História Coffee Shop - Capitulo IV - Querido Baek

“Eu vaguei aqui para alcançar a sua mão

Para te encontrar, te proteger,ser seu salvador

Na escuridão mais sombria,eu tomarei sua mão. EXO – Lightsaber”

No horário de sempre Chanyeol tocou a campainha de Baekhyun, naquela manhã de segunda-feira o garoto demorou a abrir a porta, então o maior repetiu seu gesto. Fez isso cerca de três vezes e nada de seu vizinho, como não podia se atrasar para o trabalho deixou quieto e voltou para seu apartamento para se arrumar, ainda estranhando o gesto do outro.

Arrumou-se como em todos os dias, pegou a chave do carro e foi, Chanyeol é um produtor musical de muito sucesso, não é famoso, porém muitos artistas conhecidos já foram produzidos por ele.

(...)

Baek levantou mais tarde naquele dia, era uma nova vida, ele lembrou, uma nova rotina teria que ser estabelecida. Enquanto se arrumava, uma roupa casual já que estava de folga, ele relembrava a conversa que teve com o chefe no sábado quando saia do trabalho.

Finalmente tinha conseguido, não mais redator da página social, agora ele tinha uma coluna só para ele, para falar o que quisesse. Era parte do seu sonho sendo realizada, tendo uma coluna ele poderia ficar minimamente conhecido, o que faria alguma editora querer lançar um livro escrito por ele.

Porém, precisava fazer as coisas com calma, o primeiro passo era escrever sua primeira coluna, ela precisava ser entregue no domingo e precisava ser perfeita, então ele iria trabalhar em sua folga.

Às 09h30min ao invés de às 08h00min ele foi à cafeteria, o que causou estranhamento em Leila e nos outros, mas Baek explicou calmamente que sua rotina tinha mudado,que tinha finalmente conseguido uma coluna só para ele, e que aquele era o novo horário.

Todos comemoraram junto com o garoto, em especial a garota que lhe deu um forte abraço e ele gostava dos abraços de Leila, gostava de ser recebido naquele lugar com a italiana dando dois beijos em suas bochechas e o típico abraço.

A diferença também foi notada quando o pedido do garoto mudou, ao invés de pedir o Caramel Macchiatto doce e tão amado por ele como sempre, dessa vez o garoto saiu do lugar com um Latte. As coisas mudam, ele pensou, eu posso mudar às vezes também.

Seu café, agora era um novo sabor a sua boca, não tão doce como antes, mesmo assim não chegava nem perto do gosto do café puro, Baekhyun sempre achou que nunca ia se habituar a cafés mais amargos, como o americano, por isso tinha a preferência por algo mais leve.

Tomando a bebida calmamente, ele caminhou até uma pracinha que havia ali por perto, o lugar estava calmo pelo horário e pelo clima que estava chuvoso e com ventos. O garoto se sentou em um dos bancos que ficava em baixo de uma árvore de cerejeira e retirou seu caderno e caneta da mochila que carregava.

Pela primeira vez em muito tempo estava perdido, não sabia sobre o que escrever, passou tanto tempo imaginando quando conseguiria tão fato que se esqueceu de pensar como seria. Sobre o que falar? Precisava ser cativante e fazer com que as pessoas se identificassem, assim elas voltariam a ler.

Pelo que todos passam nessa vida? Ele se perguntava tentando encontrar um tema, não conseguindo pensar com o som dos carros na rua colocou os fones de ouvido e deixou o modo aleatório escolher uma música.

 Uma balada lenta e romântica que ele gostava começou a tocar e ele se pegou lembrando-se de ontem, do seu olhar se encontrando com o de Chanyeol, da forma como seu coração acelerou, então ele achou.

Eureca, o amor, era clichê, mas o amor é algo que todos vivem, alguns mais, outros menos, em todas as fazes da vida, de todas as formas possíveis, o sentimento mais bonito e vivo, com erros e acertos. O amor pode doer ao mesmo tempo em que tem a capacidade de curar, é o sentimento capaz de unir as pessoas em algo que pode ser eterno.

Escrever sobre amor é quase tão natural como senti-lo, eterno romântico e recém-apaixonado, o moreno sabia que queria ser esse tipo de escritor, o que fala de amor, na sua forma mais pura e bonita.

Com esse pensamento ele começou a rabiscar sem parar em seu caderninho e parou um único segundo para sussurrar: “Obrigado Chanyeol”.

(...)

Trabalhou o resto da tarde e um pedaço da noite em sua criação, tendo que parar e ir preparar algo para comer. Após a janta a campainha soou e preguiçosamente ele foi atender a porta.

Seu vizinho estava parado em frente à porta, roupas sociais que Baek se lembra de vê-lo usando para ir ao trabalho, olhos cansados de quem não dormiu a noite toda e trabalhou o dia todo, a postura de quem estava cansado não só fisicamente, mas mentalmente também.

− Channie? – sussurrou e o outro apenas abriu um sorriso.

− Vejo que não está tão bravo assim, me desculpa por ontem, por ter mentido, por ter feito aquilo.

− Eu não estou bravo com você, até estava, mas já foi.

− Que bom – Chanyeol murmurou.

− Tá tudo bem? – o baixinho perguntou, o garoto não parecia estar em um de seus melhores dias.

− Só estou cansado, você foi à cafeteria hoje? – mudou de assunto

− Fui, por quê? – indagou confuso.

− Apertei a campainha três vezes e ninguém apareceu, acabei estranhando.

− Ah, foi mal, eu estava dormindo, acabei indo mais tarde hoje porque dormi demais, cheguei tarde ontem à noite.

Chanyeol lembrou-se então que ele e Sehun pediram qualquer coisa no barzinho para disfarçar e foram embora logo, e Baekhyun continuou lá com o garoto e após o que ele acabou de dizer Chan só consegue pensar em que ele realmente tem algo com o garoto que estava com ele.

− Entendi, só fiquei preocupado com a promessa que você fez para Leila de voltar hoje.

− Eu cumpri minha promessa – o moreno falou.

− Você me deve um café – brincou um pouco, mas o sorriso cabisbaixo mostrava que realmente estava cansado.

− Desculpa – Baekhyun disse mais para ele do que para ou outro.

− Boa noite Baek.

− Boa noite Channie.

E cada um seguiu seu caminho, o baixinho não mais tão feliz por ver a situação do garoto e do outro lado Chanyeol amargurado, por imaginar coisas que não existiam na verdade. 

Quase 1 semana depois

Baekhyun andava mais ocupado do que nunca, produzindo colunas sem parar, e por mais que não estivesse fazendo hora extra seu horário não batia mais com o de Chanyeol, os dois não tinham se visto mais depois daquele dia.

Channie saia enquanto o menor dormia, Baek saia é o mais novo chegava para o almoço e logo saia novamente e no fim do dia, Chanyeol chegava e não mais encontrava com o outro, pois esse só chegaria bem mais tarde.

A saudade apertava em ambos, mas eles apenas se ocupavam com outras coisas para esquecer-se do sentimento pelo menos momentaneamente, doía, mas era suportável.

O público tinha adorado a escrita de Baekhyun e sua coluna que era para ser semanal acabou indo ao jornal três vezes só naquela semana.  Amanhã era domingo, ele lembrou enquanto ia para casa, poderia descansar já que os planos mudaram drasticamente em uma semana e ele teria folga novamente.

Pensou que poderia ver Chanyeol, mas infelizmente esse trabalharia no domingo.

O garoto tentou entender porque estavam sendo separados, mas não conseguiu respostas.

Chanyeol chegou em casa naquele sábado praticamente se jogando no sofá, pegou o jornal do dia e foi ver se havia algo escrito por Baekhyun ali, e realmente havia. Em letras grandes o título parecia chamar atenção dele, mas não tanto quanto o nome que o acompanhava. “Saudade de amor por: Byun Baekhyun”

O texto, como dizia o título, falava sobre saudade, e durante toda a leitura o garoto se sentiu preenchido pelas palavras do outro, até o trecho final que dizia:

“Nós nos acostumamos achar que se a vida faz algo é por um motivo maior, deixando que ela resolva o problema, acabando com a saudade ou trazendo a pessoa de volta, mas que faz a vida somos nós.

Então eu digo, não sintam isso calados, corram atrás de quem vocês amam, largue o que for preciso, por pelo menos um dia e vivam de verdade, o amor não dá segunda chances.”

O garoto retirou o celular do bolso rapidamente ligando para o chefe.

“− Alô? Aqui é o Chanyeol, sim, isso mesmo, só queria dizer que não vou poder ir amanhã, nada demais, apenas problemas pessoais. Muito obrigado, tchau.”

(...)

Baek reparou seu tapete fora de lugar e abaixou para organiza-lo, abriu a porta calmamente e viu um papel no chão, ele recolheu aquilo curioso, parando para ler na mesma hora o bilhete escrito com uma caligrafia não tão caprichada, mas bonita mesmo assim.

“Querido Baek,

Sinto muito por tudo de errado que aconteceu até agora, pode parecer estranho, mas eu realmente quero me acertar com você, seja lá qual for o motivo para eu querer isso. Não faz sentido para mim também, mas o jeito que somos é a razão para eu ficar e lutar por esse sentimento, contanto que você esteja comigo eu ficarei bem.

                                                                                                                         Com amor, Channie.”

E logo quando ele se levantou o maior estava ali, atrás dele, na porta de seu apartamento com o sorriso que o moreno era fascinado no rosto.

− Será que eu posso entrar? – perguntou ainda sorrindo.

E Baek sorriu de volta para ele.