História Com amor, (TEN)tação. - Por que você está sendo tão arrogante, baby?

Quarta-feira, em casa.

Taeyong.

 

Eu apaguei ontem e mal consegui dormir, a droga do meu celular ficou apitando a noite inteira! Um flood enorme de mensagens de um número que eu não conheço. Metade das mensagens são: “Ei, responde!”, “Responde”, “Responde logo!”

Vou fazer o que você fala, Sr. Número Estranho, mas é só porque eu quero me livrar desse spam maldito no meu celular.

 

07h20min

85% de bateria.

29 mensagens não lidas.

Eu:

Um stalker, wow. Que original. – Enviado às 07h21min

 

Visualizado.

 

Número Desconhecido está digitando...

 

Você mudou o nome do contato para “Um Stalker”

 

Um Stalker:

Eu não sou um stalker. – Enviado às 07h22min

Eu:

Então me diga, o que você é. – Enviado às 07h22min.

Um Stalker:

Um... Taeyongnático. – Enviado às 07h23min.

Eu:                                          

Um, o quê? – Enviado às 07h23min.

                                        

Ok, essa conversa está indo longe demais.

 

Um Stalker:

Eu sou seu admirador secreto!  – Enviado às 07h23min

 

Quem raios vai admirar uma pessoa como eu? Sou entediante, preguiçoso e pessimista.

 

Eu:

Cada um com seus problemas. Tem louco pra tudo, afinal. – Enviado às 07h24min

Um Stalker:

Ei! Você gosta de mim? – Enviado às 07h24min

Eu:

Eu nem te conheço! – Enviado às 07h25min.

 

De que hospício esse ser – que só pode ser irracional – saiu?

 

Um Stalker:

Mas, eu te conheço, sei que seu nome completo é Lee Taeyong e que você estuda no mesmo colégio que eu. – Enviado às 07h26min.

Eu:

E a novidade, cadê? – Enviado às 07h28min.

Um Stalker:

Sei que seus pais são separados e que você não suporta seu vizinho, além disso, e seu tipo sanguíneo é A . – Enviado às 07h28min

 

Nesse momento, meu sangue gelou! Conferi as janelas e olhei a volta para ter certeza que não havia nenhuma câmera ou ninguém escondido por ali.

 

Eu:

Está me assustando... – Enviado às 07h29min

Um Stalker:

Não te farei mal, não a você, pelo menos. – Enviado às 07h29min

Eu:

Eu poderia saber quem você é? – Enviado às 07h30min

Um Stalker:

Não. – Enviado às 07h31min

Eu:

Por quê?! – Enviado às 07h31min

Um Stalker:

Estraga a graça da brincadeira, talvez um dia você saiba. – Enviado às 07h32min

Eu:

Minha mãe disse para não conversar com estranhos, bye. – Enviado às 07h32min

Um Stalker:

Nem quando esse estranho pode ser sua futura namorada? – Enviado às 07h32min

Eu:

Você é uma garota? – Enviado às 07h32min

Um Stalker:

Maybe / Talvez. – Enviado às 07h32min

Eu:

“Eu sou seu admiradOR secretO.” – Enviado às 07h32min

 

Você mudou o nome do contato para “Uma Stalker”

Uma Stalker:

Eu achei que se eu fingisse ser um garoto, você se sentiria mais confortável conversando comigo. – Enviado às 07h32min

Eu:

Error 404. – Enviado às 07h33min

Uma Stalker:

Você deve ser tão fofo quando está confuso! – Enviado às 07h33min.

 

Eu desisto!

 

Você bloqueou “Uma Stalker”.

 

(...)

 

Não prestei atenção em nenhuma das aulas e fui motivo de espanto na sala, apenas porque a professora perguntou algo que eu não soube responder, novamente Lee Taeyong é alvo de críticas dentro dessa prisão chamada escola. Oh meu Deus, quando irão aprender que eu sou apenas um SER HUMANO.

 

Tudo culpa de um maldito ou uma maldita stalker! Isso me distraiu a aula inteira, o que alguém veria de tão especial sobre mim?

 

Ten se enturmou bastante, principalmente com as garotas e olha que é apenas o segundo dia de aula dele, ele se exibia mostrando seus passos de dança afiados arrancando suspiros e aplausos das garotas. Até que a professora da aula seguinte, ou seja, professora de história adentra a sala, todos se sentam rapidamente e voltam à atenção apenas para a aula. O colégio não é um dos melhores da cidade, porém, todos se esforçam ao máximo para conseguir médias altas, não porque são “aplicados”, e sim pela simples razão que: a cada final do trimestre, o melhor aluno recebe algum prêmio, entre eles estão: viagens, troféus, até mesmo cheques em dinheiro, bem, a escola definitivamente não passava por um aperto financeiro.

 

Antes do sinal bater, a professora pediu para que algum dos alunos ajudasse o Ten com as anotações e também com o coreano dele. Que não é dos melhores, foi o suficiente para se iniciar uma guerra dentro da sala, todas as meninas brigando como se fossem animais selvagens. As garotas se ofereciam loucamente, e claro, alfinetavam umas as outras com comentários ridículos sobre peso, classe social e aparência. Totalmente superficiais.

 

Talvez eu nem goste tanto de garotas assim.

 

O quê? – Bati na minha boca três vezes, imagina se minha mãe escuta isso.

 

Aproveitei enquanto não prestavam atenção em mim e saí de fininho da sala. – Oops, teria saído da sala, se o tailandês não tivesse gritado meu nome. – Estou condenado. Considere Lee Taeyong um homem morto.

 

– Taeyong-hyung! Pode me ajudar com as anotações? – Ten perguntou inocentemente, sorrindo no final da frase.

 

– Não despreze essas garotas, elas querem sua atenção. – Digo frio e saio da sala batendo a porta em seguida.

 

(...)

 

O que deu em mim?!

 

Por que raios eu fui tão insensível com o Ten? Ele deve me achar idiota agora, eu estou num péssimo dia e acabei descontando nele.

Preciso pedir desculpas, é isso. Ou não? 

Como irei olhar pra cara dele? Ele provavelmente deve estar com aquelas garotas! Eu não estou com dor de cotovelo!

 

Elas vão rir de mim se eu me aproximar, ou irão voar em cima de mim e me matar em menos de um segundo, mesmo que isso seja humanamente impossível. Não que os comentários imbecis dessas menininhas me incomodem, porém, todos cometem erros, por que estão me julgando tanto? Não é como se eu tivesse assassinado alguém.

 

Ao soar o sinal da última aula, recolhi meu material e peguei minha mochila e deixei o colégio o mais rápido possível, Barry Allen teria ficado com inveja de mim, caminhei com passos apressados e evitei contato visual com todos que estavam ao meu redor, definitivamente, eu estava envergonhado pelo quê fiz, mas não sei como consertar essa burrada do século. Finalmente quando notei que estava caminhando sozinho nas ruas, diminui a velocidade dos passos e respirei profundamente várias vezes para me recompor.

 

Estava tudo indo bem, até sentir uma mão no meu braço.

 

Que não seja do Ten, que não seja do Ten. – Repeti milhares de vezes para mim mesmo.

 

Droga.

 

– Ei, por que você está agindo assim? – Questionou enquanto se apoiava em meu ombro, recuperando o fôlego.

 

– Péssimo dia, sobre aquilo hoje de manhã... – Fui interrompido antes de terminar a frase.

 

– Por que você acha que eu pedi sua ajuda? – Disse sério, me encarando profundamente.

 

– Porque... – Abaixei a cabeça. – Você, talvez, se sinta mais confortável comigo do que com as garotas? – Digo vendo o tailandês revirar os olhos e bufar em seguida.

 

– É, isso. – Murmurou e começou caminhar do meu lado. – Hoje vamos estudar em casa, ok? Meus pais saíram, então, a casa é nossa. – Comentou um tanto decepcionado. Eu disse algo errado. É oficial.

 

– Eu disse algo errado, não foi? – Digo preocupado e o vejo sorrir desajeitado.

 

– Claro que não, o que te fez pensar isso? – Passou um braço pelo meu ombro, me apertando.

 

Quando chegamos à casa do mais novo, o mesmo retirou alguns livros da mochila e foi em direção ao quarto que era totalmente organizado! Na parede estavam coladas anotações que pareciam não ter fim, no criado-mudo havia uma foto dele e os pais. Ele era realmente muito fofo.

 

– Eu era lindo, não é? Ainda sou. – Riu convencido e deixou alguns cadernos na escrivaninha.

 

– Nem tanto. – Caçoei e recebi um tapa em resposta.

 

Expliquei toda a matéria para o Ten e ainda ensinei um pouquinho de coreano para ele, eu teria voltado para casa, todavia, o mais novo insistiu para que eu dormisse na casa dele. Ele até conversou com a minha mãe.

 

Quem diria não para um rosto tão inocente como aquele? Inocente, ah tá, eu manteria essa minha impressão até o mesmo me oferecer uma garrafa de soju com o mesmo olhar de cachorro que caiu da mudança. Quem te viu, quem te vê, viu Chittoquêmesmo?

 

(...)

 

O mais novo estava em sua terceira garrafa e já não falava nada com nada, a única coisa que entendi é que ele bebia para aliviar o estresse e conseguir estudar sem ficar tão entediado. Não vejo sentido nisso, contudo, não vou julgá-lo.

 

– Você d-deveria tomar um pouco. – Gaguejou ao mesmo tempo em que me oferecia um pouco daquela bebida.

 

– Não, obrigado. – Neguei com a cabeça e empurrei um pouco a garrafa para o mais novo.

 

– Você é bonito. – Disse tirando a franja que cobria meu rosto, dando leves tapinhas em minha cabeça. Eu senti meu coração acelerar por alguns segundos, até me dar conta do quão errado era aquilo.

 

– Vai dormir, você está bêbado. – Me afastei, abraçando meus joelhos.

 

Ele se levantou um pouco tonto e quase caiu para o lado, precisou se apoiar na parede para se manter em pé. Pelo menos, o mesmo estava um pouquinho sóbrio. Um pouquinho do tipo 0,1% sóbrio.

 

– Quem disse que estou bêbado? – Riu e sentou-se novamente no chão.

 

– Ok, você está um pouco bêbado. – Comentei. – Ten... Posso te perguntar uma coisa? – Indaguei curioso.

 

– Pode. – Assentiu com a cabeça.

 

– Você, por acaso, sabe como é beijar alguém? – Digo baixo e o vejo se surpreender com a pergunta.

 

– Sim, eu sei. Por quê? – Deixou a garrafa de soju de lado e manteve toda sua atenção em mim.

 

– Nada. – Disfarcei olhando para o chão. Era meio esquisito perguntar aquilo pra ele, ainda que nós não temos tanta intimidade assim.

 

– É mais ou menos ass... – Ele não terminou de falar e se aproximou rapidamente de mim e me beijou sem aviso prévio.

 

Ele segurava meu queixo enquanto meus lábios eram tomados pelos dele.

 

Nossos olhos se encontraram e ele estava tão perto de mim que eu acabei caindo para trás na tentativa de me afastar dele, então o mesmo estava por cima de mim, deixando alguns beijos em meu pescoço e eu estava desesperado, não sabia o que fazer.

 

Nós teríamos feito algo errado, se não tivéssemos ouvido a buzina do carro dos pais do Ten.

 

Ele só correu para pegar as garrafas e escondê-las sem que os pais percebessem, após isso, ele deitou-se na cama como se nada tivesse acontecido.

 

– ... Eu vou para casa. – Me levantei e tentei não ficar constrangido com o que tinha acabado de acontecer.

 

– Fique. Sua mãe já deve estar dormindo uma hora dessas. – Virou-se na cama e me encarou. Como ele está agindo normalmente?!

 

Ah, ele está bêbado.

 

O quarto de Ten tinha duas camas, ele havia me contado que uma era de sua irmã que estava morando nos Estados Unidos após terminar um intercâmbio. Ele disse que eu dormiria lá, mas eu estava tão receoso com isso.

 

Deitei lentamente e tentei não pensar em nada.

 

I M P O S S Í V E L

Eu não acredito que eu quase dormi com um garoto.

Ele me beijou!

E pra piorar,

Eu acho que gostei disso.