida e pai dos seus filhos... E depois desse tempo que estamos juntos, ainda busco explicação para o fato de você caber dentro desse corpinho... Por que a cada dia que passa eu descubro mais motivos pra te amar...-Eu continuei com um pouco de dificuldade.

-Ele não é lindo?-Joh disse olhando para  os pais.

-Feliz aniversário de casamento... Raposa...-Eu falei ainda em português.

Joh estava com os olhos cheios de lágrimas e bateu palminhas junto ao corpo sorrindo, então se aproximou me puxando pra um beijo.

-Não sei como fez isso... Mas foi tão lindo que eu acho que alguém não vai viajar hoje...-Joh falou em inglês cessando o beijo.

-Você gostou amor?-Eu perguntei.

-Quero saber como? Eu amei... Foi você pai?-Joh respondeu e me abraçou.

-Eu não tenho nada a ver com isso... Parabéns pela evolução, Marco... Mas e essa história de galinha?-Santos revidou e riu.

Maria e Joh riram.

-Galinha? Eu falei galinha?-Eu disse confuso.

-Não vale só a pena... Mas a galinha inteira...-Joh falou em português e me explicou.

Achei muito confuso.

-Foi o Filipe que me ajudou... Então qualquer coisa que eu tenha dito errado ou estranho, a culpa é dele...-Eu continuei.

-Você foi muito bem, meu amor... Eu amei, você falando português parece um bebê que tá aprendendo a falar... Ai eu amo poder ver isso...-Joh disse sorrindo.

Eu queria contar que estava aprendendo, aos poucos, mas dava pra entender vez ou outra algo que ela e os pais falavam, mantive o segredo.

-Muito bem, Marco... Gostei de ver... Só surpreende...-Maria falou.

Eu fiquei um pouco envergonhado e olhei pra baixo.

-É muito lindo... Lindo, Lindo... Lindo...-Joh disse e começou a beijar meu rosto sem parar.

Eu ri e abracei ela.

-Eu te amo...-Eu falei em português.

-Tá sentindo meu coração palpitando... É de felicidade...-Ela revidou.

Eu senti, estava acelerado. Beijei ela.

-Maria, acho que agora é o momento em que nós dois nos retiramos da sala...-Santos falou.

-Sim...-Maria disse.

Os dois levantaram e saíram.

-O Filipe me paga... Eu não queria falar galinha... Foi por isso que seus pais riram?-Eu falei.

-Foi... Eu segurei por que não queria que você parasse, estava tão lindo... Se eu soubesse, eu teria filmado...-Ela revidou fazendo carinho no meu rosto.

-Você gostou mesmo?-Eu perguntei.

-Gostei muito... Melhor presente de casamento que eu poderia receber... Obrigada meu branquinho...-Joh respondeu e me beijou.

Namoramos um pouco ali e então eu tive que me apressar, fui ver Lilian e Santos se ofereceu pra me levar ao aeroporto, Joh pegou nossa filha e quis levá-la também.

Quando chegamos lá foi uma festa, todo mundo queria ver Lilian, na hora do embarque abracei Joh com força.

-Te amo... Quando eu voltar a gente comemora de verdade... Mais tarde eu chamo você no FaceTime pra ver as duas...-Eu disse.

-Tá bom... Te amo...-Joh falou e beijou meu rosto.

Peguei a mão dela depois e beijei, então soltei ela e passei pelo portão de embarque.

O voo foi tranquilo, eu dormi boa parte dele, tinha ido pra cama muito tarde e o dia havia sido cansativo, depois de um pouco mais de três horas chegamos a Hoffenheim. No hotel, após o jantar eu liguei pra Joh como prometido.

Conversamos pouco e fomos dormi.

O jogo no dia seguinte foi a noite, estávamos empolgados. Depois de toda a rotina antes do jogo fomos para o campo. E logo aos dois minutos o Hoffenheim marcou  o primeiro. Não demoramos a reagir, Mario empatou para a gente aos dez minutos.

Mas teríamos mais trabalho do que pensávamos, aos vinte eles viraram o jogo, 2 a 1. Eu recebi um cartão amarelo pouco tempo depois.

Continuamos tentando, até que eu entrei numa disputa de bola com o Amiri, e me compliquei de vez  quando eu encostei demais nele e ele caiu. Não fiz nada,  o árbitro parou o jogo e veio apressado até mim, eu já fui falando que não era minha falta, mas ele logo puxou meu segundo cartão amarelo e por fim o vermelho, fui expulso. Pela primeira vez na minha carreira.

Nem falei mais nada, saí em direção ao túnel, fiquei com vergonha por algo que não tinha cometido, fui direito para o vestiário. Tirei a chuteira e joguei longe com raiva. Liguei a TV pra ver se repetia o lance, apenas o jogo normalmente. Winfried me interrompeu ao entrar na sala.

-Você viu Winfried? Não fiz nada... Nada! Aquele filho da mãe caiu sozinho... Eu não empurrei ele!-Eu falei furioso.

-Pelo telão não foi nada mesmo...-Winfried revidou.

-Vou ligar pra Joh... Ela deve tá assistindo... Deus, que vergonha... Eu nunca tinha recebido um cartão vermelho antes...-Eu disse procurando meu celular nas minhas coisas.

-Pode ligar e tirar as meias, pra eu ir logo adiantando seu tratamento...-Winfried falou.

Peguei meu celular e fui pra maca. Chamei Joh no FaceTime.

-Que absurdo!-Ela exclamou ao atender.

Winfried riu.

-Oi Joh... Fale toda a sua indignação...-Ele disse.

-Amor, você viu né? Eu não fiz nada... Que árbitro mais cego!-Eu falei.

-Não fez nada... Ele caiu da disputa de bola... Mas não foi sua culpa totalmente... Claro, estava na cola dele... Porém você não teve nada a ver com aquilo... Oi Winfried...-Joh revidou.

-Eu nunca tinha recebido um cartão vermelho, Joh... Eu quero bater no árbitro...-Eu disse.

-Calma... Não precisa de tanto... Você sabe que não foi nada... E achei muito bom você não ter ido bater boca... Saiu de cabeça erguida... Isso foi muito exemplar...-Joh falou.

-Ela tem razão...-Winfried revidou.

-Se eu estivesse aí, pegaria esse árbitro de jeito...-Ouvi Santos dizer.

Ele foi fazendo meu tratamento enquanto eu conversava com ela. Quando desliguei o primeiro tempo acabou e os rapazes  foram entrando no vestiário.

Não pararam de falar sobre aquilo até Thomas entrar no vestiário pra dar novas instruções. Depois do intervalo saíram de lá e voltaram ao campo.

E logo no início do segundo tempo empatamos, então fui para o banho e quando terminei, me vesti peguei um lanche pra mim.

O jogo terminou assim, depois da rotina pós jogo, fomos para o hotel, jantamos, falei com Joh, meus pais e fui dormir.

Voltamos pra Dortmund pela manhã.

No aeroporto Santos e meu pai me esperavam.

-Nossa... Que privilégio... Meu pai e meu sogro virem me buscar...-Eu disse e abracei meu pai.

-E aí meu filho? Como você está?-Ele falou.

-Chateado com o acontecido...-Eu revidei e Santos me abraçou em seguida.

-Estamos... Foi um absurdo...-Santos disse.

-É... Agora já foi... Joh não veio?-Eu falei.

-Ela vinha, mas Lilian pediu o peito mesmo na hora que ela estava pegando a chave do carro...-Santos revidou.

-Sua mãe está lá no apartamento... Vamos voltar, Joh e Maria fizeram bolinhos pra você...-Meu pai disse.

-Pra mim, pai... Pra mim...-Eu falei e ri.

Saímos do aeroporto e fomos para o apartamento.

POV Johanna

Eu estava sentada na cozinha com Manuela e minha mãe quando Marco entrou na cozinha. Lilian mamava.

-Oi meu amor...-Eu falei.

Marco se aproximou de mim e me beijou por alguns segundos.

-Oi... –Ele sussurrou cessando o beijo e foi até a mãe dele.

- Como você está meu lindo?-Manuela perguntou abraçando ele.

-Bem...-Ele respondeu sem muito ânimo.

-Aqui tem algo que vai te animar, Marco...-Minha mãe disse mostrando a bandeja de bolinhos.

-Obrigado Maria...-Ele revidou.

Pegou um e veio pra perto de mim.

-Olha quem chegou Lilian...-Eu falei.

-Oi minha ruivinha...-Marco disse olhando ela.

Se inclinou pra beijá-la e antes que ele fizesse isso, Lilian soltou meu peito de uma vez e encarou ele,sorriu.

-Que sorriso mais lindo... Só por causa do daddy é?-Eu falei sorrindo.

-Claro que sim...  Agora estou me sentindo muito bem... Não tem como ficar mal com um sorrisão desse...-Marco disse.

Manuela e minha mãe riram.

-Melhor remédio pra alma é sorriso de filho...-Manuela falou.

Marco beijou Lilian, ela ficou olhando ele, ajeitei minha blusa. E Marco começou a falar do jogo pra mãe enquanto comia o bolinho, era engraçado aquilo, ele falando com indignação e a boca cheia, eu queria rir, mas segurei olhando pra Lilian no meu colo, ela estava com os olhos vidrados na direção dele.

Ele falou um pouco mais alto e Lilian esperneou como se quisesse alcançá-lo.

-Branquinho... –Eu disse.

-Espera...-Ele falou e continuou a falar.

-Branquinho...-Eu insisti.

-Oi...-Ele revidou me olhando.

-Acho que ela quer você...-Eu falei levantando com ela.

 Marco soltou o bolinho e pegou ela.

-Você estava com saudade do daddy meu amor?-Marco perguntou olhando ela.

Ficamos conversando  na cozinha um pouco, então eu e Marco saímos pra visitar Martin.Lá o doutor Leonardo falou em fisioterapia pra ele. Fiquei um pouco com medo, não era minha área,  não dei resposta se faria eu mesmo ou pediria uma indicação do hospital, eu queria fazer, era mais uma maneira de eu poder ajudar meu filho.

Na volta pra casa fiquei pensando, em como eu poderia adaptar meus métodos para Martin. De adultos para crianças. Crianças. Lembrei de Juliana, era a área dela e com certeza me ajudaria.

Quando voltamos ao apartamento, fui logo para o quarto, peguei meu laptop e mandei uma mensagem pra Juliana no Skype, pra minha sorte ela respondeu logo. E nossa conversa foi longa sobre fisioterapia em recém-nascidos.

Decidi que eu mesma faria, e fiz com Juliana me orientando.

Os dias se passaram e a melhora dele era muito visível. Dois dias antes da véspera do Natal fui ao hospital sozinha pra mais uma visita enquanto Marco resolvia umas coisas com Thomas e meu pai na nossa casa em Herbede.

-Meu trabalho está feito...-Leonardo disse.

-Sim, doutor... Você é ótimo...-Eu falei olhando pra Martin no meu colo.

-Você não me entendeu, Johanna... Está feito... Pretendo ir embora amanhã, pra passar o natal na Colômbia... Martin pode passar o natal em casa também...-Leonardo revidou.

Eu olhei pra ele rapidamente. Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Pode?-Eu perguntei com a voz embargada.

-Pode...-Leonardo respondeu com os olhos cheios de lágrimas também.

-Martin, você vai pra casa... Finalmente...-Eu revidei e beijei a cabeça dele.

-Sim...-Leonardo confirmou mais uma vez;

-Muito obrigada...-Eu sussurrei olhando pra Leonardo.

Ele sorriu e levou as mãos aos olhos, estava emocionado.

-Vou sentir saudades de vocês... De coração mesmo...-Ele falou.

Eu levantei da cadeira e me aproximei dele, abracei com cuidado por causa de Martin.

-Muito obrigado doutor... –Eu disse.

-Vou deixar a alta dele para o dia vinte e quatro... Hoje vou começar a tirar os fios, tubos, pra ele ir se acostumando antes de ficar sem eles de vez... Vai ter que tomar uma medicação, que você pode colocar no leite, e um leite especial pra melhorar mais ainda o ganho de peso, amanhã vai tomar algumas vacinas pra poder ir pra casa em dia com o cartão de vacinação... E aí você vai levar todos os meus relatórios sobre ele... Encontrar um bom pediatra pra acompanhar os dois e aí qualquer dia, os quatro podem ir até a Colômbia me visitar... Vou adorar tê-los por lá...-Leonardo revidou.

-Nós iremos sim, amamos viajar... E você pode vir aqui também passar um friozinho...-Eu falei.

Ele riu.

Continuamos conversando mais um pouco e  decidi fazer uma surpresa pra todo mundo no natal, difícil seria manter o segredo até lá. Pedi pra a Leonardo que se despedisse de Marco por vídeo, eu gravei no celular e fui pra casa segurando com todas as minhas forças aquela felicidade dentro de mim, eu já sabia o que faria pra ninguém desconfiar. Tinha que cumprir minha promessa, se Martin fosse pra casa no natal e esse era o meu plano pra surpresa dá certo.

Consegui ficar com o segredo durante os dois dias, e no hospital todo mundo da UTI sabia do plano, e quando Marco foi comigo nas duas visitas seguintes incluindo a do dia vinte e quatro, pra ele Leonardo passaria natal e réveillon na Colômbia.

Depois da visita passamos o dia em Herbede preparando tudo para o natal em família na nossa casa. No final da tarde eu me arrumei pra sair.

-Vou ao salão de beleza... Meu cabelo está horrível...-Eu falei.

-Essa hora?-Marco perguntou.

-Sim, foi a hora que agendei o meu atendimento...-Eu respondi.

Não era mentira, eu iria sim ao salão de beleza.

-Quer que eu vá com você?-Ele revidou.

-Não... Lugar cheio de mulheres... Não quero você nesse tipo de lugar...-Eu disse e beijei ele.

Marco riu em meio ao beijo.

-Vai com cuidado...-Marco falou.

Soltei ele, desci e avisei aos meus pais, então saí rumo a Dortmund. Fui ao salão e pedi que cortassem meu cabelo bem no ombro, era a minha promessa.

Foi um pouco estranho me olhar com o cabelo curto depois de anos com ele longo, mas estava bonito, me senti um pouco mais mulher, o cabelo comprido me dava jovialidade, como se eu fosse uma adolescente. Mas eu gostava, porém eu prometi que cortaria e doaria meu cabelo se Martin fosse pra casa no natal. Então cumpri.

Antes de ir ao hospital fui ao meu apartamento, minha roupa estava lá, o vestido branco, as botas e o colar que Marco havia me dado., tomei banho e me arrumei, peguei as umas coisinhas que havia deixada preparada pra Martin ir pra casa, Então segui para o hospital com toda a felicidade do mundo dentro de mim.

Lá uma enfermeira me ajudou a arrumá-lo, uma roupinha vermelha de papai Noel, Martin me olhava como se entendesse o que estava acontecendo e quando coloquei ele no colo pra ir embora eu chorei.

-Vamos pra casa meu amor...  Tem muita gente te esperando...-Eu falei baixinho.

Me despedi de todo mundo, percebi o quanto ele era querido na UTI, Elena que sempre nos acompanhou desde o início chorou e fez questão de me acompanhar até o carro, me ajudou a colocar ele no transporte.

Finalmente fomos pra casa. Demorei um pouco mais pra voltar, a estrada estava escorregadia e eu deveria ir mais devagar também por causa do Martin. Ele ficou quietinho o caminho todo.

Quando cheguei a nossa casa, alguns carros estavam lá estacionados, com certeza todo mundo já havia chegado. Assim que saí do carro, Marco apareceu.

-Oi branquinho...-Eu falei.

-Raposa... O seu cabelo... Deu algo errado?-Ele revidou vindo até mim.

-Não meu amor... Eu só tive que cumprir a promessa que fiz...-Eu disse abrindo a porta traseira.

-Promessa?-Ele perguntou confuso.

-Vem ver de perto... Se alguém fosse liberado hoje... Eu cortaria o cabelo... E aqui está ele...-Eu respondi pegando Martin.

-Martin?!?-Marco revidou surpreso.

-Sou eu papai... Eu  vim pra casa...-Eu falei imitando voz de criança.

-É ele mesmo? É o nosso pequeno?-Marco disse e tocou ele.

-Sim... É ele... Foi liberado pelo doutor...-Eu revidei.

-Meu Deus... Que notícia maravilhosa...-Marco falou com os olhos cheios de lágrimas.

Me beijou várias vezes.

-Nosso pequeno agora está em casa...-Eu disse quando ele parou.

-Ainda não... Ele precisa entrar...-Ele revidou pegando as coisas no banco traseiro.

Fechou o carro e fomos juntos para dentro.

-Cadê todo mundo que me ama?-Eu perguntei imitando voz de criança.

Estavam  quase todos na sala e olharam de uma vez. Menos meus pais e Lilian.

-Olha quem chegou... Olha quem veio ficar com a gente...-Marco disse animado.

-É o Martin Noel...-Eu falei.

-Martin!-Nico gritou e foi o primeiro a vir até a gente.

-O Martin? Não acredito...- Manuela disse levantando.

-É ele...-Marco confirmou

Ela se aproximou.

-Meu netinho... Meu netinho veio pra casa...-Manuela falou chorando.

Todo mundo se aproximou pra olhar e depois eu me sentei na sala com ele no colo.

-Que menino mais bonito...-Thomas disse.

-É uma santa mistura... Entre Joh e Marco... Por que se fosse só dele, não ia dá muito certo...-Yvonne revidou e riu.

-Yvonne...-Marco falou irritado.

-O formato dos olhos lembra os seus, Marco...-Melanie disse.

-Só a cor  que ainda não sabemos... Nem os de Lilian...-Eu revidei e entreguei Martin a Marco.

Levantei.

-Martin, tá gostando? Essa é sua família... Vai aonde mommy?-Marco falou.

-Chamar os meus pais...-Eu disse indo em direção as escadas.

-Ele parece comigo? Se ele parecer comigo, eu que sou o papai dele... Foi a tia Joh que disse...-Ouvi Nico falar.

Eu ri. Quando cheguei no andar de cima, minha mãe estava no corredor e me olhou assustada.

-O que você fez com o cabelo?-Ela perguntou incrédula.

-Uma promessa...-Eu respondi e abracei ela.

-Hã?-Ela revidou.

-Preciso da senhora e do papai lá embaixo pra um dia muito feliz na minha vida...-Eu falei soltando ela.

-Seu pai está no quarto “Brincando” com a Lilian...-Minha mãe disse.

Segui para  o quarto, entrei e meu pai estava arrumado e deitado com Lilian por cima dele.

Me olhou e sorriu.

-Uau... Que maravilhosa... Ficou linda...-Ele falou.

-Isso que é uma reação ao meu cabelo novo... Obrigada pai...-Eu disse.

-Só disse a verdade... Olha sua mãe, Lilian... Cortou o cabelão... Você nem vai poder puxar...-Meu pai revidou rindo.

Sentou na cama segurando ela.

-Vamos descer pai... Tem uma surpresa lá embaixo...-Eu falei pegando Lilian.

Saímos do quarto e descemos os quatro.

-Que festa é essa?-Meu pai perguntou.

-É a festa do Martin Noel...-Eu respondi.

-É o Martin?-Minha mãe revidou se aproximando.

-Sim...-Marco falou sorrindo.

Ela me abraçou com cuidado por causa de Lilian.

-Graças a Deus... Ele nos ouviu...-Ela sussurrou.

-Sim, mãe... Vai lá... Olha ele... Seu neto está em casa finalmente...-Eu disse.

Minha mãe me soltou, meus pais se aproximaram, Marco passou Martin a eles. Nico fazia mil perguntas, assim como todo mundo, eu expliquei. Um tempo depois os maridos de Yvonne e Melanie chegaram, depois Filipe e Letícia que viajaram de carro de Munique até lá e nós jantamos todos juntos, tiramos fotos, conversamos, trocamos presentes, mas a família de Marco não  demorou muito lá, decidiram ir pra casa antes da meia noite e foram.

Meus pais ainda estavam abobalhados em ter os dois netos ali juntos, Marco não saía de perto, Lilian mais ativa ainda estava acordada e tinha como entretenimento meu pai e o pai dela. Minha mãe observava. Filipe e Letícia cansados foram logo pra cama.

Meu prazer era Martin dormindo nos meus braços, não me cansei durante  três horas com ele tranquilo e quentinho. Poderia ficar no sofá a noite toda com ele se fosse preciso.

Até que Lilian chorou com fome, Eu já tinha colocado o pijama, então entreguei Martin a Marco e peguei ela do meu pai e coloquei pra mamar, ela se acalmou e ficou me encarando até dormir.

Meu pai um tempo depois começou a roncar, efeito do vinho, minha mãe não deixou que ele apagasse de vez ali, então nós todos subimos.

Eu e Marco fomos para o nosso quarto e colocamos Lilian e Martin lado a lado.

-Tem coisa melhor pra sentir do que o que estamos sentindo agora?-Marco falou me olhando.

-Não... Me responde uma coisa?-Eu disse.

-Sim... O que?-Ele revidou.

-Existem coisas mais incríveis que tenhamos feito além dessas?-Eu perguntei encarando ele.

-Não...-Marco respondeu e olhou pra Martin e Lilian.

-Martin, Lilian... Nós dois... É um natal perfeito...-Eu revidei.

Marco sorriu pra mim, se inclinou e nos beijamos.