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História Cold blood (pernico) - Estou seguro?


Escrita por: redwolfblood

Notas do Autor


Três capítulos por semana etá ok? Não se esqueçam de comentar e favoritar a história. Espero que gostem.

Capítulo 2 - Estou seguro?


Fanfic / Fanfiction Cold blood (pernico) - Estou seguro?

“Se me permite perguntar...Por que está me ajudando? Quero dizer, obrigada por isso. Mas que garantias você tem sobre confiar sua casa à mim? Não acha estranho o fato de que eu estou fugindo da segurança local? Provavelmente fiz algo.”

 

 Apesar de estar dizendo isso e talvez demonstrando desconfiança pela ajuda,  (e isso eu gostaria de deixar bem claro, pois ninguém pode sequer tentar me enganar. Sou um ser naturalmente desconfiado.)  eu estava começando a entender que há sim uma possibilidade, mesmo que mínima, de pessoas que ajudam as outras sem querer nada em troca. Mas isso , certamente não é nenhuma garantia.

 

 Se engana muito quem pensa que meus olhos não podem ver nenhuma beleza nesta vida. Posso até mesmo ver na morte. Consigo enxergar sincronia entre começos e fins, entre caos e ordem. Posso ver e sentir as coisas em um todo, sem ignorar nenhuma parte, nenhuma sombra. Ao contrário do que geralmente se diz e se pensa, nunca encarei a felicidade como um estado constante e imortal. Jamais quis isso. Sempre a encontrei em pequenos momentos,pequenas horas de silêncio. Nunca me coloquei na obrigação de ser gentil, ou qualquer coisa assim. Tudo que resta é o frio que não deixo escapar de meu eu. Eu o seguro com todas as forças, mas ele transborda em meu olhar,meus passos,meus gestos. Mas isso não significa e jamais significaria que eu nego o amor.

 

  O amor é um dos grandes mistérios da vida. Posso afirmar que não tenho boas relações com ele. Nunca me deixei levar por ele. Prefiro encher meu peito com a dor que me torna forte, ergo meu punho para esconder o rosto de seu calor. Porque todas as vezes que tive a oportunidade de senti-lo, as pessoas foram tomadas de mim. Não estou me lamentando, esse mundo pode me colocar para baixo, mas eu não irei virar as costas e ir embora. Eu não vou correr, ignorar, pois não sou dessa forma. Quando tudo já estiver terminado, não há nada mais para temer. Esse mundo não pode me colocar para baixo, não, porque eu já estou aqui. E eu continuo acreditando.

 

  Ao invés de responder a pergunta, o garoto deu de ombros. Ao invés disso,perguntou:

“Você está bem?” me olhando nos olhos. Eu decidi que gostava da maneira que ele se portava, talvez um pouco despreocupado com conseqüências. Pensei se isso poderia me irritar alguma vez. Julgo que sim.

 

  Parei para pensar na pergunta, não necessariamente para responder.

 

“Me diga o que você considera estar bem.” Eu disse, por fim. Ele continuava com os braços cruzados, e não parecia se incomodar com o silêncio que por vezes predominava. Seu olhar se perdia muitas vezes para além da janela, no escuro da floresta, acompanhando o vento correndo. Por um instante me perguntei o que ele tanto via. Ainda me sentia estranho quando ele parava sua longa jornada de olhares sobre mim, como se ele estivesse vendo o que eu não gostaria que vissem. Cheguei a desviar várias vezes.

 

 Ele não perguntou mais nada. Qual era o meu nome, de onde eu vinha, ou o que eu tinha feito para estar “fugindo” no momento que me encontrou. Para ele não tinha importância alguma o que eu era ou tinha deixado de ser até aquele momento. Seus olhares e silêncios me incomodaram em certo ponto. Eu ainda estava dormindo na floresta, entorpecido com os barulhos suaves entrando e saindo em minha mente. Me torturando de forma gentil. Não importa a forma, uma tortura para uma mente sempre será um mistério, e uma prisão.

 

 “Eu matei uma pessoa. Um homem que violentou muitas pessoas. Não que isso pese em minha consciência. Sabe, eu não me importaria em fazer isso, normalmente. Eu poderia ter simplesmente entregado para a polícia. Engraçado, agora eu estou sendo perseguido. Ele assinou a sentença de morte quando colocou os dedos sobre o meu sangue, minha irmã. Gostaria de revivê-lo. Apenas para fazer tudo novamente.” Eu contei, calmamente. Enquanto falava, pude observá-lo melhor, reagindo a cada entonação e palavra que saia de minha boca.

 

  “Vingança” ele respondeu, e se sentou ao meu lado. Seu olhar se perdeu novamente, em algum lugar acima de nós. “Eu não acredito que você esteja errado. Não pise no que é meu, ou eu arranco seus pés.”

 

 “Não me livre da culpa. Tirei uma vida.” Na verdade, não sentia culpa alguma, mas eu queria entender melhor. Se não fosse eu, nessa pele e nessa situação, pensaria que uma pessoa que mata por vingança é apenas cega por sentimentos. Apenas isso. Mas eu senti. “Não importa que vida, eu apenas tirei, não é mesmo? Ridículo. Rasguei a pele, e pronto, já era.” Estralei a língua e olhei para ele.

 

“Sinto muito” o garoto disse. Por essa eu não esperava.

 

“Eles não sabem o que ele fez. Mas agora, a única pessoa que eu confiava se foi. Eu não possuía um lar. Apenas uma prisão, entende? Estou bem com isso.” Eu digo.

 

“Como você pode estar?” ele diz, mais para si mesmo do que para mim. Não estava gostando do rumo da conversa. Não disse mais nada.

 

  Eu já podia andar normalmente, e mal podia esperar para sair daquela casa. Nunca mais ver aquele garoto. Ele bagunçava as coisas. Não era meu amigo...era?

 

  “Você pode passar a noite aqui.”

 

“De forma alguma. Obrigada, por tudo. Estou bem agora.” Fui me levantando. Olhei através do vidro grosso da janela, salpicado de gotas. A chuva estava bem mais fraca.

 

“Você não possui lugar para dormir. Suas roupas estão molhadas. Tem certeza que prefere ir?” ele pergunta. O garoto estava começando a me irritar.

 

“Eu me viro. Achou que eu fosse precisar da sua ajuda para sempre? Novamente, obrigado. Não quero incomodar.” Me viro e ando em direção a porta. Eu a abro e dou de cara com um frio tremendo.

 

“Espere. Qual o seu nome?” ele segura o meu ombro e fecha a porta. Fico com vontade de dar uma surra nele. Por que tão insistente?

 

“Nico.” Respondo, seco.

 

  “Venha, Nico.” Ele diz, com um gesto para o andar de cima. Sabendo que vou me arrepender, eu o sigo.

 

  Sua casa é ainda maior do que me pareceu inicialmente. A maioria dos quartos estão apagados, e a luz cinzenta do entardecer predomina por cada canto. Percy estava usando um casaco negro e grosso, molhado com a chuva. Comecei a gostar da forma que ele andava, e a forma que se esquivava das paredes ao encolher os ombros.

 

  Ele entrou no último quarto do corredor. Notei as longas cortinas azuis que se estendiam pela janela no fundo do quarto. Elas dançavam conforme o vento as empurrava suavemente. O teto era alto, e no canto do quarto uma cama não muito grande estava arrumada. O local me transmitia paz. Era escuro, espaçoso. O lugar perfeito para me encontrar comigo mesmo por horas. É aonde eu iria para me tornar forte. Para me refugiar. Percy sentou sobre o chão e encostou as costas sobre a parede. Uma meia luz o iluminava. Me sentei também. Senti o frio de suas roupas e me perguntei se ele sentia frio.

 

  “Está anoitecendo. Durma aqui se quiser.” Ele disse, em tom baixo. Como se monstros que residiam ali fossem muito importantes para serem incomodados.

 

 Virei o rosto para ele. Não era como se estivesse vulnerável. Senti impulso para beijá-lo. Eu o observei, pensando se deveria. Aproximei-me um pouco. Eu estava com frio. Encolhi-me na parede e enfiei o rosto entre meus braços. Não queria sentir qualquer coisa por ele.

 

 “Acho que vou deixá-lo. Estarei no quarto ao lado.” Ele esboçou um sorriso, que logo desapareceu. Levantei  para observá-lo.

 

  “Acho que estou com febre.” Não estava conseguindo reter nenhum calor. Eu tremia. Me sentia tão fraco.

 

  Ele colocou a mão debaixo de meu maxilar. Então em minha testa. Eu ri. Me senti como uma criança doente, pedindo para faltar na escola porque não se sentia bem pela manhã.

 

  “Você está tão quente. Se deite.” Ele apontou para a cama.

 

Mal me acomodei sobre as cobertas e já me adormeci. Me encolhi ao máximo que podia. Eu sentia tanta falta dela... De Bianca. Poderiam tirar qualquer coisa de mim. Qualquer coisa. Pensei no desespero que ela deve ter sentido. Será que sua alma ainda estaria por ai? Será que ela ainda poderia me ouvir?  Eu serei forte por nós dois...

 

 

    

 



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