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História Com você - Assim sem você


Escrita por: dandania

Capítulo 47 - Assim sem você


Bernardo estava indo para a casa de Nícolas, porque o garoto ligou para ele, dizendo que queria conversar com Bê. Ele achou essa ligação muito estranha, mas, mesmo assim, foi até a casa de Nick. Ele atravessou o gramado verdinho e tocou a campainha, que foi atendido por Nick, o garoto deu espaço para Bê entrar.

Bernardo sentia suas mãos tremerem de nervoso, ele não fazia ideia do que Nick queria com ele. Os dois foram até a sala de visitas, Bê se acomodou e esperou o garoto começar a falar.

-É, então. Meus pais ligaram já faz uns minutos, ao certo, minha mãe….-o coração de Bê deu uma cambalhota dentro de seu peito.-Ela disse que, meu pai e ela vão passar uma semana em casa.

Nick sorriu alegremente, e Bê assentiu galado, ele ainda não entendeu aonde Nick queria chegar com isso.

-Semana que vem, eles já chegam, e eles querem te conhecer.-falou Nick animado, Bernardo engoliu em seco, e se mexeu mudando de posição.

-Nossa, que legal.-falou ele com a voz trêmula. Nick fitou ele com uma ruga na testa.

-Só isso?-pergunta Nick, Bê abre a boca e, suspira pesadamente.

-Eles sabem da gente?-pergunta Bê, ainda sentindo seu corpo tremer. Nick assente.-E o que eles disseram?

-Minha mãe quase surtou de felicidade, eu nem entendi. Meu pai ficou de boa.-falava o garoto se aproximando de Bê. Nick passou seu braço em torno do pescoço dele, e o puxou para perto.

-Seus pais parecem legais.-disse Bê, e Nick sorriu. Ele colou seus lábios, e Bê segurou na nuca dele.

Bernardo sentia um misto de ansiedade e medo, ele nunca viu os pais de Nícolas, e não sabe se vão gostar dele; na cabeça de Bê, os pais do garoto poderiam ter sido gentis com Nick ao telefone quando ele contou que estava ficando com um garoto, e pelas costas dele, seriam preconceituosos. Bê se afastou um pouco e o fitou nos olhos, e ele pôde ver que Nick estava feliz em finalmente apresentá-lo aos pais, mas Bê acha isso tudo muito rápido, eles só estão ficando a pouco tempo.

-Hã…Nick, não quero ser chato, mas, você não acha que tá sendo rápido demais?-pergunta Bernardo com um pouco de receio sobre a reação de Nícolas. Nick franziu o cenho com a pergunta do garoto; ele riu nasalando e disse:

-Como assim? Você não quer conhecê-los…?

-Não é isso.-Bê suspirou a passou a mão na nuca.-Você costuma apresentar suas “namoradas” aos seus pais?-Nick morde o lábio, e segura na mão de Bernardo, que está gelada.

-Bem, eu nunca apresentei nenhuma garota a eles, porque nenhuma mereceu conhecê-los, eu não queria fazer isso com qualquer uma e; cá entre nós; as garotas que eu fiquei não eram muito dignas.-Nick riu e beijou a bochecha de Bê. O garoto riu sem jeito, e ficou pensativo sobre o que Nick disse.

-Tá bem. É só dizer quando.-Bernardo forçou um sorriso, para não chateá-lo, e Nick o abraçou satisfeito por Bê ter aceitado conhecer seus pais.

-Eu te aviso.-sussurrou ele no ouvido de Bê. E Bernardo recebeu um beijo daqueles de tirar o folego.

 

°°°°°

 

Já tinha dois dias que Yuri não ia a escola, ele estava doente, e mal conseguia se levantar da cama, sua cabeça e corpo doía tanto, que erá preciso tomar algo para aliviar, e com isso ele passava quase o dia todo dormindo. Por volta dás 16:40H Rosana subiu para o quarto dele, após ter deixado Léo na casa da vizinha brincando com a nova amiguinha. Ela ficou preocupada com essa mudança de Yuri, ele ficou doente do dia para a noite, e Rosana não sabe explicar como, porque antes de se deitar no domingo à noite, ela garantiu que a janela do quarto dele estava bem trancada e, naquela noite fazia bastante frio. Rosana entra no quarto, e Yuri está deitado de costas a porta, as cortinas estão fechadas, deixando o cômodo escuro, ela olha para ele, e suspira, indo até a janela, e abrindo as cortinas para a luz do final de tarde entrar, Rosana deixou a janela só um pouquinho aberta, para entrar ar.

E se virou para Yuri, ele não estava dormindo, seus olhos estavam abertos, e desfocados. Rosana se sentou na beirada da cama, e passou a mão nos cabelos dele e disse:

-Seus cabelos estão grandes, me deixa cortá-los?-dizia ela, passando a mão nos cabelos dele, como se estivesse penteando-os. Yuri Não disse nada, apenas sacudiu a cabeça. Ele não quer cortá-los, Yuri gosta deles assim; seus cabelos estão maiores, abaixo das orelhas, e o tom de ruivo mais puxado para o ruivo acobreado, assim como os de Rosana.

Ela com o dedo indicador, afastou a franja dele de sua testa, e se inclinou deixando um beijo na testa dele.

-Só as pontinhas?-falou ela tentando fazê-lo rir, mas não deu muito certo, porque Yuri permaneceu calado.-Certo, desisto. Então, seu pai me disse que você vai começar as aulas de piano na quinta?

Dizia ela, com seus dedos dentro dos cabelos dele. E Yuri assentiu levemente, e Rosana quase não viu. Ela sorriu de canto, e deu um tapinha de leve na coxa dele e disse:

-Certo. Levanta agora e vem me ajudar a fazer um pudim.-falou Rosana tirando a coberta de cima dele, e ouvindo o garoto resmungar, e tatear a cama atrás da coberta. Ela segurou-o pelos braços e o ergueu. Yuri não queria levantar, ele se sentiu mal pela febre e pelo término de namoro.

Após ajudá-lo a calçar as pantufas de panda.-presente de Bernardo.-Rosana ajudou ele a se levantar e sair do quarto.

Quando já estavam na cozinha, Yuri ouviu entrando pelas janelas, o assovio do vento e, as gotas de chuva batendo na vidraça. Rosana pegou os ingredientes para o preparo do pudim. Ela olhou para o garoto e suspirou, Rosana nunca havia sentido pena de seu filho, nem quando ela o maltratava, mas agora é diferente, ela mudou, e não está gostando de vê-lo cabisbaixo.

-Acho que vou fazer pudim de chocolate, o que acha?-ela pergunta sorrindo. Yuri dar de ombros.-Ei. Vamos aproveitar que seu pai deixou você ficar aqui até quinta.

Yuri não queria ser chato, e muito menos deprimente o tempo todo, mas ele não conseguia evitar, a dor erá imensa e o arrependimento maior ainda. Mas Yuri sabia que não podia voltar atrás, ele tinha que manter Lucas bem, e longe de Enzo. E só de pensar nesse nome, o ruivo quis chorar, e apertou os lábios, para impedir que o soluço indesejável saísse, e ele preocupasse sua mãe, que estava sendo gentil com ele e, tentando animá-lo, fazendo as coisas que ele mais gosta de comer.

-Mamãe?-sua voz saiu tão fraca e baixa, que Rosana quase não ouviu. Ela ergueu os olhos e fitou seu rosto.

-Sim..

-A…A senhora acha que….-sua voz travou em sua garganta, como se ele não a usasse há anos, e seu tom soou estranho aos seus ouvidos.-Que o Lucas me odeia?

Rosana deu a volta pela mesa, para encontrá-lo do outro lado dela, a mulher se sentou ao lado dele, e acariciou suas costas.

-Eu acho que não.-respondeu ela.-Por que ele odiaria?

Yuri engoliu em seco, e por um segundo quis contar a sua mãe o que aconteceu, e talvez por ela ser adulta poderia ajudá-lo. Só que, quando ele pensou nas palavras de Enzo, seu coração disparou, como se ele estivesse correndo uma maratona.

-E-Eu não sei.-e nessa hora ele se lembrou do que Lucas disse: “Você é a maior decepção que eu já tive.” E seu rosto esquentou, Yuri sentiu seus olhos queimarem, e ficarem molhados, mas para sua mãe não vê-lo chorar, Yuri cobriu seu rosto com as mãos; seus ombros tremeram, e Rosana o abraçou, tentando acalmá-lo, mas não estava dando certo.

Quem visse Yuri notava que o garoto estava deprimido, que ele não tinha ânimo para levantar da cama, mas com muito esforço sua mãe conseguiu levá-lo para a cozinha. Rosana quer fazer Yuri entender que, Lucas não será o único namorado que ele terá, mas Yuri não pensa em ficar com outra pessoa, seu coração comprimido dentro de seu peito, só tem lugar para Lucas, só ele.

A pergunta que o ruivo fez a sua mãe, o deixou mais triste ainda, ele ainda não teve a chance de falar com Lucas, porque o menor não vai à escola desde segunda feira. E isso para Yuri é terrível, não poder ouvir o som rouco que é a voz de seu amado, mas por um lado, o menor está aliviado de não ter que ouvir Enzo o aborrecendo.

Alguns minutos depois, Rosana já havia feito o pudim, e colocou um pedaço em um prato para Yuri, e o menor comeu um pedaço minúsculo, só para não deixar sua mãe magoado com a sua recusa. Rosana acariciava gentilmente os cabelos dele, e sentiu uma vontade enorme de cortá-los. O telefone na sala tocou, e Rosana teve que ir atendê-lo; da cozinha silenciosa, o menor pode ouvir sua mãe conversando com alguém, e ele notou ser sua avó materna. Rosana retorna a cozinha sorrindo, e diz a Yuri, que cutucava o pudim com um garfo:

-Yuri, sua avó vai passar o próximo final de semana aqui.-foi como se seu mundo vinhe-se abaixo, fazendo seu estômago despencar e sua garganta secar.

Yuri sabe que sua avó, não gosta dele, ela sempre deixou isso claro. O motivo disso, é que ela sempre foi contra o namoro de João com Rosana, e quando os bebês nasceram, sua raiva foi passada para o filho de João. Sua avó Sandra, sempre o tratou mal, nos feriados, ela ia para a casa dele, e levava presentes, mas para a tristeza de Yuri, todos eram para Léo. Yuri ficava em um lado afastado só ouvindo seu irmão abrir os presentes alegre, ele se perguntava, por que sua vó o tratava assim, por que ela erá severa com ele e amorosa com Léo?

Sandra, é uma mulher que não mede suas palavras, e não se importa se elas vão ferir o atingindo. No caso de Yuri, ela usa a sua deficiência e a perda de seu irmão gêmeo para feri-lo. Antes, sua mãe não fazia nada para impedir Sandra de ser cruel, mas agora Yuri sabe que Rosana não vai deixá-la ser má com ele.

-Yuri?-chamou sua mãe fazendo-o voltar ao mundo real, Yuri ficou mais triste. E Rosana percebeu o motivo.-Ei, não fica assim, olha, eu prometo que ela não vai te tratar mal.

-Mas, mamãe….

-Yuri, eu já conversei com ela sobre isso. E ela prometeu que vai ser gentil.-Yuri deixou os ombros caírem, e ficou um pouco aliviado.

-Tá bem.-falou ele com um ar melancólico. Rosana sorriu e tocou a testa dele, o ruivo ainda estava quente, e tudo indica que ele vai faltar novamente na escola.

Por volta das 19H Léo chegou acompanhado do pai. Yuri e Rosana estavam na sala, o garoto, correu para o sofá, e subiu no colo do irmão mais velho, dando um abraço apertado em Yuri, que riu.

-Brincou muito, Léo?-pergunta Yuri, e a criança assente.

-Léo, o que foi que eu já disse, sobre acenos de cabeça.-falou Rosana para a criança.-Seu irmão não pode vê-los, então responda-o.

-Sim, Yuli.-respondeu Léo, e abraçou o pescoço do irmão. Rosana chamou ele para ir tomar banho, e Léo disse para Yuri que mais tarde queria brincar de dinossauro. Yuri riu e assentiu, essa erá a brincadeira predileta dos dois.

Rosana segurou na mão da criança e, Yuri quis ir junto para o seu quarto. Ela levou os dois para o andar de cima; Yuri entrou em seu quarto e fechou a porta, ele caminhou devagar, com seus braços esticados à sua frente, até achar a sua escrivaninha, ao encontrá-la, ele tateou até achar a sua caixinha de música, que Yuri recordou que foi um presente de Lucas bem no começo do namoro. Para Yuri parecia que já tinha anos que ele ganhou a caixinha, mas só tinha alguns meses. O ruivo foi para a cama, e se sentou, girou a chavinha na ponta do carrossel, e a melodia iniciou, ela inundou seus ouvidos levando a melodia doce até o seu coração. Ele quis chorar, mas apertou seus olhos e lábios, para não chorar. Ele deitou abraçado a caixinha, e se recordando de momentos felizes que teve ao lado de Lucas, de como ele se sentiu com o primeiro beijo, de como seu corpo estremeceu de medo e felicidade, tudo junto. Com o contado dos lábios de Lucas nos dele, de como as mãos do moreno, acariciava seus cabelos, e sempre tentou deixar Yuri confortável e seguro ao seu lado.

A melodia da caixinha em formato de carrossel parou de tocar, e o ruivo mal percebeu, porque sua cabeça estava longe dali, pensando em Lucas, e se um dia ele irá ter coragem de contar a verdade.

 

 

Na quarta a tarde, Lia e Bernardo foram visitá-lo, assim como iam nos dos dias anteriores. Essa parte do dia erá a melhor para Yuri, porque ele esquecia da dor, seus amigos faziam ele rir. Lia contava sobre o que aconteceu na escola. Mas ela tentava evitar em tocar no nome de Lucas, mesmo querendo muito.

 

E finalmente na quinta, ele retornou para a escola. Parecia que ele estava em um lugar diferente, as pessoas o encontravam e falavam com ele, pessoas que Yuri nunca ouviu falar, até Lia e Bernardo ficaram surpresos com a popularidade que Yuri ganhara. Na sala, eles finalmente descobriram o motivo de Yuri está sendo paparicado por todos.

-Aquele vídeo que você canta, já tá com mais de 1.000.000 de “views” no Youtube!-comentava uma garota morena ao lado dele, e que estava deixando Lia vermelha de ciúmes.

-C-Como assim?-pergunta ele ficando rubro, e surpreso.

-Postaram um vídeo seu, Yuri. Todo mundo já viu, até eu.-disse Bernardo à frente de Yuri. Agora sim, Yuri entendeu o motivo de tantas pessoas que ele não conhece, estarem falando com ele, e até sabem o seu nome.

O ruivo não sabia se isso erá bom ou ruim. Mas ao notar a empolgação dos amigos, ele se sentiu menos preocupado com essa repentina popularidade, que ele nunca quis.

Algumas pessoas de sua sala que nunca falaram com ele, estavam à sua volta, fazendo perguntas e contando que gostaram do vídeo dele cantando. O sinal do início das aulas tocou, e quando a professora adentrou a sala, os alunos que cercavam Yuri se dispersaram.

 

 

No intervalo, Yuri não sabia se ia se sentar à mesa, ele estava com vergonha de ter que ouvir a voz de Lucas. Mas Lia e Bernardo o arrastaram, Lia se sentou no lugar dele, para Yuri não ficar perto de Lucas; o moreno, não disse uma palavra para Yuri, mas também não tirava os olhos dele. Lucas queria falar com ele a sós, sem ninguém para ouvi-los, mas na escola é difícil. Toda vez que Yuri ouvia a voz de Lucas, seu coração saltava, parecia que ele ia abandonar seu corpo, o ruivo se sentia desconfortável quando Lucas começou a falar de garotas com Nick, que estava ao seu lado. Yuri não percebeu que ele só estava fazendo isso para deixá-lo com ciúmes, mas Lia sim, e ela lançava olhares de reprovaçã0 na direção de Lucas e Nick.

-A Tina tá decidida, em Lucas?-falou Nick rindo, e o moreno riu nasalando e, olhou de esgueira para ver a reação de Yuri, e o ruivo se mexeu desconfortável na cadeira.

-Hã, Caique….-disse Lia olhando para seu namorado que estava entre Yuri e Paloma.-da para falar para os seus amigos babacas, para eles pararem de ficar falando merda.

Lia cuspia as palavras com muita raiva. Caique segurou o riso para não apanhar, e olhou para seus amigos pedindo ajuda.

-O que foi, Lia?-pergunta Lucas, e a garota se vira para ele, e diz:

-Você! Você é um babaca, sabia? Fica ai agindo feito um canalha sem coração, dizendo pra todo mundo ouvir que já tem um monte de vacas correndo atrás de você!-Lucas piscou algumas vezes, e fitou Yuri que parecia querer sair dali. Lucas abriu a boca para respondê-la, mas um garoto de estatura média, e de cabelos pretos, parou ao lado da cadeira de Yuri, todo sorridente, e falando com o ruivo.

Lucas lançou um olhar assassino para Nathan, que convidava o ruivo para uma festa.

-Vocês também podem ir, vai ser na casa do Tiago, vocês conhecem ele, né?-dizia Nathan sorridente.-Vai se no próximo sábado, bem seria nesse, mas os pais dele mudaram a data da viajem e ele teve que mudar o dia em cima da hora.

-Ah, sim!-falou Paloma, notando que Lucas ia dizer algo, e logo o cortou para ele não brigar com o garoto.-Tudo mundo vai.

-Fale por você, Paloma.-resmungou Lucas rabugento.

-Cala a boca, Lucas.-Paloma disse querendo ir até o outro lado da mesa, e bater nele.

-Tá bem.-disse Nathan, ele roçou sua mão no braço de Yuri, e Lucas viu, e seu sangue ferveu.-Você vai, né, Yuri?-pergunta o garoto.

-Ah, mas é claro que ele vai.-dizia Lia. Nathan sorriu e deu “tchau” a todos, e sua mão roçou novamente no ombro de Yuri, que sentiu suas bochechas arderem. Lia olhou para Lucas como se falasse: Chumbo trocado não doí. Ela se levantou e chamou Yuri e Bê; os três saíram e foram para a parte de fora da cantina, e se sentaram na grama, com o sol um pouco fraco em seus rostos.

Yuri não falou nada sobre Lucas está falando de garotas perto dele, porque tocar nisso para ele doía, e só de pensar que Lucas seguiu em frente, para Yuri doí o triplo. Mas ele sabe que não tem direito algum de ficar com ciúmes, ou triste porque a culpa do término foi dele, foi ele quem terminou, então, ele não tem direito de achar ruim. Lia olhou para o rosto dele, e afagou seus cabelos.

-Olha, nós vamos a essa festa, você precisa se divertir um pouco, não é o fim do mun….

-Eu sei que não é, Lia.-falou ele cabisbaixo.-Mas, eu não tô com muita vontade de ir.

-Yuri, eu sei como é terminar com alguém que gostamos muito, mas você não pode ficar assim. Você ouviu o Lucas, não estou querendo ser chato, mas parece que ele não tá tão triste assim por causa do término.-disse Bê, segurando uma mão de Yuri.

Mas Yuri não estava ouvindo, seus pensamentos foram para longe.

Lia queria animá-lo de todas as formas possíveis. E então decidiu que os três iam a essa festa. Mesmo Yuri não querendo, ele aceitou só para deixar seus amigos felizes.

 

 

Yuri e Lia estavam na frente do portão da escola esperando Anni chegar, para buscar Yuri. Sofia e suas amigas estavam saindo, e a garota viu Yuri, ela foi até eles e falou com ele, e Lia fingiu que nem estava vendo ela.

-Tá gostando da popularidade, Yuri?-perguntou ela sorrindo, e o menor disse:

-Não sei.-disse ele e as garotas atrás de Sofia riram, ela olhou para as garotas que se calaram.

-Logo, logo, você se acostuma.-disse ela e se aproximou dele, dando um beijo em sua bochecha. Lia ficou vermelha por isso, e cerrou os punhos e mordeu o lábio para não arrancar os cabelos de Sofia, que riu para ela e piscou.-Tchau, Yurinho.

-Tchau, Sofia.-falou ele desanimado.

Quando Sofia já estava longe, Lia disse:

-Yurinho? Quem essa vaca pensa que é? A sua melhor amiga?-resmungou ela e Yuri contornou o braço dela, com o seu.

 

Já em sua casa, Yuri não conseguia parar de pensar nas coisas que Lucas disse no intervalo. Chegou ao ponto de sua cabeça latejar, e ele agradeceu que finalmente a professora de piano chegou. Erá uma mulher baixa, com cabelos curtos e grisalhos, presos em um coque alto. Sua voz sempre tinha um tom de severidade, mas ela não parecia ser uma mulher rigorosa; Anni levou os dois até a sala, aonde o piano fica, e perguntou se podia assistir a aula, a mulher deixou, e Yuri ficou menos nervoso. O combinado erá, três aulas por semana, durante quatro horas.

E nessas quatro horas, Yuri não pensou em Lucas, ele estava concentrado nas explicações de sua professora. Yuri estava feliz e ansioso por está aprendendo a tocar piano.

 

Quando a professora foi embora, Anni e Yuri foram para a cozinha. E ela perguntou o que ele achou da primeira aula.

-Eu pensei que seria mais fácil.-disse ele tomando um pouco do suco. Anni riu concordando com ele.

-Verdade. Seu pai vai ficar feliz quando eu contar da sua primeira aula.-disse Anni mais empolgada do que o garoto, Yuri sorriu de canto, ele não queria parecer triste e preocupar Anni, então o ruivo tentou disfarçar ao máximo.

 

°°°°°

 

Lucas estava na praça andando de skate com os amigos, ele queria ir conversar com Yuri, mas o seu orgulho não queria deixar. Aquela cena de Nathan tocando no ombro do menor, deixou Lucas furioso, e achando que Yuri havia deixado Nathan tocá-lo. Seus pensamentos foram bafados com Tina chamando ele. O garoto olhou na direção que a voz o chamava, e Tina acenou sorridente, ela andou até ele e disse:

-Oi, Lucas. Você vai na festa?-pergunta ela.

-Eu não sei.-responde ele pegando o skate.

-Eu queria muito que você fosse.-falou ela sorrindo.-Sabe, se você estiver querendo esquecer por algumas horas, aquele garoto, eu posso te ajudar.

Lucas franziu os olhos, fitando a garota que sorria para ele. E o antigo Lucas estava querendo acordar, mas Lucas não quer deixá-lo, porque o seu objetivo e voltar com Yuri, e em sua cabeça se ele ficar com alguém, pode prejudicar essa tentativa.

-Valeu, Tina, mas eu passo.-disse ele passando por ela, mas a garota segurou no braço dele, e o puxou deixando seus rostos muito próximos.

-Se você mudar de ideia me procura na festa.-falou ela e deu um selinho rápido nele. Lucas suspirou e passou a mão nos cabelos.

No momento ele não quer ficar com ninguém, e sabe que Tina não vai desistir.

 

 

                  Sexta-feira…

 

Yuri notou o afastamento de Lucas, desde o término, eles não trocaram mais nenhuma palavra, e para Yuri está sendo difícil ficar longe de Lucas, parecia que faltava um pedaço dele, e esse vazio doía muito. Às vezes, ele pensava em ir falar com Lucas, mas depois achava que talvez o garoto não quisesse falar com ele, ou até mesmo Lucas poderia ser grosso. O ruivo ouviu de umas garotas que fofocavam perto dele e de Lia, que Lucas estava ficando com uma garota do 2° ano, e outra dizia que erá mentira, porque até agora não o viu com ninguém; Yuri pediu para Lia levá-lo para outro lugar, porque a conversa das garotas estava deixando ele deprimido e achando que Lucas não gosta mais dele. Lia para não deixá-lo mais triste ainda, o levou para a árvore que eles sempre ficam de baixo no intervalo.

Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo, Lia não queria tocar no assunto: Lucas, e então tentou falar sobre outras coisas. Ele havia dito que começou as aulas de piano, e Lia tocou no assunto.

-Foi legal, Lia.-disse ele entrelaçando seus dedos, e com um ar tristonho.

-Quando você estiver arrasando no piano, eu quero que você toque uma música pra mim, tá bem, floquinho?-dizia ela abraçando ele, e Yuri rindo, ele afagou as costas dela. E agradecendo por ter conhecido Lia, porque de todos os amigos que ele já teve, Lia é a melhor.

 

O sinal tocou e os dois se levantaram para voltar à sala, e no cominho passaram pelas amigas de Sofia, mas ela não estava. E então só para Yuri ouvir, Tina fez questão de dizer bem alto no corredor que, Lucas ia na casa dela mais tarde. Lia olhou para trás e fez uma cara feia para a garota, que sorriu acenando para ela.

-Não dê ouvidos a essa vadia, Yurinho. Ela só tá falando isso porque morre de vontade de ficar com ele, e o Lucas nem liga pra ela.-dizia Lia entrando na sala, e Yuri suspirou se recostando na sua mesa.

-Lia, ele tem direito de ficar com quem ele quiser, sabe por quê? Porque eu terminei com ele.-sua voz saiu embargada, e rouca. Ele franziu os lábios, para não chorar, e então, Lia o abraçou apertado.

-Hum, eu odeio te ver assim, bolinha.-sussurrou ela no ouvido dele, que deu um risinho pelo nome que foi chamado.

Nathan entrou na sala, e Lia franziu o cenho, ela está desconfiada de que Nathan quer algo de Yuri, porque desde o dia que eles terminaram, o garoto vive atrás do ruivo. Nathan deu “oi” aos dois, e ficou conversando com eles por um tempinho; Nathan se inclinou e deixou um beijo na bochecha do menor, e Yuri sentiu seu corpo gelar na mesma hora. Lia olhou para a porta da sala, e viu Lucas parado e encarando eles, o garoto tinha um olhar sério e fixo, parecia que ia explodir se alguém chegasse perto, mas ele apenas virou as costas e foi embora.

Lia ficou preocupada com isso; Nathan deu “tchau” a eles e saiu da sala, Lia preferiu não contar a Yuri que Lucas viu Nathan beijando a bochecha dele.

-Garoto atrevido, hem, Yuri?-disse ela e o ruivo riu. Bernardo entrou na sala sorridente e Lia cruzou os braços fitando ele.-Tava aprontando, né, safado?

-Quê?!-disse ele corando.-Nossa, Lia, para com isso.

Falou ele apertando Yuri em seus braços. Lia contou que Nathan veio falar de novo com Yuri, e os dois ficaram falando para o ruivo que o garoto está interessado nele. Yuri fingiu que nem estava escutando os amigos, porque para ele o único garoto que importa é Lucas, e ele não quer ficar com mais ninguém.

Então, o ruivo mudou de assunto e perguntou a Bê se ele está mais nervoso, por causa do jantar com os pais de Nick.

-Não sei, Yuri. Vocês acham que é muito cedo?-pergunta ele com a cabeça apoiada no ombro de Yuri.

-Bê, se ele vai te apresentar para os pais é porque ele gosta muito de você.-Yuri dizia, e Bê levantou a cabeça.

-É, eu também gosto dele, gente.-Bê coçou o queixo e Lia disse:

-Então, para de frescura, se não vai parecer que você não gosta tanto assim.-ela cruzou os braços e Yuri assentiu concordando. Bê ficou pensativo, e achando que pode ter dado essa impressão para Nick. Mas ele achava que Nick não o levava a sério, e de repente, vai conhecer seus pais, que parecem ser boa gente.

Bê sorriu de canto. E a coordenadora entrou na sala avisando que o professor faltou, e eles ficaram na sala até a próxima aula.

Yuri sabe que o único momento em que ele não pensa tanto em Lucas, é quando está com os amigos, Bê e Lia, sempre fazem ele rir, mesmo ele não estando com ânimo para gracinhas.

Os três entraram no assunto: Festa.

 

°°°°°°

 

Por volta dás 17Hs, Lia e Yuri estavam na biblioteca da casa dele, Lia estava parada na frente de uma estante, com um livro na mão, e ela passava os dedos nos relevos que tinha na folha. O céu lá fora começava a escurecer, devido a uma chuva que dava sinal de querer desabar sobre a cidade lá fora. Um trovão escandaloso, fez Yuri sobressaltar na poltrona, ele quase deixou o livro cair, e se ajeitou novamente na poltrona. Lia ergueu os olhos e olhou para ele.

-Não fica com medo, floquinho, eu tô aqui.-dizia ela indo para perto dele. Lia se sentou no braço da poltrona a passou a mão nos cabelos dele.

-Você sabe, né? Que eu não gosto de trovão.-comentou ele fechando o livro. Lia se levantou e ajudou ele a guarda o livro na prateleira certa.

A grande janela, que fica atrás da poltrona, e que dava vista para o jardim da mansão, estava com as cortinas abertas. Lia olhou para a direção dela, e seu coração saltou de susto, ela gritou assustando Yuri, e o ruivo deixou o livro cair de sua mão. Lia havia visto um vulto na janela, a garota sentiu um frio horrendo descer pela sua espinha ao ver a pessoa que estava parada do lado de fora da janela e que encarava eles.

-O-O que foi, Lia?-perguntou Yuri com as mãos trêmulas e preocupado com a amiga.

Lia correu para a janela, e olhou para o jardim procurando a pessoa, mas ela não viu ninguém.

-Lia?-chamou o ruivo. Ela se virou para ele e disse com a voz cortada de medo:

-Y-Yuri….t-tinha alguém na janela.-falou ela tremendo e indo até ele. Yuri franziu as sobrancelhas e suas entranhas gelaram.

-Como assim?-pergunta ele achando que poderia ser uma empregada da casa.-Vai ver erá a Chris.

-Não, Yuri. Erá uma mulher estranha, ela não estava com uniforme.-a voz de Lia tremia, e estava deixando Yuri mais apavorado.-Yuri, eu te juro que não erá nenhuma empregada da casa, eu juro.

Ela abraçou ele, e Yuri a sentiu estremecer. Yuri ficou com medo, e imaginando quem poderia ter sido.

-Acho que é melhor contar para a Anni, Lia.-sugeriu ele, e suas pernas tremeram. Lia disse que “sim” e os dois foram procurá-la pela casa.

Algo dentro de seu peito estava dizendo para Yuri, que tem algo de muito errado com essa história. Eles encontraram Anni na sala de estar, ela via TV, Lia contou tudo o que viu, e Anni disse que poderia ser um empregado, mas Lia descordou.

-Não, Anni, eu conheço eles, essa mulher erá muito estranha, ela tava lá parada na janela encarando a gente, e foi muito assustador, e quando eu olhei para ela, ela correu.-sua voz saiu cortada, e Yuri ao seu lado, ficava com mais medo ainda.

-Meu Deus, eu acho que vou pedir para a guarda comunitária, vir aqui dá uma olhada.-falou ela se levantando e pegando o telefone.-Vocês estão bem?

Pergunta ela, olhando para as caras de assustados que os dois estavam. Lia e Yuri assentiram. Minutos depois, um carro da guarda que faz a segurança do condomínio chegou; Anni disse o que havia acontecido, e eles foram junto com ela até o jardim dos fundos. Lia e Yuri ficaram perto da porta. Um dos homens foi até perto dos muros para checar a segurança, e viu que o portão dos fundos estava aberto, ele foi até lá, e deu uma olhada na rua, que estava deserta. O guarda retornou e disse:

-Senhora, não há ninguém, mas sugiro que mantenha o portão dos fundos sempre trancado; pode ter sido uma criança curiosa que viu o portão aberto e quis xeretar.-falou o homem para Anni.

-Mas, esse portão sempre fica trancado, eu não sei por quê ele está aberto.-falou ela ficando cada vez mais tensa.-E a amiga do meu enteado, disse que viu uma mulher e não uma criança.

-Certo, para deixá-los mais calmos, faremos uma ronda em torno do quarteirão.-disse o homem mais alto.-E se acontecer novamente, nos informe.

Anni assentiu, e acompanhou os guardas até a porta; ela voltou para a sala, e disse, após roer uma unha:

-Tá tudo bem, não precisam ficar com medo.-falou ela tranquilizando os dois. Mas em seu rosto estava estampado o medo.

Lia estava agarrada em Yuri.

-Gente, eu não fiz um escândalo por nada, aquela mulher erá assustadora.-falou Lia passando as mãos nos cabelos.

-Tá tudo bem, Lia. Já passou.-disse Yuri com a voz meiga, e Lia o abraçou.

Yuri ficou pensando quem poderia ser essa mulher que Lia viu na janela. E após a garota ter ido embora, e João ter chegado do trabalho, Yuri e Anni contaram para ele, que ficou preocupado, Então, João disse que ia reforçar a segurança na casa. Para ele a segurança de sua família é prioridade, e ele não vai deixar passar esse susto que Lia e Yuri levaram. Yuri se sentiu mais segurou depois que contou para o pai; João e Anni perguntaram para os cinco empregados, se eles esqueceram de fechar o portão, e todos deram a mesma resposta: Não.

Naquela noite de chuva, Yuri foi dormir com uma pitada de medo, mas seu pai ficou com ele no quarto.

-Não precisa ficar com medo, filho. Esse condomínio é bastante seguro.-dizia João afagando os cabelos do filho, que estava encolhido na cama ao lado do pai.

-Papai, eu não queria ficar com medo, mas foi muito assustador.-falou ele com a voz meiga. João beijou a cabeça dele. E ficou com Yuri até o garoto se sentir seguro e pregar no sono.

E assim, o ruivo dormiu seguro ao lado de seu pai.



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