História Cold Hearted Man - Namorados?

Peter ouviu o toque de seu despertador soar baixo e abafado, e ainda muito sonolento ele esticou um braço, mas sem sair da posição em que estava, tateando embaixo do outro travesseiro até encontrar seu celular e desligar aquele som incômodo que lhe tirara do sono.

Então, preguiçosamente ele esfregou o rosto no seu próprio travesseiro, ainda se recusando a abrir os olhos. Mas era impressão sua ou seu travesseiro estava duro demais?

Tentou então mudar um pouco de posição pra ver se melhorava, mas foi aí que se deu conta de que não era um travesseiro. Assustado, Peter abriu os olhos e viu que na verdade estava com a cabeça deitada sobre o peito de um ainda adormecido Tony Stark, e que um de seus braços estava jogado sobre a cintura deste, assim como sua perna esquerda sobre as do mais velho.

Arregalando os olhos ele percebeu quase tarde demais que uma parte de si acordou antes dele e estava dizendo "olá" à coxa de Stark.

Em um pulo o garoto levantou da cama, sem se importar se isso acordaria Tony, e correu até o banheiro, o tempo todo amaldiçoando mentalmente sua bexiga cheia por lhe fazer passar por essas situações justo quando o Stark dormia consigo. [1]

Enquanto Peter tomava um banho, como fazia todas as manhãs, Stark acordava lentamente.

Ainda de olhos fechados, Tony passou sua mão pela cama, a procura do garoto, mas abriu os olhos quando não o encontrou. Um pouco decepcionado, ele levantou a cabeça e olhou em volta no quarto, mas não viu ninguém. Já ia se levantar quando ouviu o som do chuveiro, então ele simplesmente virou de lado e relaxou na cama, tentando voltar a dormir, mas sem sucesso, então se permitiu somente ficar ali, sentindo o cheiro de Peter no travesseiro, sem se importar nem um pouco em estar parecendo um maníaco.

Tony só voltou a abrir os olhos quando ouviu a porta do banheiro ser destrancada, e como já estava virado de frente para ela, somente observou Peter sair de lá somente com uma toalha enrolada na cintura. Teve somente alguns instantes para apreciar a pele branca e lisa exposta antes do garoto correr para o closet e se fechar lá dentro.

Com as bochechas ardendo Peter se escorou na porta atrás de si. Seu coração batia rápido e ele sentia que poderia morrer de vergonha a qualquer momento. Primeiro tinha começado o dia com seu amiguinho dando o ar da graça contra a perna de Tony – Peter rezava internamente para que o mais velho estivesse dormindo pesado e não tivesse percebido nada – e agora ele o flagrava seminu! Céus, tudo o que ele queria era um buraco para enfiar a cabeça até o fim dos tempos agora.

Na pressa para entrar no banheiro, Peter não teve tempo para pegar alguma roupa pra trocar ou ao menos um roupão, e depois do banho tudo o que lhe sobrou como alternativa a sair nu, era se enrolar numa toalha e torcer para que Tony ainda estivesse dormindo, o que não aconteceu, é claro.

Mais calmo do recente ataque de constrangimento, Peter colocou sua roupa e saiu a fim de arrumar seu cabelo.

Tony estava agora bem desperto, mas ainda deitado na cama, e lhe deu um sorriso preguiçoso quando saiu do closet. Peter sorriu de volta e foi novamente para o banheiro, onde secou o cabelo e o arrumou no costumeiro topete.

A disposição de Tony para levantar da cama estava em números negativos, e o fato de ser a cama de Peter só fazia sua  vontade de dormir o dia todo aumentar. Tudo o que queria era puxar o Parker de volta para a cama e ficar junto dele até enjoar, o que ele duvidava que fosse acontecer. E foi exatamente isso o que ele fez.

Quando Peter se aproximou da cama para procurar seus sapatos, Tony foi mais rápido em lhe laçar a cintura com um braço e o derrubar na cama, para logo então o abraçar e aspirar o cheiro bom do recente banho.

— Bom dia — murmurou contra o pescoço do garoto.

— Senhor Stark, eu preciso me arrumar para a escola — falou, um tanto envergonhado pela atitude do mais velho.

— Eu sei — respondeu abafado. — Eu também tenho que ir.

— Então vamos — Peter falou quando o Stark não fez nenhum movimento para lhe soltar. — Senhor Stark, nós vamos nos atrasar.

O Stark suspirou, o que fez Peter arrepiar, pelo fato de que ele ainda mantinha o rosto contra seu pescoço, e aspirou o cheiro bom do jovem uma última vez antes de levantar a cabeça.

— Mais cinco minutos? — Pediu.

— Não, senhor Stark, pare de enrolar.

— Dois minutos?

— Senhor Stark, o senhor já deveria estar pronto a essa hora — repreendeu.

— Eu sou o chefe, posso chegar na hora em que eu quiser.

— Mas eu não, então me deixa ir — Peter insistiu pois não gostava de chegar atrasado na aula, mesmo que a vontade de permanecer na cama o agradasse mais.

— Tá bom, você venceu — se deu por derrotado, mas não mexeu um músculo para soltar o garoto, muito pelo contrário, o apertou ainda mais no abraço, e só o soltou depois de plantar um beijinho casto em seus lábios. — Agora vamos.

Os dois então se soltaram e levantaram, Peter foi caçar sua mochila e materiais escolares enquanto Tony foi para o próprio quarto se arrumar.

Sem perder mais tempo, o mais novo foi tomar café, e quando já estava quase terminando sua refeição Tony chegou na sala de jantar tentando arrumar o cabelo com os dedos de uma mão, enquanto que com a outra ele carregava o paletó do terno e um sobretudo pesado, sua camisa estava com os primeiros botões abertos e a gravata jogada de qualquer jeito em volta do pescoço.

Ao passo em Tony terminava de ajeitar seu visual, Peter acabou sua refeição e já ia saindo quando sentiu ser segurado pela mochila em suas costas.

— Parado aí — Tony falou, o fazendo virar de frente para si. — Vem cá.

Então com as bochechas avermelhando o jovem se aproximou de Stark, que o segurou pela cintura, deixando seus corpos muito próximos. Sem saber onde exatamente pôr as mãos, Peter as colocou sobre os ombros do homem, e fechou os olhos quando o viu aproximar o rosto.

Foi com o coração aos saltos que ele se entregou ao beijo, algo que ele estava gostando muito de fazer desde que pegou alguma prática.

Depois de deixar um beijo demorado no canto da boca de Peter, Tony o soltou. Se despediram rapidamente e Peter saiu, enquanto Tony se sentava para seu desjejum.

Com um sorriso no rosto e o coração batendo rápido, o jovem Parker seguiu até a garagem, onde como de costume Happy já o esperava.

— Bom dia Happy — cumprimentou e entrou no carro.

— Bom dia — o homem respondeu. — Parece que está de bom humor hoje?

— Não sei — riu e deu de ombros. — Acho que sim.

Então sem mais conversa, os dois seguiram até a escola.

Quando chegaram, a primeira coisa que Peter fez foi procurar por Ned, o amigo havia faltado nas aulas do dia anterior, o que deixou Peter se remoendo o dia todo de vontade de compartilhar os últimos acontecimentos com alguém, e pra piorar nem nas redes sociais o amigo entrara na véspera.

O Parker sorriu ao ver seu amigo parado em frente ao seu armário e correu até ele, animado.

— Ei Ned — cumprimentou. — Eu tenho tanta coisa pra te contar — disse enquanto abria seu armário. — Mas por que não veio ontem?

— Ah eu esqueci de te contar, eu fui no médico, aparentemente eu vou ter que usar óculos — revirou os olhos. — Aí minha mãe botou a culpa disso no meu celular e computador e me deixou sem eles — balançou a cabeça em negação. — Mas não tem problema, eu os consigo de volta. Mas e você, falou com o Stark?

— Falei! — Respondeu animado. — Vamos pra sala e eu te conto tudo.

A sala de aula estava completamente vazia, então os dois se adiantaram para os seus lugares e Peter desatou a falar tudo o que havia acontecido entre ele e Tony. Bem, gaguejando em algumas partes embaraçosas e vermelho de vergonha, mas contou tudo.

— E hoje eu acordei e ele ainda estava lá — falou, terminando de narrar todo o caso. — Foi TÃO estranho, Ned.

— Então vocês dois estão namorando agora?

— Como assim? — Peter franziu o cenho.

— Tipo, vocês deram uns pegas, se declararam do jeito mais gay possível, e até dormiram juntos! Pra mim isso é coisa de namorados.

Peter continuou de cenho franzido e ponderou os pontos listados pelo amigo.

— Será que isso faz da gente um casal? — Indagou mais para si mesmo. — Não precisa, sei lá, de um pedido oficial?

— Acho que não — Ned deu de ombros. — Mas então Peter, como é namorar um bilionário? Deve ser legal, você ganha presentes caros, e os passeios são em lugares chiques também, como quando ele te levou pra Londres.

— Você viaja demais, Ned — Peter riu balançando a cabeça. — Primeiro que a gente não tá namorando, namorando, e segundo que eu não me importo com presentes, eu estou com o senhor Stark porque gosto dele — disse com as bochechas vermelhas.

— Tanto faz — balançou a mão em descaso. — O que importa é que você é um puta sortudo, o primeiro namorado que arranja é um bilionário que te tirou da sarjeta.

— Eu não estava na sarjeta.

— Mas ia pra lá, já que foi despejado de onde morava.

— Nem me lembre disso, Ned — balançou a cabeça. — Foi realmente uma sorte o senhor Stark estar lá naquele dia.

— E isso, meu amigo, é o que eu chamo de destino — falou fazendo uma expressão de contemplação.

— Tá viajando de novo, Ned.

— Não, é sério, e eu não duvido nada que daqui a dez anos vocês ainda vão estar juntos e ter uns cinco filhos.

— Já te falei pra parar de tomar aquela Coca-Cola com cafeína, aquilo tá fritando o seu cérebro — Peter falou um tanto constrangido com a perspectiva de futuro do seu amigo. — Agora vamos mudar de assunto porque tá vindo gente aí.