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História Colors - As Novidades Passadas


Escrita por: lycorisrose

Capítulo 5 - As Novidades Passadas


 

2-D apertava com força o tecido da calça marrom, sentindo o estranho ranger das unhas com o tecido, um leve toque de estranheza e calma. Com os dentes caninos ele tentava morder os lábios na tentativa de se acalmar melhor, já que os movimentos repetidos dos dedos estavam lhe dando dores nas juntas, além de seu ombro estar completamente imobilizado, impedindo movimentos diretos. Sua calma se fazia na repetição de tiques, e não se lembrava da época em que os adquiriu. 

O velho senhor chegou perto do azulado, que observou quieto enquanto o de barba rala branca e careca se sentava com cuidado na cadeira de couro atrás da mesa. Usava um jaleco, típico dos médicos, e óculos de lentes grossas com armação preta e tinha uma tala barba branca. 

– Bom dia senhor Pot, perdoe-me pela demora – o velhinho começou, tossindo um pouco com a sua própria voz trêmula Ele se sentou na cadeira e se virou diretamente para 2-D. – seu exame geral saiu, e, bem, os resultados são medianos. 

– O-o que houve? – 2-D perguntou engolindo em seco. Seus dedos se chocavam em movimentos contínuos uns contra os outros, as orbes completamente pretas encarando o médico em expectativa e medo.  

– Bom, tudo está bem no seu sistema respiratório, a preocupação óbvia são as suas costelas quebradas, por sorte os ossos não perfuraram nenhum órgão por mais que tenha demorado – o velho suspirou. – ,além do ombro deslocado.  

Tudo aquilo eram apenas detalhes. 'D sabia que algo na área dos tórax não estava certo, além do mais, ele não se lembrava muito de como havia sido a noite. Suspirou aliviado, porém o senhor lhe chamou novamente a atenção.  

– Mas, a psicóloga conversou com você e, bom, os resultados não foram... Positivos, desta parte. 

2-D se endireitou na cadeira. 

– Você já lidou com depressão alguma vez, senhor Pot?  

Um nó se formou na garganta dele. As palavras existiam, mas não saíam de sua boca.  

– Não. – respondeu direto, apenas evitando o olhar direto ao médico.  

– O estado de sua saúde mental é preocupante. Apenas o que foi dito na noite anterior poderia ser classificado como...  

– Insano? – completou a frase sem perceber.  

– Não, ainda não. Apenas isso, preocupante. Eu vi aqui que você ia periodicamente a uma psicóloga. 

"É, ele costumava ir." 

2-D parou para pensar. Sua última consulta havia sido há mais de um mês. Depois disso, faltou todas as consultas. Talvez esse tenha sido o seu erro. 

– Eu vou voltar a fazer as consultas – disse, recostando-se novamente na cadeira. 

– É, eu sugiro isso. – o médico ajeitou os óculos que usava, tossindo em seguida. 2-D não parecia tão ruim daquele ponto. Enquanto o velho anotava a receita no papel, Stu se perguntou quantas vezes ele passou por algo semelhante. – Bem, agora você precisa tomar estes medicamentosa para dor. Mas tome cuidado e os tome periodicamente para nenhum problema em seu organismo. Quero vê-lo novamente daqui a três dias para um novo exame. 

2-D já de pé, recebeu uma receita médica com diversos calmantes, como se o seu problema fosse a raiva ou tensão, mas acatou a ordem e pegou uma das amostras. 

Abriu a porta da sala e a fechou atrás de si. Tocou seu olho roxo, sentindo a pontada de dor ao leve toque. Sua visão estava dividida, apenas um dos lados era possível enxergar. O outro estava tapado com uma bandagem de proteção, mas a sensibilidade era forte para qualquer toque doer. 

O ombro impedia diversos movimentos de serem feitos, mas era o de menos. Ele iria conseguir fazer o básico. Também já tinha um atestado para justificar sua falta na loja em que trabalhava, então tudo estava "bem". 

Virou para o lado, vendo os três esperando enquanto estavam sentados nas cadeiras do hospital. 

– Ey... – se aproximou devagar do grupo, ainda sem jeito. O primeiro a chegar perto dele foi Russel, dando-lhe um rápido abraço – devido ao ombro.  

– Cara, nunca mais dá esses sustos na gente – ele disse antes de se desvencilhar do abraço. 2-D sorriu e fez um movimento positivo com a cabeça. 

– Que bom que você está bem! – Noodle se aproximou e apertou sua mão com força. Ela estava com óculos escuros, então não era possível ver os olhos inchados. – Eu fiquei tão preocupada! Eu não sabia o que fazer! 

– Mas pelo menos ele está melhor! – dessa vez foi Murdoc que se aproximou. Ele iria dar uma batida nas costas de D, mas ele se esquivou. 

– Olha, o melhor a fazer agora é descansar. Poderia ter sido pior, não é? E não foi. – Russel falou, já pronto para ir. – Eu tô de carro, é rápido. 

– Hum, certo. 

 

. . . O caminho em si foi rápido, como sempre costumava ser, porém ter 2-D e Murdoc no mesmo espaço era algo que fazia qualquer um sentir uma estranha tensão no ar. Por sorte o verde estava no banco da frente e isso evitou mais contato, mesmo assim, aquele silêncio forçado deixavam todos os quatro impacientes e muito desconfortáveis. 

Aquela pequena informação batia com força na cabeça da jovem Noodle, que antes via todos unidos como uma família e agora, estavam quase como estranhos dividindo um mesmo espaço. 

Foi por essa razão que ela decidiu ficar com 2-D na casa dele. 

Ela fez questão de fazer a comida, estranhando fato de ter ração de cachorro na geladeira. Era algo rápido, pois além de querer trazer um clima melhor para o azul, ela também queria matar um pouco da saudade. 

– E o que você fez durante esse tempo? 

2-D perguntou, ambos já estavam no sofá comendo uma porção de macarrão. Noodle recostou-se na almofada, encarando as orbes escuras. 

– Bom, depois de tudo aquilo eu acabei parando em uma vila pesqueira e fiquei lá por um tempo junto com a Chiyoko. 

– Hum, é uma amiga sua? 

– Oh, pode se dizer que sim. Ela cuidou de mim enquanto eu estava ferida, e acabamos ficando amigas. Mas, enfim, eu acabei por ficar lá, pescando no fundo do mar até eu acidentalmente libertar um demônio antigo ao mundo atual. 

2-D havia acabado de colocar uma garfada da comida na boca, mas acabou por se engasgar ao ouvir aquilo. A nipônica não evitou de rir da cena. 

– É, longa história, mas no final deu tudo certo, eu cortei a cabeça dele  e o matei. 

Ele se engasgou mais ainda. 

– Isso é... – ele parou par pensar – Olha, incrível. 

– É, eu realmente me superei nessa – ela cruzou as pernas, ficando mais próxima de 'D. Ambos estavam sozinhos na casa, então aquele espaço único parecia gigante. Pelo menos ele tinha companhia, e uma das melhores que poderia imaginar. 

– Acho que esses anos fora serviram para me fazer refletir – Noodle disse – quer dizer, mais do que antes. Mas é bom estar de volta. 

Seus olhos pararam de encarar o vão e se voltaram para ela novamente. A garotinha de anos havia finalmente crescido.  

– Por mais que eu não saiba se um dia a banda vai voltar ou não, é bom ter todos reunidos... Quase todos, mas ainda sim. 

– Eu sei que Murdoc fez todas aquelas atrocidades, mas, ele realmente está em um "arco de redenção" – ela fez o sinal de aspas com os dedos. 

– Eu ainda não acredito nisso. 

– Olha, eu tive uma ideia – ela voltou a falar, em um tom mais alegre. – Que tal amanhã você ir comigo e com o Murdoc para o estúdio? Estamos fazendo algumas coisas bem legais, eu acho que você vai gostar. 

Ele parou para pensar, mas logo a respondeu com um simples sorriso. Uma visita não faria mal, certo? 

– Que bom! – Noodle o abraçou forte, mas com cuidado por causa do ombro. 2-D não havia percebido do quanto havia sentido saudade do abraço da sua menor quanto naquele momento, em sua casa, com macarrão jogado em suas pernas, calma e tranquilamente. 

– Eu vou ter que limpar isso... – 2-D olhou para suas próprias pernas, vendo o molho escorrido pela calça. 

– Eu te ajudo! - ela se levantou e correu para a cozinha, deixando escapar a risada ao final do caminho. 

Bem, se aquela mesma coisa tivesse ocorrido na época dos Estúdios Kong, ele não teria dúvidas que ela faria a mesma coisa. Mas da última vez que a viu, ela estava tão diferente, como ela pôde ter mudado tanto, daquela forma? O tempo poderia lhe responder isso. Ela sempre foi aquele amor de pessoa por mais que tivesse sido treinada para ser uma arma viva. 

Noodle ficou mais um tempo junto com ele conversando até que percebeu o horário passar. E 2-D, sendo protetor como sempre costumava ser antes de toda a bagunça, não a permitiu sair tarde – mesmo com ela insistindo sobre sua maioridade e direitos – e a alocou na própria cama, decidindo ficar no sofá para deixá-la salva e confortável. 

– Tootie, você não tem jeito nenhum... – foi a única coisa que ela disse antes de bagunçar os fios azuis de Pot e se deitar na cama. 

– Eu sei – ele respondeu. – Boa noite. 

Não fazia diferença para ele dormir naquele sofá mesmo com o ombro ferido. Era até bom, pois ele sentia que não estava mais sozinho naquele espaço e sentia algo cobrindo seu interior. O pensamento continuava a ser positivo, e ao perceber isso, sorriu de forma genuína em frente ao teto da sala, com as janelinhas à mostra e até mesmo uma risada. 

E realmente era algo bom. Tudo estava retornando ao seu eixo. Ele poderia ter uma vida normal novamente, ou talvez uma vida mais agitada que a que estava tendo antes por estar ao lado de quem se importa consigo. E foi dessa forma que ele adormeceu, pensando no futuro que poderia ser mais positivo que o seu anterior.

 

 


Notas Finais


E eu estou de volta! Quero agradecer muito pelas visualizações, favoritos e comentários, sério, vocês são muito amor, de verdade.
Bem, o próximo capítulo não vai demorar tanto, e ele será praticamente uma sequência desse agora. Então eu espero que tenham gostado!
Um abraço.
Até o próximo capítulo.


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