História Como (Não) Viver Com Park Jimin - (Não) Continue Vendo Ele Como Inimigo

Caso um Jimin seja gentil com você ㅡ e em algum momento ele vai ser ㅡ, você tem duas opções:

1- Pode apenas ignorar e continuar com a rivalidade entre vocês, assim como os conflitos até que alguém desista.

2- Pode começar a ver ele com outros olhos, mesmo que pouco, e considerar ser mais gentil com ele.

A primeira opção é a que uma pessoa focada em ganhar um desafio e ciente da personalidade de Jimin escolheria.

E a segunda é a de alguém que se encanta fácil com atos gentis e age pelo impulso. 

E se você reparou no nome dessa história, sabe que eu não fiz a escolha certa. 

Eu estava tão confortável, nem a luz leve do sol que entrava pela janela faria eu me mover. Estava tão macio, me sentia em cima de uma nuvem. Abraçava um de meus travesseiros. Eu não costumava fazer isso, mas pensei que tinha o feito enquanto dormia.

Com o tempo eu adquiri uma mania, pode-se dizer estranha, de morder o travesseiro. Eu fazia isso quando acordava e podia passar mais tempo na cama. Puxava a fronha do travesseiro com os lábios e mordia. Repetia por minutos até ter vontade de levantar. 

Mas o travesseiro estava com um cheiro diferente. Parecia perfume, e até aí tudo bem, porque meu perfume às vezes ficava impregnado na cama, a questão é que não era o meu perfume. Tinha um cheiro diferente, era bom, mas não era o meu perfume. Achei que devia ser o sono que sempre me deixava meio confuso e ignorei. 

Mas por que a fronha do travesseiro não tinha textura de tecido quando eu a puxei com os lábios? Tinha uma textura diferente, mais macia e fofinha. Contudo, devia ser um tecido diferente, eu devia ter trocado de fronha e não lembrava. 

Mas... por que a fronha não tinha gosto de tecido? Tinha um gosto diferente, parecia hidratante. Tudo bem, eu usava hidratante e podia ser o gosto dele. Mas, mais uma vez, não era o gosto do meu hidratante. Meu hidratante era de morango e o gosto que eu sentia não era de morango.

Ignorei tudo isso, decidido a permanecer dormindo. Porém... por que o travesseiro gemeu quando eu mordi ele? Meu travesseiro não gemia. Travesseiros não gemiam. Então aquilo não pode ser um travesseiro. 

Abri meus olhos e vi que estava coberto; normal. Levei meus olhos ao que eu estava mordendo, um pescoço; normal. Levantei a cabeça pra ver de quem era, era Jimin; normal. Deitei a cabeça pra voltar a dormir e... Jimin?! 

Abri meus olhos, assustado, vi ele dormindo calmamente na minha cama, meus braços em sua cintura e uma marca vermelha em seu pescoço devido à minha mordida. Depois de cinco segundos analisando a situação, soltei um dos mais altos gritos da minha vida. Me sentei na cama, gritando, e Jimin acordou, assustado, sentou na cama, todo descabelado, olhando para os lados. 

ㅡ O que foi? O que aconteceu? ㅡ ele perguntava confuso, me vendo gritar. Eu parei de gritar, mas estava tão fora de mim que só gritei de novo e apontei pra ele. ㅡ Tem algo de errado comigo? ㅡ Ele começou a olhar sua camisa. 

Devia ser o sono misturado com o susto que me deixou idiota, já que eu, ainda gritando, empurrei ele da cama e levantei. Fiquei de pé e apontava para ele e para a cama, para a cama e para ele. "Ah, Deus, eu devo ter bebido ontem e o susto, o sono e a ressaca estão agindo juntos!" foi o que pensei. E estava certo. 

ㅡ Droga! ㅡ Jimin estava caído de bunda no chão e passava as mãos nas costas. ㅡ Por que você me empurrou? ㅡ Me olhou com raiva e confusão, e eu ainda gritava. Tinha capacidade para ser cantor de ópera, pois aquele grito não era para qualquer um. ㅡ Para de gritar e me responde! Idiota. 

ㅡ Você! ㅡ gritei e apontei pra ele. ㅡ Eu! Minha cama! O quê? 

Tá, isso não fez nenhum sentido. Que as habilidades cognitivas voltassem para o meu cérebro antes que eu dissesse mais merda. 

ㅡ O quê? Fala direito, Jungkook! 

ㅡ Por que estava na minha cama?! Que merda você tá fazendo no meu quarto?! ㅡ gritei, com raiva. Mas pelo menos as habilidades cognitivas estavam de volta. 

ㅡ Como assim? Você não lembra? 

ㅡ Não! E você ainda diz que eu sou um estuprador? Você invadiu meu quarto e estava na minha cama! Seu pervertido doente! ㅡ gritei, meu rosto estava vermelho de raiva. 

ㅡ Você tem que estar brincando. ㅡ Passou as mãos no rosto. ㅡ Você é do tipo que esquece tudo na ressaca? 

ㅡ Sim, e como sabe disso? Você arrancou informações minhas enquanto eu dormia? Que porra você estava fazendo na minha cama?! 

ㅡ Arranquei informações? Quê? ㅡ Sua expressão se tornou furiosa. ㅡ Eu fiquei aqui por sua causa, seu mal agradecido! 

ㅡ Minha causa? Eu não lembro de ter pedido pra você deitar na minha cama e me abraçar! 

ㅡ Quem me abraçou foi você! 

ㅡ Isso não importa! Eu estava dormindo e não tinha consciência do que fazia! E... ㅡ Notei as minhas mãos com machucados. ㅡ Por que estou machucado? Você me bateu? O que você... ㅡ Apontei pra ele e vi que a camisa que ele usava era familiar. ㅡ Essa é minha camisa! Por que está usando as minhas roupas? 

O que estava acontecendo? Por que ele estava na minha cama? Que merda havia acontecido noite passada?! 

ㅡ Eu não preciso disso. ㅡ Jimin bufou e saiu do meu quarto. 

ㅡ Aonde você pensa que vai? Eu quero respostas! ㅡAndei atrás dele. ㅡ E devolva a minha camisa, seu ladrãozinho! 

ㅡ Aish! Eu já devolvo essa porcaria! Espera eu me trocar! 

ㅡ Tira agora! ㅡ Bati o pé. 

Vamos a um detalhe: quando eu ficava bravo, chateado, com ciúme, enfim, emoções como essas, agia de modo extremamente infantil. Fazia manha e tudo. No entanto, era muito sem querer, e eu queria muito controlar. 

ㅡ Eu não vou tirar a roupa no corredor! Espera aí. 

ㅡ Eu vou junto. ㅡ Fui atrás dele, que me empurrou e fechou a porta do quarto na minha cara. 

ㅡ Espera aí, eu já saio, seu birrento! 

ㅡ Eu não sou birrento! ㅡ Bati o pé outra vez. 

Você não está se ajudando, Jungkook. 

ㅡ Então pare de bater o pé! 

ㅡ Aish! ㅡ Saí de perto da porta e parei, cruzei os braços no corredor. 

Chato, desgraçado, baixinho ladrão de camisas. 

ㅡ Toma. ㅡ Jimin voltou com uma roupa sua e jogou minha camisa em mim. 

ㅡ Agora me explica por que estava na minha cama! ㅡ Deixei a camisa no sofá da sala. 

ㅡ Acho bom você guardar isso depois. ㅡ Me apontou o dedo e  foi para a cozinha.

ㅡ Aonde você tá indo? Eu quero explicações! 

ㅡ Senta. ㅡ Apontou para a mesa enquanto ia até a pia. 

ㅡ O quê? Eu não vou sen... 

ㅡ Senta. ㅡ Me encarou, apontando para a cadeira.

 ㅡ Mas... Aish! ㅡ grunhi irritado e me sentei na cadeira do outro lado da mesa, para poder ver o que ele faria. Por que eu obedeci ele, afinal? Eu não estava nada bem. 

ㅡ Eu vou fazer o café da manhã, fique quieto e não me interrompa enquanto eu explico tudo. 

ㅡ O que? O que você tá... 

ㅡ Eu disse pra não me interromper ㅡ repetiu, dessa vez mais alto. Apenas virei o rosto sem dizer nada. 

Ah, pronto, estava obedecendo Park Jimin e me sentindo intimidado. O que eu tinha? 

ㅡ Pra começar, eu não invadi seu quarto. ㅡ Pegou dois copos do armário.

ㅡ Como não? Eu não convida... 

ㅡ O que eu disse sobre me interromper? ㅡ Apenas me calei de novo e cruzei os braços. Eu obedeci Park Jimin pela terceira vez. Por quê? ㅡ Eu te disse para voltar até às três da manhã, eu esperei até três e cinco e você não apareceu. 

ㅡ Era uma festa! E você não tinha o... 

ㅡ Eu disse que você podia falar? ㅡ falou sério outra vez. Mas o que estava acontecendo com Park Jimin? ㅡ Me responda quando eu falar com você. 

ㅡ Não... ㅡ respondi entredentes. 

ㅡ Então não fale. Não me interrompa mais, ouviu? ㅡ Por que ele estava falando tão sério e autoritário? ㅡ Você me ouviu? 

ㅡ Sim. ㅡ Bufei. Por que eu respondi que sim? O que estava acontecendo comigo?! 

ㅡ Eu procurei o endereço de Seokjin no Google Maps, como você disse, e fui até lá. ㅡ Mexeu o suco que fazia na jarra com uma colher. ㅡ Encontrei Seokjin e perguntei onde você estava. 

ㅡ Não precisava ter ido atrás de mim! Eu... 

ㅡ Não interrompa. ㅡ Ele me olhava tão sério que me dava arrepios. 

O que aconteceu com Park Jimin? 

ㅡ Desculpe ㅡ falei baixo e encarei minhas mãos. 

Por que eu me desculpei? Por que eu me desculpei e por que Park Jimin estava tão intimidador? Por Deus, ele era bochechudo e menor que eu, não devia ser intimidador! 

ㅡ Ele disse o quarto em que você estava, eu te encontrei na cama com um garoto. 

ㅡ Jiny... ㅡ me calei antes de completar o nome de Jinyoung e Jimin apenas fez um aceno positivo com a cabeça.

ㅡ Você estava bêbado, eu te ajudei a se vestir e te levei pra fora. ㅡ Deixou a jarra de suco de lado e lavou as mãos. Park Jimin me ajudou? Isso não estava certo. ㅡ Eu te trouxe pra cá na minha bicicleta. Você segurou na minha cintura durante o caminho e deve ter dormido. 

Abri a boca pra falar, mas parei antes de dizer algo, Jimin sorriu pra mim quando fiz isso. Não era um sorriso de deboche, ou superioridade por eu ter obedecido uma ordem, era um sorriso gentil. Eu contive o sorriso que me quis escapar pela satisfação. Por que estava me sentindo bem em ter agradado Jimin? O que tinha de errado ali? 

ㅡ Você deve ter dormido, porque eu avisei que ia fazer uma curva com a bicicleta e que você devia segurar mais forte.

Jimin abriu a geladeira e pegou manteiga, queijo e presunto em uma mão, os empilhando, e com a outra, fechou a porta da geladeira. 

ㅡ Mas você não segurou e caiu no meio na estrada. ㅡ Colocou tudo o que pegou da geladeira em cima da pia. ㅡ Foi assim que conseguiu esses machucados nas mãos e no rosto.

Rosto? Passei as mãos pelo rosto e encontrei um arranhão na minha bochecha e um band-aid em cima da minha sobrancelha esquerda. Não os tinha notado.

ㅡ Você chorou um pouco e eu te ajudei a subir na bicicleta. 

Meu rosto devia estar rosa, bem rosinha. Que alguém, por favor, me dissesse que ele estava mentindo e que eu não chorei na frente dele. Eu não tinha feito isso. Não. Socorro. 

ㅡ Eu avisei pra você segurar forte, e no resto do caminho você não dormiu, você… ficou cantando. Logo chegamos no prédio, subimos e você se jogou no sofá da sala. Dormiu e eu te chamei pra tomar banho. ㅡ Jimin cortou alguns pedaços de queijo, ao todo três, aí começou a cortar o pão. ㅡ Eu não podia deixar você imundo depois de ter caído no chão, você tinha que se lavar. Então eu te ajudei a tomar banho. 

Pronto. Park Jimin me deu banho. Não que isso fosse incomum, muitas pessoas já me deram banho quando eu estava bêbado; não era vergonha do meu corpo. Era vergonha de Park Jimin. Éramos tipo inimigos; você gostaria que seu inimigo te visse em uma situação tão vergonhosa em que você precisasse da ajuda dele pra se lavar? Acho que não. Eu não. 

Meu Deus, que arrependimento. Que arrependimento. 

Ele cortou seis pedaços de pão e passou manteiga neles, cortou os cantinhos do pão até que ficassem todos bem retinhos. Colocou o queijo, que também cortou até estar bem retinho, e o presunto em cima; completou com outra fatia de pão com manteiga.

ㅡ Depois eu te levei para o seu quarto. Cuidei dos seus machucados para que não infeccionassem e coloquei uma roupa em você. Minha blusa estava molhada porque te ajudei com o banho, você mandou eu usar uma sua. 

Jimin limpou a pia, colocou os três sanduíches em uma bandeja com dois copos de suco e levou à minha frente na mesa. Abriu uma porta do armário e pegou uma caixa com algum remédio e tirou de lá um comprimido.

ㅡ Tome com o suco, pra ajudar na ressaca. ㅡ Deixou o comprimido na mesa. 

ㅡ Obrigado ㅡ falei baixo e tomei o remédio com o suco. 

ㅡ Coma, duvido que tenha ingerido algo ontem além de bebida alcoólica. ㅡ Pegou um sanduíche para ele e empurrou a bandeja com os outros dois na minha direção. 

ㅡ São... pra mim? 

ㅡ Sim, coma para não ficar com fome. Continuando... eu estava saindo do seu quarto quando você me pediu pra dormir com você. 

Engasguei com o sanduíche e comecei a tossir descontroladamente. 

ㅡ Você tá bem? ㅡ Jimin levantou e veio até mim para bater nas minhas costas. Eu não conseguia falar, então apenas fiz um positivo com o dedão enquanto ainda tossia. ㅡ Tome um pouco de suco. ㅡ Ele pegou o copo e achei que meus olhos fossem pular para fora do corpo quando ele segurou meu queixo e me deu o suco. 

Por que Park Jimin estava me dando suco? Literalmente, na minha boca. Tinha algo errado, muito errado, muito errado. 

ㅡ Está melhor? ㅡ perguntou após eu ter tomado alguns goles e parado de tossir. 

ㅡ E-estou... ㅡ Tossi mais uma vez e me sentei melhor.

ㅡ Não coma muito rápido e mastigue bem. 

ㅡ Eu... pedi pra você dormir comigo? ㅡ  Senti minhas bochechas avermelharem. 

ㅡ Sim, suas palavras exatas foram: "Jimin, eu não quero dormir sozinho, dorme comigo?"

Ah, não. Ah, não. Eu não tinha dito aquilo. Ai, que vergonha. 

ㅡ Não... ㅡ Cobri o rosto com as mãos, resmungando. 

ㅡ Aí eu disse que não, não dormiria com você porque não dormia fora do meu quarto. ㅡ Sua voz estava diferente e deduzi que ele tinha voltado a comer. ㅡ Você disse que ia para o meu quarto, e eu falei que ninguém entrava no meu quarto. Aí você disse: "Então você vai ter que dormir aqui, senão eu vou ficar gritando e não vou te deixar dormir". 

Meu rosto estava queimando demais. Eu não fiz aquilo. Estava muito envergonhado, muito arrependido. Por que ninguém aparecia para me ajudar? Tirei as mãos do rosto e voltei a comer, tentando mostrar que estava bem. Mas meu rosto vermelho deve ter me entregado. 

ㅡ Eu concordei e falei que ia ficar com você até você dormir. ㅡ Mordeu o sanduíche, tomou um pouco de suco e engoliu, voltou a falar: ㅡ Você me abraçou, eu falei pra não fazer isso, mas você não me ouviu. E você disse que eu era um cara legal e que não me odiava, mas às vezes me odiava, e que eu devia ser legal mais vezes, aí você não precisaria me odiar. ㅡ Riu. ㅡ Eu achei cômico o jeito como você falou. Aí eu disse... ㅡ Balançou a cabeça. ㅡ Nada importante. ㅡ Suspirou e me olhou fixamente. ㅡ Eu ia ficar alguns minutos, pois quando eu me mexia você me abraçava mais e ameaçava acordar. No entanto, eu estava muito cansado, porque não costumo dormir tarde e acabei dormindo com você. Eu dormi até você me empurrar, e o resto você sabe. 

Eu não sabia o que dizer, apenas comi o meu sanduíche. Comi os dois rápido demais até. Minha vontade era entrar no meu quarto e não sair nunca mais. Eu pedi para Park Jimin dormir comigo e abracei ele. Eu acho que nunca senti tanta vergonha e arrependimento na minha vida. Jimin terminou de comer, levou seu copo até a pia, lavou, sentou e olhou seu celular. E eu não tinha dito uma palavra ainda. Alguém!! Socorro!! 

ㅡ Desculpe ㅡ falei depois de mil anos. Jimin me deu sua atenção. Ele tinha que me olhar tão intensamente? Não podia continuar olhando o celular? Isso me deixaria menos constrangido. ㅡ Eu não queria dar trabalho, eu só... ㅡ passei a olhar minhas mãos ㅡ não penso direito quando estou bêbado. Não penso, na verdade. ㅡ Olhei para ele de novo. ㅡ Me desculpe por todo o trabalho que dei, por ter gritado com você. Eu fui um idiota. 

ㅡ Concordo. ㅡ Guardou seu celular no bolso. 

ㅡ Eu estou sendo sincero aqui, será que dá pra não debochar de mim um segundo? ㅡ Suspirei. ㅡ E obrigado por tudo que fez por mim. 

ㅡ Primeiro, você foi sim um idiota. 

ㅡ Não é possível... ㅡ resmunguei. Park Jimin me tratou bem, porém ainda era um babaca. 

ㅡ E segundo, não se desculpe. Você não tem culpa de nada que aconteceu, estava bêbado e não sabia o que fazia. E terceiro... ㅡ se levantou, pegou a bandeja e colocou meu copo em cima ㅡ não precisa agradecer, não foi nada tão difícil assim. 

Ele levou a bandeja até a pia e eu fiquei na mesa processando tudo. Não precisava agradecer? Desde quando ele era tão gentil? 

{...}

Não conseguia parar de pensar em tudo o que aconteceu. Minha memória estava voltando aos poucos, com esforço. Já me lembrava de ter saído, me lembrava de ter encontrado Jinyoung e Somi, e ter transado com eles. E foram boas transas. 

ㅡ Aí depois... depois... ㅡ Coloquei mais uma camisa na máquina de lavar. ㅡ Eu encontrei Yoongi e nós quase discutimos. Eu encontrei Mark... ㅡ Sorri ao lembrar de Mark. ㅡ Nós fodemos... ㅡ Coloquei mais camisas na máquina. ㅡ Depois encontrei Jinyoung de novo...  e aí... 

"São três e vinte."

ㅡ E aí Jimin apareceu! ㅡ Bufei, coloquei minhas calças na máquina. Era dia de lavar as roupas, Jimin já havia lavado as dele e era minha vez. ㅡ Por que ele apareceu? Ele nem se importa, podia ter usado minha demora como argumento em alguma situação do desafio. Aish! 

Jimin me ajudou a levantar com uma vassoura. Ri sem humor; ele me fez segurar em uma vassoura. Babaca. Depois disso ele me levou pra fora… e tinha aquela bicicleta. Olhei para a esquerda, onde tinha um pano branco e o levantei. Ali estava a tão querida a bicicleta. Com pompons mesmo. 

ㅡ Olha só, não era uma alucinação da bebida... ㅡ Toquei os pompons e cobri a bicicleta novamente. 

Eu subi na bicicleta, e... eu caí. Ai, droga, eu chorei mesmo. 

ㅡ Não... ㅡ murmurei. 

Queria muito não ter chorado. Eu subi na bicicleta e cantei como ele disse... nós voltamos. Ele me deu banho. Por que essas coisas aconteciam comigo? Não era justo. Tudo aconteceu como ele disse, exatamente como ele disse. 

ㅡ Não faça isso. 

Eu dei um pulo para o lado quando Jimin falou perto do meu ouvido. Ele simplesmente surgiu! 

ㅡ Que susto! Não entra assim sem avisar, porra! ㅡ Botei a mão no peito. 

ㅡ Desculpa ㅡ riu ㅡ, mas estava fazendo errado. ㅡ Pegou o boné que eu segurava. ㅡ Não pode lavar esse boné vermelho com as camisas brancas, vai ficar tudo rosa. Lave essas roupas brancas primeiro, depois as coloridas. ㅡ Fechou a máquina de lavar e a ligou. ㅡ Depois que elas lavarem, coloque as coloridas. 

Após dizer isso ele saiu; fiquei parado vendo as roupas lavarem, ainda mais confuso. Droga, o que tinha de errado comigo e com Park Jimin? 

{...}

Depois de lavar as roupas, eu não tinha nada para fazer, e assisti televisão. Como era fim de semana eu podia relaxar um pouco. Contudo, não sabia o que fazer no apartamento, já que todo mundo que conhecia estava ocupado com algo. Até Hoseok saiu com Tae, pois eles acharam um tempo livre. Jimin falou que trabalharia, foi para seu quarto e não saiu mais de lá. Fiquei entediado e também curioso sobre o que ele fazia, caminhei até a porta e espiei pela fresta. Ele estava sentado na sua escrivaninha, fazia algo no computador. Saí dali antes que ele me visse e discutisse comigo. Me deitei no sofá e encarei o teto. Não consegui tirar minha cabeça de tudo o que aconteceu. 

Por que Jimin foi me buscar? Ele disse que me deixaria pra fora; por que não fez isso, me deixou na festa e depois não me deixou entrar no apartamento? Por que ter esse trabalho todo em ir me buscar, quando não fazer isso lhe traria vantagens? 

Por que me ajudou a me vestir? Por que não me deixou me virar sozinho? Por que me deixou segurar em sua cintura, se odeia contato, como sei que odeia? Por que foi cuidadoso comigo quando me machuquei, não zombou de mim quando eu chorei? Por que ele me ajudou a tomar banho? Mesmo que ele não goste de sujeira, podia só ter me jogado no meu quarto. Mas não: ele me deu banho. 

Por que ele cuidou dos meus machucados? E mais: por que ainda teve o cuidado de me tocar de leve pra não me machucar? Por que ele me vestiu? Porra, ele me vestiu! Por que fez isso? Por que aceitou dormir comigo, por que só não trancou a porta e me deixou ali? Por que realmente ficou ali até eu dormir, não foi embora? E por que me fez comida e me deu remédios? 

Minha cabeça ficava rodando em torno desses porquês e não conseguia parar. Droga, Jimin nem se importava comigo! Pelo menos nunca demonstrou se importar. Ele nem ao menos havia gritado comigo ainda! Se bem que eu não quebrei nenhuma regra, estava tão aéreo que não pensei nisso... Então Jimin só discutia comigo quando eu fazia algo? Não tínhamos nos desentendido desde o café da manhã. 

Claro que não discutiram, você não deu motivo, Jungkook. Jimin e eu só brigávamos por minha causa? 

ㅡ Aish! Você me deixa confuso, seu idiota! ㅡ ralhei baixo, com medo que Jimin ouvisse. 

Olhei meu celular, vi que já era quase hora do jantar e como não tinha dinheiro pra pedir mais pizza, me obriguei a levantar e fazer comida. Jimin fazer comida para mim de manhã foi milagre e não podia contar com isso de novo. 

ㅡ Vamos lá... ㅡ murmurei, indo até a cozinha.

Abri a geladeira e peguei alguns legumes, os coloquei na pia. Eu não sabia cozinhar muita coisa, nunca havia precisado realmente. Decidi fazer só um macarrão com legumes. Era tudo o que sabia e o suficiente também. Coloquei o macarrão na panela e comecei a cortar os legumes. 

ㅡ Droga... ㅡ murmurei ao ver os pedaços de pimentões saírem ou grandes demais ou pequenos demais. 

ㅡ Você está cortando do jeito errado. ㅡ Me surpreendi ao ver Jimin aparecendo do nada mais uma vez. 

ㅡ Você quer criticar até o jeito que eu corto pimentão? ㅡ Bufei; estava sem paciência pra uma discussão. 

ㅡ Eu só quero ajudar, não precisa ficar na defensiva. ㅡ Suspirou. 

ㅡ Fala o cara que me interrogou porque achou que eu era um estuprador. 

ㅡ Fala o cara que disse que eu abusei dele sendo que ele que pediu para dormir com ele. ㅡ Sorriu. 

ㅡ Não enche, Jimin. Eu já pedi desculpas e podemos esquecer isso. ㅡ Voltei a dar atenção aos meus pedaços tortos de pimentão. 

ㅡ Me deixe ajudar você. Achei que depois de ontem você confiaria mais em mim.

ㅡ Aish, faça o que quiser! 

Eu só não esperava que ele fosse ficar atrás de mim, e não só atrás: colado em mim. Pênis-bunda, pênis-bunda. E no caso a bunda era minha. O peito dele ficou colado nas minhas costas, ele apoiou o queixo no meu ombro esquerdo. Droga, que arrepio era aquele? Corpo, é só Park Jimin, relaxa. 

ㅡ Você tem força pra cortar, mas está sendo muito bruto. ㅡ Jimin colocou suas mãos sobre as minhas. ㅡ Posicione a faca na frente e depois a vire pra baixo. ㅡ Fez o movimento, cortando uma rodela de pimentão perfeita. 

Foi impossível não reparar em como as mãos dele eram menores que as minhas e como também eram fortes. Ele me guiou, me ajudando a cortar mais algumas vezes. Suas mãos eram muito macias, e ainda que ele me guiasse com força, não me machucava nem apertava. Seu toque era muito gentil.

ㅡ Está vendo como se faz? ㅡ A voz dele saiu perto demais do meu ouvido, me fazendo arrepiar. 

ㅡ Sim... 

ㅡ Agora tente você. ㅡ Soltou minhas mãos para que eu tentasse sozinho. 

ㅡ Assim? ㅡ perguntei e tentei fazer o mesmo movimento que ele, cortei um pedaço quase perfeito. 

ㅡ Isso, assim mesmo. Você aprende rápido. 

ㅡ Valeu. ㅡ Sorri. Ninguém nunca tinha me ajudado na cozinha antes. 

ㅡ Continue assim e vai sair tudo certo. E não se esqueça de tirar a casca dos pepinos. 

ㅡ Por que está fazendo isso? ㅡ Deixei a faca na pia e me virei pra ele. 

ㅡ Isso o quê? 

ㅡ Por que está sendo tão gentil? Você não costuma fazer isso e desde ontem está sendo bem mais gentil que o normal. O que é? Alguma estratégia do desafio? Porque se for, pode parar agora. 

ㅡ Você não entende, não é? ㅡ Suspirou. 

ㅡ Entendo o quê? 

ㅡ Jungkook, eu não tenho por que repreender você se você não quebra regras. E não tenho por que ser rude se você não provoca. Não estou dizendo que daqui pra frente vamos nos entender ou virar amigos, mas se você não descumprir nenhuma regra não teremos motivos pra discordar. 

ㅡ Então a única maneira de nos darmos bem é se eu fizer tudo do seu jeito? 

ㅡ Basicamente. ㅡ Mexeu os ombros. 

ㅡ Mas não é assim que funciona, não pode ser tudo da forma como você quer. 

ㅡ Eu não estou falando que você deve fazer isso, Jungkook. Só disse que se fizer não vamos discutir. ㅡ Passou a mão nos cabelos. ㅡ E também não vou me surpreender se me odiar e desistir de qualquer contato comigo. ㅡ Me deu as costas. ㅡ Todos fazem isso mesmo. Olhe o macarrão, não deixe queimar ㅡ avisou antes de entrar no quarto e fechar a porta. Bufei e voltei a cortar os legumes. 

Park Jimin era uma pessoa estranha e me deixava confuso. Era gentil e prestativo, mas também insuportável e autoritário. E eu não sabia como lidar com ele; não faria tudo do jeito dele em nome de uma boa convivência. Mas decidi tentar não provocá-lo demais. Continuaria com o desafio, claro. Não planejava desistir tão cedo. 

Porém, também colocaria na minha lista de coisas sobre Jimin que ele não era tão ruim assim.