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História Como (não) agir em um clichê americano [ HIATUS ] - Um: Meus contatos desaparecem e Jungeun resolve enlouquecer


Escrita por: fawktheorbit

Notas do Autor


preciso admitir que chamar as coitadas de hyeju e jinsol ta sendo muito estranho pra mim. tudo por elas

aliás, os povs em todos os capítulos são da olivia, certo? quando – e se – forem mudar, vou especificar isso. boa leitura!

Capítulo 3 - Um: Meus contatos desaparecem e Jungeun resolve enlouquecer


 

 

Receio ter contado uma mentirinha breve no capítulo anterior: minha sequência de problemas claramente não consistiu em somente três passos, mas começou assim, se você levou ao pé da letra. 


Não deixa de ser um manual, porque eu honestamente não recomendo que repitam nada do que fiz em casa, mas tenha em mente que haverão centenas de passos idiotas executados por mim daqui em diante — passos esses que eu não vou me disponibilizar a numerar porque, ao menos no universo onde atualmente me encontro, não sou boa com números e esse tipo de coisa. Mais tarde você entende o que quero dizer com isso. 

 

Dito isso, permita-me recapitular o que já foi dito antes. Em suma: por mais idiota que isso pareça, noites de filmes com amigos e roteiros clichês divertidinhos não são uma boa ideia para passar o tempo, vai por mim. Ainda não comecei a contar o que de fato dá nome à história; para isso, preciso numerar o passo três de três — afinal, tudo o que me ocorreu somente se concretizou após uma típica noite de sono. 

 

Exatamente. O terceiro passo rumo à desgraça foi dormir. 

 

Não que eu vá te aconselhar a não dormir nunca mais, claro; é impossível até para mim, que tenho traumas irreversíveis em relação a isso. O meu conselho, na verdade, é outro: tome cuidado onde cai. Isso mesmo que você leu. Cair exige cautela. 

 

Digo isso porque, na manhã seguinte, acordei despencando do sofá da minha sala. — Despencando mesmo, porque não foi uma queda habitual; lembrava mais a sensação de um looping em montanha-russa, com direito a frio na barriga e taquicardia, suor gélido escorrendo pela testa. 


 Atingi o chão num baque surdo, deixando escapar um grunhido ao repousar o rosto sobre o tapete felpudo, num incontestável sentimento de derrota. Conselho de amiga: se a sensação for familiar a ti, recomendo que avalie as últimas mudanças ocorridas na sua vida imediatamente. 

 

Continuando. Meus ouvidos ainda zumbiam quando enfim abri os olhos, de forma que levei alguns instantes para distinguir o outro som estridente que ecoava pelo cômodo: meu despertador. Praguejei mentalmente, tateando o chão ao meu lado até alcançar o celular; desliguei o alarme. O relógio marcava seis horas em ponto, ou seja, já era de manhã.

 

 Franzi o cenho, olhei ao redor e cocei a cabeça: por quanto tempo havia dormido? Sequer me lembrava de ter cochilado. 

 

Foi estranho, porque o apartamento estava estranhamente arrumado, exatamente da maneira como o havia deixado antes de receber as meninas ali. Eu não fazia ideia de quando elas haviam adquirido o mínimo senso de organização, tampouco de como conseguiram deixar o local sem me acordar — não que eu tivesse sono leve, mas elas também estavam longe de pessoas silenciosas. Muito mesmo — mas, de qualquer forma, não ousei reclamar. Chegava a parecer uma dádiva. Driblei meu sono e a vontade de permanecer naquela mesmíssima posição, erguendo-me preguiçosamente a fim de me arrumar para a escola. 

 

Falando nisso, no momento eu sequer notei que havia adormecido em um sábado à noite. Em circunstâncias normais, não deveria ser segunda-feira. 

 

Certas coisas acontecem no automático, e a forma como repeti o ritual de tomar banho, vestir o uniforme e escovar os dentes foi um exemplo perfeito disso: quase não pensei coerentemente durante  todo aquele tempo. Tudo era estranhamente enevoado, confuso e ligeiramente irreal, como um sonho lúcido ou algo parecido. Tentei me recordar de algum dos acontecimentos da noite passada, mas poucas memórias me ocorreram e, por mais alarmante que aquilo fosse, eu somente atribuí ao cansaço e segui adiante sem maiores preocupações — péssima escolha, admito, mas continuar inerte à estranheza de tudo teria sido muito mais fácil para mim. 

 

Só então me lembrei de Jinsol, Jungeun e Chaewon. Elas sequer haviam deixado qualquer recado ao sair da minha casa na noite anterior, coisa que definitivamente não era do feitio de nenhuma. Torci o nariz, parando ao centro da cozinha para retirar o celular do bolso, vagando através dos contatos em busca do grupo onde costumávamos conversar. Não o encontrei. 

 

Novamente foi um alerta vermelho, porém eu nem me importei tanto assim. Supus que aquilo fosse parte de uma brincadeirinha idiota ou coisa parecida, porque isso sim era cara das três (de Jinsol, principalmente).

 

Era inevitável atribuir qualquer ideia imbecil a Jeong, de forma que minha próxima procura foi pelo seu contato particular. Queria xingá-la e pedir retorno ao chat, mas seu número também não estava lá e, a partir dali, resolvi partir em busca de Chaewon. Mesma coisa: não estava na lista. Levei a segunda conclusão com um pesar maior, admito, porque guardava muita coisa importante nas nossas conversas. Provavelmente fora um bug maldito tomando meu celular do dia para a noite, claro, e por sorte o último número da minha busca — Jungeun — ainda estava lá. 

 

Suspirei, aliviada. Já era alguma coisa. 

 

 

[você].: ei, jungeun

[você].: acordada? 

 

[jungeun].: acordada, claro. 

[jungeun].: precisa de algo? 

 

[você].: vocês saíram ontem sem me avisar 

[você].: chegou todo mundo bem? 

 

[jungeun].: ontem? como assim?

[jungeun].: deve ter errado o chat, hyeju. preste mais atenção. 

 

 

Fitei a tela em silêncio, tentando compreender o que diabos ela quis dizer com aquilo. Jungeun não tinha o senso de humor — lê-se a incapacidade de permanecer séria, sem dizer qualquer idiotice — de Jinsol, de forma que, às vezes, tornava difícil entender se suas palavras eram ou não ironia. Provavelmente fora uma piada: ela não se esqueceria de ter ido até ali. Revirei os olhos, negando com a cabeça. Claro que estava querendo dizer o contrário, o que indicava que sim, haviam chegado bem. 

 

  

[jungeun].: já está pronta, certo? 

[jungeun].: vou passar aí para irmos à escola. 

[jungeun].: você tem três minutos. 

 

[você].: ok, só preciso pegar minhas coisas 

 

 

 Apesar dos pesares, coisa ainda não estava tão estranha até ali. Tínhamos mesmo a tradição de irmos juntas ao colégio, uma vez que Jinsol morava do outro lado da cidade e Chaewon, ótimo exemplo de burguesa, sempre conseguia carona com os pais. Kim e eu acabávamos sobrando a cinco minutos do prédio onde estudávamos, então, teoricamente, tudo estava certo. Recolhi minha mochila e caminhei escada abaixo. 

 

Quatro andares até a portaria e Jungeun já estava lá, pronta e pontual como havia prometido. 

 

— Bom dia, flor do dia — saudou, sorrindo em minha direção. Usava o uniforme perfeitamente passado em complemento aos all-stars branquíssimos, cabelos castanhos presos ao topo da cabeça. Sua beleza às sete da manhã chegava a ser desrespeitosa. — Está com olheiras, hein? Ficou jogando até mais tarde?

 

Abri a boca para responder que estávamos vendo filmes até mais tarde, mas ela me tomou pelo braço antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, partindo prédio afora em passinhos firmes. 

 

— Sei que ficou, nem precisa mentir. — Continuou, respondendo por mim. — Agora anda, quero chegar a tempo de pegar o melhor lugar para assistir à aula de geometria. 

 

Ergui as sobrancelhas. Jungeun odiava matemática. 

 

 

 

(...) 

 

 

 

É complicado definir ao certo o que é um sentimento de estranheza — como quando você acha que esqueceu algo em casa, por exemplo, mesmo após ter conferido tudo dez vezes —. É uma sensação que sobe lentamente pelo corpo, chega à garganta e lá fica, colocando sua mente a mil, mesmo que não haja embasamento algum para tal. Você olha em volta, busca entender o que motiva aquela ideia e, para o seu maior desespero, não encontra nada. Parece sem nexo, então você afirma para si mesmo que está louco. Só que a sensação não vai embora. 

 

Foi o que experienciei ao caminhar pelas ruas movimentadas, acompanhando uma Kim apressadinha e sua mochila vermelha, que se destacava até demais em meio ao volume de pessoas que, aos poucos, inundava a calçada. Precisei apressar o passo duas ou três vezes, ligeiramente incomodada com seu silêncio — coisa que, vindo dela, era rara — e sua expressão tranquila, que não soava nada adequada para meu subconsciente. Engoli em seco. 

 

— Ah, quase me esqueci. — Pronunciei por fim, tentando dispensar aquelas paranoias e forjar normalidade com um assunto rotineiro. Pareceu o ideal, mas só serviu para me confundir ainda mais logo depois: — perdi os contatos da Jinsol e da Chaewon, não sei o porquê. Pode me passar de novo? E se puder me colocar de volta no grupo, também... 

 

Ela freou no meio da calçada de repente, fazendo com que eu esbarrasse em suas costas. 

 

— Quê? — Questionou, virando-se a fim de me encarar. Sua expressão exalava confusão, mesclada a uma pitada generosa de surpresa; quase assustada. — Perdeu os contatos de quem

 

— Jinsol e Chaewon? — Repeti, meio incerta. A interrogação gigantesca que surgiu em seu rosto me fez recuar: ela parecia repensar se havia, de fato, escutado corretamente. — Que foi? Parece que viu um fantasma. 

 

Jeong Jinsol e Park Chaewon? — Pronunciou devagar, dando ênfase aos sobrenomes. 

 

— Ahn... sim? 

 

— Hyeju, você endoidou? — Tornou a indagar, franzindo o cenho. Inconscientemente, fiz a mesma coisa. — Porque você iria querer... aliás, o que diabos te faz pensar que eu teria o contato dessas duas? Isso nem faz sentido! 

 

— Como? — Resmunguei, sem entender. Cá entre nós, se não fazia sentido ela ter os contatos da melhor amiga e da namorada dela, nada mais fazia. — Isso é algum tipo de piada, Jungeun? 

 

— Eu que te pergunto! E francamente, torço muito para que seja. Esperar que eu tenha o contato daquela maluca inconsequente da Jeong... onde já se viu? E aliás, chegaria a ser presunçoso da sua parte crer que Park Fucking Chaewon sabe quem a gente é. — Ela rebateu, mas sua expressão murchou de repente, como se estivesse recordando-se de algo importante. — Ah... já sei. Está treinando para o teste de teatro, não é? Hmpf, boa tentativa... — deixou dois tapinhas em meus ombros — quase acreditei que você estava mesmo ficando louca. 

 

E riu baixinho, negando com a cabeça. 

 

Quando voltou a caminhar calçada afora, permaneci estática — e confusa — alguns metros atrás. Teste de teatro? Maluca inconsequente? Oras... por que caralhos Chaewon não saberia quem somos? Eram tantas perguntas. 

 

O pior: ela não parecia estar brincando. Foi assustador, confesso, porque ela não tinha a capacidade de fingir por muito tempo: era a pessoa mais riso-frouxo que conhecia, e desde o início do diálogo estava impassível. Alarmante. 

 

Me senti tentada a perguntar o que ela queria dizer com tudo aquilo, mas algo me dizia que não seria suficiente para entender por onde sua cabeça andava — spoiler: eu estava certa. 

 

De duas uma: ou estava ficando lelé da cuca, ou resolvera se engajar realmente numa brincadeira de extremo mau gosto, provavelmente para dar continuidade ao plano de vingança proposto por Jinsol. Em ambos os casos, talvez fosse melhor deixar para lá (ou entrar no seu jogo) e sair em busca de Chaewon ou da própria Jeong: provavelmente seriam de mais ajuda, porque a primeira acabaria ficando com pena e a segunda não sustentaria a farsa por muito tempo, especialmente se eu oferecesse um lanche na cantina como pagamento. Sim. Era o melhor a se fazer. 

 

No entanto, Jungeun não mostrou qualquer traço de divertimento e conversou normalmente comigo durante todo o caminho de ida. Admito: torci para que parasse a qualquer instante e revelasse uma pegadinha, mas ela não o fez — pelo contrário, sustentou a maldita história do teste de teatro, com centenas de perguntas, até o fim. 

 

 

Outro spoiler, aliás: a sensação de estranheza que me tomava não era uma mera paranoia. 


Notas Finais


oh my god jungeun, que brincadeira bem articulada


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