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História Cold Little Heart - Onze


Escrita por: wtfvisc

Notas do Autor


oi, finge que eu não disse que ia postar naquela quarta lá e que na verdade era nessa mesmo.
se parecer um capítulo chato, continua lendo porque fica tão iti malia no final!!!!!
OBRIGADONA pelos comentários anteriores. eu fiquei muito motivada, mesmo tendo demorado para postar de novo kkkkk mas eu só demorei mesmo, porque eu tenho que estudar e porque eu fico escrevendo outras história (QUE EU NEM POSTO) ao invés de focar nessa. desculpa. e eu mudei os nomes dos capítulos, pois sim. mais fácil só a contagem, né.

espero que gostem e desculpem os erros!!!!!!!!!!!!!!!

Capítulo 11 - Onze


Fanfic / Fanfiction Cold Little Heart - Onze

Aos olhos de Carine, com o fim do Masterchef, seus problemas estariam resolvidos. As pessoas parariam de se iludir na internet, os comentários maldosos sumiriam de suas redes sociais e seu marido não conviveria mais com Paola Carosella, podendo dar mais tempo a ela. O tempo que ela tanto pedia e que nunca havia sido distribuído de forma igualitária. Compreendia a necessidade de Henrique estar com seus filhos, mas nunca aprovou quando ele tinha que viajar a trabalho e ela não podia ir junto. Todavia, mesmo com tudo chegando ao fim, Henrique parecia ainda mais distante dela.

Todo o tempo vago do homem, ele dividia entre os filhos e os restaurantes. Carine descobriu que se o acompanhasse no trabalho, ficavam juntos até as madrugadas quando chegavam em casa. Não era como se para Henrique ela fosse só mais uma transa; ele tinha casado com ela pela estabilidade e porque realmente nutria sentimentos de companheirismo para com ela, embora, àquela altura, não fossem o suficiente para fazê-lo continuar no casamento. Sempre que chegava tarde em casa e tinha que ouvi-la reclamando, pensava na possibilidade da separação e, assim que falava sobre isso em voz alta, a mulher dava um jeito de contornar a situação.  Todavia, quando os boatos sobre o novo programa da Paola começaram, a faísca incendiou.

— Passam-se meses e você continua querendo saber a respeito.

— Porra, na internet! — ele exclamou, já irritado. — Você quer que eu cancele também? Fique preso em uma bolha só para você viver em paz?

Carine ficou quieta e Fogaça se arrependeu pelo jeito que falou. Ele havia errado muito com aquela mulher e sua atitude era compreensível, apesar de ser totalmente irritante.

— Carine, você vem tentando converter a situação, mas nós precisamos falar sobre isso — ele disse. Estava sentado na beira da cama, enquanto ela havia acabado de sair do banheiro e estava enrolada na toalha. — Eu gosto muito de você, por isso acho que, para ser saudável para ambos, é melhor a gente se separar. E não tira a porra da toalha, porque não quero perder o foco de novo!

A mulher ficou estática. Depois de alguns segundos, Fogaça perguntou se estava tudo bem, porque parecia que ela tinha prendido a respiração. Quando ele pensou em se aproximar para checar, ela perguntou calmamente:

— Você gosta dela?

Ele respirou fundo.

— Você tinha razão quando ficava mal pela minha relação com ela, mas agora ela é casada, tem uma família — ele disse, levantando-se. — dizendo isso, porque acho filha da putagem da minha parte continuar com isso, sendo que não há reciprocidade. Eu pensei por muito tempo que poderia vir a sentir algo a mais que me fizesse permanecer com esse casamento, mas não há.  

Henrique suspirou.

— Sinto muito.

Eles ficaram tanto tempo se encarando que o mundo pareceu parar no tempo.

 

[...]

 

Para Paola Carosella, recomeçar sempre havia sido uma batalha árdua. Ela arregaçava as mangas e começava a trabalhar para que seus desejos se tornassem realizações. Por isso que, quando aceitou o novo programa, não foi diferente. No início, sua vontade era de sair da emissora e nunca mais pisar na televisão, porque focar na sua cozinha, nos seus restaurantes, nos seus negócios, era seu jeito de continuar. Contudo, depois do Masterchef ter feito parte da sua vida por tantos anos, ela não conseguiu — tampouco quis — desapegar desse meio, principalmente porque era mais um jeito da sua voz ser ouvida.  

A proposta inicial era cozinhar, mas existiam tantos programas da mesma forma que saturaria com facilidade. Devido a isso, sua produtora sugeriu tratar dos assuntos públicos que Paola já falava nas redes sociais. Por isso que, de prontidão, ela acabou aceitando participar. Era o contrato de alguns meses e, dependendo da audiência, ele aumentaria. Não gostava de fazer propagandas de produtos dos quais ela não aprovava e não utilizava, por isso que qualquer clausula no contrato que dependesse disso já a fazia dar um passo para trás. Era bom: ela cozinharia, ensinaria e falaria. Além disso, receberia convidados — principalmente antigos participantes do Masterchef, com o intuito de dar audiência.  

No seu primeiro programa, Paola receberia Ana Paula Padrão. Não pertenciam mais as mesmas emissoras, mas depois de longas conversas entre produções e procura por horários disponíveis na agenda de Ana, conseguiram.  Seria gravado, só para ver como funcionaria, mas todos estavam assistindo juntos quando ele foi ao ar na manhã do aniversário de Paola.  Com grande aceitação pública e audiência, Paola virou assunto na internet. Não parecia ser mais uma Ana Maria Braga tentando alavancar com assuntos de famosos; Paola tratava de assuntos sérios junto com Ana Paula Padrão, enquanto cozinhava uma receita de seu restaurante.  

— Li muitos livros durante a minha vida, mas não me refiro agora aos tantos livros de culinária — ela disse, abrindo um sorriso enquanto olhava para a câmera. Ela tentava apagar sua timidez, lembrando-se do tanto de vezes que teve que falar textos prontos no Masterchef — Refiro-me aos livros que me permitiram ter contato com outros mundos e me deixaram mal-acostumada quando eu era mais jovem. Naqueles mesmos livros onde vivenciei grandes romances, amizades e famílias que jurava que durariam para sempre. Onde a morte não existia, porque a gente fechava o livro antes mesmo disso acontecer — ela deu uma risadinha. Seu sotaque parecia tão forte naquele momento. E se sentia orgulhosa demais de tudo o que tinha dito naquele dia. — O único problema foi que cresci com muitas expectativas, embora fossem irreais. Quebrei a cara em diversos momentos da minha vida, que me provaram que nada dura para sempre.  

“Antes de aceitar fazer esse projeto, pensei muito bem em tudo o que podia fazer para os outros com isso. Muitas pessoas esperaram uma palavra minha a respeito da minha desistência no Masterchef — ela disse com o tom sério, mesmo sem saber se poderia citar o nome do outro programa. Mesmo assim, aquilo foi ao ar —, então hoje eu digo que não foi porque recebi uma proposta maior para fazer esse programa, tampouco foi porque estava infeliz com o outro. Eu fiz isso porque sempre soube que aquilo não seria para sempre e que uma hora eu teria que tomar outro rumo, fosse só focando nos meus restaurantes ou em novos projetos. Nunca gostei de ficar parada no mesmo lugar.

“Diante do exposto, vejo que as minhas ilusões com os livros me tornaram uma pessoa mais forte ao cair quando a realidade veio me dar uma rasteira. Desde então, sempre que tropeço, procuro um meio de recomeçar — ela abriu um sorriso. Por trás dos óculos, seus olhos lacrimejaram. — E esse é um jeito.

Sentados em frente ao telão improvisado preso a parede, toda a produção aplaudiu Paola Carosella após suas últimas palavras. Muitas pessoas vieram lhe abraçar, mas o mais apertado veio de sua filha, que ela girou no ar.  

Em meio as comemorações e as promessas de encontros para comemorar o sucesso do programa, Paola recolheu-se com Francesca para seu camarim. Teria que ir até o Arturito de noite, para fazer o que mais amava, por isso queria se apressar para poder passar a tarde com sua filha. Lowe não estava presente, mas jurou ligar para ela assim que a transmissão do programa terminasse para ele que assistia pela internet.

Francesca animou-se com o camarim cheio de presentes, principalmente flores com cartões. Um dos mais bonitos era de Jacquin e Rosangela, que desejava muito sucesso a ela, mas no final o homem havia escrito um palavrão e Paola deu risada. Um presente, em especifico, lhe chamou a atenção — e de Francesca também, porque era a sobremesa preferida dela.

Aquilo remeteu a uma lembrança, por isso que, quando abriu, pensou na época do Julia.

Em meio ao tanto de papelada problemática que tinha que tratar naquela época, mesmo sabendo que deveria estar dentro da cozinha, dando aos seus clientes o que lhes pediam, Paola quase surtou e jogou tudo para o alto. Era o fim do expediente mais uma vez e ela mal tinha ficado naquele ambiente, por isso que resolveu respirar fundo e parar. Ela precisava se alimentar e só pensava em doce de leite e na panqueca que a lembrava de sua infância. Assim que começou a cozinhar, foi como se os problemas tivessem sumido. Entretanto, um barulho chamou sua atenção.

— Quem está aí? — ela perguntou empunhando a faca. Ela sabia que poderia ser qualquer um dos seus funcionários, mas já estava tão tarde que, qualquer barulho suspeito lhe despertava desconfiança.

Henrique Fogaça, seu estagiário, apareceu com as mãos elevadas. Em uma delas, ele segurava um pano de enxugar pratos. Aquela lembrança foi pouco tempo antes dele lhe pedir demissão para tentar seu próprio negócio.  

— Sou eu, Chef — ele disse, sorrindo. — Pode abaixar a arma.

Paola respirou aliviada, dando risada e abaixando a mão com a faca.

— O que, raios, você está fazendo aqui nesse horário? — ela perguntou, com o cenho franzido.

— Hoje os pratos ficaram por minha conta e a pilha estava mais longa que a muralha da china —ele disse, colocando o prato sobre o ombro e aproximando-se. Ela estava cozinhando e ele ficou curioso. — Qual é o rango de hoje?

— O rango de hoje — ela repetiu dando ênfase — é panqueca de doce de leite.

— Larica da madrugada — ele disse, fazendo-a rir. O jeito que ele falava tornava tudo mais engraçado. — Bom, já terminei o trabalho — ele colocou o pano pendurado. — Estou dispensado?

— Não — disse Paola, com o olhar sério. Rapidamente abriu um sorriso quando o Fogaça pareceu receoso com a resposta, fazendo-o rir. — Você pode derreter a manteiga pra mim e pegar baunilha.  

Mise en place pra quê, não é?

Ela ficou boquiaberta fingindo surpresa com o comentário. Henrique ergueu os braços novamente, dizendo que era brincadeira enquanto ria. Fez o que a Chef lhe pediu rapidamente e ficou vendo-a trabalhar. Era uma receita bem rápida, porque era só fazer a massa, já que o doce de leite estava pronto e bem conservado em pontes. Ajudou-a mexendo a massa, enquanto a mulher ligava a fogão e esquentava a frigideira.

— Fiquei tanto tempo imersa em papéis que esqueci de viver — ela comentou enquanto despejava a massa na frigideira. — Essa panqueca vai me fazer voltar a vida.  

— É verdade — ele concordou. Ele ergueu uma garrafa de vinho, perguntando a mulher se ela aceitava. Paola assentiu e ele serviu nas taças. — Nem tenho ouvido seus gritos quando faço alguma merda. Estou até com saudades da humilhação.

Paola deu risada, quase se engasgando com o vinho. Seu rosto corou.

— Se você não fizesse tanta merda, talvez eu não tivesse que gritar.

— Eu erro exatamente porque gosto quando você fica puta da vida.

— Porra, belo jeito de ser profissional! — ela comentou, erguendo a taça de vinho ao gesticular. Henrique não parava de sorrir.

A panqueca não combinava com o vinho e sim com um copo de leite morno, e isso foi motivo de mais risada. Ficaram um bom tempo conversando e dando risadas, como se fossem amigos há muito tempo, e não funcionário e chefe. Comeram as panquecas e Fogaça a elogiou, porque nunca tinha provado nenhuma comida de madrugada tão boa quanto aquela, fazendo a mulher rir de novo.  

— Bom, eu tenho muito papel ainda para lidar — ela disse, tomando o último gole da taça. — Acho que em algum momento eu vou enlouquecer e procurar pelo Gustavo só para enchê-lo de porrada.

Em um movimento rápido, o homem apertou sua mão que estava sobre a bancada, como se isso fosse lhe dar algum conforto. E deu, realmente. Principalmente após as palavras de Henrique:

— Qualquer coisa tu me chama que eu te ajudo a dar uma lição naquele imbecil — ele disse, fazendo-a rir e tirando a mão da dela. — Mas caso ele apareça antes, não diga que eu disse isso.

Paola deu uma risada muito alta, colocando a mão na boca para se controlar. Não havia sido tão engraçado, mas o álcool já fazia efeito na sua corrente sanguínea.

— Pode deixar que eu dou uma geral aqui.

— Não, Henrique, pode ir embora. Depois eu lido com isso.

O homem não seguiu suas ordens e começou a lavar a sujeira. Paola cruzou os braços, com o cenho franzido. Tinha bebido muito vinho, estava exausta, mas mesmo assim pegou o pano de prato para começar a ajuda-lo.

— Você deveria saber que eu odeio quando não fazem o que eu mando.

— Puta merda, melhor eu pedir demissão — ele brincou.

Tinha um rádio em cima da pia, que raramente era ligado, porque para haver comunicação, eles precisavam de um ambiente longe de ruídos — o que era quase impossível devido a quantidade diária de clientes. Henrique o ligou. Só pegava uma rádio de esporte e outra de transmissão pirata, que foi a que Henrique deixou. Tocava uma música que ambos desconheciam, mas assim que o refrão chegou, Fogaça tirou as mãos da Paola da louça e a convidou para a dança. Já alterados com a bebida, ambos riam dos giros que davam, esbarrando toda hora nas bancadas e derramando sabão pelo chão. Era uma dança sem sentido e sem ritmo, com os corpos grudados e risadas soltas no ar. Rodaram até se sentirem tontos e, quando pararam, ainda mantinham seus corpos juntos. Olharam-se por longos segundos e música parecia diminuir a cada momento, ficando como plano de fundo.

Nada aconteceu. Paola deu risada, descontraindo quando quase escorregou no chão molhado e Henrique tentou dar suporte segurando seu braço. Tiveram que limpar aquela bagunça, mas mais nenhuma dança aconteceu, muito menos toques. Ficaram rindo como velhos amigos e, no final, Henrique foi embora despedindo-se com um aceno e segurando uma panqueca em um pote na outra mão.

Depois daquele dia, Paola esqueceu-se do ocorrido e ficou, por muito tempo, imersa nos seus problemas com o Julia. Eles só voltaram a ter uma conversa daquelas e beber daquele jeito quando Fogaça foi lhe pedir demissão. Paola lembrou-se daquele dia imediatamente enquanto via Francesca comendo o doce. No cartão, estava escrito “Perdão” com os garranchos do homem. Pensou uma, duas, três vezes antes de pegar o celular para lhe mandar uma mensagem em agradecimento, mas parou assim que destravou a tela e nas últimas notícias do Google estava o nome dele.

“Após alguns anos de casamento, Henrique Fogaça se divorcia pela segunda vez”.


Notas Finais


gostou? não gostou? quer me dar um soco? comenta aí.
ESCUTA A MÚSICA DO COMEÇO QUE É A MÚSICA QUE ELES TÃO DANÇANDO. beijos.


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