História Como jogar com um gato preto. (HIATUS) - O anjo e o rapaz atrapalhado.

Eram 5:30 e estava na hora de todos irem pra casa, alguns atores ainda conversavam entre eles sobre o quanto estavam empolgados em trabalhar com Jeon Jungkook, por outro lado Jimin os olhava com desdém. “Não sei o que esse povo vê nesse Jungkook...” pensou. Jimin sabia que Jeon era um homem atraente, mas o orgulho era maior que a vontade de passar uma noite com aquele cara, Jimin chacoalhou a cabeça em busca de esquecer esse pensamento, mas não antes de dar uma boa secada naquele que ele tanto queria que sumisse da face da terra. Jeon percebendo os olhos de Jimin sobre si sorriu de canto, mas Jimin nem notou e voltou a recolher seus equipamentos.

O gato preto ainda não tinha entendido do porquê de ter tanto ranço de uma pessoa que ele acabou de conhecer. “Ah! Ele é metido, e eu odeio gente metida.” Riu de si próprio por ser tão idiota, mas ele não daria o gostinho para esse cara que provavelmente teve tudo de mão beijada, não é mesmo? Era um motivo idiota? Era. Mas quando ele pega ranço de alguém, pode ser o homem mais lindo do mundo que não adiantava, Jimin não ia querer nem pintado de ouro.

Se lembrou que antes de ir para casa precisava cortar aquele cabelo que já estava passando dos ombros, tirou o celular do bolso procurando na internet um salão por perto, deu graças a Deus por encontrar um e ainda ter vagas naquela hora. Jin veio em sua direção apontando pro relógio e balançando as chaves do carro, Jimin sabia o que aquilo significava, era hora de ir embora.

— Jin-hyung, eu preciso passar no cabelereiro antes, e parece que tem um aqui por perto, eu vou até lá e já volto, você pode me esperar?

Jin concordou com a cabeça e pediu pra que se fosse demorar muito era pra Jimin ligar.

Jimin saiu em disparada porque sabia o quanto seu hyung odiava esperar. Mas não antes de notar os olhos de Jungkook o acompanhando e o analisando dos pés à cabeça. Jimin torceu a boca numa expressão de “Nunca viu não?”, Jeon riu da infantilidade de Jimin e acabou mandando um beijo voador pra ele. O Park virou o rosto com as bochechas vermelhas ardendo de vergonha e ao mesmo tempo com muita raiva, parecia que seus olhos estavam pegando fogo. Enquanto Jungkook ria debochado. Ele tava adorando provocar o gatinho e era só primeiro dia ainda.

— Ah... Park Jimin... você vai sofrer nas minhas mãos — disse num tom baixinho apenas pra ele mesmo escutar enquanto Jimin saía do set indo em direção à rua.

Não deu nem cinco minutos e lá estava ele em frente ao salão de beleza, um rapaz bonito de cabelos negros e olhos castanhos escuros estava sentado atrás de um balcão, ele ainda não tinha notado o moreno ali, seu livro era mais importante que o próprio cliente, Jimin teve que fingir uma tosse para que ele o notasse.

— Por favor, ainda há vagas não é? Queria cortar meu cabelo, mas não precisa ser nada de mais, apenas diminuir.

— Ah! Me desculpe, não sou eu que corto. Minha mãe saiu, mas já está voltando, pode se sentar aqui enquanto espera — O rapaz levou Jimin até uma das poltronas o arrumando e colocando uma toalha em seus ombros para que quando a dona do salão chegasse Jimin já estivesse pronto.

Não demorou muito e a cabelereira entrava no lugar falando alto e pedindo desculpas pela demora. Jimin já estava com os cabelos lavados pronto para o corte.

— Olá minha criança — disse sorrindo simpática, pegando um pente e uma tesoura — Qual corte vai querer? Já tem algo em mente?

[...]

Enquanto isso no set de gravação já tinham se passado alguns minutos e os trabalhadores se despediam entre eles. E quanto à Jin? Ele já estava entediado com a demora de Jimin, cogitando no que fazer enquanto Jimin não voltava do cabelereiro. Ele olhou pra os lados a procura de algo para se distrair já que o que tinha que fazer hoje ele já tinha feito, acabou batendo os olhos em um homem alto de cabelos loiros caminhando distraído analisando algo em sua agenda, ainda não o tinha visto por ali, ele não parecia ser um dos atores, Jin mal segurou a risada quando o dito cujo tropeçou nos próprios pés, derrubando sua agenda fazendo com que as folhas que estavam dentro voassem pra todo lado, seu celular foi parar longe, seus óculos então... derrubou tudo que estava segurando, inclusive ele mesmo, Jin rodou os olhos pelo lugar pra ver se alguém tinha visto aquela tragédia, mas já não tinha mais ninguém lá, apenas ele segurando a gargalhada e o homem espatifado no chão.

Antes de ir ajudá-lo, Jin passou os dedos embaixo dos olhos para secar as lágrimas que já estavam querendo descer de tanto rir e respirou fundo tentando passar um ar de ue nada aconteceu. Em passos lentos chegou até o rapaz, que tentava se levantar sozinho e o estendeu a mão.

— Você está bem cara? — Jin ainda tentava não rir do rosto engraçado sob si — Parece que você caiu.

— Parece é? Você acha? — O loiro mais alto parou de falar, ficando estático logo que seus olhos se encontraram com aquele que estava parado em sua frente com a mão estendida. "Puta merda!!! Que homem lindo, acho que eu bati a cabeça quando caí e morri" pensou — Você é um anjo? — indagou ainda hipnotizado pela beleza de Jin.

— Que? — Jin perguntou um pouco confuso, apertando o olhar.

— O que? Ah! O que você disse?

— Perguntei se você está bem — Jin ainda estava com as mãos estendidas e com um pequeno sorriso no rosto, apesar de achar esquisita aquela situação — Venha.

— Ah sim, estou sim — riu tímido — É que eu não vi que meus cadarços estavam desamarrados — disse saindo de seu transe e aceitando as mãos do seu “anjo” o levantando.

Já em pé. O mais alto ainda olhava pro rosto bonito a sua frente, encantado pela beleza que o outro emanava.

Jin já estava começando a ficar incomodado por aqueles olhares que o outro dirigia a si. 

— Você não vai soltar minha mão? — Ele detestava esse tipo de clima e se sentia desconfortável em situações como essa, ainda mais se tratando de homens.

— Ah! É ... me desculpe — o loiro disse soltando as mãos de Jin rapidamente, ficou desconcertado e um pouco envergonhado percebendo em como ele tinha ficado incomodado pelos seus olhares. Mas ele não conseguia disfarçar, o rapaz era muito bonito.

— Tudo bem. Eu não vi você mais cedo. É um dos atores? — ainda mesmo que estivesse constrangido perguntou na tentativa de quebrar o clima tenso entre os dois abaixando-se para pegar as coisas que estavam espalhadas pelo chão.

— Oh não. Eu sou manager da estrela dessa peça, Jeon Jungkook, você o deve ter visto por aí. — o loiro mais alto abaixou-se também para ajudar Jin.

— Meu Deus! Claro que eu conheço. Eu sou o maior fã dele, já vi todos os trabalhos que ele já fez. Ele é um grande ator, não acredito que você é manager dele — Jin disse animado, animado até demais aos olhos do rapaz atrapalhado.

E lá vamos nós novamente, sempre foi assim. Ele não podia falar que trabalhava com Jungkook que a pessoa com quem estava já o enchia de perguntas sobre o ator, era um saco, por isso odiava tanto sair com alguém, quando saía tinha que ser escondido, nem ousava em dizer onde trabalhava e evitava ao máximo se apegar. Era como se eles não se importassem com ele, apenas queriam saber de Jeon Jungkook, e não existe ninguém que aguente esse tipo de coisa — É sim... Qual é o seu nome?

— Kim Seokjin — Jin já fantasiava Jungkook lhe dando um autografo, senhor do céu, melhor que isso, uma foto deles juntos. Jin dava gritinhos internos imaginando aquilo tudo. Ele ficou o dia todo tentando se aproximar do seu ídolo, mas toda vez que ele tentava, a imagem de Jimin o fazendo passar vergonha vinha como uma bomba, parecia ser ridículo aquilo, e era, mas Jin sempre prezou muito pela educação e pra ele desde aquele momento Jungkook os considerava dois pobretões mal educados e logo desanimava voltando ao trabalho com a cabeça baixa e o rabinho entre as pernas, como um cachorrinho — E o seu?

— Kim Namjoon. Prazer — ele e Jin fizeram uma pequena reverência apenas inclinando um pouco a cabeça em sinal de comprimento — Você... você tá trabalhando aqui... montando o set?

— Mais que isso. A Bighit é de minha responsabilidade, sou o chefe da equipe de produção — Jin respondeu todo orgulhoso.

A pequena empresa é uma herança de família. Nela o Kim contrata pessoas que estão dispostas a trabalhar com qualquer coisa, lembrando que com qualquer coisa dentro da lei, desde matar uma barata na casa de alguém aleatório que tinha medo dessas coisinhas nojentas e que os contratava pra fazer esse tipo de serviço, até como pedreiros.

Ele amava fazer aquilo, ajudar o próximo sempre foi seu maior prazer, e ele era muito feliz com isso. Desde cedo ele ajudava as pessoas de sua vizinhança, até foi babá de um peixinho de seu vizinho do andar de cima uma vez, quando o mesmo teve que passar uns dias fora da cidade. Acho que esse foi o primeiro trabalho dele.

— Nossa, que legal. Deve ser trabalhoso — Namjoon notou o brilho no olhar de Jin quando começou a falar sobre o trabalho, isso até o animou fazendo com que se esquecesse do assunto do Jeon.

— Não muito, mas eu gosto — Jin sorriu terno e entregou os óculos que ainda estava segurando — Aqui. Eu preciso ir agora. Já são 6:30 e preciso fechar o set, foi um prazer te conhecer.

— O prazer foi meu. E obrigado por ter me ajudado — O loiro disse sorrindo tímido coçando a parte de trás da cabeça.

— A que isso, tudo bem e ajudar pessoas é o meu trabalho — riu um pouco alto e Namjoon adorou ouvir aquela risada estranha mas ao mesmo tempo bonita aos seus ouvidos.

Seokjin saiu e deu mais uma olhada para trás, o rapaz alto ainda o encarava e Jin de alguma maneira não ficou tão incomodado como deveria. Jin não se sentia bem quando percebia olhares com outros interesses pra cima de si, mesmo que fosse só coisa da sua cabeça.

Seokjin já era um homem adulto, mas nunca tinha sequer beijado alguém uma única vez na vida, mesmo a uns anos atrás, quando estava estudando no 1º ano e um rapaz de sua classe tentou o beijar a força.

Jin sempre foi lindo, desde criança as mães de seus coleguinhas tinham uma certa inveja de sua mãe, mas não  pense que era de uma maneira ruim. Bom, quem não quer um filho tão bonito quanto a ele, não é mesmo?

Jin era tão espetacular que um silêncio audível caía quando ele entrava em algum lugar.

Na época do colegial não era diferente, o chamavam de príncipe do colégio, todos os alunos morriam para querer ficar com ele pelo menos uma vez, mas Jin nunca se importou, ele tinha mais coisas importantes para fazer do que ficar pensando nesse tipo de assunto.

Um dia quando estava no vestiário pegando suas coisas para ir embora após a aula de educação física, um dos seus colegas pediu pra que os presentes saíssem ficando a sós com Jin. Tdo tramado para se confessar, obviamente Jin recusou a confissão e estava pronto para sair, colocou as mãos sobre a maçaneta da porta e viu que não abria, notando que estava trancada.

O mesmo ia se virar para pedir que o rapaz a destrancasse e foi quando sentiu uma mão em seu braço já o segurando forte, Jin ficou desesperado tentando sair daquele aperto, o outro era mais baixo que ele, mas era mais forte, ele tentava a todo custo beijar Jin que não parava de se debater. Desistindo do beijo, resolveu lamber o pescoço do mais alto o empurrando para o chão, Jin quase vomitou com aquilo e já estava com os olhos encharcados do choro que insistia em cair, Jin estava pronto para desistir e aceitar o que vinha em seguida quando por sorte do destino seu professor abriu a porta dando de cara com o rapaz já pronto para tirar as calças do mais alto.

Seokjin agradece até hoje por seu professor ter entrado no vestiário e ter dado uma lição naquele ser nojento o expulsando do colégio, Jin nunca mais viu o rapaz e nem gostaria de ver. Jin mudou tanto que é capaz de mata-lo se um dia der de cara com aquele infeliz. Ele não ficou com traumas nem nada, mas ele pegou um certo nojo de homens gays que dão em cima de si.

E mulheres? Não é que ele não gostasse delas, ele apenas não se importava com relacionamentos, não via nada demais neles e ele estava bem vivendo assim, outra que ele também tinha preguiça de ter que lidar com esse tipo de coisa, namorar dava muito trabalho e ele jamais iria perder seu tempo beijando alguém que não gostava. Talvez Jin fosse aquele tipo de pessoa que só fica com quem gosta, mas nunca tinha gostado de ninguém, então nunca quis beijar ninguém também.

Já estava com o celular na mão pensando em ligar para Jimin quando viu o moreno vindo em sua direção na calçada.

— Cortou o cabelo?

— Não tirei para lavar, amanhã eu pego de volta — Jimin respondeu debochado para o mais velho e não deu um segundo para levar um cascudo na cabeça.

Jimin acariciava o lugar dolorido rumarando até o carro de Jin, os dois conversando sobre o que eles acharam do primeiro dia de trabalho.

Dentro do carro Jimin olhava para janela se socando mentalmente por não parar de lembrar do rosto daquele idiota do Jungkook. Quanto a Jin, ele ainda tentava entender do porquê de não ter ficado tão incomodado com Namjoon, apesar de ter notado os olhares diferentes que o outro lançava para si.

O caminho foi calmo. Jimin adormeceu no banco da camionete e Jin teve que o carregar até o apartamento, não queria acorda-lo, ele mal dormia a noite e deu graças por ele estar tão cansado que provavelmente hoje ele não sairia para mais uma de suas noitadas.

[...]

Enquanto um pouco antes disso, quando Seokjin tinha acabado de sair, Jungkook vinha correndo na direção de Namjoon, gritando.

— Hyung! Finalmente te encontrei, achei que você já tinha ido embora e me deixado aqui.

— Jungkook do céu.

— O que foi homem? — Jungkook se aproximou segurando Namjoon que estava com as mãos no peito.

— Acho que eu tô apaixonado.