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História Como me tornei uma Super-Vilã - Endividados


Escrita por: SweetAmmy

Notas do Autor


Oláaa! Acho que são poucas as histórias em que a vilã e a protagonista são as mesmas pessoas e eu adoro como a Ambre representa bem isso.
Resolvi usar o contexto do próprio Amor Doce para criar essa história. Originalmente o enredo "vilã para salvar a família da falência" foi usado por mim para a criação de uma ficha para uma fic interativa, mas como ela não foi aprovada, resolvi adaptá-la e transformar em uma fanfic própria. Espero que gostem!

Capítulo 1 - Endividados


— Não! Você não tem o direito de fazer isso! — Adelaide estremeceu, adquirindo uma cor mais pálida que o normal. — Tem que nos dar mais tempo!

— Sinto muito, senhora Armitage. — O advogado fingiu se lamentar enquanto limpava os óculos na manga de seu paletó. — Se não tem como me pagar, deveria ter pensado nisso antes de me contratar.

— Como eu saberia que a cobrança seria tão alta? — Ela começava a se desesperar.

— Seu marido está sendo julgado por agressão e seu filho está testemunhando contra ele. — Retrucou-lhe o engravatado, adquirindo um tom de voz mais sério. — Diz isso como se fosse muito simples defender alguém cujas evidências conspiram contra!

Ambre escutava a conversa da mãe se contendo para não roer as unhas de nervosismo. Enrich Tesla, o advogado exigente, lhe dava nos nervos como uma pessoa jamais havia conseguido. Nem mesmo na escola, onde tinha que lidar diariamente com garotas invejosas, medíocres e que não respeitavam seu lugar na "realeza social". Havia menos de um mês que seu pai, Francis Armitage, recebeu uma denúncia anônima de agressão ao menor e foi levado a julgamento. Adelaide havia gastado uma fortuna subornando a imprensa para não noticiarem a acusação e agora tinha que lidar com um advogado que queria arrancar-lhe até o último centavo.

De fato, Tesla era um profissional competente. Mesmo sabendo que Nathaniel iria depor contra o próprio pai, confirmando as acusações, ele aceitou entrar no caso e defender a família de Francis, nem que fosse preciso forjar provas contrárias. E, por enquanto, estava obtendo relativo sucesso. Ambre não sabia se ele estava blefando à frente do tribunal, mas até agora conseguiu deixar o advogado de acusação completamente perdido. Por fim, o juiz havia declarado que o acusador teria o prazo de três meses até a audiência final para conseguir provas mais convincentes e, do contrário, Francis seria inocentado. Yes! Aquela causa estava praticamente ganha.

Só que não. Passado apenas um dia, Tesla jogou a bomba na família: Para que ele continuasse defendendo Francis no julgamento final, os Armitage teriam que pagar a quantia de 3 milhões de euros, não importava como, antes de completados os três meses. Não tendo como pagar num prazo tão curto, Adelaide fora até o escritório do advogado para tentar um acordo.

— Sei que não é, mas coloque-se em meu lugar: Precisei pagar os principais noticiários franceses para que não divulgassem a acusação de meu marido e o preço não foi nada amistoso. — Adelaide se apressou em explicar, soa voz soando suplicante. — Por favor, não estou pedindo que libere a dívida, só estou pedindo que me dê mais tempo para conseguir o dinheiro. 

A mãe raramente dizia "por favor", pelo que Ambre se lembrava. Sempre foi uma mulher acostumada a ter as coisas facilmente em suas mãos e tinha um ego inflado que a impedia de ser gentil na maior parte do tempo, porque, para ela, isso significava se rebaixar. E, se ela estava se rebaixando agora frente ao advogado, significava que as circunstâncias eram preocupantes. 

Mas em vez de demonstrar compreensão e compaixão, Tesla soltou um riso breve e arrogante, como se achasse a mulher ingênua por acreditar que ele seria piedoso.

— Senhora, perdoe-me a prepotência, mas estou acostumada com clientes como você. — Ele juntou as mãos sobre a mesa de seu escritório. — Mulheres ricas, esnobes, que vivem às custas de seus maridos e têm prazer em passar a perna nos outros.

— O senhor não me conhece. — Adelaide parecia engasgada ao falar. Já estava se humilhando bem mais do que se permitia e ainda tinha que ouvir insultos de brinde. — O que diz é uma blasfêmia.

— É por isso que quer ver seu marido livre, não? — Tesla continuou, sem dar importância ao que a mulher havia dito. — Porque sem ele você estaria perdida para manter a fortuna dos Armitage.

— Eu irei lhe pagar. — Ela evitava olhá-lo diretamente para não deixar transparecer o quanto se sentia invadida com tudo o que ele dizia. — Tem a minha promessa, eu irei lhe pagar os três milhões, mas não conseguirei acumular uma quantia tão absurda em poucos meses.

— Promessa? Eu não vivo de promessas, senhora Armitage. — Ele ergueu as sobrancelhas, num ato confrontante. Após uma breve pausa, continuou. — Vou lhe contar algo bem interessante: Sabia que o principal motivo para os menos afortunados realizarem suas compras à prazo não é o maior tempo de pagamento, e sim a garantia que têm de uma resposta rápida, caso o produto comprado apresente defeito? Em palavras simplificadas, eles sabem que os vendedores têm medo de seus clientes não continuarem pagando pelo produto se não forem consertados logo. Então, diga-me. — Ele se inclinou para frente e aproximou o rosto de Adelaide e Ambre. — Como terei garantia de que terei o que eu quero se já tiver resolvido seu problema? 

Adelaide não sabia o que responder. Ela estava pálida, zonza, enjoada, mal conseguia raciocinar direito. Não conseguiria encontrar um advogado tão bom quanto Tesla mesmo que procurasse por toda a França. E o julgamento final seria decisivo para o futuro de seu marido e também de toda a família, ela precisava dos melhores serviços porque era quase impossível conter a imprensa quando o assunto é a prisão de alguém por agressão a um menor de idade. Mas como poderia dar garantia de que o pagamento seria efetuado?

— Podemos entrar num acordo. — Sugeriu, dizendo a primeira coisa que lhe vinha à mente. — Fazer uma espécie de contrato, eu não sei. Mas não vou conseguir pagar tudo em três meses e preciso que seja o advogado de Francis no julgamento final.

— Eu não quero desculpas, Adelaide. — Era possível notar que o advogado não estava para conversa. — Não quero acordos, não quero contratos. Minha proposta é simples e clara: pague-me o que me deve, ou não irei mais representar seu marido.

— De onde espera que eu arranje um milhão de dólares por mês? O que está fazendo é crueldade.

Enrich Tesla parou por um momento. Uma veia pulsava em sua testa visivelmente. O modo como fitou a mãe de Ambre pareceu significar que ele estava à beira do limite e que Adelaide estava tirando-o do sério. Mas, ao contrário do que pareceu, ele não surtou. Apenas suspirou para aliviar o estresse e disse:

— Cruel é sua atitude. Sabe que seu marido é culpado, passou anos vendo Nathaniel ser agredido verbal e fisicamente e permanece sendo omissa. E agora, quando tem a chance de fazê-lo pagar, faz questão de buscar o melhor advogado da França para inocentá-lo de um crime que a senhora sabe que ele cometeu. 

— Chega! Eu não tenho que tolerar essa atitude. — Adelaide soltou, levantando-se de uma vez. — Ambre, vamos embora. Eu posso perder todas as minhas economias contratando um advogado que esteja disposto a ficar do meu lado, mas se tem uma coisa que eu não perco é a minha dignidade discutindo com você. Com licença.

Mãe e filha se dirigiram até a porta para sair. Ambre admirou a atitude da mãe, pois estava a ponto de gritar e dar um tapa naquele homem, mas também não podia deixar de permanecer aflita. Onde arrumariam alguém que fosse tão bom quanto Tesla?

— Senhora Armitage... Creio que eu não tenha sido suficientemente claro. — O advogado a interrompeu antes que elas chegassem até a porta. — Eu lhe disse que não representaria seu marido na audiência final, mas nunca disse que perdoaria a dívida. Mesmo que arranje um bom substituto para testemunhar a favor de Francis, eu fui a pessoa que conseguiu adiar as acusações por cinco vezes no tribunal, então me deve alguma coisa. 

Adelaide fez que ia rir.

— E, como o senhor mesmo disse, como terá a garantia de que eu lhe pague depois desse discurso repleto de humilhações? — Perguntou ela de forma provocativa.

Tesla afinou os lábios e sorriu de lado de forma aterrorizante.

— Que bom que perguntou. — Ele abriu a gaveta da escrivaninha e tirou uma pasta preta, onde haviam alguns papéis. Colocando-a sobre a mesa, fitou as moças e continuou a falar, enquanto ambas retornavam para olhar o conteúdo da pasta. — Não achei que seria necessário chegar a níveis tão extremos, mas pessoas que não colaboram não deixam escolha. Algumas horas depois que Francis retornou ao confinamento, troquei algumas palavras com o detetive Noah para que ele convencesse o detento a assinar esses papéis. 

— Oh, não! — Ambre levou a mão à boca, enquanto lia o que estava escrito junto à sua mãe. Os papéis eram escrituras de ações e bens que estavam no nome de seu pai.

— Em curtas palavras, senhoras: caso eu não tenha meu dinheiro em menos de três meses, todas as posses de Francis Armitage, incluindo a casa onde vivem, passarão para o meu nome. — Tesla pareceu pronunciar aquelas palavras como um psicopata sedento por riquezas.

Tudo estava ali, naqueles papéis. O valor das posses não chegava a três milhões de euros, mas não interessava. Não se tratava de dinheiro, Tesla queria ver a ruína total da família Armitage. E não precisava de garantia alguma de que Adelaide lhe pagaria, porque Francis já havia se colocado à frente e tomado a decisão. O advogado blefou o tempo todo em que esteve conversando com a esposa do acusado, só para que ela se desesperasse e fizesse o possível para lhe garantir a quantia de maior valor. Mas, ao mesmo tempo, as posses de Francis eram quase tudo o que a família tinha, e abrir mão delas e depois tentar recuperar tudo era quase impossível, ainda mais se o novo advogado (que elas ainda teriam que arranjar, pois Tesla só atuaria com o dinheiro em mãos) perdesse para uma prova irrefutável do advogado de acusação.

Pagar os três milhões e ter uma chance de Francis ser inocentado ou recusar, ter todos os bens levados e confiar num advogado duvidoso como substituto de Tesla, que muito provavelmente resultaria na prisão de seu marido. Seja qual fosse o rumo que Adelaide tomasse, no final, ela acabaria chegando à mesma bifurcação: conseguir o dinheiro ou cavar a própria cova.


Notas Finais


Que situação, hein? Espero que tenham gostado e fiquem ansiosos pros próximos capítulos!
Nas notas finais de cada capítulo eu vou fazer um joguinho pra descontrair nos comentários. Você que estiver lendo, me responda: no lugar da Adelaide e da Ambre, como vocês fariam para conseguir os três milhões de euros em menos de três meses?


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