História Como (Não) Viver Com Park Jimin - (Não) Fique Longe Do Quarto Dele

Outra regra muito importante sobre um Jimin é que se ele disser que você não deve fazer algo: não faça. Entrar no quarto dele contra a sua vontade pode resultar em situações estranhas. 

ㅡ O que você fez com o meu apartamento?! 

Eu pensei que conheceria o irmão de Hoseok de outro jeito. Que ele ia entrar e eu ia me apresentar, iríamos conversar, nos conhecer. Não esperava o que aconteceu. 

Primeiro: Como assim "o que eu fiz"? Eu não tinha feito nada, não é? Era isso que eu achava. 

Segundo: Se Jimin tivesse me batido, eu teria achado mais normal do que o que ele fez. 

ㅡ An? O que vo... 

ㅡ Meu Deus! O que você tem na cabeça? Olha isso! ㅡ Apontou para o sofá. ㅡ Meu Deus, olha só! Tá cheio de farelo de... ㅡ Ele pegou o pacote perto da almofada. ㅡ Doritos? Como assim você estava comendo Doritos no sofá?! Você é louco? E onde você achou isso? Eu não como essas coisas! Olha, só, meu sofá está imundo! 

Juro que tentei ver o imundo, porém tudo o que vi foram alguns farelos. 

Eu estava muito confuso. Não entendia por que ele estava tão nervoso e gritando comigo. Tentava falar, mas ele não me deixava acabar as frases.

ㅡ Imundo? Mas o... 

ㅡ O que é isso? ㅡ Jimin se abaixou para ver a mesinha de centro. ㅡ O que é isso na minha mesa? São marcas de copo! Pelo amor de Hércules, você não sabe o que é um descanso de copo? ㅡ Me olhou, descrente. ㅡ Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! 

Ele saiu, foi até o banheiro, e eu fiquei ali, parado do lado do sofá, tentando entender tudo que estava acontecendo. 

ㅡ Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! ㅡ Ele voltou do banheiro usando luvas, com um vidro de desinfetante, um espanador, um pano, um lixinho, um daqueles negócios de espirrar água nos gatos e uma máscara no rosto.

"Oi? Tudo bom?" foi o que eu pensei. 

ㅡ Olha só! Aish! 

Jimin levou o copo até a pia da cozinha e voltou, passou o desinfetante na marca quase inexistente do copo na mesa e limpou com o pano. Passou o pano ali dezenas de vezes enquanto murmurava "Eu não acredito nisso", então pegou o espanador e começou a usá-lo para jogar aqueles farelos mínimos no lixinho. 

ㅡ Para que a máscara? 

ㅡ Como assim para quê? Não está vendo esses farelos? Você quer que eu morra?! 

ㅡ Morra? 

ㅡ Se eu respirasse isso, poderia ir parar nos meus pulmões, causar uma infecção que pode se espalhar por todo o meu corpo, meu sangue podia ser afetado, infectado! Aí se espalharia por todo o meu corpo e eu morreria de falência múltipla de órgãos, já que todos estariam infectados! Você quer morrer com esses farelos? Fique a vontade, mas eu não. 

Eu gostaria muito de ter uma foto da minha cara naquele momento. Não pensava em nada além de: o quê?

Simplesmente isso: o quê? 

ㅡ O quê? 

ㅡ Ai, Deus! Olha isso! ㅡ Ele espirrou água no sofá. 

ㅡ Cara, você... ㅡ Coloquei a mão no ombro dele. 

Eu juro que ele gritou, se afastou de mim e começou a limpar a camisa. Será que tinha alguma doença ou desequilíbrio mental? 

ㅡ O quê... 

ㅡ Você está maluco?! Você não lavou as mãos! Como vou saber que germes você tem? 

ㅡ Que? Cara, olha.. ㅡ Tentei me aproximar e ele espirrou água em mim. Espirrou água em mim. ㅡ O que é isso? 

ㅡ Sai! Não se aproxima até eu saber se você está limpo! 

Esse foi um daqueles momentos em que eu realmente não sabia o que fazer ou para onde correr. Então fiquei parado, apenas observando. 

ㅡ Calma... Meu pote verde... ㅡ Pegou o pote que eu tinha enchido com Doritos. ㅡ Ah, não! ㅡ Jimin correu até a cozinha e começou a mexer no armário. ㅡ Você pegou o pote verde, que estava entre o azul e o rosa, e depois guardou o rosa dentro do amarelo? ㅡ Eu boiei tanto, mas tanto que poderia ser chamado de peixe morto. ㅡ Os potes são organizados por ordem de cores! Você não prestou atenção quando pegou? Ai, Deus! Eu vou surtar! Eu vou surtar!

ㅡ Eu... O quê? 

ㅡ Sai daí, sai! Vai pra algum lugar onde eu não te veja! 

Eu fiquei extremamente perdido, entrei no meu quarto e deitei na cama. 

O que era tudo aquilo? O que tinha acabado de acontecer? 

Ouvi ele falando com Hoseok no celular, reclamando de mim por horas. Acabei dormindo no meio da ligação, estava cansado e não tinha tempo pra ouvir tudo aquilo. Nem mesmo sabia o que tinha feito de errado ou como consertar.

{...}

Acordei com a maldita luz do sol no meu rosto. Me espreguicei e sentei na cama, procurei meus óculos. Eu não usava sempre, embora precisasse. Não era como se eu não enxergasse nada, porém era tudo meio borrado. 

Meus óculos não estavam na cômoda, onde procurei. Me levantei e abri a porta, fui até a cozinha e vi um óculos em cima da mesa. Lembrava de ter usado os meus para ver se o litro de Coca-Cola era mesmo Coca-Cola. Quando estava prestes a colocá-los, ouvi um grito alto.

ㅡ Sai de perto desse óculos! ㅡ Quando me dei conta, Jimin estava na minha frente, limpando os óculos que eu mal tinha encostado. ㅡ Esses são meus, meu par reserva ㅡ avisou e o guardou no bolso.

ㅡ Eu praticamente nem toquei neles, por que está limpando? ㅡ Bocejei. 

ㅡ Vai que você contamina meus óculos com algum germe desconhecido e me deixa completamente cego? 

ㅡ Que? Tá, tá, cadê os meus óculos? 

ㅡ Você não devia deixá-los jogados por aí, vai saber que vírus pode pegar. Eu guardei seus óculos aqui ㅡ  abriu uma gaveta na pia e pegou meu par de lá ㅡ, toma. 

Meu queixo caiu assim que consegui ver tudo claramente. Puta merda, se Jimin era gostoso meio borrado, nítido ele era o pecado. Minha nossa, que homem lindo.

ㅡ Você é lindo, viu? ㅡ O olhei de cima abaixo e sorri. As bochechas dele ficaram bem vermelhas e ele desviou o olhar. 

ㅡ Sem elogios, ainda mais esses vulgares. 

ㅡ Vulgar?  

ㅡ Sim. Enfim, eu falei com Hoseok e como era seu primeiro dia, vou perdoar seu vandalismo. 

ㅡ Vandalismo? Eu estava comendo Doritos no sofá. 

ㅡ Exato, então, vou explicar as regras mais básicas. ㅡ Sorriu, como se me chamar de vândalo fosse normal. ㅡ Primeiro: Nunca entre no meu quarto. Segundo: vamos ter rotinas iguais, então tudo terá um horário, banho, comida, sono. Tenha certeza que tudo o que você usar está limpo antes de guardar, e sempre guarde na ordem. ㅡ Andou até a geladeira e a abriu. ㅡ Tudo na geladeira está etiquetado, cada legume e fruta. Nunca os coloque em outros potes. 

Bem que eu achei uns borrões estranhos nos potes de comida; eram as etiquetas. Nossa, eu realmente era cego sem óculos. 

ㅡ Os potes do armário são organizados por ordem de cor, bem simples. Amarelo, vermelho, azul, verde, rosa, laranja e roxo. Entendeu? Amarelo, vermelho, azul, verde, rosa, laranja e roxo. Sempre. 

ㅡ Eu vou ter que memorizar isso? 

ㅡ Não se preocupe, para que você não se confunda ㅡ pegou alguns papéis grampeados em cima da mesa ㅡ, está tudo aqui: no Manual Do Colega De Apartamento. 

ㅡ Manual Do Colega De Apartamento? 

ㅡ Isso, aí tem todas as regras para que você não se confunda, pegue.

Jesus. Eu dei apenas uma olhada nas páginas e fiquei tonto.

ㅡ Dez folhas? 

ㅡ Sim, tudo especificado. Seu quarto será seu, decore e arrume como quiser, mas se trocar as roupas de cama as guarde na cômoda para que não sujem. Não pode fazer barulho, sem música alta, principalmente a noite. E se tiver companhia, garanta que a companhia gema baixo. 

ㅡ Não posso garantir que não vão gritar meu nome quando tiverem um orgasmo. 

Ele virou um tomatinho e eu só consegui conter o riso. Eu fui sincero, afinal. 

ㅡ Seria bom se esses comentários fossem evitados. Enfim, está tudo bem claro aí. Siga as regras e não teremos problemas... Kungjoog? 

ㅡ Jungkook! ㅡ Kungjoog? Esse nome realmente existia? Que coisa era essa?

ㅡ Isso, Jungkook. A propósito, sou Park Jimin. 

Pensei em perguntar o porquê ele era Park se era irmão do Hoseok e o sobrenome de Hoseok era Jung, contudo tive medo que ele tivesse uma uma grande explicação e deixei pra lá. Olhei para aqueles papéis cheios de regras. 

Ah, onde eu havia me metido? 

{...}

Segunda-feira faziam exatos dois dias que eu morava com Jimin, e eu só pensava:

Cansei, vou virar mendigo. 

No dia anterior, ele tinha me mostrado quais eram os meus garfos. Os meus garfos. Quem separa os garfos? Me mostrou ㅡ acreditem ou não ㅡ qual era o meu rolo de papel higiênico no banheiro.

Eu podia infectá-lo via papel que era jogado no lixo? Ou ele achava que eu me limpava com a mão e pegava o rolo depois? Sério, sério mesmo: o que ele estava pensando? 

Eu não pude deitar no sofá para não sujar. Mas eu nem havia saído de casa, como eu ia sujar? Ele tinha os copos dele e eu tinha os meus. Existia os pratos dele e os meus. Estão entendendo? 

Eu estava comendo sucrilhos com leite no café da manhã, com pressa, porque ia me atrasar para chegar na faculdade. O motivo? Jimin não me deixou tomar banho, alegando que ainda era a hora dele. Ficou lá dentro 50 minutos. Cinquenta. Ele sabia que eu não tinha tempo, no entanto, disse que esse era o horário dele e que para eu não me atrasar mais deveria tomar banho antes dele. 

Eu tomei banho depois. Disse a mim mesmo que estava tudo bem e eu podia superar aquilo.

Aí saí do banheiro com a toalha na cintura; ele me fez voltar para o banheiro e cobrir meu peito com outra toalha, porque tinha uma regra que proibia nudez na casa. Nós éramos homens! Homens! E eu não estava pelado! 

Mas tudo bem, tudo bem. Eu podia superar.

Ainda bem que Jimin não percebeu meu olhar de "Eu quero enfiar esse sucrilhos no seu cu", enquanto eu comia. Devia haver uma regra sobre olhares ameaçadores, e eu não queria ouvir sobre ela. 

Comi e saí correndo pelas escadas mesmo, pois o elevador ia demorar. Olhei a hora, não havia tempo para pegar o ônibus. Maldita hora que meu pai pegou meu carro! Saí correndo e quando dobrei a esquina vi uma jaqueta de couro com um tigre atrás, cabelos loiros e uma moto. 

Talvez eu não tivesse tanto azar assim. 

ㅡ Hyung! ㅡ o chamei; ele me olhou. ㅡ Me dá carona até a faculdade? 

ㅡ Claro, mas você vai ter que tomar um café comigo. 

Sorri e subi na moto. Ir de moto economizaria tempo. Tempo que eu podia gastar tomando um café na cafeteria em frente a faculdade.

{...}

ㅡ Então... soube que foi expulso do apartamento ㅡ ele comentou e tomou um gole de seu café com leite. 

ㅡ Quem te... Jin. Devia saber que ele ia te contar quando soubesse. 

ㅡ Você sabe como Seokjin é. Mas, enfim, está morando onde? 

ㅡ No condomínio Garden, divido o apartamento com o irmão do Hoseok. 

ㅡ E como ele é? 

ㅡ De aparência: um gostoso, de personalidade: um pé no saco. 

ㅡ Como assim? ㅡ Deixou de lado o café e me deu toda sua atenção. Imaginei que para um psiquiatra todo comportamento estranho fosse interessante. 

ㅡ Ele é cheio de regras com tudo, fica limpando a mesma coisa várias vezes. Ele faz a gente separar os garfos, acredita? 

ㅡ Ah, ele é obcecado por ordem e limpeza? 

ㅡ Sim, acho que ele tem Coti. 

ㅡ Coti? ㅡ Riu. ㅡ O que seria coti? 

ㅡ Sabe, aquela coisa lá! Quando a pessoa quer tanto limpeza que quase se isola, obcecado como você disse. 

ㅡ Você quer dizer TOC? Transtorno Obsessivo Compulsivo? ㅡ Segurou o riso. 

ㅡ Você sabe que eu não sou bom com nomes, Yoongi. 

ㅡ Desculpe, mas "Coti"? 

ㅡ Tá, deu, vamos mudar de assunto. Como vão as coisas no consultório? 

ㅡ Normal, os mesmos pacientes, alguns novos. Nada muito interessante. 

ㅡ Mas o que não tem de divertido no trabalho tem no resto. ㅡ Sorri, malicioso. 

ㅡ Com certeza. Não te vi na festa do Jin, está ficando comportado, Junguk? 

ㅡ Nem a pau. 

{...}

Depois de uma manhã cansativa na faculdade, me senti aliviado em sair pra comer alguma coisa. Estava passando pelo corredor quando esbarrei em um garoto. Ele derrubou várias tintas e alguns desenhos, não parava de se desculpar. Me abaixei para ajudá-lo a juntar tudo e quase perguntei se a tinta não havia caído em sua cabeça. Só depois percebi que ele tinha cabelo rosa. Rosa bem claro. Ficava bem bonito nele. 

ㅡ Me desculpe mesmo, eu sou tão desastrado! ㅡ Ele pegou tudo que pôde do chão e guardou em sua mochila. 

ㅡ Tudo bem, foi um acidente. Toma. ㅡ Lhe entreguei algumas tintas e desenhos. 

ㅡ Obrigado. ㅡ Guardou o que entreguei na mochila; a fechou depois. ㅡ Ah, que mal educado eu. Prazer, Kim Namjoon! ㅡ Me estendeu a mão e eu a apertei. 

ㅡ Prazer, Jeon Jungkook. 

ㅡ Bom, obrigado por me ajudar! ㅡ Sorriu. Percebi que ele tinha covinhas e tive que me conter para não colocar meus dedos ali. 

ㅡ Então, eu estou indo comer, quer vir comigo? 

ㅡ Oh, claro. 

Ele pareceu surpreso com o convite. Eu nunca tive dificuldade para fazer amigos nem nada assim, sempre fui muito extrovertido e gostava de pessoas novas, então fiquei animado quando ele aceitou meu convite.

Fomos até a cafeteria, pedimos torta de limão. Namjoon falava um pouco rápido, às vezes se embolava nas palavras. Fofo. Bem tímido pelo que pude reparar. 

Um garoto adorável, queria guardar ele num potinho. 

ㅡ Então, Namjoon, o que você estuda? ㅡ perguntei.

ㅡ Eu estudo arte, pinturas e desenhos são minha paixão. 

ㅡ Ah, sempre gostou disso? Tipo, desde criança? 

ㅡ Sim, eu sempre fui encantado por desenhos, pinturas e as cores! Ah, as cores! Tão lindas e maravilhosas, podendo dar vida a algo, tornar uma obra feliz ou triste. Encantar os olhos e são tão simples, estando em cada coisa existente! Como pode algo tão precioso estar a nossa volta todo tempo sem ser apreciado? 

Eu o encarei perplexo, ele percebeu e ficou todo envergonhado, começou a brincar com a torta no prato. 

ㅡ Nossa... Quero dizer... Nossa... ㅡ Não consegui dizer algo além de "nossa".

ㅡ Desculpa, não quis começar a falar sem parar. 

ㅡ Não, tudo bem, só estou surpreso. De um jeito bom, muito bom. Você é tão... brilhante. 

Ele ficou extremamente vermelho, sorrindo enquanto encarava sua torta. 

ㅡ Junguk! 

Me virei quando ouvi meu nome e vi Jin. Corrigindo: todos se viraram para ver Jin. 

É simplesmente impossível Seokjin não chamar atenção por onde passa. Não só pela bela aparência, mas porque ele esbanja confiança até no jeito de andar. As garotas suspiram quando ele passa, mesmo sabendo que nunca terão uma chance com ele. Deus, eu tenho tanto para dizer sobre ele…

Jin não é do tipo que namora, ele transa e só. Não se consegue nada além de sexo. Se você quiser repetir a dose, você pode até virar um ficante. Ele não ilude ninguém, também não precisa disso. Meio mundo daria tudo pra fazer sexo com ele. Porém, ele sai com pouquíssimas delas, só as que frequentam suas festas. Os únicos que escapam são pessoas do trabalho e família.

Amigos... Jin já dormiu com todos. Tem até uma frase entre os amigos dele que diz: se você e Jin não transaram não são amigos. 

Além de que ele é extremamente talentoso, então: perfeito.

ㅡ Pensei que ia te encontrar aqui. ㅡ Ele sorriu enquanto vinha até mim e tocou meu ombro. 

ㅡ Estou na hora do almoço, queria falar comigo? 

Seokjin estava encarando Namjoon, porém não só encarando. Era o olhar. Olhos fixados nos de Namjoon e um sorrisinho de lado. 

Namjoon que se preparasse, ele havia acabado de virar um alvo e não adiantava resistir. Jin sempre conseguia o que queria.

ㅡ Sim, se importa se eu sentar? 

ㅡ Não, fique à vontade. ㅡ Ele se sentou ao lado de Namjoon, este que encarava o prato vazio, todo corado. ㅡ Ah, desculpe. Esse é Kim Namjoon, da faculdade. 

ㅡ Prazer, Kim Seokjin ㅡ o cumprimentou. Namjoon apenas disse "prazer".

ㅡ O que queria falar, Jin? 

ㅡ Bom, você lembra que depois de publicar "Dois Lados De Uma Cama", eu estava trabalhando em outro livro? 

ㅡ Sim, você me disse. 

ㅡ Então, eu acabei ele recentemente e mandei pra editora. A festa no Black Diamond era pra comemorar o lançamento. 

ㅡ Nossa, Jin! Meus parabéns! 

ㅡ Obrigado. Bom, como meu novo livro, "Pecado é resistir à tentação" foi um sucesso de vendas, se esgotando nas primeiras horas, eu vou dar uma festa sexta de noite pra comemorar e faço questão da sua presença. 

ㅡ Vou fazer de tudo pra ir. Parabéns mesmo, Jin! 

Quando ele publicou o primeiro livro, me lembro que não esperava todo o sucesso que teve. Ver ele conseguindo se manter na lista de mais vendidos mais uma vez me deixava muito feliz. 

ㅡ Bom, só vim pra isso, te espero lá, Junguk. ㅡ Se levantou e apontou o dedo pra mim. 

ㅡ Vou estar lá.  

ㅡ E até mais, Namjoon. 

ㅡ Ai, meu Deus! ㅡ Namjoon falou, colocando a mão no peito, após Jin estar longe o bastante. ㅡ Você é amigo de Kim Seokjin? 

ㅡ Sou. Você conhece o trabalho dele? 

ㅡ Tá brincando? Eu li o livro todo 17 vezes! Não acredito que saiu outro livro e eu não sabia! ㅡ Namjoon passou as mãos no rosto, parecendo decepcionado em não ter o livro novo. 

ㅡ Bom, se você quiser posso pedir uma cópia autografada pra você. 

ㅡ Você acha que ele assinaria?

ㅡ Claro, Jin nunca negaria um autógrafo a um fã. E como ele já te conheceu é impossível ele não autografar. 

ㅡ Eu ficaria simplesmente muito, muito agradecido se você conseguisse! 

Ri mais uma vez; tão adorável.

Logo voltamos à faculdade, ele me deu o número dele pra mantermos contato. 

{...}

ㅡ Eu tô falando, Taehyung, ele é impossível! ㅡ reclamei e quase engasguei. Estava tomando um copo de leite. 

ㅡ Eu sabia que ele era estranho, mas ter um papel higiênico só pra ele? Isso eu não esperava. 

ㅡ Eu sei! Tem horário pra tudo! Não posso nem cantar, barulho é proibido. 

ㅡ Então por que você está quase gritando, falando comigo por ligação às três da manhã? 

ㅡ Porque de madrugada é a única hora que não tem perigo dele se meter. Além do mais, eu tô na cozinha e... ㅡ Me calei quando ouvi uma espécie de grito, e olhei para os lados. 

ㅡ Jungkook? O que foi? 

ㅡ Pensei ter ouvido um... ㅡ ouvi mais uma vez ㅡ gritinho... Acho que é Jimin. 

ㅡ Mas ele não tá dormindo? 

ㅡ Eu também achei que sim... ㅡ Ouvi um "sai" do quarto dele. ㅡ Eu vou lá ver. Fica quieto, hein, Tae! 

ㅡ Sou mudo. 

Fui até a porta do quarto e a abri, ouvi alguns resmungos e me aproximei, ficando no pé da cama dele. 

ㅡ Não se aproxima do meu unicórnio! 

ㅡ Tae, ele fala dormindo! ㅡ sussurrei ao celular; tentava segurar o riso. 

ㅡ Sério? Eu vou colocar no viva voz para ouvir melhor. 

ㅡ Vou te colocar também para não ficar segurando o celular no ouvido, mas faça silêncio. 

ㅡ Não toca no meu unicórnio, seu pônei das trevas! 

ㅡ Não ri, Tae. 

ㅡ Sai! Não toca no chifre dele! 

Não rir estava muito difícil.

Me sentia prestar a quebrar. 

ㅡ Vai pra longe antes que eu te mate com a minha arma de porquinho! 

ㅡ Puta merda! ㅡ Tae gritou e explodiu em risadas altas e escandalosas. Eu comecei a tentar desligar o viva voz, porém eu estava sem óculos, no escuro e rindo também. 

ㅡ Quem tá aí? ㅡ Jimin acordou e pulou da cama. ㅡ Já vou avisando que você não vai me roubar! ㅡ Ele pegou algo, que pensei ser um taco, ao lado da cama. 

ㅡ Deus, me salva! Ele acha que você é um ladrão! ㅡ Tae ria descontroladamente, e eu queria matá-lo. 

ㅡ Você vai ver! ㅡ Jimin veio pra cima de mim com o taco, e eu, pra não ser acertado, o peguei e joguei no chão. 

Jimin tentou se aproximar e escorregou no taco, caindo por cima de mim, levando nós dois ao chão. 

E ali estávamos nós: narizes colados enquanto o celular que caiu ao meu lado iluminava nossos rostos e a risada do meu irmão era a música de fundo.