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História Iludida - Just one day


Escrita por: HelianthusFlos

Notas do Autor


✌️

Capítulo 3 - Just one day


Fanfic / Fanfiction Iludida - Just one day

Não imaginei que a conheceria no meu emprego em um dia tão comum apenas por compartilhar o mesmo gosto literário. Não imaginei que poderia me apaixonar assim tão de repente, simplesmente aconteceu.

Era uma tarde tranquila e pouco movimentada no dia, então aproveitei esse período para ler um livro na loja. Passar o tempo fazendo alguma coisa era melhor que simplesmente não fazer nada, era um desperdício de tempo. Como eu tinha a semana livre da faculdade poderia dedicar um pouco dessa folga para o meu hobbie. Ler. Quanto maior o meu vocabulário, melhor serão os meus rap's e ficarei mais próximo do meu futuro. Porém compor rap's também era um hobbie, mas ainda guardava em mim uma esperança de que isso desse certo, que alguém um dia vai me notar. Enquanto isso não acontecia eu continuava em meu plano B, terminar minha faculdade e futuramente redigir meu próprio livro.

Folheei uma página após a outra aproveitando o silêncio passageiro, pois o sino da porta soou ao se abrir.

- Boa tarde. - olhei na direção da porta para ver quem entrou, apoiei o livro no balcão e me levantei com um sorriso forçadamente simpático. - Em que posso ajudar?

- Ah, boa tarde. - respondeu a garota com um olhar assustado para mim. Sempre a mesma reação, espanto. O que tem de errado em um coreano de cabelos platinados? - Desculpe, eu me assustei, porque pensei não ter ninguém aqui. - respondeu mirando o interior da loja.

- Ah sim. - me sinto envergonhado por tê-la prejulgado, espero não estar vermelho/.

- Você pode me dizer onde esta esse livro?- apontou para o que eu lia, estou surpreso que alguém se interesse por clássicos.

- Não vendemos esse livro, eu o comprei em outro lugar. - respondi alisando a capa do livro. - Foi difícil de achar, mas Demian valia o esforço.

- Me emprestaria? - direta, olhei-a sem expressão.

- O que?- eu havia entendido, só não quis acreditar.

- O livro. - insistiu.

- Eu sei, só que... como vou saber que vai me devolver? - eu tenho ciúmes dos meus livros, as pessoas não têm cuidado com a vida, vão ter com um aglomerado de papeis supostamente sem valor?

- Se eu te der meu telefone, ajuda? - Olhei desconfiado. Essa garota é louca de confiar em um estranho por um livro? Estranha isso que ela é...

- Está bem, quando eu terminar te mando uma mensagem. - eu sou pior por emprestar, não acredito no que estou fazendo. Baixei as vistas e ela logo me entrega um papel com o número e seu nome. Fofa. Tinha um emoji ao lado do nome dela. - Soonshin? Im Soonshin?

- Sim. - sorriu em seguida.

- Kim Namjoon. - me apresentei, ela agradeceu e adentrou mais a procura de outros livros.

Depois desse dia começamos a conversar mais por telefone, fomos nós conhecendo devagar, descobrindo pouco a pouco um sobre o outro, nos aproximamos bastante a partir desse dia. Com o tempo começamos a sair juntos, ela frequentava a livraria todos os dias e na maioria das vezes ficávamos horas conversando. Nossos gostos eram os mesmo por livros, músicas, autores, até a faculdade, Shin cursava letras e eu literatura. 

 Depois de um período que nos tornamos amigos, comecei a enxergá-la diferente, não era mais como uma simples garota que surgiu de repente, conquistando minha amizade facilmente, havia mais algo que ela despertou em mim que ainda não sei o que é, e isso é tão estranho. A curiosidade de descobrir me deixava ansioso, passei a pensar nela todos os dias como forma de tentar esclarecer o que estava sentindo.

Já faziam seis meses que nos conhecemos, e a dois meses que me sinto insólito. Conversei com Yoongi, um amigo de infância, e o mesmo não me levou a sério, ainda brincou dizendo que eu estava apaixonado. Por um tempo eu até cogitei a ideia, só que era tão absurda que logo descartei, mas agora, esses mesmos pensamentos retornaram para me atormentar. Não é possível que eu realmente esteja apaixonado por ela, faz tão pouco tempo. Se for isso é só ignorar que passa, não preciso de amor na minha vida por agora. Amor? Eu estou apaixonado, não amando. Não preciso de paixão. PAIXÃO. Na minha vida.

O sino da porta me despertou dos devaneios frequentes sobre Soonshin, estava se tornando um mal habito pensar tanto nela assim.

Meu coração descompassou por três segundos ao vê-la entrar pela porta... acompanhada. O meu peito não comportava meus pulmões, cheios de ar, que eu nem percebi inalar tanto, tive uma crise de tosse por isso. Então tudo começou a doer dentro de mim, outra sensação insuportável e inesperada. Porque estou me sentindo assim? Tão mal? Sentimentos diversos ao mesmo tempo, tão opostos, a pouco não tinha espaço em mim, agora estou tão vazio. Olhei para os lados em desespero, a tosse passou mais eu ainda estava nervoso, meio enérgico, agitado. Ouvi Soonshin perguntar se eu estava bem, e eu não respondi. Com os olhos vidrados, achei um copo de água que estava perdido perto do caixa e me agachei escondendo meu rosto enquanto o bebia. Tenho que me acalmar? Que droga você esta fazendo Namjoon? Mantive-me na mesma posição prostrado, no canto, imóvel, com os olhos focados no nada da parede azul, até sentir uma mão em meu ombro, virei-me assustado, era Shin e pelo seu olhar estava preocupada comigo. Também, não é pra menos, uma reação ridícula como essa sem necessidade e incompreensível, era para qualquer um estranhar.

- Você está bem Nam? - perguntou alisando meu ombro logo direcionando a minha testa e em meu pescoço, me levantei subitamente e ela se afastou, ainda estava incomodado com tudo que senti antes.

- E.estou sim. - para melhorar mais a situação eu gaguejei, a cada minuto que passa mais patético eu me sinto.

- Tem certeza? - me examinou com os olhos de cima a baixo, eu respirei fundo. Finalmente um pouco melhor... pelo menos.

- Sim shin, estou bem. - respondi e olhei para o cara que estava com ela que olhava confuso para nós conversando.

- Omo, você não deveria a chamar de Noona? - ele realmente me perguntou isso? Olhei resignado sem entender o por quê.

- Wae? - Shin perguntou tão confusa quanto eu.

- Ele é um colegial. - por incrível que pareça o uniforme da livraria se parece com uniformes escolares, e eu não aparento ter vinte anos, mas ninguém nunca me disse tão abertamente que eu parecia com um adolescente.

- É o uniforme da livraria. - respondi desgostoso, o mesmo me olhou envergonhado e Shin desatou a rir de mim ou da situação, eu não sei dizer.

- Namjoon-ah esse é o Jin oppa, meu amigo da faculdade. - ela sorriu nos apresentando e forcei um sorriso para o mesmo.

- Oppa esse é o Namjoon que eu te falei que conheci faz pouco tempo. - seis meses significam pouco tempo para ela? Resolvi ignorar.

- Anda falando de mim para as pessoas Shin? - perguntei sarcástico, me olhou de soslaio sorrindo irônica.

- Sim, porque não? - iríamos iniciar mais uma de nossas breves discussões, mania adquirida com o tempo, mas Jin nos interrompeu antes disso.

- Shin. - Ele também a chama assim? Ele não tem esse direito. Porque eu estou me importando com isso?

- Ah Nam, estou com pressa eu vim mesmo só para te entregar o livro que eu tenho que estudar para a semana de provas. Então a gente se fala mais tarde. - disse enquanto procurava o livro na bolsa, logo o entregando a mim e saindo, Jin foi em seguida depois de me pedir desculpas pelo ocorrido.

A observei sair às presas da livraria junto do poste sorrindo alegre para o poste, que dizer Jin. Não gostei dele desde que o vi e não descobri o por quê de cultivar essa rejeição. Queria eu ser a razão daquele sorriso. Queria que ela tivesse passado mais tempo aqui. Um dia era importante. E apenas um dia sem ela era... Porque insisto em querer ter tanta intimidade com ela? Somos amigos, só amigos, bons amigos. Não sabia que repetir a mesma palavra várias vez me deixaria tão melancólico.

Passei à tarde extremamente entediado, liguei para Yoongi e conversamos bastante, mas resolvi não tocar no assunto de Shin, não queria ouvir novamente as baboseiras de amor que Yoongi persistia em repetir, foi uma longa distração, porém ao encerrar a chamada tudo voltou com a mesma intensidade, desânimo, tédio, mau humor. E para o dia ficar ainda melhor o gerente veio fazer uma visita na livraria, por sorte foi algo rápido, ele me elogiou por dar conta de tudo sozinho, o local não era espaçoso, somente eu era o suficiente para cuidar da livraria.

Essa noite não iria ter aula porque o professor ficou doente e não havia um substituto disponível, iriam repor a aula outro dia. Estava quase na hora de fechar quando vejo Shin entrar assustada e correndo, por pouco não caiu ao tropeçar na batente da porta, só a observei aturdido sem palavras para aquelas ações repentinas.

- Shin, aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupado saindo detrás do balcão para ampará-la.

- N-ne. - respondeu arfante, seus olhos brilhavam lacrimejando. - Te.tem um...um cara me se.seguindo, me ajuda Nam. - se agarrou a mim, iniciando um choro baixinho, hesitei por um instante pensando no que poderia fazer.

Então a afastei e levei-a até o banheiro no canto em frente a entrada do balcão da loja e pedi para que ela ficasse ali, quieta que eu iria resolver tudo. Voltei para trás do balcão e me escondi em baixo do mesmo dentro de um armário onde guardava alguns documentos importantes, era apertado, mas me mantive parado e esperei. Se ele quisesse alguma coisa não iria desistir tão fácil, ouvi o sino e provavelmente era o assaltante. Só conseguia ouvir os passos se aproximando do armário e logo se afastou, abri uma brecha da porta e o vi em frente de onde Shin estava escondida. Abri devagar a porta saindo devagar tentando fazer o mínimo de barulho possível, me aproximei em silêncio enquanto ele batia a porta incessantemente. Em um movimento rápido segurei pelo pescoço para tentar estrangulá-lo como havia aprendido com um amigo meu que dava aulas de autodefesa. Por um tempo ele ficou imóvel, mas logo depois senti minha perna esquerda fraquejar e uma dor iniciando fraca, folguei os braços, porém logo voltei e me mantive concentrado, então vi a mão do assaltante levantar com uma faca em punho, associei a dor e o desgraçado acertou minha perna esquerda novamente. Impus mais força nos braços e cai sem resistência para me sustentar, o local estava ficando dormente, e a dor só aumentou, não sei se aguentaria mais tempo assim. O nervosismo misturado ao medo de que talvez eu não conseguisse o fazer desmaiar foi tao grande que nem notei que meus olhos haviam fechado até ouvir o tilintar da faca no chão e ver o braço do assaltante imóvel no chão. Aliviei devagar vendo se ainda podia se mexer, e ele continuou parado, soltei por completo e a adrenalina foi se dissipando, o medo, a angústia foram tomando conta e então eu assimilei o que eu tinha acabado de fazer. Eu sou um louco. Arrastei-me de baixo do homem e me encostei em uma estante para tirar meu sinto, preciso estancar o sangramento.

- Shin! - gritei, mas saiu fraco. - SHIN! - gritei mais alto e ela saiu desesperada a minha procura e logo gritou com as mãos sobre a boca assustada com o cara estirado no chão.

- NAM! - correu até ficar ajoelhada ao meu lado no chão, parecia que ela iria chorar novamente.

- Se acalma Shin, eu preciso que você faça o torniquete para mim por que eu não to conseguindo. Depois liga para a polícia e fica lá fora, não se preocupa que tudo vai ficar bem. Leva a chave e tranca por fora. - olhava em meus olhos observando cada palavra que eu dizia, ela tentava se manter centrada, mas seus olhos sempre recaiam para a minha perna.

As mãos dela tremiam e fazia o que pedi devagar demais, o cara podia acordar a qualquer momento e isso me preocupava, só queria preservar sua segurança longe daqui. A dor em minha perna era cruciante e eu me forçava a ficar acordado apesar de meus olhos pesarem bastante, queria desmaiar talvez pela perda de sangue contínua. Parte da minha visão escurecia, não enxergava direito, mas ainda podia ouvir os passos de Shin se afastando de mim, então me deixei apagar de vez, tudo ficou preto e meu último pensamento foi que quanto mais longe ela estivesse da loja, menos perigo ela corria, o que me tranquilizou.

Algumas horas depois...

A luz branca incomodava meus olhos, refletida pela parede branca só intensificava o desconforto, depois que me acostumei com a luminosidade, tentei identificar o lugar. Um quarto de hospital. Olhei para os lados e vi uma cabeleira castanha na poltrona do quarto com a cabeça apoiada na parede dormindo de braços cruzados. Como ele consegue dormir nessa posição? Finalmente senti o peso na cama, outra cabeleira castanha, só que compridos espalhados por cima de mim, afaguei seus cabelos deixando escapar um sorriso. Ela está bem então não tenho com o que me preocupar. Ainda me sentia sonolento e cansado, resolvi voltar a dormir, agora sim descansaria.

Mais algumas horas depois...

Acordei novamente sentindo o peso da fraqueza sobre mim, vasculhei com os olhos pelo quarto e os dois ainda estavam presentes só que conversavam silenciosos. Tentei chamar a atenção deles, porém estavam entretidos no assunto que não me perceberam acordar.

- Até quando vão ficar de papo esquecendo o enfermo? - sorri com o espanto dos mesmos ao ouvirem minha voz.

- Desde quando está acordado Nam? - Shin se aproximou aflita segurando minha mão, o calor de suas mãos nas minhas era aconchegante, macios, dando um aperto delicado, suave. Como deve ser o seu beijo?

- É a segunda vez que acordo, a anterior vocês dormiam, então dormi também. - o único pensamento em minha mente era que meu dever era de protegê-la de qualquer perigo, não importa o que seja. Como se fosse minha obrigação a partir de agora.

- Sua perna está doendo?- Shin era tão atenciosa que chegava a ser difícil não se encantar por ela, olhei os traços de seu rosto gravando em memória cada linha que o contorna. Ela é tão linda. Só agora estou vendo isso? Não... eu já havia notado antes só não quis admitir.

- Não se preocupe comigo, eu estou bem. - sorri para a mesma, fiquei extremamente feliz em vê-la aqui comigo.

- Acabou a seção ternura? - perguntou Yoongi ao meu lado. Nem o vi levantar de seu lugar, nem me lembrava de que estava aqui para ser sincero.

- Sim Hyung, acabou. - rimos juntos, ele fala dessa forma demonstrando frieza, mas eu o conheço e sei o quanto ele é sentimental, principalmente com a noiva dele, todo derretido pela estrangeira, quase irreconhecível.

- No que estava pensando quando resolveu enfrentar um assaltante que você não sabia se estava ou não portando arma de fogo, huh? - Yoongi era mais velho que eu um ano, mas sua maturidade beirava os 40, ele está preocupado comigo, eu entendo somos como irmãos e nesse exato momento estou prestes a receber uma advertência pela minha atitude impensada.

- Ah...hyung não podemos deixar essa conversa...

- Não. - curto e grosso. Eu não estava tão disposto para escutá-lo agora. Sim, eu estou envergonhado. - E se acontecesse algo pior, ou com vocês dois? É perigoso, arriscado, devia ter pensado mais sobre suas atitudes, havia outras formas de reagir, a loja não tem o botão de emergência? Pense um pouco mais da próxima vez, por favor. - ele estava sendo ríspido, mas era por que tinha medo do que poderia ter acontecido. Ele perdeu os pais por algo assim, atitudes impensadas.

- Eu sei, me desculpe Hyung. - eu sei que ele está certo, mas o que eu poderia ter feito? Nada, não era uma opção. Eu não pensei direito, simplesmente agi, não tive tempo e nem motivo para isso... acho que faria tudo de novo por ela.

- Bom. - respirou fundo se desapoiando da cama. - O importante agora é que está bem, e ainda vivo. Eu vou falar com uma enfermeira para saber quando você recebe alta. - disse logo se retirando do quarto, deixando-nos a sós.

- Depois que receber alta, eu vou cuidar de você. - seu rosto era um misto de vergonha, preocupação e receio, não sustentou meu olhar por muito tempo e começou a brincar com o lençol. Realmente ela sente algo por mim ou é somente remorso?

- Não precisa, eu posso me virar sozinho. - Eu quero sim!

- Claro que precisa, você está assim por minha culpa. - À medida que chegava o fim da frase sua voz ia diminuindo de volume quase inaudível, remorso, está com pena da minha situação. Estava tão óbvio assim e só eu que não percebi ser unilateral? Para que existe a esperança? Para tornar o tombo mais doloroso. - E também... eu gosto de você, não seria problema para mim, a não ser que você não me queira por perto. - mordi os lábios para não deixar o sorriso bobo aparecer pelo incêndio que suas palavras causaram em meu coração.

- Não foi isso que eu quis dizer. - logo respondi me aproximando de seu rosto rubro. - É que... - até que a atenção foi tomada pela porta se abrindo.

- É, você recebe alta hoje Nam. - Yoongi retornou para dar a notícia.

Depois daquele momento nos ficamos juntos até que fui liberado, nesse meio tempo Yoongi e Shin entraram em um acordo para revezarem o período que cuidariam de mim, segundo o Doutor Sun eu teria que manter repouso por um mês, já que foram dois ferimentos profundos. Por sorte o tempo de Shin é maior por insistência da mesma, mesmo assim ficarei sozinho por algumas horas às vezes. Logo saio do hospital de cadeira de rodas, eu não posso andar nem de muletas creio ser um exagero, mas mesmo que eu não quisesse a cadeira seria obrigado por um dos meus acompanhantes. Yoongi me levou para casa e disse que ele viria amanhã para ficar comigo aquele fim de semana. Por um breve momento desejei que Yoongi sumisse, só para ter um segundo, um minuto, uma hora, um mês ou apenas um dia a mais com Shin, somente ela.

Assim que entramos no apartamento ela se deslumbrou com a quantidade de livros que eu guardava em casa, eram muitos e serviam de decoração como fiz em meu quarto. Qualquer lado que olhasse teria uma dúzia de livros empilhados, e havia muito mais, era como um parque de diversão para ela de tão feliz que estava admirando uma das estantes. Seu sorriso era contagiante, seria capaz de observá-lo mesmo que de longe o tempo que fosse, poderia ser eterno.

Por conta do hábito tentei ir andando para meu quarto e pretendia chamar Shin para ir comigo, queria mostrar uns exemplares a ela, resolvi levantar do sofá sem ajuda, logo sentindo a fisgada em minha perna, tão forte que não fui capaz de me sustentar em pé, e por mais que tenha caído no próprio sofá latejava demais por ser recente logo Shin chegou ao meu lado preocupada novamente comigo. Não tinha muito que se fazer já que a dor não iria sumir de uma hora para outra, entretanto indicava que eu já podia, e deveria, tomar o analgésico, para evitar esse desconforto. Deite ali com ajuda de Shin que sentou no chão, senti seus olhos em mim o tempo inteiro, procurando a hora certa de falar.

- Porque não me chamou? - sorri desgostoso. É humilhante não poder fazer as coisas sozinho.

- Porque não precisava. - a dor ainda incomodava.

- Precisa sentir dor então? - encarei-a de soslaio e seu olhar sério me deixou sem palavras.

Eu a queria por perto, mas não queria que ela fizesse por se sentir responsável. Tenho certeza de que ela só está aqui comigo por conta do acidente que aconteceu, por ter se refugiado na loja. Era visível o desconforto em suas ações, o arrependimento em seus olhos quando ela tomava coragem para me olhar.

- Porque está aqui, Shin? - olhei para o teto pensativo apoiado no braço do sofá.

- Porque sou sua amiga e quero cuidar de você Nam. - ela sorriu inconformada com a pergunta, meu coração vacilou uma batida quando escutei a palavra "amiga".

- Só por isso? Tem certeza? - seu olhar desviou do meu assim que procurei por seus olhos e suas bochechas ganharam um tom rosa.

- N.ne. - sorriu confusa, seus olhos marejaram. Eu a fiz chorar. - Me de.desculpa N-namjoon-ah. É.é minha cu-culpa! - soluçou me abraçando pela cintura, eu conseguia sentir seu coração pulsar agitado. Será que ela pode sentir o meu coração também?

- Se acalma Shin, a culpa não é sua, foi um acidente. - afaguei seus cabelos. - Eu não estou vivo? Eu 'to bem, logo logo vou poder andar. Não precisa se sentir assim, já aconteceu e não podemos mudar o que passou, só seguir em frente. - levantei seu rosto, por pouco não me perco na imensidão de seus olhos úmidos. Selei o caminho da última lágrima em sua bochecha, enquanto acariciava a outra, me afastei e sorri para ela, que sorriu fraco em resposta.

- Você fica tão fofo com essas covinhas. - sorriu ainda mais ao se afastar secando o rosto com os punhos.

- Fofo? Não quero ser fofo. - cruzei os braços e ela logo se levantou anunciando que iria fazer o jantar.

Por duas semanas o clima continuou ameno e estável, com sua presença quase diária aqui nos tornávamos cada vez mais íntimos, Shin ficava cada dia mais a vontade comigo, passávamos a maior parte do tempo lendo livros de minhas coleções em meu quarto. Às vezes adormecíamos juntos pelo sono indesejados e por incontáveis vezes me peguei admirando-a dormir profundamente sobre mim, era tão linda. E geralmente acordava aos pulos, ofegante, assustada se afastando de mim rapidamente, nunca entendia essa reação.

Quando Yoongi vinha eu contava todos os detalhes dos dias em que Shin ficava comigo, e ele sempre repetia que eu deveria me declarar a ela, para pelo menos tirar as dúvidas que me rondavam sobre meus sentimentos por ela serem recíprocos. Não sei se era só esperança, ou se estava receoso de ser rejeitado, então decidi esperar mais um tempo, para ter certeza. Yoongi quase deixou de ir me fazer companhia várias vezes por alegar estar cansado de ouvir minhas histórias com Shin, dali em diante eu faria questão de falar exclusivamente dela para ter o prazer de irritá-lo.

Hoje era o dia de Shin e eu estava ansioso para vê-la, sentia saudades por míseras horas de distância, imagina só por dias. Tenho que admitir, estou realmente apaixonado por ela e apesar de ser um pouco agoniante eu me sentia bem com as incertezas. Minha agitação hoje estava mais que o normal, e ainda não sei por quê. Porém tudo isso mudou quando ela abriu a porta se despedindo dele. Por eu estar debilitado, fiz duas copias da chave do apartamento e dei a Yoongi e Shin. Vi a mesma entrar sorrindo trancando a porta logo em seguida, veio até perto do sofá se sentando no chão me encarando. Virou uma rotina para nós, toda vez que ela chegava sentava-se ao meu lado e conversávamos por um tempo me contando como foi o seu dia.

- Oi? - ela questionou meu silêncio, não a cumprimentei como de costume, simplesmente distraído em minha mente.

- Porque Jin estava com você? - meu bom humor se dissipou em segundos. O que me preenchia agora era o ciúme por causa dele, por ela simplesmente sorrir para ele.

- Ele veio me acompanhar, já é um pouco tarde. Ele sempre fez isso. - respondeu diminuindo o sorriso gradativamente.

- Com que frequência? - minha voz soou mais grave e alta assustando Shin.

- Sempre, só que hoje ele me trouxe até aqui em cima. Não estou entendendo o porque de todas essas perguntas. - sorriu nervosa, as expressões confusas predominavam em seu rosto.

- Não gosto dele. - afirmei irritado. Nunca fui possessivo ou ciumento com minha ex tanto quanto estou sendo com Shin que não é nada além de... amiga... era novo, estranho e eu me sentia mal, aquele sentimento me deixava cada vez mais irritado. Por que ele tinha que estar sempre presente?

- Porque se vocês nem se falam, você não o conhece, não pode dizer não gostar se não trocaram nem uma palavra. - ela estava certa, mas meu orgulho não me deixaria admitir tão fácil assim.

Depois dessa breve discussão, resolvi me calar e não tocar mais no assunto. Se ela acabasse se aborrecendo comigo e me deixasse? Não sei se ia suportar. Pensando nisso comecei a imaginar quando eu melhorasse e ela não viesse mais em minha casa como agora. Como faria para vê-la? Ela é estuda todos dias, tem apenas o domingo para descansar e só um dia não é mais o suficiente para mim. Quero bem mais que isso. Quero um para sempre. Quero estar o resto dos meus dias presente em sua vida. Quero ser o único em seus pensamentos, assim com ela é para mim.

O período de recuperação estava no fim, eu já podia andar mesmo precisando de apoio, e junto de Yoongi pensei bastante sobre o que fazer em relação a Shin. Eu queria mais do que só sua amizade, sentia que precisava pelo menos tentar conquistá-la, mas não faço a mínima ideia de como farei isso, nem mesmo os livro me ajudaram nessas horas. Os conselhos de Yoongi sobre declarações eram estranhos demais, ainda me pergunto como a noiva dele o suporta. Levei alguns dias para decidir o que fazer, mesmo com medo dela me rejeitar resolvi me arriscar. Finalmente consegui planejar algo com ajuda de alguns amigos da faculdade, precisava ser perfeito. 

Eu já havia retornado a minha rotina anterior, e Shin por incrível que pareça, não deixou de me visitar por mais que fosse apenas 2 vezes na semana, sem contar quando ia a livraria, porém continuava a vir acompanhada de Jin. Mesmo eu não tendo percebido, Yoongi que apareceu sem avisar um dia qualquer por lá, notou que Shin estava mais alegre quando me via, dizendo que, "O brilho em seus olhos estava diferente". Seria essa a minha oportunidade de dizer que a amava?

Dias antes de domingo...

Soonshin POV on

Ainda não sei bem como reagir ao Namjoon, eu tenho me sentido estranha a algum tempo em relação a ele. Tentei conversar com Jin, talvez ele pudesse me ajudar, mas ele não quis entrar no assunto e se chateou comigo. Nam também não ajudou com sua mudança, não gosta de Jin sem motivos e tem me tratado diferente, mais carinhoso, atencioso, sempre se preocupando comigo na volta da faculdade. Até que é normal já que foi em uma dessas que ele se machucou, por minha culpa, eu tenho que tomar mais cuidado para não machucar as pessoas a minha volta, preciso prestar mais atenção, ser menos distraída. Suspirei.

Até hoje imagino se acontecesse algo pior, não sei o que faria. Se Namjoon sofresse um ferimento mais grave? O que faria da minha vida sem ele... Como? Desde quando me tornei tão dependente de Namjoon? Desde quando ele é tão importante assim para mim?

Há dois meses vivi em dúvidas e indagações sobre meus verdadeiros sentimentos por ele, sonhei incontáveis vezes com nós dois juntos, algumas vezes eram tão...tão... enfim eu acordava assustada, e agora eu entendo que não é mais uma simplesmente amizade. Me pego pensando nele com mais freqüência e isso não é normal para com um amigo, eu não sou assim com o Jin. 

Uns dias atrás Jin me flagrou distraída admirando a foto de Namjoon sorrindo como plano de fundo do meu celular e finalmente consegui me abrir com ele, que ficou triste e declarou seu amor platônico, mas pediu que eu não me preocupasse que não causaria problemas que ele ficaria bem pedindo só que eu mantivesse distância dele por um momento e eu preferi não forçar, sei o quanto é doloroso não ser correspondido. O pior de tudo é quando esse amor é proibido. Se apaixonar por seu professor da faculdade não é fácil, muito menos esquecer.

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Hoje é sexta, hora do intervalo e estou realmente feliz por ser o último dia de faculdade mesmo tendo revisão do grupo de estudos amanhã, mas dessa vez pegarei mais leve, o que me surpreendeu foi Namjoon me ligar, fiquei tão ansiosa pela hora já que nunca ousou me telefonar na faculdade que quase me esqueci de atendê-lo. O que me assustou ainda mais foi o seu convite, perguntou se estava livre no domingo, pois queria me convidar para ir ao parque central de Seul que estava tendo uma exposição literária, curioso que não tive notícia de nenhuma exposição programada para esse mês, mas aceite mesmo assim. Apesar de já termos saído juntos antes, minha visão dele naquele tempo era diferente de antes. Eu me sentia tão extasiada ao seu lado, quando sorria tudo se iluminava, me sinto infantil por o descrever desse jeito, mas é assim que eu realmente o vejo e agora, cresceu uma enorme necessidade de vê-lo todos os dias, por isso mantive as visitas em seu apartamento, sei que ele não sai com frequência então posso me manter mais próxima.

Domingo...

Estou extremamente ansiosa pelo nosso encontro, sim estou considerando um encontro mesmo que só na minha cabeça, o nervosismo agora presente pelo fato de que eu não saio em um encontro desde... desde sempre, nunca fui de namorar, ou ter interesse em rapazes na adolescência, seria algo precoce demais, me foquei em estudar para garantir meu futuro, porém quando Namjoon começou a me fazer me sentir diferente a ânsia por desenvolver algo mais entre nós nasceu de repente, e pela falta de costume demorei demais para perceber que havia me apaixonado, que era um sentimento tão bom, tão animador que me mantinha feliz o dia inteiro por saber que no final podia passar na livraria para vê-lo.

E neste exato momento estou perdida, sem saber o que devo vestir. Não sei se escolho as roupas casuais para não mostrar que estou com grandes expectativas ou se me visto como se realmente fosse um encontro e não só paranoias da minha cabeça. Oh Deus! Como queria ter minha amiga agora para me ajudar! Optei por ir com um vestido mesmo, não quero exagerar para não fugir da minha personalidade, não sei como ele receberia uma mudança repentina, não sei como reagira ao me ver, não sei o que eu mesma farei ao vê-lo.

Estava a caminho do parque, era próximo do meu apartamento então fui andando, a movimentação era pequena para uma exposição literária, fiquei confusa por não ter ninguém no local também, muito calmo. Assim que cheguei a um ponto de referência enviei uma mensagem para Namjoon.

Me:Annyeong, já estou aqui na entrada Nam, onde você esta? ^-^


Nami :3 - Annyeong Shin, por favor siga as placas em breve chegará até mim. >.<

Wae? Como assim se não estou vendo nada, nem ninguém? Tirei minha atenção do visor e logo avistei um casal, desconhecido por mim, segurando duas placas vestidos com roupas iguais.

Ele: Se eu tivesse só um dia...

Ela: Eu queria sentir o seu calor...

Sorri inconsciente para o casal que retribuíram e me indicou seguir o caminho, continuei andando pelo parque até ver duas árvores de Cerejeira com dois corações decorados com mais mensagens.

Yo ma honey, toda vez que eu te vejo eu fico sem fôlego...

Quero te conhecer melhor...

Meu coração palpitava de alegria, sentia uma vibração percorrendo todo meu corpo de tanta ansiedade que tinha em vê-lo. Caminhei mais um pouco a frente perto da grade de proteção até chegar perto de um pequeno lago e encontrei balões em forma de coração presos aos bancos com mais plaquinhas. Até quando vai me torturar Namjoon-ah?

Eu aprecio a obra-prima que você é...

...porque só sua existência já é uma arte...

O sorriso não se desfazia de meu rosto e poderia ficar assim por um longo tempo. Minha respiração falhava às vezes, mas sempre acelerada no ritmo afobado de meu coração, andei até poder ver que um dos balões tinha uma caixinha pendurada, corri até ele e peguei logo abrindo afoita esperançosa do que eu suspeitava ser.

Mas ainda sim, quando você me ver, sorria...

Frustrante por não ser o que pensei, mas decifrando o que ele quis dizer procurei em volta do local procurando por ele, por seu sorriso iluminado enquanto sorria com expectativa de encontrá-lo por ali, mas só vi mais placas pela grade proteção, já me sentia agoniada com toda aquela demora, mas estava tudo tão lindo, tão romântico que me acalmei respirei fundo fechando os olhos para continuar.

Só um dia, se eu pudesse ficar com você

Eu te beijaria...

Seguraria a sua mão...

No meio do caminho havia outra caixinha de veludo preta um pouco comprida, fui até ela sem pressa dessa vez, quando abri tinha um bilhete ao lado de uma pulseira de ouro adornada de borboletas cravejadas de joias que reluziam com o brilho do sol. Sorri colocando a mesma para logo ler a mensagem.

Não acabou ainda!

Eu irei me confessar para você...

Quando voltei minha atenção para prosseguir vários balões de todas as formas e tamanhos se espalharam pelo ar revelando Namjoon atrás de todos segurando a última plaquinha sorrindo daquele jeito único mostrando suas covinhas fofas que só ele tem, e que me encantava a cada vez que o via. Sabia que a qualquer momento eu poderia me derramar em lágrimas, mas não tinha como perder tempo chorando quando posso tê-lo em meus braços.

Se nós pudéssemos apenas ficar sozinhos

Can you, please, stay with me? (Você, por favor, ficaria comigo?)

Andei um pouco mais rápido em sua direção, sentia meu coração sufocar minha garganta, todas as sensações não eram fortes como a alegria pelo simples fato de finalmente poder vê-lo ali em minha frente, tão próximo, ao meu alcance. Não tinha palavras o suficiente para descrever o que eu sentia, e se me forçasse a pensar em uma, a única que me vinha a mente era felicidade!!

Quanto mais próxima dele, mais largo era o meu sorriso. Ele abriu os braços para um abraço e eu simplesmente pulei em sua direção, me segurou pela cintura apertando contra si sentido novamente a onda elétrica percorrer meu corpo, inalei seu perfume que por pouco tempo senti saudades que me levava as nuvens, era tão bom senti-lo em meus braços. Poderia congelar aquele momento e revivê-lo pela eternidade.

Soonshin POV off

Desde o momento em que a vi esbanjando toda a alegria que tinha meu coração se aqueceu. Assim que a coloquei no chão e nos afastamos, pude ver o quanto seus olhos brilhavam, o quanto seu sorriso era lindo, o quanto seu rosto era perfeito, o quanto eu queria fazê-la feliz e o quanto eu a desejava junto a mim.

- Im Soonshin.- chamei sua atenção, olhando no fundo de seus olhos antes de fechar e encostar nossas testas. Entrelacei nossos dedos e sorri ainda mais. - Você não sabe o quanto eu gosto de você. - nossas respirações pesadas se chocavam e se misturavam até ela prender.

- Sei sim, por que eu sinto o mesmo. - abri os olhos voltando a fitá-la com intensidade então segurei em seu rosto e a beijei.

Um beijo entre sorrisos até ela ceder a passagem de sua boca para me deixar apreciar o gosto de seus lábios que tanto almejei esses últimos meses e que me enlouqueceu mais que meus sonhos. Apesar de que por um momento pensei que iria acordar, mas estava sendo melhor do que eu sonhava. Eu sentia nossos sentimentos se mesclarem a cada toque que trocávamos e logo se tornando um, o pleno amor que sentíamos. Meus dedos roçavam em suas bochechas, adulando-as com carinho, me sentia tão leve, inebriado com seu perfume, com o sabor de seus lábios, com as carícias em meu cabelo, eu já me encontrava perdido em todas as sensações que Shin me proporcionava. Desci minhas mãos pousando em sua cintura acariciando o local vez ou outra, me esforçando em passar todas as emoções que eu guardei para ela desde que descobri estar apaixonado, mas ela me tirou toda a sanidade quando enroscou sua língua na minha tão doce, tão perfeita. Sentia seus lábios vibrarem assim como seu corpo a cada movimento novo, leve e sutil. Só existia nós dois e queria permanecer assim por horas, apenas me deleitando de sua maciez e da calmaria com somente o som da natureza ao redor, porém nossos pulmões já praguejavam em necessidade de mais oxigênio. Com selares demorados cessamos o beijo. Nosso primeiro beijo. Sorrimos abertamente outra vez, impossível de conter ou controlar a emoção de finalmente estarmos junto. Ela estava linda com a bochecha corada.

- Soonshin-ah, quer ser minha namorada? - observei atentamente suas reações, meu coração estava a mil, mais desnorteado que minha respiração então ela sorriu tímida para mim.

- Eu quero.


Notas Finais


🙈


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