História Colors - Carol Danvers e Diana Prince - Capítulo XII

Point of view Carol

Depois de uma longa noite de sono acordei me sentindo inabalável, na realidade eu nem conseguia distinguir se estava acordada ou dormindo, porque tudo parecia um sonho perfeito. Eu não conseguia acreditar que tinha beijado — várias — vezes a garota que gosto, me declarado para ela, e o melhor de tudo... meus sentimentos são todos recíprocos. Se eu fosse um pouco mais supertisiosa pediria para alguém me beliscar, mas me contentei em apenas aproveitar aquele momento mágico.

— Você está bem? — Natasha perguntou entrando na cozinha. — Logo pela manhã sorrindo para o nada... Quer ir ao médico?

— Não. — revirei os olhos. — Apenas estou feliz!

Ela assentiu e sentou no banco alto coçando os olhos.

— Suas olheiras estão horríveis, você e Wanda deveriam... maneirar. — falei analisando as marcas em seus braços e pescoço. — Você dormiu com um vampiro?

— Talvez uma vampira! — piscou para mim. — Por que você está sorrindo tanto?

— É crime? — questionei e ela riu.

— Não! — se espreguiçou. — Mas a alguns dias atrás você parecia não saber o significado de sorrir, o futuro casamento de Diana parecia ter arrancado seus dentes.

— Que exagero. — revirei os olhos e suspirei, ela me conhecia bem. — Bom... aconteceram algumas coisas nesses dois dias.

— E provavelmente esse é o motivo de você estar assim. — sorriu de canto. — Na noite que você não dormiu aqui, você dormiu na casa da Prince, não foi?

Arqueei a sobrancelha com sua dedução. Por não querer admitir que elas estavam certas sobre eu gostar da minha amiga; e também por ainda ter uma ponta de receio de Diana mudar de ideia bruscamente; eu ainda não havia contado a Wanda e Natasha o que aconteceu.

— Não, o que te fez tirar essa conclusão? — tentei disfarçar meu rosto corado mexendo a colher que estava na bancada no copo a minha frente. — Eu poderia estar com Valkyrie, não?

— Não mesmo! — riu e apontou para o copo. — Você está mexendo a água?

Olhei para o copo e vi que realmente só tinha água, me fazendo querer ser enterrada em um buraco de tanta vergonha.

— Você é chata, hein! — bufei e fui até a geladeira pegando o leite, eu queria tomar o meu café da manhã; ou algo semelhante a isso; depressa e talvez convidar Diana para uma caminhada. — Me empresta seu carregador?

— O que houve com o seu?

— Não lembro onde está, desde que cheguei da casa de Diana ainda não carreguei meu celular. — ela ergueu a sobrancelha e sorriu de canto com a confirmação do meu paradeiro anterior.

— Claro, está lá no meu quarto. Inclusive, você poderia ter pego ontem a noite, sabia? — sugeriu como se eu fosse uma idiota. — Eu e Wanda estávamos acordadas.

— Esse é o problema, vocês estavam acordadas! — revirei os olhos. — Não queria atrapalhar sua copulação, então preferi esperar até agora.

— Ah, você poderia entrar, não nos importariamos. — fiz careta lembrando que uma vez as "flagrei" e elas sequer fizeram questão de parar. — Sexo é uma coisa normal, sabia?

— Cadê o carregador? — mudei de assunto e peguei o achocolatado no armário, colocando algumas colheres e mexendo no leite, para beber e sair logo dali.

— No meu quarto, não acorde Wanda. — Assenti a vendo pegar algumas coisas na geladeira, provavelmente queria fazer algo para a namorada. — Vou fazer uma surpresa para ela, hoje é a data que a família sofreu o atentado, ela costuma ficar triste, mas hoje quero fazer com que seu dia seja perfeito.

Sorri para ela enquanto bebia o líquido do copo, apesar de muitas vezes parecer que o relacionamento delas gira em torno de sexo, é muito mais do que isso. Elas se amavam mais do que tudo, e sempre estavam dispostas a fazer a outra feliz, nos piores e melhores momentos.

— Não vou acordar sua bruxinha. — pisquei.

" Bruxinha" era um apelido dado pela própria Natasha e acabou pegando, segundo a mesma a namora possuía mãos mágicas, e sim, era em um sentido totalmente sexual.

Sempre é em um sentido sexual!

Fui até o quarto e tive o cuidado de não fazer barulho enquanto abria a porta, a Maximoff se encontrava jogada na cama com o tronco desnudo e o resto coberto pelo lençol de seda. Confesso que por um momento chequei seu busto, afinal eles são muito volumosos e de fato eu tenho uma falha por peitos, mas nunca diria isso a Natasha, se não ela provavelmente me socaria até eu esquecer meu próprio nome. Me aproximei da mesinha do canto e peguei o carregador, fazendo o mínimo de ruídos possíveis para não acordar a garota ruiva que ressonava baixo e as vezes murmurava algo, acredito que estivesse tendo um sonho.

Sai do quarto e senti o cheiro de omelete vindo da cozinha, mas parti para sala em busca da primeira tomada que eu visse, para conseguir carregar o celular que estava tão gelado que achei que não voltaria a abrir. Bati os pés no chão algumas vezes impaciente por ter que esperar o aparelho ligar, eu definitivamente precisava de um celular novo.

— Brigando com o celular a essa hora, Danvers? — ouvi a voz de Wanda e me virei para ela, dando de ombros. A garota tentava sorrir, mas estava claramente abatida. — Natasha está na cozinha?

— Sim, sua mulherzinha está cozinhando para você. — um breve sorriso surgiu no canto de seus lábios. — Ela nunca fez algo assim para mim, que sou a melhor amiga, acredita? — fingi estar ofendida e ela riu.

— Deve ser porque ela me ama, por isso faz isso... igual você faz com a Diana. — Arregalei os olhos, elas realmente nunca perdiam a oportunidade de mostrar o quanto meu sentimento pela Prince era nítido.

— Huh, então amar alguém se resume a cozinhar? — perguntei a ruiva e antes que ela respondesse Natasha chegou atrás dela, a abraçando pelas costas.

— Não, as vezes também se resume a comer. — sorriu maliciosa e revirei os olhos. — Eu deveria te bater por acordar a minha mulher, fez minha suspresa ir por água a baixo.

— Ela não me acordou, amor. — a garota de cabelos longos se virou e abraçou o pescoço da outra. — Eu tive um pesadelo com minha família...

Natasha a olhou com mais ternura do que achei ser possível existir em alguém como ela, que sempre bancava a durona, e puxou a menina para si, sussurrando algo que entendi ser " Está tudo bem, foi apenas um sonho ruim, estou com você" e entraram numa bolha invisível que fiz questão de não quebrar. Mesmo achando tudo aquilo meloso, a única coisa que fiz foi sorrir por vê-las, e pensar que um dia eu poderia ter a sorte de viver algo semelhante.

Eu realmente não me importaria!

Peguei o carregador e fui para o meu quarto enquanto o celular ligava e as notificações infinitivas chegavam.

Eu tenho que sair desses grupos, meu deus!

Pensei vendo os grupos variados que iam de séries a temas políticos, quais eu dificilmente interagia e haviam milhares de mensagens acumuladas. Fora eles tinham algumas mensagens dos meus colaboradores; provavelmente pedindo quadro novos para exposições; algumas de conhecidos, três de Valkyrie, e apenas uma de Diana. Estranhei aquilo, a conhecia o suficiente para saber que quando ela estava feliz mandava mensagem atrás de mensagem, e se tinha apenas uma, as chances de algo ter acontecido era grande.

Será que ela voltou com o...

Não, não, ela nunca faria isso comigo, não posso ser tão pessimista.

Suspirei e apertei no seu icon, admirando por alguns minutos a sua foto de perfil antes de abrir a mensagem. Se eu fosse um pouco mais vintage, e enves de cartões pagasse apenas em dólares, eu com certeza imprimiria aquela foto e levaria na carteira para ter a sorte de sempre ver seu rosto.

Por que alguém precisa ser tão linda?

Sorri, mas meu sorriso logo morreu quando vi sua mensagem.

Wonder Woman 💖:

Eu queria te agradecer por ter dormido comigo, você sabe o quão carente de atenção eu sou, e talvez isso tenha me encorajado a te beijar. Fazia tanto tempo que eu guardava minha curiosidade em ficar com uma garota, que quando a matei me senti incrível. Você é quase minha irmã, e eu realmente te amo, e isso me confundiu momentâneamente, e a carência me fez dizer tudo aquilo, e eu sinto muito se te magoar... Mas eu não quero ficar com você, quando conversei com Bruce isso ficou claro. Eu o amo, e vou casar com ele, porque isso é o certo. Espero que me perdoe.

22:38 ontem

Lágrimas grossas desceram por meu rosto e senti como se algo em mim partisse. Eu sabia que aquilo poderia acontecer, mas isso não evitou de doer. Mesmo estando acostumada a tê-la apenas como amiga, agora tudo parecia mais difícil, era mais doloroso, a rejeição era dilacerante.

Eu não me importo!

Ela pode ficar com quem quiser!

Está tudo bem!

Essa dor é psicológica!

Tentava fazer aquilo entrar na minha cabeça, mas em total contradição me deixei escorregar pela parede e chorar sentindo meu coração doer e meu ar escapar. Eu não conseguiria mais olhá-la da mesma forma, não conseguiria não querer beijá-la quando estivesse por perto, e principalmente, não conseguia acreditar que ela me resumiu a uma... curiosidade.

Essa não é a minha Diana!

A garota por quem sou apaixonada nunca faria isso com alguém, ela era empática e bondosa, nunca brincaria assim com os sentimentos de alguém. Ela viveu junto comigo as decepções que tive na adolescência, ela sabia o quanto já me magoei com garotas que me usavam apenas para matar um fetiche, e depois me descartavam como uma inutilidade.

Mas agora ela fez igual...

Na minha cabeça não entrava, até ontem de manhã ela era a mesma garota de sempre, e uma simples mensagem me fez ver que talvez tudo tenha sido uma máscara.

Por que ela fez isso comigo?

Tentei repassar na minha mente os textos que por vezes li sobre amor próprio, que a felicidade é algo individual e não precisávamos de ninguém mais para isso. Na prática aquilo tudo parecia tão mais difícil, mas eu tinha acabado de ser decepcionada, e talvez apenas fosse muito cedo. Eu só queria voltar no tempo e nunca ter encostado meus lábios nos seus, na verdade eu queria nunca tê-la conhecido, porque no fundo eu sabia que mesmo sem ter sequer a beijado, ela seria inesquecível para meu coração, que ansiava o que nunca chegou a viver, mais do que tudo que eu já havia vivido com outras garotas.

Porque ela é minha pessoa!

Ou pelo menos achei que fosse...

Eu não estava me sentindo bem, e também não poderia falar com Wanda e Natasha, não quando eu apenas estragaria um dia que elas queriam que fosse perfeito, minha dor perto da de Wanda não era nada, e eu tinha ciência disso. Também não queria ficar sozinha naquele quarto e correr o risco de ligar para Diana, seria humilhante demais.

Eu nem sequer tenho o direito de lhe cobrar algo...

Suspirei e voltei a abrir a tela do celular, abrindo a conversa e ignorando as mensagens para fazer uma chamada para quem eu sabia ser a única pessoa a poder me dar colo no momento.

— Alô? Eu te mandei algumas mensagens ontem e você não respondeu. — Ouvi a voz preocupada de Valkyrie. — Não te vejo desde aquele dia no shopping, você está bem?

Automaticamente lembrei de Diana e do primeiro maldito beijo que trocamos no estacionamento, não consegui evitar chorar, e me senti estúpida.

— Você está chorando? — questionou baixo.

— Eu... — mordi o lábio e tentei reprimir minhas lágrimas. — Posso ir para sua casa?

Eu não tinha segundas intenções, não seria justo usar alguém para esquecer outra, na verdade eu só precisava de um ombro e um " tudo isso vai passar".

Mesmo sabendo que não passaria...