Marin não acreditou no que estava vendo, uma coisa era ouvir da boca de um dos aspirantes a cavaleiro que o Cavaleiro de Peixes andava por aí desarrumado, outra coisa era ver o próprio Cavaleiro de Peixes totalmente desarrumado.
- Pela deusa Atena, você está horrível! - exclamou ela olhando para o cavaleiro bebendo uns goles d'água, direto da garrafa.
- Ah, oi Marin! - ele disse sorrindo - Sempre massageando meu ego.
- Disponha! - ela se aproximou dele - Quando eu ouvi dos aspirantes que o Cavaleiro de peixes parecia que tinha sido desenterrado de tão malamanhado que estava, eu não acreditei - ela passou o olho por ele que vestia uma camiseta, que em algum momento longínquo de sua vida, tinha sido branca, uma calça jeans, que também já a esteve em dias melhores e botas sujas, o visual era ricamente completado pela terra escura melando boa parte do traje - Mas agora nada mais me surpreende. O que aconteceu com você? O que aconteceu por aqui? - perguntou, só agora olhando para lugar. Os maravilhosos, lindos e perfeitos jardins de Afrodite estava um caos.
A maior causa de sua amizade com o pisciano se deu por conta dos jardins, Marin secretamente era amante de flores, especialmente rosas, ela era apaixonada por qualquer espécie e o homem era um mestre da botânica de modo que a amizade veio facilmente, a garota ficou até tocada por ele ter plantando uma roseira amarela, suas favoritas, não tinha como não se tornar amiga dele.
- Meu sistema hidráulico enlouqueceu - respondeu realmente chateado - Isso aqui tudo estava encharcado de água, passei a maior parte da noite aqui.
- Puxa que triste, mas você não perdeu nenhuma delas não é? - perguntou torcendo pelo melhor.
- Talvez eu perca minhas Cattleyas Shillerianas. - disse desolado.
- Quem?
- Minhas orquídeas raras e lindas, tão inofensiva e pacíficas que ...
- Pare com isso - Marin o interrompeu antes que ele começasse a viajar na maionese falando de suas flores, geralmente ele perdia um pouco o senso.
- Mas você não entende, elas são preciosíssimas e ....
- E todo o seu jardim é precioso- ela o interrompeu novamente jirando os olhos.
- Mas claro! - Afrodite debochou - Tem flor aqui que vale mais do que um rim seu - ele colou um dedo no queixo pensativo - Acho que um rim, um pulmão e metade do seu fígado.
- Afrodite!
Marin riu dando um tapa no braço dele
- Bom, mas você vai ficar parada falando besteira ou vai me ajudar aqui?
Marin deu a língua pra ele
- Tá, eu faço o que?
- Comece afofando isso aqui, desse jeito - Afrodite se abaixou pegando uma espátula e mostrando o movimento que ela deveria fazer - Só isso por enquanto.
- Beleza!
Marin tomou a espátula de suas mãos e se preparou para fazer o que ele disse, no entanto uma coisa escura chamou atenção dela.
- Afrodite o que isso no seu cabelo? - Marin apontou horrorizada, com os olhos abertos prontos para pular fora de seu rosto.
- No meu cabelo?
- É, do lado esquerdo perto da... - ela parou arregalando mais os olhos - Ai meu Deus! Tá se mexendo, tá se mexendo! - a mulher gritou dando pequenos pulos.
Afrodite levou a mão até o declive causado pelo rabo de cavalo, tirando de lá uma minhoca. Então fez-se o caos e Marin gritou histericamente. Com o grito o sueco deu um passo para trás jogando a pobre da minhoca para cima e fazendo uma careta para ela.
- Mata, mata, mata! - uma Marin desesperada rugia segurando uma pequena espátula apontando para o animal.
- Você está ficando doida? - Afrodite tomou a espátula das mãos dela, vendo - a avançar para dar cabo da minhoca - Pare de escândalos! - exigiu quando ela olhava para a minhoca se enterrando no solo.
- Ela está fugindo - disse meio chateada - Você deixou ela escapar! - a mulher virou os olhos para ele acusatório.
Afrodite ergueu uma das sobrancelhas para ela.
- Que deixei ela escapar o que? - ele disse passando a mão pelo rabo de cavalo e puxando o pompom pra amarrar melhor os cabelos - Não sei pra que tudo isso, um animal inofensivo desses - continuo ainda mexendo no cabelo.
- Inofensivo? - Marin disse indignada - Essa coisa coisa feia e fria, toda esquisita se contorcendo? - continuo fazendo caretas - Um nojo! Eca! Só de imaginar essas coisinhas subindo em mim fico toda arrepiada. Eca, eca!
Afrodite olhou para ela e deu um pequeno sorriso, vendo a mulher fazendo movimentos nojo com o corpo, se tremulando toda.
- Ainda bem que já foi, tomara que não apareça mais! - terminou cruzando os braços
- Bom, deve aparecer mais por aqui
Afrodite disse não ligando para o que tinha dito, alheio ao fato de que suas palavras tinham causado pânico na garota, que olhou para o solo horrorizada e se jogou em cima dele gritando. Se ele prestasse atenção ao que dizia teria ficado preparado para o pulo da mulher em seu corpo, no entanto ele não estava preparado e seus joelhos fraquejaram quando Marin se pendurou em suas costas quase que o enforcando com os braços.
- Marin, Marin - ele disse tentando se soltar, mas parecia que quanto mais ele tentava mais ela o apertava. Suas costelas já estavam doendo - Marin, pelos amor de Atena, me solte! - falou um pouco mais enérgico.
A moça parou de apertar ele, esticando um pouco a coluna, mas não se desprendendo dele.
- Eu solto mas não vou sair daqui - disse o segurado pelos ombros, ainda com as pernas o rodeando.
- Mas que absurdo! Sai de cima de mim!
- De jeito nenhum - ela respondeu, de alguma maneira ficando mais firme em suas costas - Não com essas coisinhas pavorosas rastejando por aí - ela olhou para o solo desconfiada, enquanto que Afrodite rodava os olhos.
- Isso aqui é um jardim Marin - começou dizendo o óbvio - O que mais tem é coisinha rastejando pelo chão.
- Sim, mas eu não as via.
Afrodite soltou um longo suspiro passando a mão pelo rosto, não que o peso extra e suas costas estivesse incomodando ele, mas ele queria continuar o seu trabalho.
- Elas só estão assim porque eu estava remexendo na terra!
- Certo, certo, então eu só vou sair daqui quando for seguro
- O que?
- Seguro, sem o perigo dessas coisas aparecerem - elas disse achando perfeitamente natural ficar pendurada nele.
Outro suspiro saiu do cavaleiro e depois de um tempinho pensando ele disse:
- Que tal assim, eu lhe deixou em um local seguro - fez aspas com as mãos - E você sai de cima de mim?
- Parece justo.
- Ótimo!
Afrodite caminhou por seu jardim com ela em sua cacunda e só parou quando a deixou numa área coberta por cimento, onde continha uma mesa grande e material de jardinagem.
- Pronto madame, o passeio acabou, pode descer da carruagem. - ele disse se abaixando para que ele a descesse.
- Obrigada!
- Aproveite e monta esse suporte aí para mim - ela apontou para o que seria se novo sistema de irrigação.
- Isso faço sem problemas - Marin sorriu balançando a cabeça - Desde que eu esteja longe de suas amiguinhas está valendo.
- Quer dizer que você não vai andar mais no meu jardim? - perguntou erguendo uma das sobrancelhas
- Claro que vou - ela girou para olhar pra ele e cruzou os braços - Está pensando que vai se livrar de mim tão fácil assim é? - a mulher balançou a cabeça e ele riu.
- Tenho certeza que não.
- Exatamente! - Marin virou-se para mesa para abrir o pacote com os suportes. - Mas mantenha esses bichos bem longe de mim.
- Vou pensar sobre o assunto - ele fingiu-se de sério, se aproximando da mesa - Muito tentador.
Ele riu da cara feia que ela fez e voltou para suas plantinhas, não antes de, discretamente, se livrar da pequena lagarta na lateral da mesa.
Fim.
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