História Com Amor... Haruno Sakura - Chamas crepitantes

A viagem até Yougangakure no Sato deveria durar pelo menos 20 dias, ida e volta, porém o time 8 a cumpriu em tempo recorde utilizando menos da metade do tempo previsto para estar de volta aos portões de Konoha.

O Nanadaime esperava ansioso em sua sala quando isto lhe foi reportado, Shikamaru e Sasuke já estavam respectivamente aos seus lados direito e esquerdo quando finalmente as leves batidas na porta ressoaram pelo ambiente.

Imediatamente o Uzumaki permitiu a entrada de seus companheiros, deixando um grande sorriso aliviado escapar ao avistar a cabeleira ruiva de sua prima. Ele já ia levantar-se para cumprimentá-la quando uma última figura atravessou a porta.

Tanto o Uchiha quanto o Nara imediatamente levantaram a guarda observando desconfiados as feições despreocupadas de Kabuto Yakushi, Naruto também franziu o cenho mas se acalmou ao receber o olhar da esposa que lhe dizia claramente "está tudo bem, eu explico mais tarde".

Dessa forma seu sorriso voltou aos lábios, ele confiava em Hinata o suficiente para relaxar e se preocupar somente em procurar Sakura. Tendo em vista que Karin já estava a par da situação principal, ele liberou os shinobis do time 8 para um merecido descanso e o ofereceu também a Kabuto que negou educadamente se aproximando mais da ruiva conforme os outros deixavam a sala.

Em silêncio e completamente despercebidos Sasuke e Shikamaru trocavam olhares que diziam a mesma coisa: "Tome cuidado e fique de olho nesse cara", ambos temiam a capacidade do discípulo de Orochimaru assim como seus objetivos ali, todavia acharam mais sensato baixar um pouco as suas guardas e focar na conversa a fim de não levantar suspeitas.

-Antes de mais nada eu gostaria de agradecer a sua ajuda Karin-chan -- o loiro sorriu.

-Não precisa dessas formalidades -- ela respondeu -- não me custa nada dar uma mão, principalmente por se tratar da Sakura.

-É verdade, parece que vocês se deram bem durante a guerra 'ttebayo -- coçou a cabeça.

-Mais do que bem, estou em dívida com ela -- a seriedade na voz de Karin surpreendeu até mesmo Sasuke, que não se lembrava de um lado tão determinado na mulher.

-Muito bem -- Shikamaru resolveu interromper -- a viagem foi longa, descansem um pouco e depois ficarei feliz em deixá-los a par das situações de busca.

-Podem ficar na minha casa se quiserem, temos muito espaço -- Naruto ofereceu.

-Mas é cabeça oca mesmo -- a ruiva resmungou -- Eu não vou dormir sob o mesmo teto que recém casados! -- ela estava levemente corada.

-Ué por que? -- Perguntou, sem ao menos perceber os revirares de olhos por toda a sala.

-Podemos ficar numa pousada -- Kabuto sugeriu, querendo fugir daquele assunto.

-Não precisa -- Sasuke finalmente se pronunciou -- podem ficar em uma das casas do clã.

-Você não acha que elas precisam de algumas reformas? -- o Nara retrucou.

-Tenho tido muito tempo livre -- foi apenas o que bastou para a discussão ser encerrada.

-Certo -- Naruto tomou a palavra -- se estabeleça, descanse um pouco, coma algo e volte daqui a uma hora para que Shikamaru lhes passe todas as informações necessárias.

Os dois assentiram, embora o Uzumaki falasse diretamente a Karin, não incluindo Kabuto em momento algum. Já estavam de saída quando a porta foi praticamente escancarada por um furacão ruivo que pulou em cima deles quase os levando ao chão.

-Karin-nee-chan -- gritou -- Nii-san!

-Kaori -- Kabuto deu risada do jeito destrambelhado da mais nova.

-Você não deveria estar no hospital? -- Naruto perguntou preocupado.

-HOSPITAL? -- Karin berrou -- O que foi que você aprontou dessa vez? Aliás, como vocês se conhecem? -- apontou do loiro para a sua irmã.

-Eu soube que vocês estavam na vila e quis vir dar as boas vindas -- deu um sorriso envergonhado -- e quanto ao hospital eu recebi alta hoje de manhã, ainda não estou liberada para fazer nenhum esforço, mas posso finalmente sair daquela prisão -- dramatizou, mas ao observar a expressão não satisfeita no rosto da irmã ela decidiu continuar -- É uma longa história nee-chan -- resmungou.

-Ainda temos algum tempo -- pôs as mãos na cintura.

Kaori acabou contando da forma mais resumida possível sobre o esbarrão e o primeiro sequestro da rosada, de como havia adorado aquela aventura, mas acabou se machucando um pouco e esteve se recuperando desde então.

Eles riram um pouco da narração animada, contudo não quiseram se demorar muito mais por ali, já que poderiam estar atrapalhando o trabalho do Hokage.

Sasuke os seguiu até o lado de fora do prédio, apenas escutando a conversa animada dos outros três. A partir dali ele iria na frente guiando os visitantes pelo melhor caminho até o distrito Uchiha, já estavam na metade quando algo surgiu na mente de Karin que imediatamente se dirigiu a Kaori.

-Se você já está de alta, onde estão as suas coisas? Já arrumou algum lugar pra ficar?

-Estou de favor na casa de um amigo.

-Um amigo.. sei -- deu uma cotovelada de leve nas costelas da outra -- juízo menina.

-Não seja tão cruel -- Kabuto intercedeu risonho -- ela já tá tão vermelha quanto os seus cabelos.

-Você mima demais essa garota -- Karin fez biquinho.

-Não me diga que está com ciúmes nee-chan -- a mais nova sorriu maliciosamente atiçando.

-Dele? -- A outra se fez de indiferente, embora sentisse suas bochechas quentes -- Nem em mil anos.

-Deixa ela se iludir -- o Yakushi sussurrou nos ouvidos de Kaori lhe causando risadas.

-Ei! -- Karin retrucou, dando um tapão na cabeça dele -- sem segredinhos.

Depois disso o silêncio se instaurou entre os quatro, embora vez ou outra Kabuto e Kaori encaravam-se e a mais nova não segurava a risada ao ver a cara de desgosto de sua irmã gêmea.

Não demoraram a chegar no portão do distrito Uchiha de onde Kaori se despediu e os outros seguiram. Sasuke lhes mostrou uma casa espaçosa com vista para o grande lago, não muito distante da residência principal.

Deixou a chave com a Uzumaki que já entrou se sentindo em casa e procurando o banheiro mais próximo almejando um banho quente. O Yakushi faria o mesmo se o moreno não tapasse o seu caminho no momento que a ruiva já não pudesse ser vista.

-Por que você está aqui? -- foi rápido e direto.

-Exatamente pelo mesmo motivo que está me fazendo essa pergunta.

-Eu não gosto de joguinhos.

-Eu também não.

-Então me responda direito.

-É simples Sasuke -- Falou baixo, puxando a letra s em sua fala como uma cobra, manias adquiridas pelo trabalho -- É por não confiar em mim que você fez essa pergunta, então eis a sua resposta -- Empurrou o dedo indicador no peito do outro -- Eu não confio em você.

-Kabuto! -- a voz de Karin soou de dentro da casa -- Pode trazer a mochila? Preciso pegar algumas coisas.

-Já estou indo -- respondeu, antes de virar-se para o Uchiha e olhá-lo nos olhos sem medo algum -- Eu não esqueci o que você fez, Karin tem essa coisa de confiar demais nas pessoas, mesmo as que já lhe traíram, estou aqui para garantir que você não o fará de novo.

-Você dentre todas as pessoas está falando de traição e confiança?

-Diferente de você eu não tentei matar as pessoas que amo por causa de hormônios e uma mente confusa -- aquelas palavras foram como facadas no peito de Sasuke -- Não permitirei que sequer pense em chegar perto dela -- falou por último, batendo seu ombro contra o do mais alto antes de cruzar a porta para levar o que Karin pedia.

Apartamento de Tsunade Senju

A Godaime havia acordado radiante naquele dia, ela finalmente desvendou duas, das três frases que encontrara.

"Eu só queria um lugar para descansar"

"Como a sombra de uma folha"

Essas frases, Tsunade quis se bater quando percebeu, eram falas do seu avô daqueles momentos gostosos em que ele lhe contava histórias sobre o mundo antes da vila da folha existir.

Ela havia sonhado com Hashirama naquela noite, revivido bons momentos de sua infância e um deles foram as noites aconchegantes no colo do homem babão, enquanto tentava fazer tranças em seus cabelos e ouvia os seus relatos.

Foi quando escutou aquelas frases da própria boca dele que ela acordara, num salto correndo até a escrivaninha e anotando o significado das duas primeiras.

A terceira ainda lhe trazia dúvidas, mas o seu coração mantinha-se calmo e leve depois do grande avanço daquela manhã. Ela só precisava olhar para dentro de si e a resposta viria, a loira sabia disso.

"De um deus à uma sombra"

O que significaria isso?

Estava tão concentrada em seus pensamentos que assustou-se com o barulho alto vindo da cozinha. Ao entrar no cômodo Tsunade pôde identificar algumas panelas caídas no chão, imaginou que tivesse sido o vento, mas quando abaixou-se a fim de juntá-las encontrou outro tubinho prateado entre os utensílios.

Sem nem pensar, ela puxou o pequeno objeto, abrindo-o de uma vez e encontrando a frase que mudaria tudo.

"Agora observo minha conquista"

Qualquer outra pessoa em seu lugar ficaria confusa, mas aquelas mensagens eram para ela e no momento que Tsunade pôs os olhos no último papelzinho as suas memórias voaram para um tempo pacífico onde Konoha não passava de um pequeno amontoado de casinhas no meio da floresta.

Flashback on

-Vovô, Vovô -- a menininha loira pulou agarrando-se às pernas do homem alto de cabelos castanhos e lisos -- Porque tão desenhando o senhor na pedra grande?

-Porque eu sou um Hokage Tsuna -- ele se abaixou pegando-a no colo -- sabe o que significa essa palavra?

-Não -- a pequenina negou.

-Significa sombra do fogo -- ele sorriu com a sua confusão -- porque nós vivemos no país do fogo e eu sou a sombra dele, aquele que mesmo de longe cuida e protege as pessoas.

-Porque somos uma família beeeeem grandona né vovô?

-Isso mesmo -- fez um carinho nos cabelos bagunçados da neta -- e o meu rosto estará esculpido na pedra para que todos na vila da folha se sintam cuidados e protegidos mesmo quando eu não estiver mais aqui, é um símbolo de que sempre estarei observando a nossa casa.

-O senhor vai embora vovô?

-Não Tsuna, pelo menos não tão cedo.

-Que bom porque eu ficaria com saudade, eu amo o vovô.

-Eu também te amo pequenina

Flashback Off

Hashirama.

Era esse o simples significado de tantas pistas.

"De um deus à uma sombra"

"Agora observo minha conquista"

A cabeça de Hashirama no Monte Hokage, um destino muito mais perto do que ela imaginava.

Sem pressa a Senju preparou o seu equipamento ninja, vestindo-se adequadamente para uma missão, pegou também os tubinhos e as mensagens pensando se talvez precisaria deles.

Por fim saiu pela janela saltando sobre os telhados de Konoha, talvez devesse ter cogitado avisar alguém, no entanto se aquelas mensagens eram direcionadas somente a ela e apenas poderiam ser decifradas por si, Tsunade decidiu tomar aquilo como um convite e se apresentaria sozinha.

Não precisou de muito esforço para driblar os poucos ninjas que haviam por perto antes de se esgueirar entre as pedras até chegar à lateral esquerda da cabeça, nos limites da escadaria, seus olhos atentos percorreram por todos os lados até encontrar uma rachadura perto da bandana do Shodai Hokage, ela não tinha um formato certo, mas mantinha um pedaço da rocha um pouco saltada.

Com isso a mulher decide se aproximar um pouco mais, tocando o pedregulho e sentindo-o solto, dando um leve empurrão o objeto encaixou-se ao seu lugar e o barulho abafado de algo se arrastando lhe chamou a atenção para uma espécie de porta que se formava na montanha.

Meio incerta ela entrou, um arrepio forte percorreu o seu corpo quando a pedra tornou a selar-se deixando o local numa penumbra infinita. Devagar ela alcançou uma tocha antiga na parede e a acendeu com um isqueiro que trazia consigo.

Podendo observar melhor o lugar ela chegou a conclusão de que era uma caverna bem antiga que provavelmente fora utilizada como um dos primeiros abrigos de evacuação da aldeia, que posteriormente foram movidos de lugar e modernizados, deixando aquele local completamente esquecido.

Sem saber direito o que fazer, Tsunade decidiu explorar um pouco aquele estreito corredor de pedras e ver se encontrava algo. No entanto, apenas dois passos foram dados e tudo aconteceu em questão de segundos.

Uma sombra surgiu por trás de si.

Mãos geladas seguraram seus ombros.

A tocha caiu.

E de repente não havia mais nada naquele corredor além do pedaço de madeira e as chamas crepitantes que o consumiriam até restar somente as suas cinzas.