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História Com você - Pensando em você


Escrita por: dandania

Notas do Autor


Olá amores!!!

Capítulo revisado com algumas modificações

Boa leitura!!!

Capítulo 8 - Pensando em você


Ao meio-dia, Lucas foi despertado pelo seu pai. 

O garoto apertou os olhos, sentindo-os pesados e doloridos, devido a luz que invadia seu quarto, no meio do dia; enterrou o rosto no travesseiro, sentiu uma forte pontada na cabeça após ouvir a voz exageradamente alta de seu pai.

A ressaca finalmente lhe deu bom dia. 

— Levanta! — vociferou seu pai. — Não estou criando um vagabundo e sim um homem!

— Pai, fala baixo. — Resmungou cobrindo a cabeça com o cobertor.

— Fala baixo, um cacete! — clamou seu pai. — Enche o cu de álcool, depois fica aí quase morrendo nessa cama. — Reclamava parado de frente a cama e, fitando Lucas debaixo das cobertas. O garoto jogou o cobertor para longe e fitou o pai. — E pelo que tô vendo, andou brigando.

Lucas se sentou na cama, se sentindo enjoado, com a boca seca. Franziu os olhos e resmungou.

— Vai ficar me encarando? — demanda para o pai. Beto riu, se aproximou dele e, segurou o queixo do garoto o levantando. Beto analisou o rosto do filho que tinha o lábio inferior do lado direito cortado e a bochecha com uma mancha redonda roxa.

— Espero que o outro esteja pior. — diz Roberto encarando Lucas. O moreno sorriu para o pai e assentiu. - Muito bem, levanta dessa cama. — Beto deu um tapa na cabeça de Lucas, que resmungou, ele saiu do quarto ouvindo o filho reclamar.

Caminhou com dificuldade até o banheiro, se despiu após esvaziar a bexiga que, estava matando-o, adentrou o box, ligando o registro do chuveiro em seguida, a água gelada caiu em sua cabeça, fazendo seus pelos eriçarem devido a temperatura.

Lucas passou as mãos em seus fios castanhos, no peitoral e braços.

Aos poucos foi se recordando de alguns momentos da festa de Nick, e a realidade recaiu-se sobre sua cabeça. Lucas fechou os olhos, suspirando, em sua mente (que tentava despertar com a água fria) se lembrou de Yuri, aquele ruivo mexeu seriamente com ele. Flashes do beijo explodiram em sua mente, Lucas encostou a testa no azulejo frio do box, e suspirou pesadamente, aquele beijo o deixou balançado, Yuri causava sensações que o moreno jamais experimentara.

Ele tocou seu membro e, se surpreendeu quando o sentiu duro. Começou a massageá-lo com movimentos suaves, Lucas gemeu arrastado, e Yuri vinha em seus pensamentos, aqueles lábios macios e quentes tocando os dele, sua pele lisinha e alva. Seu corpo começou a ter espasmos, causados pela aproximação de seu clímax. Um gemido rouco, quase mudo deixou seus lábios, e gozou, sentindo seu corpo ficar mole.

Permaneceu alguns segundos de olhos fechados, esperando a respiração retornar ao normal. 

— Que droga! — arfou. — Qual é o meu problema?

Saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura. Lucas estava confuso, ainda se negando a acreditar no que sentia por Yuri.

“Por que beijei ele?”

Pela primeira vez, Lucas teve medo, medo de estar apaixonado.

Se vestiu e foi para a cozinha, sua irmã o encontrou no corredor. Clara fechou a cara assim que o viu.

— Você é um canalha, Lucas! — proferiu furiosa. — Você bateu no Fábio, e me largou na festa. Tive que pedir para o irmão do Nicolas me trazer.

— Não fala o nome desse cara. — Dizia ele passando por ela. — Para de encher o meu saco e, de gritar que minha cabeça tá  doendo.  

 

Se sentou à mesa, cruzou os braços em cima dela, deitando sua cabeça sobre eles, estava sem apetite, a ressaca dessa vez o pegou de jeito (não só a ressaca). Sua mãe veio até ele e afagou seus cabelos ainda úmidos. 

— Ressaca? — perguntou ela, Lucas assentiu. Ela foi até o armário e pegou uma cartela de comprimidos, tirando um e levando até o filho. — Toma. — disse e foi até a pia pegar um copo d'água. Beth retornou e Lucas pegou o copo, virando todo o líquido dentro de sua boca, engolindo o líquido junto ao comprimido.

— Valeu, mãe! — Falou ainda sonolento. Beth sorriu de lado, e afagou seus cabelos. — Mãe, existe remédio anti-sentimentos? — a pergunta fez sua mãe rir, mas Beth notou que, o filho estava diferente há alguns dias.

— Quem é a menina? — perguntou ela fitando-o. O garoto engoliu em seco, e seu coração disparou.

“Na verdade, é um menino, mãe. Um menino baixinho que está me deixando maluco!”

Lucas deu de ombros, e disfarçou dando um sorriso amarelo para a mãe. Se isso realmente estiver acontecendo, se ele estiver gostando de Yuri, vai ser um tormento ter que contar aos pais, principalmente para o pai, que sempre teve falas homofóbicas, tendo como principal alvo sua Tia Mari.

O garoto tentava a todo custo esquecer o beijo, mas era impossível se livrar da memória ainda fresca daqueles lábios rosadinhos.

( . . . )

O ruivo estava sentado no meio da cama de sua nova amiga, seus braços encontravam-se em volta do corpo do ursinho que Lia o deu de presente, uma de suas mãos acariciava o bracinho do urso. Yuri mesmo ouvindo o som da voz da amiga, que falava sobre a festa que haviam ido, seus pensamentos pairavam fora dali.

Em seu pequeno corpo, ainda permanecia a blusa de frio de Lucas, seu cheiro era inebriante, forte e marcante, Yuri inspirava, tentando sentir novamente aquele aroma.

— Yuri? — Lia o chamou, fazendo o menino despertar — Ei! — correu para o seu lado, alisando com carinho as costas do ruivo.

— O-Oi. Ah, desculpa, Lia. — disse umedecendo os lábios.

— Tá pensando nele, né? — afagou seus cabelos ruivos.

Yuri não respondeu, sentiu cada parte de seu corpo esquentar, apenas com a menção do moreno.

 

Maria adentrou o quarto, para avisar que, já estava na hora de Yuri voltar para casa.

— Ah não, mãe! — Lia fez um bico.

— Lia, é melhor você ir levá-lo, seria mais educado, não acha? — disse Maria.

Lia bufou, encarou o rosto abatido do ruivo, e segurou no braço dele, para ajudá-lo a se levantar.

— Lia, e-eu queria ficar mais u-um pouco. — Resmungou.

— É melhor você ir agora, Yuri. Irei ficar muito feliz se você vier dormir aqui mais vezes. — Maria o fitou, e mesmo sentindo o coração partido por mandá-lo para casa, teve que fazer, até porque, sua mãe poderia já estar preocupada.

 

Atravessaram a rua, cada passo, o corpo do ruivo ficava mais duro, e hesitante.

Yuri sentiu uma pontada forte na barriga quando Lia tocou a campainha. Abraçou o urso com força, e seus lábios tremeram.

Rosana atendeu a porta, e lá estava seu filho, todo encolhido ao lado da cacheada. Yuri estremeceu ao sentir a mão gelada e rígida da mãe segurar seu braço e o levar para dentro de casa, agradecendo Lia por tê-lo trazido, mas Yuri sabia que ela só estava encenando, não queria que Lia soubesse que a partir do momento em que a porta se fechasse, possivelmente aconteceria uma agressão.

O menino abriu a boca para dar “tchau” a amiga, mas o som da porta se fechando o calou.

Rosana ainda com a mão fechada sobre o braço dele, o apertou mais, o garoto gemeu, e foi arrastado escada acima, tropeçando em alguns degraus, seu braço doía, e o ursinho escapou de sua mão.

Foi empurrado com violência para dentro do quarto, Yuri cambaleou e caiu ajoelhado, seu peito estava gelado, já temendo o pior, mas uma voz de criança invadiu seus ouvidos.

— Yuli! — gritou Léo o abraçando por trás, aproveitando que o irmão mais velho estava ajoelhado. Yuri deixou um soluço escapar, trazendo Léo para a sua frente para abraçá-lo melhor.

 — Cadê o amiguinho?

— E-Eu não sei, Léo. — falou se segurando para não chorar na frente do irmão.

— Leonardo. — Chamou Rosana. — Vá brincar no seu quarto, e feche a porta.

— M-Mas mamãe, eu quero fica com o Yuli, a gente vai brincar de dinossa...

— Depois, meu amor. Agora preciso conversar com o seu irmão. — O tom de sua voz era completamente diferente do que ela usava com Yuri, parecia até outra pessoa, e deixava Yuri cada vez mais deslocado, se questionando o porquê de ser tão maltratado.

A criança não questionou a mãe, deu um beijo na bochecha do irmão e saiu do quarto. Rosana foi até a porta e esperou Léo entrar em seu quarto e fechar a porta, como havia pedido.

Se virou fitando o menino no chão, Yuri temia se levantar sem permissão, seus ouvidos sensíveis ouviram os passos leves de sua mãe caminharem até ele.

Levou sua mão até os fios alaranjados idênticos aos seus, e os puxou com brutalidade, fazendo seu filho gritar de dor, Yuri foi calado com um tapa fortíssimo em sua boca, o gosto metálico se tornou presente e comum em sua boca. Ela o arrastou até próximo a cama, Yuri mordeu o lábio, evitando gritar novamente, mas a dor de seus fios sendo puxados era maior.

— Ma-mamãe! — clamou quase sussurrando, pensou no irmão, seria horrível se Léo o ouvisse chorar.

— Cala essa boca! — tentou não elevar o tom da voz, até porque, era dia, os vizinhos podiam ouvir, e Léo também. — Você me paga, Yuri. Nunca, nunca mais, faça isso! — dizia de dentes trincados, e puxando com mais força os cabelos do menino.

— D-Desculpa, mamãe. — Pedia soluçando. O sangue de Rosana esquentou, e um tapa foi desferido contra o rosto do menino. —  Mamãe! Desculpa, por favor!

Suas súplicas não adiantava em nada, quanto mais ele implorava, Rosana se enfurecia mais.

Mais tapas foram dados, beliscões nos braços, empurrões, e puxões de cabelo. Yuri já não suportava mais, estava dolorido, sua boca sangrava, a face ardia pelos tapas.

A ruiva tinha consciência de que, bater em partes visíveis a denunciaria, mas neste momento sua mente se esqueceu desse detalhe.

Yuri chorava, suplicava para a mãe parar, suas forças já estavam se esvaindo.

— Chora baixo, seu imprestável!  — Exclamou, pegando-o pelos ombros e o chacoalhando.

Não satisfeita, o largou no chão e foi até o guarda-roupas do menino, pegar um cinto, que já ficava ali para facilitar.

Yuri se encolheu no chão, abraçando os joelhos, sabia que a mãe tinha ido pegar o cinto. E caiu em prantos, soluçava baixinho, com os lumes espremidos, queria que tudo acabasse o mais depressa possível.

O cinto era de couro, e doía muito quando entrava em contato com a sua pele alva, ela ficava mais sensível a cada cintada. Doía, ardia, parecia que a pele rasgaria e desmaiar de tanta dor. Ouvia com nitidez o barulho do couro acertando sua pele, era uma em seguida da outra, sua mãe só parava quando o braço já estava dolorido. 

Enquanto apanhava, orava para sua mãe cansar logo, para a dor cessar, ou para alguém vir ampará-lo. 

Rosana mandava-o ficar quieto, mas era impossível, quando sua pele queimava.

— M-Mamãe, para por f-favor! — já estava rouco e fraco.

As cintadas cessaram, mas o alívio em seu corpo não veio.

— Nunca mais faça aquele showzinho novamente! — exprimiu dando uma última e dolorosa cintada na coxa do menino, que estremeceu, trincando a mandíbula.

Jogou o cinto em cima da cama, o fitou sem nenhum pingo de remorso, mesmo mirando o garoto encolhido no chão, chorando e sangrando.

Deixou o cômodo, trancando a porta por fora, pretendia deixá-lo de castigo, trancado até o dia seguinte.

A dor fazia seus ossos vibrarem, ainda soluçando, tocou de leve a lateral de sua coxa, a pele latejou, e Yuri fez uma careta.

O ruivo não suporta ficar sozinho, parece que sua mente lhe pregava peças e ele acaba ouvindo vozes.

Um assovio em tom de melodia, soou pelo cômodo, quebrando aquele silêncio mórbido que havia ali. Yuri sobressaltou, e fez um esforço para se sentar. Tocou o ombro, que também estava dolorido, tentando prestar atenção de onde vinha a melodia assobiada.

O mais assustador era que, estava dentro de seu quarto - Sozinho.

— Q-Quem tá aí? — demanda roucamente.

Não houve uma resposta, o assovio se foi deixando o ruivo apavorado.

Yuri se arrastou com dificuldade até a cama, se deitou, queria se sentir confortável, mas não deu, cada centímetro de seu corpo vibrou em contato com o tecido.

Se encolheu, parecendo uma bolinha ruiva, abraçou os joelhos, e fechou os olhos, queria dormir para a dor esvair.

A parte do colchão atrás de si, afundou. Yuri gelou, e apertou seus olhos com força, choramingando.

“A dor vai passar logo. Te amo muito!”

Uma voz doce entoou quebrando o silêncio, Yuri se assustou, sendo pego de surpresa e gritou:

— Mã... Mamãe! — bradou, sentindo sua garganta arder. Se arrastou para a beira da cama, seus dentes batiam de medo, seu coração disparou.

Sentia uma presença muito forte perto de si.

— V-Vai embora, por favor! — pediu em prantos.

Puxou o travesseiro para seus braços, o abraçando fortemente. Enterrou o rosto ali.

Apavorado, dolorido e cansado, Yuri tentou dormir, queria esquecer de tudo o que ocorreu, queria não ouvir mais vozes.

( . . . )

Ao cair da noite, sua mãe o deixou sair do quarto. Yuri desceu para a sala sendo levado pelo braço pela mãe, mancava por causa da perna que estava dolorida. O rosto estava inchado, o lábio cortou bem no cantinho.

Foi colocando de uma maneira bruta no sofá, ouviu o som da tv, era o noticiário local. Suspirou fechando os punhos, deixando-os repousados em seu colo.

O semblante apresentava sinais de abatimento.

Parecia bem menor do que realmente é quando está com medo.

Léo brincava com seus carrinhos na mesinha de centro, Yuri o ouviu fazer barulhinhos de motor e freadas. Esboçou um sorriso, mas o desfez quando sua mãe o perguntou:

— De quem é essa blusa, Yuri? — O tom usado foi moderado, por causa da presença de Léo na sala.

Yuri notou que, ainda usava a blusa de frio de Lucas, levou sua mão até a manga e a alisou.

— U-Um amigo me e-emprestou. — respondeu baixinho, com dificuldade, devido ao machucado no lábio, fazendo sua mãe fechar a cara, ela odiava quando o menino falava baixo.

—Amigo? — indagou Ricardo em um tom de deboche. — E desde quando você tem um amigo?

O ruivo abaixou a cabeça, seu peito doeu, seu padrasto gostava de magoá-lo com palavras. 

— Vê se devolve logo. — Rosana diz ríspida. Yuri assentiu reprimido.

Queria dizer para a mãe o que tinha acontecido no quarto, mas ficou com receio dela dizer que ele estava mentindo, apenas para assustar seu irmão.

( . . . )

Lucas resolveu ir até a casa de sua tia, precisava conversar com alguém, ela seria a pessoa certa, que o entenderia perfeitamente.

— Quer bolo? — perguntou Mari. — Letícia fez um de cenoura.

O garoto aceitou, Mari foi até a cozinha e pegou uma fatia, levando-a até o sobrinho que, estava sentado despojado no sofá, fazendo um bico e fitando a tela da tv desligada.

— Tia, quero te perguntar uma coisa, mas…. — Pegou o pratinho com a fatia e a colocou em cima da mesinha, fitando o rosto da mulher que se sentava ao seu lado.

Lucas se recostou no encosto do sofá, cobrindo o rosto com as mãos, suspirou profundamente.

— Então? — diz ela. Lucas retirou as mãos da face, e a mirou, parecia que seu peito estava sendo apertado por mãos de ferro.

— Tia, a senhora sempre soube que é lésbica? ou descobriu por acaso? — seus olhos castanhos estavam atentos. 

— Assim, eu só fui ter uma ideia exata aos doze, por quê? — ela arqueou uma sobrancelha. Lucas riu ficando corado.

— Nada não. — Disfarçou.

— Lucas? — pegou a mão dele, e acariciou. — Tá querendo me contar algo? — Mari o mirou nos lumes. Lucas desviou os olhos dos da tia.

— Não, Tia. — diz se livrando das mãos dela.

— Você sabe que pode me contar tudo. — Seus mirantes focaram na face da Tia.

— É complicado. — Suspira. — Ontem... na festa... eu… — cada palavra dita era um suspiro. — Aconteceu uma parada, e tô confuso pra cacete.

Marian sorriu, sua mão afagou os cabelos do sobrinho, seu sorriso foi ficando pequeno cada vez mais que seu olhar se perdia no rosto de Lucas.

Ela se assumiu para a família aos 20 anos, Roberto, seu irmão mais velho, não a aceitou. E isso causou inúmeras brigas entre eles, ficaram sem se falar por um ano e meio, porém Mari notou que esse afastamento a manteria longe de Lucas, e o sobrinho foi o único motivo que fez Mari tentar fazer as pazes com o irmão.

— Lucas, você é bi? — perguntou ela, franzindo os olhos. Apenas o observou. O moreno a fitou com seus lumes arregalados e, se levantou de supetão.

— Claro que não!  — Diz fechando a cara. — Só porque beijei um garoto, isso não significa nada!

— Lucas, você sabe que bissexuais sentem atração por ambos os sex... — Mari engoliu as palavras. — Espera!

Mari abriu a boca formando um “O”, passou a mão em seus cabelos loiros, tentando não sorrir. Lucas se tocou no que tinha dito e, jogou a cabeça para trás rosnando de raiva e arrependimento.

— Como assim, Lucas? — sorriu largo e, deu um tapa na bunda dele.

— N-Nada, eu não disse nada. — diz devidamente nervoso.

— Senta aqui. — Mari pediu batendo a mão no sofá. Lucas se sentou duro, sua tia afagou seus cabelos. — Querido, não tem problema nenhum em beijar um garoto, não tem problema nenhum você se sentir atraído por ele.

Lucas corou.

— Agora me conta essa história, tô curiosa! — Marian o incentivou.

— Foi sem querer, tia. — disse cruzando os braços. — Não era pra ter acontecido, sabe?

Mari beijou a bochecha dele, e Lucas a afastou resmungando.

— Querido, se você o beijou foi porque você desejou beijá-lo. Você deve ter se sentido atraído por ele. — Diz ela e, Lucas mordeu o lábio pensativo. — Isso não significa que você seja gay. Tenho suspeitas de que, você talvez seja bi.

Ele franziu as sobrancelhas e ficou ereto no sofá.

— Bi? — indagou confuso. — Não tia, sou não. Eu nunca fiz isso antes, nunca tive vontade de ficar com um cara.

— Vai ver, o seu lado bi só estava esperando o menino certo para despertar. — Sorriu largo.

Seus sentimentos estão à flor da pele, mas é novo para ele.

— Me diz como foi o beijo, você gostou? — perguntou ela tirando-o de seus pensamentos. Lucas a fitou e piscou algumas vezes. — Qual é o nome dele, já quero conhecê-lo!

O moreno piscou atordoado.  

— Hã... e-eu acho que gostei…pra falar a verdade... eu gostei muito, não consigo parar de pensar nele, tia. — Dizia colocando as mãos no cabelo. — Acho que foi o melhor beijo... — Lucas corou.

— Que fofo! — disse. — Tá, mas como ele se chama?

Lucas engoliu em seco.

— Yuri. — Seu estômago deu uma cambalhota apenas por pronunciar o nome do ruivo. — E vai com calma, nem sei direito o que tá rolando... Meu pai vai me matar!

— Ele não vai, querido. — disse. — Você gosta dele? Se sim, tenta dar uma chance pra esse, vamos dizer: “novo sentimento”. Vejo que, você está entre completamente confuso e curioso, sei que tá sendo difícil, Lucas; quando eu tinha a sua idade, a minha cabeça estava mais embolada do que fone de ouvido. — O moreno riu de canto, atento às palavras da tia. — É assustador, não é?

— Muito. — Responde, se recostando no encosto do sofá. Sua tia não podia ver e nem ouvir, mas o seu coração estava batendo depressa, fazendo Lucas sentir um frio estranho na boca do estômago.

— Lucas, escuta, se quiser ir em frente e ficar com esse menino, faça isso somente se você ter total certeza de que é isso que você quer, porque se for o contrário, não quero que você faça algo de estúpido e machuque os sentimentos desse menino, ele não é um brinquedo, ok!

Ele assentiu, mesmo que sua cabeça esteja uma bagunça enorme.

— Tia... você é a única pessoa que me sinto confortável pra falar do Yuri. —  Dizia sentindo um nó na garganta. — Te amo.

— Também te amo. — disse beijando o topo da cabeça dele. — Pode sempre confiar em mim, e não se preocupe, o Yuri também deve tá confuso assim como você.

Lucas ainda abraçado a sua tia, se perdeu dentro de uma cachoeira de pensamentos, cada palavra de Mari ecoava.

Poderia tentar ficar com Yuri, mas ninguém poderia saber, não agora, não até ele se encontrar e entender essa bagunça dentro de si. Lucas quer se encontrar primeiro, antes de querer assumir quem realmente é. E que, possivelmente esteja apaixonado.

Yuri deu o ar da graça em seu dilema, se recordou de cada toque; do beijo, da respiração ofegante do menino, de Yuri corando, e de como ele se sente quando o ruivo sorrir.

 

 

Andava em cima de seu skate pela rua, chegou a uma conclusão: irá tentar algo com Yuri, e só de pensar nisso, seu coração saltou, fazendo-o parar na calçada e fitar um casal de meninos que estava do outro lado da rua. Aquela cena, deles de mãos dadas, conversando e sorrindo um para o outro, fez com que Lucas sentisse uma vontade imensa de estar no lugar deles, de mãos dadas com Yuri, conversando sobre coisas bobas, e beijando seus lábios macios, sem serem julgados por estarem apenas apaixonados.

Sacudiu a cabeça, e suspirou, dando um impulso no skate e subindo nele com ambos os pés.

Foi para a praça, encontrar os amigos para andarem de skate.

Caíque e Nicolas decidiram provocar o amigo, sobre Lucas ter brigado com Fábio.

— Lucas levou uma coça* do Fábio! — Caíque o provocou, sabendo que receberia o troco.

E recebeu um soco no ombro.

— Meu, àquela filha da mãe da Sofia deve tá ficando com ele só pra me irritar porque, não basta aquele FDP ter ficando com a Clara, agora é com a Sofia. — Dizia coçando a nuca. — Vocês não têm nem noção da raiva que tô sentindo dos dois!

— Imagino, mas a Sofia, agora é passado, você não quer mais saber dela, então, segue em frente! — Falou Nick.

Lucas apenas franziu os lábios.

— Lucas, e àquela garota do cabelo roxo? — Pergunta Caíque.

Lucas e Nick trocaram olhares e riram, Caíque arqueou os ombros sem entender a graça. Os dois começaram a rir dele, deixando Caique puto.

— Qual é a graça, seus otários?! — Exclamou.

— Tá afim dela, é? — Perguntou Lucas passando o braço em volta do pescoço do amigo.

— Só fiz uma pergunta, mané. — Caíque rebateu.

— Ele acabou de responder a sua pergunta, Lucas. — Diz Nick rindo. Lucas assentiu e, apertou o braço em volta do pescoço do amigo chacoalhando-o, Caíque xingou baixinho.

— Só achei ela gata, não posso? — Se explica, mas ficou sem graça pelos olhares que recebeu dos amigos.

Caique revirou os olhos.

Mesmo com os amigos, Lucas não conseguia parar de pensar em Yuri, e de como ele irá chegar no garoto para conversar sobre eles.

Até porque, Lucas não sabe se Yuri está sentindo o mesmo e, se vai aceita o seu pedido.


Notas Finais


Até mais!


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