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História Cold Blooded - Paz inalcançável


Escrita por: walker_n

Notas do Autor


Oi pessoas!
tô em uma correria danada por conta das minhas provas, mas achei um tempinho pra postar (:
muito obrigada pelos favoritos e comentários, mesmo que as vezes eu não tenha tempo de responder, eu leio todos e a opinião de você é muito importante!
boa leitura <3

Capítulo 46 - Paz inalcançável


 

Passo a mão pela cama a procura de Carl, mas não o encontro. Meu cérebro sonolento se recusa a acreditar que ele partiu ontem para o Santuário.

- Merda. – Praguejo baixinho.

Sei que eu não deveria estar tão tensa com a saída de Carl, mas não consigo evitar. Durante toda noite eu me remexi sob o colchão tentando me convencer que Rick demonstrar tanta confiança em Carl era uma coisa boa, mas alguma coisa dentro de mim esperava que algo ruim acontecesse.

Eu vivi grande parte da minha vida no Santuário e nunca pude chama-lo de lar. Coisas horríveis aconteceram lá, o começo da minha vida como salvadora, o meu arrependimento, minha redenção. Eu vivi muitas coisas naquele lugar e as lembranças que eu guardava eram dolorosas demais. Talvez esse fosse o motivo de eu temer tanto a ida de Carl até lá.

Rick havia dito que Mark não queria mais ser líder dos salvadores, uma das minhas preocupações tinha a ver com isso. E se os salvadores decidissem se rebelar tentando tomar de volta o poder? Não, eles não seriam tão estupidos.

Minha cabeça não para de formular teorias malucas sobre o que pode acontecer com meu cowboy enquanto ele estiver fora e antes que eu perceba estou roendo minhas unhas. O choro fraco de Wade me chama a atenção e eu me levanto para amamenta-lo. Depois eu troco de roupa e coloco Wade em seu carrinho.

- Hoje somos só eu e você, anjinho.

Meu bebê sorri para mim e pela a primeira vez no dia me sinto em paz. Caminho por Alexandria tentando me distrair. Encontro pessoas pelo caminho, a maioria delas para para me cumprimentar afim de ver Wade e eu aproveito para passar meu tempo com conversas banais. Tanto tempo sem conviver com pessoas normas me deixou meio enferrujada em diálogos, mas aos poucos eu ia me acostumando a essa nova vida. Decido ir até a casa de Rick para ver Michonne e Judith. Bato na porta e quem me atende é o próprio Rick.

- Bom dia. – Ele diz.

- Bom dia. – Respondo. – Teve notícias de Carl?  - Não consigo me evitar de perguntar.

Rick sorri desconfortável e coloca a mão em meu ombro.

- Não se preocupe. Sei que você não gostou muito da missão que dei a ele, mas é para um bem maior, acredite. Carl já é um homem e eu não vou durar para sempre, ele precisará saber liderar as coisas por aqui quando chegar a hora.

Acho que meus olhos se arregalam um pouco porque o sorriso de Rick aumenta.

Então Carl será o próximo líder de Alexandria, ou pelo menos isso é que Rick espera. Tento imaginar o futuro, meu cowboy como líder das comunidades, mas tudo parece tão distante. Depois que o mundo como conhecíamos acabou, eu passei a viver um dia de cada vez. É difícil fazer planos para muito além de algumas semanas. Retribuo o sorriso de Rick.

- Você é um bom líder, Carl também será.

Ele assente parecendo bem mais feliz. E agora que posso entender do que se trata me sinto mais aliviada. Foi idiotice minha pensar que Rick mandaria o próprio filho para o perigo. Ele mandou Carl para resolver uma questão diplomática, testando assim suas qualidades como futuro líder.

Rick se abaixa para o carrinho, pegando Wade nos braços.

- O vovô estava com saudades. – Ele diz ao bebê que ri sem parar.

Também sorrio ao vê-los.

- Entre, Sarah. Eu vou resolver uns problemas nos muros, mas Michonne está lá em cima com Judith.

Ele me entrega Wade nos braços.

- Problema grave? – Pergunto. – Se precisar de ajuda pode me chamar.

- Nada grave, não se preocupe.

Rick parte, me deixando a frente de sua porta. Empurro o carrinho para dentro e o deixo na sala, enquanto subo as escadas.

- Michonne. – Chamo-a.

- Aqui. – Ela grita do quarto de Judith.

Entro no aposento e encontro as duas sentadas no chão. Judith tem blocos de letras nas mãos e tenta formar palavras enquanto Michonne a corrige ocasionalmente.

- Tudo tem estado tão quieto desde que vocês se foram. – Ela resmunga para mim.

- Você quer dizer sem a choradeira do Wade? – Sorrio para ela.

Ela pega Wade dos meus braços.

- Eu quis dizer que tudo tem estado muito chato. E eu amo meu menino chorão.

Como se soubesse que ela se referiu a ele, Wade estende a mãozinha a tocando no pescoço.

- Ele está sorridente hoje. – Informo.

Passamos algumas horas brincando com as crianças e eu quase chego a me sentir bem de novo. Me digo mentalmente a todo momento que Carl vai ficar bem, mas meu coração parece não ouvir. Por volta das três da tarde eu me levanto pronta para pegar Wade e leva-lo para casa, mas por um milésimo de segundo olho pela janela do quarto de Judith e percebo uma movimentação estranha perto dos portões. Me aproximo mais da janela e meu coração falha uma batida quando percebo que é Mark quem acaba de chegar. Mesmo com toda a distância eu posso vê-lo conversando com Rick, seu rosto desfigurado não deixa dúvidas de que é mesmo ele.

- Michonne, você pode olhar Wade para mim por alguns instantes? – Balbucio quase sem voz.

Ela franze o cenho.

- Aconteceu alguma coisa?

- Ainda não sei, mas vou descobrir.

- Tudo bem. – Ela concorda. – Você não vai sair de Alexandria, não é?

- Não, só vou até onde Rick está.

Michonne concorda com uma aceno de cabeça e em seguida já estou descendo as escadas a toda velocidade. Passo pela porta e corro pelas ruas de Alexandria tentando chegar o mais rápido possível até o portão.

- É tudo o que eu sei. – Ouço Mark dizer como se tivesse acabado de contar uma longa história.

- O que aconteceu? – Pergunto.

Rick se vira para me encarar, seus olhos azuis estão vidrados. Carol que estava ao seu lado, se aproxima.

- Fique calma, querida.

- Onde está Carl? – Pergunto como se não a tivesse escutado.

- Eles o levaram. – Rick sussurra.

Quase nem consigo ouvi-lo. Ele não me encara, seus olhos estão sem vida e ele parece ter envelhecido dez anos no último minuto. Quando o impacto das suas palavras cai sob mim eu perco o folego... eles o levaram. Eles quem? Quero perguntar, mas nenhuma palavra sai da minha boca. Minha garganta se fecha e meus olhos ardem, sinto um mal estar tão grande que poderia desmaiar. Mas a minha teimosia em permanecer em pé é maior. Engulo em seco duas vezes antes de conseguir dizer:

- Quem o levou?

- Sarah... – Rick começa.

- Não. Não quero desculpas e não quero que me poupe de nada. Só me diga quem o levou.

- Os sussurradores. – Mark responde por Rick.

Tapo o rosto com as mãos e começo a suar frio. Os Sussurradores? Mas porque o levariam?

- Disseram que invadimos o território deles. Não se pode mais entrar na floresta pelos lados do Santuário, eles dizem que tudo lá pertence a eles.

- Mas e Daryl? Ele estava com Carl, ele foi levado também? – Pergunto.

- Não. – Mark responde. – Eles só levaram Carl porque ele pediu que fosse assim, ele disse que era filho do líder de Alexandria. Por isso, aquele tal de Alpha nem se importou de levar apenas ele. Daryl ficou por lá tentando rastrear. Idiotice, eu acho, os sussurradores disseram que se mais alguém invadir o território deles haverá morte.

Preciso ir atrás de Carl. Isso é tudo no que consigo pensar.

Dou as costas para Rick e sigo em direção a minha casa. Wade estará seguro com Michonne mesmo se algo de ruim acontecer comigo. Ouço Rick me chamar ao longe mais não me viro, preciso estar pronta o mais rápido que conseguir.

Empurro a porta da minha casa com força e subo as escadas correndo, pulando os degraus de dois em dois. Meu destino é o armário do corredor. Abro-o bruscamente e puxo as gavetas encontrando uma Magnum 44, uma Beretta 9mm e um estojo de facas militares. Pego as duas armas, uma faca de lamina longa e uma mochila.

Nem noto quando Rick entra seguido de perto por Carol.

- Sarah, você não pode ir atrás de Carl.

Não dou atenção a nada do que ele diz, apenas permaneço carregando as armas e pegando munição suficiente para acabar com um exército.

- Foi culpa minha. – Ele continua. – Eu não deveria ter mandado Carl para o santuário, mas eu vou resolver isso. Pretendo ir até o alfa.

Engulo em seco e me viro para ele, encarando seus límpidos olhos azuis.

- Não interessa de quem foi a culpa. Não vou ficar aqui esperando e você sabe que não, então apenas não tente me impedir porque se você tentar eu vou passar por cima de você feito um furacão. E é a alfa, é uma mulher.

Ele respira fundo, posso notar seu peito subir e descer.

- Ok, não vou tentar impedi-la, mas me deixa ao menos reunir uma equipe e iremos todos juntos.

- Rick, os sussurradores vivem no meio da floresta, entre os errantes. Quanto mais pessoas, mas perigo correremos. – Digo enquanto coloco minha mochila nas costas.

Ele assente.

- Só eu e você então?

Penso sobre isso. Meu primeiro plano foi o de ir só. Eu já conhecia os costumes dos sussurradores, eu sabia como eles agiam. Não seria fácil entrar em um acordo com a alfa, ainda mais depois que ela soubesse que a enganei, que eu e Lydia a enganamos. Indo até lá eu tinha plena consciência de que estaria colocando Lydia em perigo, mas eu não tinha outra opção. Eu tinha que estar lá com Carl, para ter certeza de que ele ficaria bem, para ter certeza de que todo o possível seria feito.

Se Rick fosse comigo ele poderia ser de grande ajuda, afinal ele é um líder experiente, sabe fazer acordos como ninguém. Preciso dele.

- Sim, eu e você. - Concordo.

- E Daryl, se o encontrarmos? – Ele pergunta.

- E Daryl. – Confirmo.

- Então vamos. – Ele me chama. – E você, Carol, avise Michonne, mas diga a ela que não se preocupe, tudo sairá bem.

- Pode deixar, Rick. Eu cuidarei de tudo. – Carol diz.

Nós saímos da casa e rumamos para onde estão os carros. As pessoas que nos veem não dizem nada, talvez por pensarem que não iriamos longe, ninguém sabia o que estava acontecendo e era melhor assim. Rick tomou o volante de um carro preto e eu dei a volta, sentando no banco do passageiro, ao seu lado. Ele girou o chave na ignição e rumou para o portão. Antes de sairmos Mark se colocou à frente do carro.

- Você vão até lá?

- Quer uma carona? – Perguntei colocando minha cabeça para fora.

Ele negou veemente.

- Vou ficar aqui por enquanto, se não se importam.

Mark deu dois passos para trás liberando nossa passagem e Rick acelerou o carro, comendo a estrada a nossa frente.

- Ele é um péssimo líder para os salvadores. – Comentei sem perceber.

Rick me encarou por alguns segundos e logo depois sua atenção se voltou novamente para a estrada a sua frente.

- Eu pensei em Carl. – Ele sussurra pausadamente, como se fosse uma confissão.

Quase engasgo com minha própria saliva.

- Para ser líder dos salvadores?

- Sim, pelo menos por um tempo. – Ele confirma.

Depois dessa alegação eu não consigo dizer mais nada. Eu não esperava que Rick pudesse confiar uma responsabilidade tão grande a Carl. Eu sabia que o cowboy era capaz, mas os salvadores não eram o que eu chamaria de confiáveis. Eles eram imprevisíveis e se Carl se tornasse um líder no santuário eu não sei se conseguiria viver lá com ele. Tento bloquear esses pensamentos da minha mente, já que eles não tem nenhum cabimento agora. Carl está em perigo e, antes que qualquer decisão seja tomada, nós precisamos salva-lo.

O santuário não é tão perto quanto eu gostaria e levamos algumas horas para chegar até lá. Rick deixa o carro perto da estrada para o caso de uma fuga não planejada. Seguimos o caminho que Mark tinha informado e logo ficam evidentes muitos rastros de pegadas humanas. Eu não saberia dizer quantas pessoas eram apenas pelas marcas deixadas no chão, mas pelo o que eu conhecia dos sussurradores, eles não andavam em bandos com menos de cinco.

Continuamos pela trilha, nossas armas sempre em punho. Eu havia aprendido a ser silenciosa ao andar na mata e também aprendi a observar coisas incomuns como por exemplo um pedaço de lenço preto amarrado no galho de uma arvore.

- Veja. – Chamei a atenção de Rick. – Aposto que Daryl marcou o caminho para que sigamos.

Rick assentiu e continuamos caminhando. Encontramos mais dois pedaços do mesmo lenço e uma hora já havia se passado, eu sentia um suor frio escorrer pela minha costas. Eu me sentia gelada, apavorada de que alguma coisa houvesse acontecido a Carl.

Gemidos baixos nos alertaram para errantes próximos e antes que eu pudesse dar mais um passo um braço forte me puxou para trás. Me virei bruscamente e dei de cara com Daryl que fazia um gesto pedindo silencio. Rick também o encarava e guiou o caminho, alguns passos para trás para que pudéssemos conversar.

- Você o viu? – Perguntei para Daryl, sussurrando apressada.

Ele assentiu.

- Sim, mas não consegui me aproximar. Carl está amarrado a uma arvore no meio de todos aqueles... aquelas... coisas.

- São pessoas. – Sussurrei.

Rick pediu silencio por um instante e eu percebi que ele tentava pensar em algo.

- Daryl, eles ainda não te viram? – Daryl negou. – Ótimo! Eu irei até os sussurradores desarmado e vocês ficam aqui, atirem se acharem que vão matar Carl.

Meu coração doía só de pensar nisso, mas assenti concordando com o plano de Rick. Ficamos em silencio na floresta, apenas observando por um tempo. Eu sentia um medo tão grande que algo de ruim acontecesse que meus dedos tremiam, segurei firmemente a Magnum tentando me acalmar, eu precisava estar concentrada. Quando Rick apareceu por entre as arvores, dezenas de armas foram apontadas em sua direção e ele levantou os braços mostrando que estava rendido. A alfa se aproximou, encarou por alguns instantes e então puxou a pele do pescoço, retirando sua máscara de errante e revelando seu rosto humano. Ela estudou Rick por completo, sem dizer uma palavra. Ouvi Carl murmurar a palavra “pai” e então tudo voltou a ficar em silencio.

- Sou Rick Grimes, vim buscar o meu filho. – Rick diz com seu usual tom de comando.

Alfa o analisa.

- Então você é o Rick Grimes de quem tanto ouvi falar? Não estou impressionada

- Se é você que está no comando aqui, eu não aprecio que Carl seja mantido prisioneiro. Eu gostaria de pegar meu filho e partir agora.

- Se precisar se referir a mim por algum nome, pode se dirigir a mim como alpha. Se eu tivesse escolha não teria feito do seu filho prisioneiro. E você também não deveria ter vindo aqui. – A alfa diz.

As palavras são ditas em um tom acima do usual dos sussurradores, o que facilita para que eu e Daryl ouçamos tudo. Vasculho todo o ambiente com o olhar e vejo o já tão conhecido chapéu de cowboy de Carl sobre a grama ao lado de uma arvore grande. Aponto a arvore mostrando-a a Daryl em uma pergunta muda se aquela é a arvore em que Carl está preso. Daryl assente. A movimentação dos sussurradores é constante e não tenho brecha para ver Carl nem de longe. Meio agachada começo a me mover em direção a grande arvore, Daryl tenta me segurar, mas não consegue. O ouço praguejar baixinho.

- Se você não me deixar levar meu filho... – Ouço Rick.

- Você não está em posição de me ameaçar. – A Alfa o corta. – Este é um habito que você precisa abandonar. Vamos dar uma volta. Só você e eu. Eu deixei o seu povo com uma aviso quando fui até Hilltop, ninguém deveria entrar no meu território.

A discussão dos dois líderes fica em segundo plano quando percebo que Rick não está tendo avanço nenhum em sua conversa com a alfa. Teremos que tirar Carl daqui na força, ou ele morrerá. Por entre as folhas consigo vê-lo sentado, sua cabeça baixa com o cabelo longo demais caindo sob o olho. Eu gostaria que ele me encarasse, que de algum modo me enxergasse ali, pronta para ajudá-lo. Mas sua postura derrotada continua, me obrigando a me aproximar mais. Um dos sussurradores passa a centímetros de mim e dou uma passo para trás. Não posso deixar que me vejam. Pego uma pedrinha no chão e rápido para que ninguém perceba a atiro em Carl. Ele levanta a cabeça olhando ao redor e quando ele me focaliza por trás das folhas, seu olho se arregala levemente e logo depois o percebo ficar tenso.

Eu sabia o que ele estava pensando. Ele não queria que eu estivesse aqui, assim como eu não queria que ele estivesse.

- Vocês invadiram nosso território. Isso não vai sair impune. Você pode ir, mas o garoto fica. – Alfa alega.

Rick esbraveja para ela, mas eu não presto atenção. Sei que as chances de sair em paz daqui já não existem. Respiro fundo e dou o primeiro passo para fora da proteção das arvores. Por sorte todos estão ocupados demais prestando atenção no debate dos dois líderes. Ponho minhas mãos em Carl que me fuzila com o olhar e puxo minha faca, cortando as cordas que o prendem.

- Que droga, Sarah! Que droga! – Ele sussurra apressado.

Sinto uma mão no meu ombro e automaticamente puxo o revolver.

- Tudo bem. – A pessoas sussurra e eu reconheço a voz de Lydia. – Apenas corram o mais rápido que puderem. – Ela diz.

Puxo o braço de Carl e o arrasto para floresta. Assim que entramos na mata fechada ele para.

- Sarah, meu pai. Temos que ajuda-lo.

Toco meus lábios com o dedo pedindo para que ele faça silencio e o puxo para onde está Daryl. Ele olha de mim para Carl e balança a cabeça de um lado para o outro.

- Encrenqueira, você conseguiu tirar Carl de lá sem que ninguém visse. Será que vamos conseguir tirar Rick de lá agora?

Sinto um peso na consciência. Eu nem pensei na segurança de Rick quando decidi que desamarraria Carl, mas agora era obvio que quem estava em perigo era Rick. Carl segura minha mão e aperta, é estranho como um gesto tão simples pode passar tanta segurança. Aperto sua mão de volta e entrego a ele a Beretta.

- O garoto sumiu. – A voz de um deles soa ecoando pela floresta.

Alfa se vira para Rick com seus olhos faiscando, sua mão segura firmemente uma faca de lamina longa e ela pega impulso para crava-la em Rick, mas eu sou mais rápida. Seguro minha arma a minha frente e respiro fundo, sei o que tenho que fazer... o que eu preciso fazer... e mesmo que meu corpo todo rejeite a ideia de tirar mais uma vida, eu disparo. O tiro ecoa pela floresta e soa diferente em meus ouvidos, como se eu houvesse me desacostumado com o som, respiro fundo criando coragem para encarar meus atos. O baque do disparo faz com que a alfa caia no chão de imediato, um fio de sangue escorre da marca da bala entre os seus olhos. Carl me puxa pelo braço quando tudo se transforma em caos. Vejo Rick correr até nós enquanto Daryl da cobertura, atirando em todos os sussurradores que se aproximam.

Os tiros atraem errantes que parecem tomar conta da floresta em segundos e antes que eu seja arrastada pelos braços firmes de Carl, eu vejo Lydia. Seus olhos incrédulos enquanto ela encara a própria mãe no chão, as lagrimas silenciosas que a garota que tanto fez por mim derrama me doem, quero ir até ela, pedir perdão, mas não há tempo. A última coisa que guardo daquela cena caótica é o olhar vingativo de Lydia em minha direção e isso me gela a alma.

Carl me puxa, meus pés se embolam um no outro e eu tropeço, mas seus braços estão lá para me por de pé. Nós corremos e corremos sem parar. Os sussurradores se misturam com os mortos a ponto de não sabermos o que é o que, então apenas corremos sem tempo para recarregar nossas armas. Minhas pernas doem e eu perco a noção do tempo. Nossos passos ficam mais lentos conforme nossos perseguidores diminuem.

É um alivio ver a estrada de novo, a sol está se pondo e a escuridão começa a tomar conta da floresta. Rick se adianta para o carro e todos entramos de uma vez só, partindo para Alexandria logo em seguida. Eu e Carl vamos no banco de trás e o cowboy me inspeciona a procura de algum ferimento enquanto eu só consigo pensar em Lydia. Eu fiz de novo... magoei alguém que fez tanto por mim. E o pior de tudo, eu sei que os sussurradores não vão simplesmente esquecer esse episódio. Agora eles sabem que somos uma ameaça e nesse exato momento devem estar lutando pela liderança do grupo... nesse exato momento devem estar planejando contra Alexandria. Sinto um frio na barriga e me agarro a Carl, ele me abraça de volta.

- Calma. – Ele sussurra contra o meu cabelo. – Já acabou, nós estamos vivos.

Me escondo em seu pescoço tentando não deixar meu medo transparecer, mas no fundo eu sei e ele sabe: nós atraímos os inimigos para nossa casa.

A zona segura de Alexandria já não é mais segura, provavelmente nunca o foi e parece que nunca o será.

 



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