História Colors - Eu não posso ser a sua felicidade, Jeongguk.

– Só eu que estou sentindo que estamos sobrando aqui? – Taehyung sussurrou para Yoongi que tinha os braços cruzados observando a cena do casal do momento conversando igualmente entre sussurros afim de privacidade.

– Só você mesmo, estou adorando assistir essa típica cena de filme romântico. – sussurrou de volta irônico. – Aliás, Jeongguk sendo um ativo desses fica chorando parecendo uma garotinha, tsc, tsc, que decepção. – novamente provocou mesmo que o mais novo não estivesse o ouvindo.

– Você não perde uma. – o castanho claro revirou os olhos.

– Adoro o senso de humor do Yoongi. – Namjoon murmurou com um sorriso contido nos lábios, exibindo suas covinhas para o outro.

– Ridículo. – foi a vez do esverdeado de revirar os olhos, entretanto com um sorrisinho de canto achando talvez um pouquinho bonitinho o que o outro dissera.

Hoseok suspirou diante a cena em sua frente e deu alguns passos para trás afim de sair dali. Admirava a conexão que ambos tinham, que eles estavam construindo aos poucos para ser mais exato. Ele não pode ter essa conexão com o loiro, e lamentava internamente de não ter passado de apenas um amigo que supria a carência do mesmo. De qualquer forma estava feliz por ele, estava feliz em ver que Jimin tinha alguém. Por outro lado se sentiu revoltado por ser Jeon, um garoto problemático que nem sequer trabalhava e tinha aparentemente a vida toda bagunçada.

– Vamos sair. – Hoseok quase ordenou sério observando os outros o encarar surpresos. O rapaz quase nunca tinha uma expressão tão dura no rosto quanto aquela naquele momento. – E Jeongguk! – chamou o mais novo que o encarou meio confuso. – Eu quero conversar com você, depois pegue o meu número com o Jimin. – Jeongguk acenou com a cabeça concordando distraído. – Bom, eu e o Tae estamos indo, tchau e melhoras Jiminie. – segurou a mão do mais novo levando-o junto de si para fora do cômodo.

– Estamos indo também. – Yoongi anunciou sem nenhuma brincadeira por trás de sua fala, ainda mais depois daquele comportamento estranho de Hoseok.

– Jeongguk, tenha certeza que o Hoseok não é o único a querer conversar com você. – Namjoon não deixou de falar notando a expressão receosa e constrangida no rosto do mais novo. – Enfim, boa noite aos dois.

– Boa noite. – responderam em uníssono.

– Tchau caras. Depois me liga, tá bem? – Yoongi se referiu ao loiro.

– Okay. – respondeu. – Tchau.

Jimin observou os amigos saindo. Estava tão exausto e cansado de dar satisfações. Passara praticamente a noite toda fazendo isso para aqueles quatro rapazes e sua mãe. Para Sun Hee inventara que havia salvado uma moça na rua que ia ser roubada, e a pequena logo ficara orgulhosa, com um brilho no olhar ao imaginar o irmão lutando como aqueles heróis de quadrinhos contra homens maus. Depois deu alguns beijinhos nos machucados do irmão e fora dormir pois estava ficando tarde.

Se sentia no limite, seus olhos pesavam e o dia tinha sido mais do que puxado. Queria estar dormindo também. Entretanto, não dormiria, não com Jeon Jeongguk o encarando tão piedoso e culposo. Não aguentava ver o mais novo daquele jeito. Fora que algumas partes de seu corpo doíam e aquilo o deixava desperto o suficiente.

– Eu já disse que está tudo bem comigo. Não precisa se lamentar tanto, sabe? Nem está doendo tanto assim. – tentou acalmar o coração inquieto do mais novo.

Jeon permaneceu em silêncio olhando para baixo como se refletisse no acontecera. Seus cotovelos estavam apoiados no colchão enquanto estralava seus dedos de forma nervosa.

– Deita aqui, do meu lado, por favor. – pediu calmamente assim que encontrou com as orbes castanhas escuras.

Assistiu-o se erguer do chão e caminhar até o lado direito da cama que estava livre. Deitou-se receoso temendo se mover muito e acabar esbarrando em algum hematoma recém-feito em Jimin.

O loiro passou a observar a sua feição bela enquanto o mesmo nervoso encarava o teto mordendo o lábio inferior. Aquilo o fez rir disfarçadamente. Ele preocupado era uma coisa tão... Preciosa.

Jeon parecia mais jovem com aquele tom de tintura no cabelo, aquele loiro quase escuro com o rosa mesclando de forma fraca, quase inexistente. Lembrou-se de quando havia tingido o cabelo dele e as mechas rosas ainda estavam fortes em seu cabelo, com certeza de uma forma descontraída e divertida para alguém tão sério e fechado. O mais novo tinha ficado tão desacreditado e surpreso com o resultado. E Jimin nunca soube se aquilo era um bom sinal. Apenas sabia que independente da cor que habitasse os fios de cabelos de Jeon ele continuaria bonito mais do que deveria.

– Jeongguk... – chamou-o calmamente.

– Sim? – logo o encarou com atenção.

– Você faria tudo por mim agora? – perguntou analisando-o piscar lentamente.

– Sim, hyung? Mas, por que essa pergunta? – confirmou mesmo estranhando aquilo.

– Eu quero fazer algo com você. – confessou arrumando sua posição para o encarar tentando parecer adorável, mas provavelmente não estava dando certo. Nunca soube agir de forma fofa.

– O que é? – se deitou de lado para dizer aquilo com uma expressão curiosa quanto aquela feição repentina do mais velho. – Lembrando que você precisa ficar em repouso.

O mais velho suspirou vendo que o outro teimaria em não fazer o que ele queria.

– Você sabe dirigir? – o mais velho perguntou. Ele tinha uma ideia em mente.

– Sei... – respondeu em dúvida. – Você precisa que eu compre um remédio? Você tá sentindo dor? – se sentou correndo o olhar pela aparência frágil de Park.

– Eu estou bem. – pela milésima vez tentou confortar a preocupação de Jeon. – Eu quero que você me leve a um lugar.

– Que lugar? Sabe que horas são agora? Eu não acho que isso seja uma boa ideia, hyung. – negou com a cabeça o encarando.

– Vamos para a Art Town. – jogou as cobertas de lado se sentando com cuidado. Fez menção em levantar e se arrependeu sentindo uma parte de seu abdômen se contrair em dor. – Hm, hnm. – grunhiu baixinho de costas para Jeon tentando não o preocupar mais ainda.

O mais novo bufou vendo que o outro insistia em levantar mesmo sentindo-se mal. Foi ajudá-lo a se levantar, segurou em seus quadris recebendo a atenção do mesmo para o ato e o ergueu com firmeza ao mesmo tempo que tomava cuidado com os machucados aparentes no peitoral e nas costelas.

O ajeitou em sua frente ainda segurando em sua cintura e percebeu que o mesmo colocava mais peso na perna direita do que na esquerda.

– Sua perna está machucada também? – perguntou inutilmente já que a resposta era óbvia.

– Sim, a acertaram na parte de trás, mas não acho que seja algo sério. –  caminhou um pouco tentando botar fé em suas próprias palavras e sentiu uma fisgada de dor fazendo-o parar subindo um pouco a perna.

– Você precisa cuidar disso melhor. – estalou a língua no céu deixando-se ser usado como apoio.

– Eu não tenho muitos remédios aqui em casa... A única coisa que eu fiz foi tomar banho para limpar o sangue e tomar um comprimido para dor. – contou-lhe enquanto apontava para a blusa de manga comprida na poltrona para Jeon a pegar.

– Eu vou cuidar de você. – foi pegar a blusa voltando com a mesma em mãos. – Levante os braços. – ordenou quando o loiro fez menção em tentar pegar a blusa e o mesmo obedeceu rindo sem graça. – Vamos deixar isso da Art Town para amanhã, okay? – disse enquanto terminava de colocar a blusa nele puxando as mangas para cobrir suas mãos como ele gostava. – Vamos para a minha casa, lá com certeza tem mais remédios para ferimentos do que aqui. – fez brincadeira com sua própria situação de antes.

Park ficou o encarando sério e depois acertou um tapa em seu braço.

– Não gostei da piadinha com você mesmo. – avisou batendo mais uma vez fazendo-o rir. – Agora vem aqui. – puxou-o pela nuca encarando os lábios avermelhados e atacando-os de forma repentina.

Jeon suspirou surpreso.

Brincou com o lábio inferior do mais novo sugando-o assim como ele fazia consigo sempre. Jeon foi encerrando o beijo de forma calma deixando pequenos selos nos lábios inchadinhos e com um leve corte.

– Tá bom, eu aceito ir para a sua casa. – fez uma expressão de quem tinha sido convencido de fazer algo.

– Eu pensei que já tinha convencido  quando eu colocava sua blusa. – riu fraco assistindo-o tirar a calça moletom que usava. – O que está fazendo?

– Pega uma calça jeans para mim ali no guarda-roupa, por favor. – pediu. – E ah, é difícil de alguém me convencer a fazer algo que eu não queira.

– E você não quer ir para minha casa? – procurou por uma calça no guarda-roupa. A maior parte das roupas de Park eram blusas casuais, camisetas claras e jaquetas estilosas. Ele realmente deveria gastar dinheiro em jaquetas, porque elas pareciam ser baratas. Suas calças eram poucas e a maioria eram rasgadas de alguma forma. Achou uma que não era rasgada e era em um tom de azul claro que obviamente combinava com o mais velho.

– Claro que eu quero e é por isso mesmo que você me convenceu rápido. – Jeon a calça trazia com uma expressão agradável. – Até porque remédios são uma coisa realmente atrativas para mim... – ironizou e logo começou a vestir a calça. – Enfim, por que escolheu essa calça?

– Porque ela é bonita. – deu de ombros.

– Ela é sem rasgos. – apontou para os joelhos onde nas outras calças tinha os rasgos.

– Você fica muito... – pensou um pouco. – muito "wow!" com aquele tipo de calça.

– "Muito wow"? Tipo, muito chamativo? Muito sexy? – segurou o riso.

– É, isso... E você só vai para a minha casa mesmo, não precisa ficar chamativo.

– Hum, okay. – estreitou os olhos para o mais novo que corou levemente.

– E se eu te falar que está frio lá fora? – arqueou uma sobrancelha.

– Você não é bom com mentiras. – desdenhou rindo fraco.

– Isso é porque eu nunca menti para você... Ainda. – provocou sorrindo ladino recebendo um grunhindo de surpresa de Park.

– Psiu. – chamou-o com o dedo e o mesmo riu hesitando. – Está com medo de mim? – o mais novo negou e se aproximou de vez recebendo um tapa — que logo se protegeu não deixando-o acertar em sua cabeça.

– Aish! Você é muito agressivo. – gargalhou desviando das tentativas frustadas do mais velho em o acertar. – Vamos. – segurou na cintura dele o ajudando a caminhar.

– Sua sorte é que estou incapacitado de fazer algo com você. – murmurou com um pequeno bico bravo nos lábios.

Jeon processou as palavras proferidas e não demorou em se lembrar do que a Sra. Park o dissera o constrangendo. Não queria nem pensar no que havia se passado pela cabeça da mais velha no dia que transou com Park, e talvez, ela tinha ouvido a segunda vez depois de alguns dias. Dessa vez o pintor que gemia alto, até demais...

"Que vergonha..."

– Jeongguk-ah! Você está ouvindo o que eu estou falando? – apertou o braço ligeiramente sobre o ombro do outro chamando-lhe a atenção. – Por que está com essa cara? Está envergonhado por ter que me ajudar!!!? – perguntava recebendo apenas olhares perdidos em troca.

– Não... Não, é o-outra coisa. Eu estava só pensando. – respondeu rindo de nervoso.

Park o analisou com cuidado. Estavam descendo às escadas e essa era a atenção do mais novo naquele momento. Não queria acabar cometendo um erro bobo e fazer o estado do loiro piorar.

– Está tudo bem? – perguntou o loiro pensando que poderia ser algo sobre Lian-Hwa.

– Sim, está. – respondeu simples evitando contato visual. Terminou os últimos degraus ajudando Park a terminá-los juntamente.

Ficou encarando-o esperando que o mesmo falasse o que ele estava sentindo. Era inevitável não se preocupar com Jeon, ainda mais porque já tinha esse instinto protetor.

– Sério, não é nada demais. – respondeu esperando que não o incentivasse a falar sobre.

Park suspirou desistindo de insistir, se o outro quisesse iria acabar falando sobre o que pensava quando se sentisse confortável alguma hora.

– Tudo bem.

Ao chegarem no carro, Jeon se sentou rapidamente no banco do motorista. Queria chegar logo em casa, para cuidar de seu hyung e deixá-lo dormir em paz por boas e indeterminadas horas.

– Sua mãe vai ficar preocupada se você não a disser nada. – se referiu a estarem saindo de madrugada, sem aviso algum.

– Eu sei, vou mandar uma mensagem. – pegou o celular passando a mexer no mesmo.

O caminho se passou desse modo. Park distraído com seu celular após mandar a mensagem para a sua mãe e Jeon pensativo atento às ruas desertas da madrugada. Raramente outro carro aparecia, porém fazia tanto tempo que não pegava em algum carro que tinha medo de se distrair e bater em um poste. Isso era tão a cara de Jeon.

– Você costuma dirigir? É novo, aprendeu a pouco tempo, não é? – o loiro perguntou ainda sem tirar a atenção do aparelho.

– Na verdade, meu pai me ensinou pouco tempo antes de… Você sabe. – pigarreou olhando-o de canto de olho. – Eu era menor de idade, mas ele me levou para um lugar bem reservado que ninguém iria e me ensinou – deu uma pausa se recordando e sorrindo. – Foi… um dos melhores dias que eu tive com ele, foi tão divertido.

Jimin já havia parado de fuçar em suas redes-sociais passando a dar total atenção ao que o mais novo contava-lhe. Era bom ver que ele se sentia bem o suficiente para tocar naquele assunto. Por um lado se sentia um pouco frio quanto aos sentimentos que o outro carregava dentro de si, pois nunca se esforçava o suficiente para saber se o mesmo estava bem, ou entender melhor sobre a vida do mesmo. Era egoísta, e internamente se xingou ao perceber esse detalhe. Não queria ser invasivo, mas se tivesse sido um pouquinho talvez pudesse ter evitado a situação de atualmente, certo? Não que a situação no presente fosse ruim, mas quando o tratou de forma indiferente, aquilo podia ter o ferido seriamente.

Jeongguk tinha seu psicológico em bom estado? O mais velho se perguntou enquanto o encarava e escutava mais algumas historias, rindo de vez em quando lhe era enviado um sorriso. Jeongguk com certeza não tinha seus pensamentos e sentimentos no lugar certo. O mais velho se negava a ver isso, fingia que estava tudo certo quando na verdade não era assim que funcionava as coisas. Jimin não podia ser a única fonte de alegria do mais novo, isso era tão egoísta, tão cego. E se um dia Jeon o perdesse? O que seria do mais novo que estaria acomodado com o pensamento de que sempre teria Jimin para o deixar feliz. A vida não era assim, e era idiotisse da parte do mais velho não ter enxergado isso antes.

O sentimento de culpa que Jeongguk carregava em seu peito, não era apenas pela morte de seu pai, era por ser covarde, depressivo e não se achar o suficiente para as pessoas.

Jeongguk não se amava.

(…)

Adentraram a casa rapidamente por estar a ventar um pouco. Seus passos foram cuidadosos, porém o mais novo tentou ser o mais rápido possível para chegar no quarto, pois Park passava a reclamar de sua perna. E se ele estava reclamando era que um bom sinal, não era.

– É melhor a gente passar no médico amanhã, não acha? – perguntou ao ajudá-lo a sentar na cama indo em direção ao banheiro para pegar o kit de primeiros socorros.

– Eu realmente não estou afim de ir, mas se você insistir mais uma vez eu acabo aceitando. – revirou os olhos rindo nasalado.

– É melhor a gente passar no médico amanhã, não acha? – repetiu cada palavra que havia dito antes, ouvindo um gargalhar como resposta.

– Tudo bem, Jeon Jeongguk. – cessou o riso lembrando-se do que havia pensado durante o trajeto até aquela casa. Ficou sério, mas parou para reparar no quarto do garoto.

Nunca tinha entrado naquele cômodo. Era grande, moderno, limpo, mas com certa bagunça. As luzes ficavam nas laterais, e pareciam ser do tipo ajustável no interruptor para deixar o ambiente mais claro ou mais escuro. No momento, se encontrava em uma luz baixa e confortável aos olhos. Se arriscou a levantar um pouco para ver um pouco melhor as coisas dali de dentro. Podia escutar o mais novo fuçando em algo dentro do banheiro, e aproveitou do momento para andar mancando um pouco até o guarda-roupa. Abriu uma das portas e observou as roupas de Jeon, assim como o mesmo havia feito consigo. A maioria das roupas ainda estavam com a etiqueta da loja que fora comprado. Era roupas caras, compradas pela internet. Claro, Jeon não podia sair de casa, pois o maldito padrasto o proibia de fazer tal. Havia muitas roupas casuais, aquilo combinava com o mais novo.

– É feio mexer nas coisas das pessoas sem as mesmas saberem, hyung. – o sussurro perto do ouvido de Park que iria abrir uma gaveta o fez dar um pulinho com o susto, sentindo seu coração dar um solavanco.

– Jeongguk-ah! – exclamou alto se virando devagar para o outro que estava rindo. – Eu não posso mais querer saber mais de você, não? – fez uma expressão quase inocente.

– Claro que pode. – fechou a porta do guarda-roupa ainda aberto atrás do mais velho, apoiando seu braço na mesma, consequentemente deixando seu corpo mais próximo dele. – O que acha que tem nessa gaveta?

Jimin pensou um pouco ficando envergonhado pelo olhar que lhe era lançado.

– Não sei, cuecas, talvez. – deu de ombros desviando o olhar quando Jeon riu.

– Sim, são cuecas. Por que você iria querer conhecer o tamanho de cueca que eu uso, hyung? – segurou o riso vendo que Jimin ficava com as maçãs ruborizadas.

– Não, Jeon. – riu de nervoso. – Eu só estava curioso, você sabe disso, idiota.. – usou o peitoral e o ombro do mesmo como apoio, notando que nas mãos Jeon carregava uma maleta e algumas outras coisas que não sabia direito serem.

– Meu aniversário está próximo, se você quiser me dar uma cueca de presente saiba que eu prefiro boxer preta. – falou sério, porém pela frase, era perceptível que era uma brincadeira.

– Prefiro te dar um sutiã preto, daqueles de renda, sabe? – entrou na brincadeira recebendo uma gargalhada alta em troca, fazendo-o rir junto enquanto observava seus lábios rosados e seus dentes alinhados, com seu formato infantil engraçadinho. – Quando é o seu aniversário?

– Dia primeiro de setembro. – disse indo até a cama deixando na beirada as coisas que segurava. – Por que? Realmente quer comprar um sutiã sexy para mim? – mordeu a ponta do dedo fazendo uma pose digna de uma modelo da Victoria's Secret.

– Ah, claro. – riu tampando a boca sentindo seus olhos fecharem, e por estarem um pouco inchados, aquela ação o fazia sentir um pouco de dor.

Jeon percebeu como o mais velho tentava diminuir o sorriso como se aquilo provocasse dores em seu rosto ferido. Suspirou tombando a cabeça para o lado e chamando-o com o dedo indicador.

O mesmo caminhou segurando-se um pouco no guarda-roupa e logo parou em sua frente esperando pelo o que o outro queria que fizesse. Ajudou a tirar sua camisa, tomando cuidado com partes mais machucadas de seu corpo. Park sempre tentando disfarçar quando sentia alguma dor, ou quando sentia seu ar ficar um pouco dificultado por conta da costela que parecia arder um pouco. Logo foi a vez de tirar a calça jeans e Jeongguk não se surpreendeu por ter mais machucados, as laterais de suas coxas estavam repleta de tons arroxeados, alguns mais escuros como se fosse um alvo durante mais tempo de agressões para ficar mais machucado.

– Se eu fosse fraco eu não estaria nem me aguentando em pé, sabia? – o loiro tentou quebrar um pouco da tensão que se estabeleceu no cômodo. Lançava um olhar firme para o moreno que suspirou.

– Eu sei que você é forte, você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço. – sorriu de lado sendo retribuído. – Mas, que tal se você só se deitasse e deixasse eu cuidar desse seu corpo perfeito? – arqueando um sobrancelha bateu no travesseiro perto da cabeceira.

O mais velho balançou a cabeça rindo ao ouvir o "perfeito" sair dos lábios do mais novo.

– Eu sei que eu sou uma maravilha mesmo, mas é pra tanto assim? – perguntou ao deitar se ajeitando confortavelmente nos travesseiros.

– Queria ter esse amor próprio que você tem. – comentou enquanto pegava gases e um remédio específico para ferimentos.

Começou a aplicar em machucados um pouco mais sérios, pois eram os que mais precisavam de atenção, e quanto antes melhor. Park resmungava alguns xingamentos baixinho fechando os olhos por alguns segundos.

– Jeonggukie… – chamou baixinho depois de alguns minutos.

– Sim? – respondeu concentrado no que fazia.

– Eu estive pensando… – o mais novo desprendeu seu olhar um pouco do ferimento que cuidava para encarar seu hyung. – Você passou por muita coisa, muita coisa ruim, muitas coisas novas, muitas emoções para alguém tão jovem. – completou observando a expressão preocupada que tomava o rosto de Jeon. – Não se preocupe, eu não vou querer me afastar, não é sobre isso que se trata o que eu quero falar…

– Então, o que é? – sua postura meio relaxada se tornou um pouco tensa.

– Como posso te dizer isso, sem te deixar magoado? – respirou fundo procurando as palavras certas. – Eu acho que… – notou os olhos confusos e tristes o encarando fixamente esquecendo-se completamente do machucado. – Eu quero me aprofundar mais "nisso" que nós estamos tendo, mas se você não estiver 100% bem nós não vamos acabar bem. Eu estou sendo sua única fonte de alegria e você já deixou isso mais do que claro para mim várias vezes. Eu não posso ser a sua felicidade, Jeongguk. Você tem que estar feliz porque você merece ser feliz! Você merece estar bem consigo, estar mentalmente saudável. Você me entende? – se sentou sobre a cama lançando um olhar curioso e apreensivo.

O moreno parou completamente de passar o algodão sobre um pequeno corte na pele do loiro à sua frente. Seu olhar vacilou encarando um ponto cego do quarto, enquanto digeria sobre o que lhe era falado.

– O que você quer que eu faça? – negou veemente com a cabeça. – Que eu me interne em uma clínica psiquiatra!? Você me acha maluco? – seus lábios tremeram mostrando a sua indignação. – É isso? – baixou seu tom de voz e seu olhar mostrava o quão magoado estava com aquilo. – Você acha que eu posso te fazer algum mal?

– Kook, quer dizer, Gukkie… – se corrigiu rapidamente.

Jimin teria que ter paciência e ser cuidadoso com o assunto.