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História Como acabar com um casamento - II


Escrita por: Confusion

Capítulo 2 - II


O caminho para o aeroporto foi mais rápido do que ela se lembrava, mas isso era graças ao seu taxista que cortava o caminho por atalhos que ela desconhecia. Obviamente sua mãe já esperava pronta para dar um enorme sermão. Carla Tannhauser não aparentava ter a idade que tinha, com geneticista ela parecia se cuidar e o efeito do tempo não recaia sobre ela, mas desta vez até aquela ruguinha no meio da testa dela resolveu aparecer e isso significava que ela estava bastante irritada.

—Você está atrasada. – Carla informou o óbvio, Caitlin se seguro para não revirar os olhos.

—Eu sei, estava na sessão de fotos e acabei perdendo a hora. – ajudou a mãe com as malas. – Não sabia que teria um fotógrafo vinte e quatro horas na minha cola.

—Esse é o diferencial da empresa, as fotos vão ficar perfeitas, você vai ver.

Elas seguiram para o hotel, Caitlin não teve tempo nem para respirar, antes de pedir o carro de Ronnie para ir pegar as suas madrinhas na estação. Girou a chave do carro, quando a porta do passageiro se abriu.

—Você não precisar ir comigo Ro...- ela se virou dando de cara com Barry. – O que diabos você está fazendo aqui?

Ele levantou a câmera como se fosse uma explicação, ela revirou os olhos bufando irritada.

—Vim tirar as fotos do reencontro emocionante.

—Sério? – ela colocou a mão sobre o volante e o encarou, nenhum dos dois piscou por longos segundos.

—Totalmente. – ele disse, ela suspirou se dando por vencida.

—Ok, mas fique longe das minhas amigas. – alertou dando partida no carro e saindo do hotel.

—Eu não vou dar em cima de suas amigas. – Barry se defendeu. – Tenho princípios.

—Eu não estou falando de você. Eu estou falando delas. – explicou. – Eu tenho três madrinhas e melhores amigas, Sara e Laurel Lance e Felicity Smoak, Laurel eu conheci na faculdade e Sara é irmã dela, já Felicity e eu somos amigas desde o jardim de infância, somos inesperáveis desde então.  – Barry abaixou o vidro da janela e ela teve que desligar o ar. – Laurel acabou de sair de um relacionamento de quase cinco anos, Sara está solteira desde do dia em que eu a conheci e Felicity está namorando meu primo.

—E daí?

—Sara está sem transar a quase sete dias, segundo seus relatórios diários que ela manda no WhatsApp, Laurel está ansiosa para dar o troco em Tommy, o ex dela, de qualquer jeito e Feli não aguenta mais o emprego de Oliver, e provavelmente ela vai beber e se descontrolar. – ela sorriu para ele. – Ou seja, uma das três, ou todas elas, vão tentar dar em cima de você.

—Você conhece suas amigas muito bem. – Barry falou impressionado.

Ela deu de ombros, sentindo o rosto avermelhar. Era um elogio tão diferente do que ela já havia recebido na vida, os elogios eram geralmente relacionados a sua inteligência ou eficiência no trabalho. Estacionou em frente a uma pequena cafeteria esquecida pelo tempo, Barry saltou e logo começou a tirar fotos dela.

—Sério? Até aqui? – fechou a porta com força.

—É meu trabalho, por favor não se zangue pretty. 

Suspirou, sem olhar pra Barry. Alguma coisa nele a fazia querer mata-lo, mas ao mesmo tempo abraça-lo. Como alguém podia ser encantador, porém ao mesmo tempo tão idiota?

—Caitlin! - a voz estridente de Sara chegou aos seus ouvidos no momento em que ela colocou o pé sobre a plataforma. Sara, Felicity e Laurel acenaram para ela, a pequena aglomeração de loiras começou a se aproximar dela.

—Você não falou que elas eram muito bonitas. – Barry sussurrou e acabou recebendo uma cotovela no meio das costelas. – Aí pretty.

—Ei meninas. – as quatro se abraçaram. – Fico feliz que estejam aqui.

—A gente também. – Laurel sorriu com suas lindas covinhas. – De nos três, eu pensei que você seria a última a se casar.

—Por que?

—Cait você não leva jeito para casamento. – Sara trocou o peso de perna, se sentiu levemente incomodada com aquela afirmação.

—Olha eu não sou o único e perceber isso. – Barry murmurou ao se lado, Caitlin lhe socou o ombro. – Ei! Que violência é essa, pretty?

—Barry, ou você cala a boca ou eu te tranco no carro. – ameaçou, mas seu sorriso denunciou que a ameaça não era séria.

—Caitlin que mal educação é essa, você nem apresentou seu amigo. – Sara colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha e sorriu maliciosamente.

—Desculpa, honey, mas eu já fui avisado sobre você. – Barry disse antes que ela tivesse a chance de abrir a boca, Caitlin prensou a boca contendo o riso. – Prazer, Barry Allen, fotógrafo da noiva e você deve ser Sara Lance.

—É o prazer é todo meu. – Sara estendeu a mão e Barry a pegou beijando o dorso como fizera com Caitlin naquela manhã, ela cruzou os braços desviando o olhar, não sabia o porquê daquilo a incomodar.

—E vocês deve ser, Felicity Smoak e Laurel Lance. – as duas loiras assentiram e ele refez o gesto em cada uma.

—Que galanteador. – Laurel murmurou.

—E tão gato...quer dizer...tão bonito, não é...

—Acho que a gente entendeu Feli. – Caitlin mordeu o lábio inferior contendo o riso.

—Mas e aí, tá solteiro? – Sara passou a mão pelo braço de Barry.

—Acho que sim. – ele deu de ombros, realmente não parecia interessado em Sara, o que era quase um milagre, já que todos em algum momento já havia se interessado pela Lance. – Então, Caitlin, vamos começar mais uma sessão de fotos?

—Com as meninas?

—Claro. Aquele café ali na frente daria um ótimo cenário.

Caitlin concordou e todos eles seguiram para o pequeno café a frente da estação. Elas se sentaram em uma das últimas mesas enquanto Barry as cercava tirando foto atrás de foto, ela tinha certeza que ele só podia estar brincando da cara dela, porque era impossível que alguma daquelas fotos fosse parar no seu álbum de casamento.

—Onde você conseguiu essa coisa gostosa? – Laurel questionou encarando Barry que havia ido comprar um café.

—A empresa de organização. – tomou um gole do seu suco. – Iremos fazer alguns ensaios antes do casamento.

—Então ele vai estar livre depois do casamento? – Sara umedeceu os lábios.

—Claro. – ela deu de ombros. Mas uma estranha sensação se formou em seu estômago, um formigamento seguido de uma leve quentura. – Não sei se ele vai querer você, mas você que sabe.

—Acho que vou investir nele. – a Lance pegou a bolsa e retirou o batom vermelho vivo. – Quem sabe se eu não acabe ganhando alguma coisa com esse casamento.

Caitlin revirou os olhos, mas decidiu ignorar o comentário. Embora gostasse muito de sua amiga, sabia que Sara era como uma viúva-negra, primeiro pegava, depois descartava, não queria que Barry se magoasse. Eles voltaram para o hotel alguns minutos depois, a única coisa que Caitlin queria era tomar um belo banho e dormir um pouco, mas seus planos foram frustrados por alguém batendo em sua porta.

—Hey, pretty. Hora da nossa sessão de fotos ao ar livre. – Barry sorriu descaradamente para ela. Caitlin tentou dar um micro sorriso antes de bater à porta na cara dele. – Ei! Vamos lá Cait.

—Barry eu vou dormir e tomar um banho, se um dia eu sair daqui eu falo para você.

—Você é sempre assim tão irritada? – ele perguntou com a voz abafada pela madeira.

—Só com pessoas irritantes. – alfinetou. – Agora cai fora.

—Precisamos dessas fotos, pretty. Sua mãe que pediu.

Ela suspirou, se não tirasse aquelas malditas fotos sua mãe iria surtar e começar um grande escândalo, e era esse tipo de coisa que ela evitava a todo custo.

—Ok. – abriu a porta. – Me encontra daqui a uma hora na piscina, preciso de um banho e quero testa minha hidromassagem. – Barry riu. – O que foi?

—Nada é que...deixa pra lá. Até daqui a pouco Cait.

Ele saiu, Caitlin fechou a porta e começou a se despir, pegou o roupão de algodão em cima da cama e caminhou até a hidromassagem a colocando em uma temperatura aceitável. Submergiu o corpo deixando apenas o nariz para fora da água, tentou se desfazer de todos os pensamentos enquanto sentia a bolhas massagearem seu corpo.

Em menos de dois dias ela seria a nova Sra. Raymond, se casaria com o amor de sua vida, então isso significava que ela devia estar feliz, não é? Ronnie era o cara mais perfeito que ela conhecia, deveria se sentir honrada de se casar com ele, não é? Ela vai ser feliz, eles vão ter filhos, Ronnie queria um pequeno time de futebol enquanto ela queria apenas dois, um casal de preferência. Ronnie queria morar no campo, longe de toda a movimentação da grande cidade, já ela queria um pequeno duplex que vira uma vez no centro de Central City.

Eles eram diferentes, mas de um jeito bom, não é?

Vestiu a roupa que havia escolhido, uma blusa simples com uma calça e uma bota de cano curto, pegou a bolsa e desceu para a piscina. Barry já a esperava com a câmera na mão.

—Uau, que belo look. – ele levantou a câmera. – Tão diferente da elegante doutora Snow.

—Você vai ficar de gozação ou me dizer para onde vamos?

Barry riu e a puxou pela mão, até um local afastado do hotel, era uma parte do lago da casa do casarão. Havia uma passarela de madeira que terminava em um deque coberto.

—Tcharam!

—Uau.

—Não é perfeito? Pensei em usarmos o lago como plano de fundo para algumas fotos depois do casamento.

—Ronnie vai amar esse lugar. – observou o caminho plantas suspensas que levavam até o deque.

—Mas por enquanto vamos apenas focar em você. Vem. – Barry estendeu a mão e Caitlin aceitou sem hesitar. – Podemos tirar algumas fotos agora.

—Claro. - ela se posicionou perto um arranjo de flores.

—Então, como você e o Ronald se conheceram?

—Encontro a cegas. Uma colega de classe de Felicity na faculdade disse que havia um cara que era amigo e que estava solteiro, de início era para ele ficar com Feli, mas alguma coisa aconteceu, não me lembro bem o que, só sei que uma semana depois Ronnie e eu estávamos namorando. – ela mordeu o lábio inferior. – Não é grande coisa, mas é importante.

—Seu padrinho vai fazer um discurso sobre isso no casamento?

Ela pensou em Oliver, seu primo já havia terminado o discurso a mais de um mês, Felicity era a única que estava enrolando para terminar.

—Ele vai. E você, sr. Allen? Qual a sua história?

Barry riu.

—Não é uma coisa grande.

—Vamos lá. Por que você quis ser fotografo?

—Gosto de tirar fotos. O mundo pela lente de uma câmera é mais calmo, os detalhes me encantam. Na verdade, eu não fiz nenhuma faculdade de fotografia ou qualquer curso.

—Um talento nato.

—É, eu trabalhava na polícia antes de largar tudo e me dedicar exclusivamente a isso. – ela o encarou admirada.

—Você era policial?

—Não, cientista forense.

—Impressionante do mesmo jeito, mas o que aconteceu?

—Fiz algumas escolhas erradas. – ele murmurou ajeitando o foco da máquina.

—Tipo? – o incentivou.

—Me apaixonar pela filha do chefe. – Caitlin arqueou a sobrancelha. – Ela só estava me usando para irritar o pai.

—Sinto muito. – disse sincera.

—Não tem problema, eu a amava, no verbo passado mais que perfeito. – Barry deu de ombros. - Certas pessoas entram na nossa vida de forma tão brutal, que apenas temos que torcer para acabar tudo bem.

—E se não acabar?

—A certos erros que valem a pena se arrepender.

Caitlin suspirou, ela não tinha aquele tipo de história, sua vida era tão perfeitamente detalhada para dar tudo certo, que as vezes ela se surpreendia com histórias como aquela. Como por exemplo Oliver e Felicity, a história deles era tão ilógica e sem nexo nenhum que chegava a ser roteiro de comédia romântica. Seus amigos haviam se conhecido em um bar depois de um dos jogos da faculdade, Caitlin havia apresentado eles dois, mas na época Felicity namorava Cooper e Oliver estava ficando com Laurel, aquela noite foi um marco pra eles. Porque a combinação de dois bêbados e um banheiro de bar nunca dá certo. Eles ficaram nesse rolo de se pegar escondido por meses a fio, até que um dia Caitlin resolveu dar um basta na situação, ela era única que sabia o que acontecia entre eles. Oliver terminou com Laurel e Felicity com Cooper, de primeira eles não deram certo, nem de segunda, o máximo de tempo que eles conseguiam ficar juntos era de pelo menos seis meses.

Caitlin agradeceu aos céus quando eles decidiram que estava na hora de conversar sobre relacionamento. Já fazia quase três anos que eles estavam juntos e tirando as inúmeras brigas, as insinuações e todo o drama, eles são o casal mais estável que ela conhece.

Ela tirou os sapatos e se sentou na borda do deque, seus pés tocaram a água do lago e um sorriso surgiu em seus lábios. Barry se agachou ao seu lado.

—Seu sorriso é lindo. – ele sussurrou, ela sentiu suas bochechas se avermelharam de repente.

—Calado. – o empurrou, Barry se desequilibrou e caiu no lago, não sem antes puxa-la junto. – Seu louco!

—Você que me empurrou. – ele tirou a câmera do pescoço e a jogou no deque.

—Mas não era para você me puxar junto. – Caitlin jogou água nele.

—Eu tentei me agarrar em algo. – retrucou, jogando água nela.

—E precisava ser em mim? – sem esperar alguma resposta, empurrou a cabeça dele para debaixo d’água.

Barry se debateu tentando subir novamente, Caitlin continuou a empurra-lo. Sorriu vitoriosa até o momento em que Barry a puxou pelas pernas a submergindo, levou apenas alguns segundos para seus olhos se acostumarem com a água do lago, que estava excepcionalmente límpida. Barry sorriu, enquanto Caitlin nadava em sua direção e ele se afastava. Ela queria xinga-lo e mata-lo, não exatamente nessa ordem.

Quando percebeu que já estava fundo o suficiente o fotógrafo se virou e para a surpresa de Caitlin, ele nadou em sua direção, pegou sua mão e puxou pra cima. Quando o ar entrou seus pulmões agradeceram, eles já estavam mais longe do deque do ela imaginava, provavelmente uns cinco a sete metros de distância.

—Não é bonito? – ele perguntou. Caitlin se virou observando a paisagem ao seu redor, a mata que cercava o hotel, o casarão já era visível dali em toda a sua magnitude e esplendor.

—Perfeito. – sussurrou.

—É disso que estou falando. Não é necessária muita coisa para fazer o momento perfeito.

No início Caitlin pensava que ele estava falando sobre a paisagem, mas depois percebeu que o foco de Barry estava totalmente sobre ela, ou seja, era dela que ele estava falando.

Eles estavam muito próximos, ela podia sentir a sua respiração e o barulho do seu coração. Se virou fazendo os dois ficarem cara a cara, os olhos de Barry haviam tomado uma coloração diferente devido à luz do sol, eles estavam mais verdes e brilhantes, seu sorriso era encantador e até aquela cicatriz sobre sua sobrancelha parecia mais bonita. Deve ter sido pelos seus devaneios ou pelo momento digno de filme de romance, porque quando ela se inclinou para perto e o beijo, ela com certeza não estava batendo bem da cabeça.

Um beijo calmo e tranquilo, sem nenhuma presa ou pressão, as mãos de Barry voaram direto para sua cintura, enquanto as mãos delas brincavam com o seu cabelo. Caitlin nunca havia sido beijada assim, era difícil de explicar, mas parecia tão natural e normal. Sua cabeça estava confusa, seu coração batia descompassado e suas partes intimas pareciam estar mais acordadas do que nunca. Porra! Ela estava beijando o fotógrafo do seu próprio casamento, sendo que seu noivo estava a sua espera. Confusa era eufemismo para o que ela estava sentindo, porém, mesmo o seu cérebro gritando para ela parar, seus outros sentidos pareciam adormecidos.

Quando se separam, apenas por falta de ar, sua mente ainda rodava e seu coração parecia dar cambalhotas. Encarou Barry sem saber o que falar, a primeira coisa que passou em sua cabeça foi pedir desculpa, mas nem essas palavras pareciam querer sair, então não se surpreendeu quando seu corpo entrou em pânico e resolver que fugir era a melhor solução.

Nadou de volta ao deque e sem olhar para trás pegou a bolsa e saiu correu de volta para o hotel, esperando ter pelo menos um momento de paz. Seguiu pela trilha que havia feito com Barry mais cedo naquela tarde, estranhamente não estava com medo de Barry a seguir, sabia que ele não faria isso. O que diabos havia acontecido?



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