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História Como o Céu Deve Ser - Capítulo 3


Escrita por: oohmyeol

Notas do Autor


Oi criaturinha ~
Já avisando que nesse capítulo tem palavrões em excesso, pois alguns personagens são bem f***** da p*** as vezes.
Espero muito que gostem, eu escrevi com todo amor que tinha no meu coração.
(Se em algum momento essa primeira cena for um incomodo pra você, por favor, por favor mesmo, pule para a parte em que está sinalizado com um asterisco)
Boa leitura!

Capítulo 3 - Capítulo 3


Capítulo 3

 

Contando com aquele dia, faltavam 2 semanas para a estreia de Chanyeol como capitão. Estava tão ansioso que quase não saía do quarto por estar assistindo aos últimos jogos do campeonato. Estudou toda a postura de líder de Baekhyun e toda vez que o via incorporado no “Dragão Vermelho da UH” sentia um fio gelado subir pela espinha. Seu bloqueio ainda persistia desde que voltaram para casa, estava sem se alimentar direito, e tinha quase certeza que não tomou banho nos últimos dias porque não lembrava-se de ter saído da frente do computador.

Cheirou debaixo do braço torcendo para que estivesse errado. Bom, ele não estava errado.

Catou um elástico jogado pela bagunça que estava seu quarto, amarrou o cabelo bem no alto da cabeça, abriu as cortinas e notou já estar amanhecendo. Não fazia ideia de quanto tempo não dormia, estava um poço de cansaço, preocupação e mal humor. Não lembrava nem dos amigos, nem de comer, nem de beber líquidos, nem de respirar. Resgatou o restinho de forças em seu corpo para abrir a janela, sentiu o ar quase cortar suas vias nasais por ficar sem ar puro daquele jeito.

Enquanto amanhecia e os minutos passavam arrastados no relógio, Chanyeol ficou estático na janela, os olhos fixos no céu e nas nuvens. Quase as 10 da manhã resolveu se mexer, estava decidido a sair do quarto, colocar pelo menos um pé para fora, daria um passo de cada vez para sair, precisava ser resgatado daquela vez. Primeiro tomou banho, fingiu que nenhum problema estava sondando sua cabeça, ele era capaz de ser líder; vestiu sua camisa favorita dos Lakers, sentou-se na ponta da cama encarando o computador a sua frente, decidiu que precisava se recompor, andou pela casa tentando encontrar suas mães, mas estava sozinho em casa de novo.

Sentou-se no sofá encarou seu reflexo na tv e teve certeza de que estava no meio de uma crise. Respirou fundo pela vigésima vez nos últimos minutos, era mais difícil do que imaginou não pensar em fracassar ou ter sido uma péssima escolha. E com aquela atitude — se escondendo, fugindo e remoendo dores — ficava ainda pior pôr a mente nos trilhos. Pegou o telefone tentando deixar a mão firme, estava fraco demais daquela vez, não sabia que dia era aquele, nem se lembrava em que mês estava.

*

Chanyeol? — Ouviu Sehun meio assustado. — Já 'tá de manhã?

— Você sabe que dia é hoje?

Quinta? Domingo? Eu sei lá. — A voz ainda soava rouca. Ouvir Sehun de novo lhe deu força para não cair no meio da sala enquanto tentava andar até a cozinha, o estômago doía tanto que quase não conseguiu falar. — Ei, eu vou almoçar na casa do Baekhyun hoje, é aniversário de casamento dos pais dele. Vem comigo, a gente pode jogar Fifa.

— Eu 'tava querendo ficar em casa por mais um tempo. — falou jogando-se no sofá de novo.

Eu sei, sua mãe disse 'pra não te incomodar esses dias. — Ele parecia mais acordado. — Se sente mais disposto? Tomou os remédios na hora certa? Não quero saber de você passando mal por aí me fazendo chorar de novo.

Chanyeol riu baixinho com aquele drama todo.

— Eu tô melhor, juro. — Suspirou. — Pode vir aqui depois?

Está com saudades de mim, Park?

— Sim.

Já 'tô chegando.

Aquele era um sinal.

Um sinal de que Park Chanyeol estava finalmente saindo de uma crise fodida de insuficiência e precisava de Sehun para lhe abraçar por algum tempinho. Em alguns momentos sentia necessidade de todo aquele sentimentalismo barato do melhor amigo, como quando tentou produzir sua primeira aquarela e saiu uma porcaria sem nexo, mas Sehun lhe disse que parecia uma lua cinza meio borrada, e estava tudo bem, porque estava aprendendo uma coisa nova.

Ou quando Sehun chorou porque se viu em um dos muitos desenhos que Chanyeol deixava espalhados pelo quarto. Ele era o único dos dois amigos que podia entrar em seu quarto, por motivos mais do que óbvios. Baekhyun não entendia aquele negócio de criatividade, arte e sensação de incompetência por não conseguir criar uma coisa que na sua cabeça fazia muito sentido, mas no papel ficava uma merda. Também sabia que seria zoado até a morte por ter aquele estilo de desenho e não estava nem um pouco preparado para críticas que doeriam, mesmo vindo do melhor amigo.

Mas Sehun entendia. Sehun não lhe diria que tudo aquilo é feio e ridículo, porque ele era o mais sensível dos três, o que sempre mimava Cruel até ele se sentir tão amado que saia correndo e se arrastava na areia para se livrar de tanto amor. Sehun sempre lhe arrastava para fora e mostrava umas coisas esquisitas que ele jurava tirar Chanyeol do bloqueio criativo, e no final tiravam mesmo. Como quando trouxe uma caneca branca.

Totalmente branca. 

E disse “isso não é a coisa mais esquisita que você já viu? As canecas lá de casa sempre tem umas folhas e umas pinturas bonitinhas, mas essa aqui tá totalmente sem amor. Dá amor 'pra ela, Park”. E Chanyeol não teve escolha a não ser dar amor àquela caneca branca, porque era a coisa mais esquisita que Sehun já viu.

Sabia que exigia muito dele quando estava naquela situação, mas sempre ouvia que precisava lhe chamar porque se não chamasse seria um homem morto. Tinha o número dele na discagem rápida, colocada pelo próprio Sehun para emergências do tipo “preciso de um amigo” ou “Cruel está agindo fofinho”. 

Ele apareceu alguns minutos depois carregando uma pilha de mangás que estavam acompanhando até umas semanas atrás, uma sacola de potes coloridos e um sorrisinho que sempre dava quando lhe via. Convidou-se para entrar, tomar suco e ligar a Tv. Entregou os mangás ao amigo brigando o tempo todo porque estava muito atrasado naquele arco, se esparramou sobre o sofá deitando sobre o colo de Chanyeol, folgado do jeito que era.

— Fiquei preocupado com você, a titia parecia estar escondendo alguma coisa. — Passava todos os canais da Tv muito rápido.

— Dessa vez foi muito pior. — Suspirou ainda mais alto. — Eu senti como se estivesse morrendo por dentro sem poder fazer absolutamente nada. Ainda nem comi, nem bebi nada.

— Não é possível que eu vou precisar apelar, Chanyeol! Mas que droga!!! — Levantou rápido.

— Não precisa apelar, eu só estava esperando você chegar.

Sehun levantou-se rapidamente lhe puxando para comerem alguma coisa. Abriu todos os potes coloridos que havia trazido, dentro haviam todas as frutas favoritas de Chanyeol, aquelas que o melhor amigo sabia que ele devia estar desejando.

— Baekhyun vai ficar puto com você. — Sehun procurou por morangos. — Eu tô puto com você. Eu sei que parece assustador assumir esse nível de responsabilidade, mas você está pronto. Eu sei que está.

— Como?

— Você é o Chanyeol, caramba! É assim que eu sei. Esperou muito por isso e você está pronto, porque é pelo o que você se dedicou todo esse tempo.

Chanyeol apalpou os morangos e encarou o amigo lhe entregando uma manga, uvas e maçãs.

— Vai se sair muito bem, cara. — falou enquanto cortava uns pedaços de morango. — Agora come tudo, bebe um pouquinho de água. Eu vou fazer um chá...

— Não precisa. — Chanyeol riu baixinho. — Não sei o que eu faria sem você.

— Provavelmente teria se casado com uma pomba e viveria num barril.*

— Filosofia a essa hora?

— Ei, nada de maltratar os filósofos hoje.

No final daquela conversa Chanyeol foi convencido de que iria sim àquele almoço de família, mesmo estando num estado deprimente. Concordou que precisavam conversar melhor sobre como estava lidando com toda a pressão que havia colocado sobre seus ombros. Não sabia nem como iria encarar Baekhyun quando o encontrasse porque da última vez prometeu que tentaria ser menos cabeça dura e não passar por tudo sozinho, mas era impossível. Ele só conseguia lidar com as coisas sozinho, mas o amigo não entendia isso também.

Chegaram a casa dos Byun algum tempo depois. Encontraram Baekhyun correndo de um lado para o outro com fitas magenta enroladas até o pescoço, disse um “oi” meio cortado, estava atarefado com a decoração da “área do bolo de aniversário de casamento”. Era uma comemoração anual, e todos os anos Baekhyun esquecia que aquela data existia, culpava muito a sua família por isso, ele era um decorador de interiores, não de festas.

Cumprimentaram tanta gente da família Byun que mal conseguiram encontrar Baekhyun de novo no meio de todos eles. Subiram as escadas, entraram no quarto do amigo encontrando um mar de coisas reviradas. Estava um caos infinito e só conseguiram encontrá-lo quando ouviram um barulho de coisas caindo dentro do armário. Abriram a porta e deram de cara com Baekhyun sentado quase chorando.

— Dia difícil? — Sehun se abaixou na altura dele.

— Não faz ideia. — falou tentando não deixar aparente que estava fedendo. — Ainda nem tomei banho, não comi, nem escovei os dentes. Esse dia 'tá uma merda sem fim. Acredita que tem uma parte da família que nem minha mãe sabia que existia? Parece que os Jeon são da Carolina do Norte.

— Por isso aquele povo todo que eu nunca vi na vida. — Fingiu pensar.

— Mas eles nos conhecem, inclusive você. — Ajeitou a camisa enquanto saia do armário. — Chanyeol? Eu 'tô muito puto com você.

— Eu disse. — Sehun murmurou.

— Eu sei.

— É um puto com todo amor do mundo, mas ainda assim muito puto.

— Eu sei.

— Que bom que está melhor. — Quase abraçou o amigo, mas lembrou de estar fedendo. — Eu juro que te abraço mais tarde.

Chanyeol só confirmou.

— Preciso me esconder por um tempo, antes de 12h. — Quase choramingou. — Acreditam que minha mãe encomendou uma estátua de gelo de 2 metros? Uma estátua de gelo. No Havaí.

— Digno de um Byun. — Sehun gargalhou.

— Ei, você ainda é dessa família.

— Não lembra disso, porra.

Baekhyun se jogou sobre a cama tentando se camuflar no meio de tantas roupas jogadas para todo lado.

— Se sente melhor, Park? Tomou aquela merda de remédio? Eu não 'tô com saco 'pra aguentar o Sehun chorando de novo.

— Eu não sei. — Cruzou os braços. — Ainda me sinto incompetente.

— Isso todos nós somos. Não tem como fugir de ser incompetente em alguma coisa, mas nisso você não é. — Baekhyun fechou os olhos para se sentir mais confortável. — Inclusive, acho que você vai ser muito melhor do que eu.

— Impossível. — Chanyeol riu. — Você é o melhor.

— Parem, eu tô sentindo minha garganta arder. — Sehun levou as mãos ao rosto tentando esconder os olhos.

Sentou-se ao lado de Baekhyun e acalmou os ânimos quando sentiu as mãos dele afagarem suas costas. Enquanto acalmava Sehun e mantinha os olhos fechados, Baekhyun sentiu que finalmente podia respirar aliviado e descansar.

— Tem uma parte boa nessa festa. — falou enquanto se escondia embaixo das roupas. — Mamãe convidou a Sra. Choi aí do lado. Vão chegar a qualquer momento.

— Vai poder ver o Jongin. — Sehun insinuou em uma vozinha característica dele. — Não se veem há muito tempo, precisam reacender a chama da paixão.

— Não sei se essa chama da paixão vai poder ser reacendida hoje. Ele fica meio diferente quando 'tá perto dela, um dia desses eu saí 'pra comprar umas coisas com a mamãe e encontramos com eles, foi muito esquisito. Ele parecia desconfortável, deprimido, não sorria e nem falou direito. Parecia outra pessoa.

— Acha que estão brigados?

— Não, acho que ela é uma escrota com ele. Ouvi ela dizer que não queria ele andando com gente da minha laia. Que laia, porra? Não sei nem o que isso significa.

— Quer dizer gente feia como você. — Sehun zombou. — Ele é bonito demais 'pra andar com gente esquisita como um Byun.

— Ele é gostoso demais 'pra dar moral 'pra um Oh, é isso o que quer dizer.

— Mas não é tudo isso 'pra andar com um Park.

Chanyeol despertou de repente ao ouvir seu nome.

— Não acho que seja essa a questão aqui. — advertiu. — Acho que ela não gosta que ele se encontre com a gente porque somos... tendenciosos a ficar com pessoas... pessoas...

— Homens. — Sehun completou.

— Isso. Homens. — confirmou meio envergonhado.

Baekhyun levantou abruptamente.

— Mas eu nunca fiquei com um homem. Que porra essa velha anda ouvindo por aí? — Se enfureceu. — E se eu tiver ficado, qual é o problema? Ninguém tem nada haver com isso. Eu vou lá!

Sehun o segurou pelo pulso.

— Você não vai a lugar nenhum. Tem que descansar. — Chanyeol tentou dar uma bronca.

Os três ficaram em silêncio tentando assimilar tudo, porque eram muito idiotas por não terem percebido antes. Todos os sinais estavam lá, o atraso no jantar e os olhos vermelhos, o sumiço repentino e o aparecimento temporário, Jongin estava sendo coagido, talvez até sendo ameaçado. Com certeza estava infeliz.

— Parece que vamos ter que lidar com um pouquinho de preconceito. — Sehun tentou suavizar a voz para não parecer tão agressivo. — Era só o que me faltava!

Chanyeol se sentou ao lado deles, suspirou alto sentindo os pulmões arderem. Estava indeciso entre ir atrás de Jongin ou ficar exatamente onde estava e não incomodá-lo mais, já havia causado problema demais, pelo visto. A última coisa que precisava naquele momento era sentir que causou mal a alguém, e que esse alguém era Kim Jongin. Então decidiu que deixá-lo em paz era a melhor opção dentre todas as outras. Não importava o que estava sentindo antes, naquele instante, não se meteria na vida dele.

— Nunca pegou um cara mesmo, Byun? — Sehun perguntou após um tempo. — Isso não me parece certo. E aquele Junmyeon da Arquitetura?

— Ah não, aquele lá queria pegar você. — Suspirou antes de se cobrir de novo.

— E você me diz isso só agora? — Levantou-se rápido. — A gente formaria um casal tão bonito. Mas que porra!

— Seriam mesmo. — Baekhyun escondeu o rosto totalmente para não mostrar que havia escondido aquela informação por tanto tempo.

Ninguém tocou mais no nome de Jongin por um bom tempo, deveriam ficar longe e não causar mais problemas.

Deram aquele assunto por encerrado.

 

(...)

 

Os três ficaram no quarto a tarde inteira, conseguiram driblar toda a família e os intrusos que apareceram. Fizeram caminhos furtivos para roubar comida direto da fonte: a cozinha Byun de quase 5 metros de largura, da qual a Sra. Byun se orgulhava muito. Jogaram Fifa 2015 porque era a única versão que tinham ali, comeram centenas de salgadinhos e beberam refrigerante até não aguentarem mais. Teriam de treinar o dobro pra conseguir perder aquelas calorias.

No sistema de rodízio, aquela era a vez de Sehun ir até a cozinha e roubar comida, refrigerantes e algumas outras bebidas. O caminho deu quase certo, não fosse o cabelo super chamativo de Sehun entrar bem na linha de visão do Sr. Oh. Quando o avistou, catou tudo o que conseguiu e enfiou dentro da mochila caríssima de Baekhyun, corria tão rápido que se auto elogiou por ser o Armador do time.

Mas esqueceu que seu pai também havia sido Armador.

— Ei, cabeção! — Ouviu a voz como se fosse um grito ao longe. — Hunnie, onde você 'tava?

— Emergência código vermelho, meu velho. — falou tentando equilibrar tudo o que conseguiu.

— O cabeludo de novo? Já tentou dar um sorvete de castanha 'pra ele? Resolveu quando ele foi lá em casa da outra vez.

— Você vai fazer o sorvete?

— Dá um beijinho nele que passa. — O Sr. Oh deu uns tapinhas na costa do filho.

— Ele quer beijinho de outro cara. — Apontou com o nariz para onde Jongin estava.

— Quando foi que vocês terminaram?

— Pai, nós nunca começamos. — Sehun riu de nervoso. — Diz 'pra mamãe que eu tô lá em cima. Código vermelho, fala isso.

Sehun correu escada a cima temendo ter chamado a atenção de mais alguém. Quase arrombou a porta com o pé, largou as coisas de qualquer jeito em cima da cama e deitou-se.

— Quase fui pego. — Suspirou. — Da próxima vez você vai, Chanyeol.

Ele nem questionou, continuou jogando Fifa em silêncio. O pensamento estava muito longe dali, em seu íntimo Chanyeol pediu baixinho que Jongin aparecesse, como num milagre de Natal. Mas sabia que as coisas ficariam complicadas se a Sra. Choi os visse juntos. Mas mesmo assim, queria, só um pouquinho, ver Jongin de novo.

Não que não estivesse espiando pela janela de tempos em tempos e tivesse lhe visto conversando com o irmão, rindo a todo o fôlego e bebendo uma taça de uma coisa que parecia champanhe. Os Byun estavam empenhados mesmo em fazer daquele aniversário especial.

— Quantos anos estão completando? — perguntou depois de espiar a última vez.

— Não sei, talvez 30. Baekbeom tem 28... eu tenho 22... então são 30.

— Compraram champanhe e tudo. — Sehun também se atreveu a olhar pela janela. — Sempre tão exagerados.

— Eu aprecio muito todo esse amor pelos Byun. — Baekhyun ironizou.

Chanyeol fechou a cortina, pegou o controle 2 e iniciou outra partida.

— Acho que vou tomar banho. — Baekhyun se cheirou.

— Então era isso o que 'tava podre!

Baekhyun jogou as capas de jogos todos em cima de Sehun muito determinado a acertar o rosto do primo, ouvindo-o gargalhar. Iniciou uma lutinha ridícula para tentar fazer Sehun cheirar-lhe e acabou sendo vencido quando o Oh parou em cima do seu quadril prendendo suas mãos a cima da cabeça. Sentiu o rosto pegar fogo, afastou-lhe com toda a força que tinha e saiu em seguida a passos firmes, uma toalha no ombro e os cremes de cabelo em uma sacolinha cor de rosa.

Sehun, que ficou jogado em cima de todas as roupas, sentiu o coração disparar contra seu peito. Tinha de ser mais cuidadoso, porra. Quase não conseguia respirar, e ainda precisava se esforçar para parecer normal enquanto Chanyeol estava bem ali escolhendo o time que iriam jogar. Ouviu-o rir baixinho aguçando sua curiosidade, pegou o outro controle para escolher o time também e ouvir o que era tão engraçado.

— Sabe o que parece quando você implica assim com ele? — perguntou ainda vidrado no jogo.

— Que eu gosto de encher o saco do meu primo?

— Não. Que você gosta de implicar com ele porque ele é o Baekhyun. Não seu primo. Só ele.

O avatar de Sehun no jogo parou, assim como ele mesmo em cima da cama. Não disse coisa alguma, quase nem respirava, só riu baixinho.

— Desde quando repara nessas coisas, Park? — desconversou.

— Desde o dia em que você ficou muito feliz por serem primos de terceiro grau. — Chanyeol riu. — Você não me engana, Sehun.

— E você lá entende de sentimentos?!

— Não. Eu entendo de arte moderna e de cores em pássaros.

Sehun não falou absolutamente nada, nem precisou porque o silêncio que ele deixou respondeu tudo.

— Você já tentou...

— Ainda nesse assunto?? Não, nem vou. — Suspirou alto demais. — Baekhyun é complicado demais nesse aspecto. Deixa ele descobrir sozinho do que gosta.

— Sabe que tem a remota possibilidade dele não descobrir, não é? E nem querer.

— Eu prefiro acreditar que tem a remota possibilidade dele descobrir antes de eu desistir.

— Nós somos três otários. — Chanyeol gargalhou.

O silêncio que inundou o quarto foi o suficiente para Baekhyun abrir a porta assim que parou de ouvir a risada dos amigos. Deveria parar com essa mania podre de ouvir atrás da porta, mas havia esquecido a merda dos chinelos de banho. A face dele estava totalmente vermelha, nem conseguiu olhá-los, nem falar, nem rir, só entrou, pegou os chinelos no armário, saiu e trancou a porta.

Silêncio não era uma palavra que existia no dicionário dos Byun, principalmente daquele Byun. Os dois que ficaram encontraram o olhar assustado um do outro.

Ele ouviu tudo.

Demorou 50 minutos para que o choque passasse e mesmo assim toda vez que pensava nisso Baekhyun sentia as pontas dos dedos dormentes. Quando as coisas começaram a ficar preocupantes, Chanyeol bateu na porta para ver se ele ainda estava lá ou se tinha fugido, como quando uma garota no fundamental contou que gostava dele e ele surtou porque não queria que ninguém gostasse dele.

— Que é? — Baekhyun gritou irritado.

— 'Tá tudo bem? — perguntou encostando bem o ouvido na porta. — Você não voltou, fiquei preocupado.

Baekhyun cobriu-se, secou os pés e abriu a porta.

— 'Tô tomando banho. — Apoiou a mão na cintura enquanto batia o pé no piso.

— Não demora muito se não vai ficar enrugado.

— 'Tá bom. — Fechou a porta com toda a força que teve.

O outro ficou parado encarando a porta fechada. Ouviu quando Baekhyun socou a parede e resmungou alto por isso, então continuou de pé do lado de fora.

— Vai embora, Chanyeol. — falou baixinho. — Não quero conversar agora.

— Eu sei. Mas quando quiser, você sabe...

— Não, não quero falar disso nunca.

Ele assentiu sentindo o peito doer e a garganta apertar.

— Tudo bem.

Ficou ali por algum tempinho a mais porque era difícil demais deixar Baekhyun naquele estado. Ele nunca conversava sobre nada, quando estava magoado ou com raiva ele jogava basquete. Mas naquele momento estava o quíntuplo de magoado, estava arrasado, como se um caminhão tivesse passado por cima do seu coração e cuspido em cima, como se sentir o que sentia não fosse suficiente e precisasse passar por tudo aquilo.

Enquanto sentia a garganta apertar, olhou para a frestinha da porta e viu que a sombra dos pés de Chanyeol ainda estava lá. Alguns segundos depois destrancou a porta e um Byun muito triste apareceu detrás dela. Um Byun que Chanyeol não via há muito tempo e aquele era um sinal de que o limite havia chegado.

— Descobrir o que, Park? — perguntou meio sem ânimo. — O que eu preciso descobrir?

— Ah, você ouviu isso? — Chanyeol se fez de desentendido. — Que eu estava...

— Não mente pra mim. — Ameaçou. — Me diz o que eu preciso descobrir.

Chanyeol não sabia o que fazer com as lágrimas que desciam pelo rosto dele, então as secou devagarinho tentando não assustar-lhe.

— Você não é burro, Baekhyun. Eu sei que entendeu tudo. Só precisa ouvir de outra pessoa.

— Então me diz.

— Não posso.

Baekhyun murchou.

— Eu sou Demissexual. — falou enquanto Chanyeol ainda limpava suas lágrimas. — Era isso o que eu precisava descobrir?

O outro entreabriu os lábios, mas não disse absolutamente nada.

— E gosto de... homens também. — a voz saiu quase num sussurro. — Então também sou bi.

Chanyeol ainda segurava o rosto de Baekhyun quando ouviu as palavras que mudavam absolutamente tudo. Sorriu gentilmente e quase gargalhou após alguns segundos.

— Isso explica tudo. — Beijou a testa do amigo. — Meu Deus, era tão óbvio! Como eu sou burro. Porra, Baekhyun! Era muito óbvio.

Os olhos arregalados de Baekhyun quase gritavam socorro.

— Por isso você surtou quando aquela garota de História quis te beijar. — Chanyeol riu. — E agora a pouco quando Sehun estava...

— Nunca mais fala disso. — Afastou-se e fechou a porta com força.

— Prometo que nunca mais vou falar do Sehun.

Ouviu a porta abrir devagarinho, mas não totalmente porque quem estava do outro lado dela estava com medo.

— Não, Chanyeol. Não falar sobre o que eu sou. Ninguém sabe. — A voz parecia chorosa de novo. — E não quero que Sehun saiba porque vou me sentir ridículo quando ele me zoar por isso. Não quero me sentir ridículo por me sentir atraído por ele.

Chanyeol estava boquiaberto de novo.

— Não quero que ninguém além de você saiba. Por favor, não conta!

— Prometo de dedinho. — Enfiou a mão pela abertura da porta, sentiu o dedo do amigo agarrar o seu. — Seu segredo está guardado comigo.

Baekhyun abriu a porta para finalmente sair e voltar ao quarto. Estava se sentindo bem, finalmente. Contar para um dos melhores amigos havia sido menos assustador do que imaginava que seria, sentiu por uns instantes que Chanyeol também estava feliz, não parava de sorrir e estava lhe assustando.

Caminhou devagarinho até o quarto sentindo que o coração iria explodir no peito. Deu de cara com Sehun sorrindo para ele enquanto folheava uma de suas revistas de Interiores na Prática.

— Acabou todo o sabonete tentando tirar aquele cheiro de urubu morto?

— Inacreditável. — Chanyeol riu.

Baekhyun pegou todos os cremes de dentro da bolsinha e jogou na direção do primo com todo o ódio que havia voltado com força total.

— Qual é, Byun? — Sehun riu. — Ainda sou dessa família.

Baekhyun não falou absolutamente nada, apenas jogou o chinelo de banho no primo. Voltou a pegar as coisas do chão e continuou a jogar na direção dele, até alcançar um copo de vidro, então Chanyeol agarrou sua mão tirando o copo logo em seguida.

— Esse é o seu jeito de mostrar que tá tudo bem?

— Não, esse é o meu jeito de te mandar ir a merda, Sehun!

Chanyeol segurou o riso.

— Vai a merda, seu burro do caralho! — gritou antes de quase arrancar a porta do armário ao abrir. — Vai 'pra porra! Vai se fuder! Eu 'tô com muito ódio! Porra! Vai 'pra casa do caralho!

— Estamos bem. — Sorriu sinceramente.

— Belo jeito de lidar com a situação.

Enquanto Baekhyun trocava de roupa no canto do quarto, os outros dois disputavam uma partida acirradíssima para determinar quem levaria a taça para casa.

A situação só ficou melhor quando o vermelho do rosto de Baekhyun diminuiu, então souberam que podiam voltar a falar normalmente, o ódio já estava passando. Ele não era chamado de Dragão Vermelho da UH à toa, nem era à toa que sempre cometia faltas até no banco de reservas quando era substituído.

— Terminem logo, o amistoso começa às 5. — falou na voz de quando estava apenas 1% zangado.

— Puta merda, é hoje? Pensei que fosse no outro final de semana. — Sehun pulou.

— Tem um amistoso hoje? Quanto tempo eu fiquei no meu quarto.

— Uma semana, quase 10 dias. — Baekhyun pegou a camisa do time para vestir.

— 10 dias? — Chanyeol soltou o controle. — O que mais aconteceu nesse tempo todo?

— Lembra daquela exposição no Bosque? — Baekhyun pegou o controle e jogou contra Sehun. — Jongin ganhou o primeiro lugar com um monologo que ele escreveu.

Chanyeol ficou estático.

— Nós conversamos com ele todos esses dias, ele entendeu tudo, por isso não mandou mensagem 'pra você nem apareceu mais.

— Preciso ir pra casa. — falou logo levantando-se. — Preciso me trocar.

Os outros dois pausaram a partida, não falaram nada, só deixaram que ele fosse porque precisava ficar sozinho.

Quando se deram conta de que estavam sozinhos já era tarde demais, não tinha para onde fugir. Sehun queria explicar porque sabia que ele havia ouvido a conversa, mas não era nada tão repugnante assim que causasse todo aquele ódio.

Mas Baekhyun não queria e nem iria falar sobre aquilo, não por não sentir nada, mas por não estar preparado o suficiente para isso.

— Baek.

— Quer ter essa conversa agora? — perguntou baixinho. — Porque eu não quero ter nunca.

Sehun sentiu o corpo inteiro paralisar.

— Não precisa esperar por nada, Sehun. — falou enquanto desligava a Tv. — Quem desistiu a muito tempo fui eu.

Sehun ficou sozinho no quarto. Estava sozinho, sem Baekhyun de novo, como esteve todo aquele tempo.

 

(...)

 

Jongin olhou para o céu pela vigésima vez desde que entrou na festa de casamento. A taça estava sempre cheia, assim como a boca para não ter que fofocar com a mãe sobre coisas que não lhe interessavam nem um pouco. Já estava ruim demais ter que passar aquele tempo com a “família”, ficou ainda pior quando foi apresentado de novo ao restante dos Byun como o garoto que estava quase se formando e seria astro de cinema.

Quase implorou para Taemin lhe arrancar daquele lugar. Prometeu que daria o que quisesse e pararia de zoar por ser o cara do sorvete. Foi de um jeito sutil, descarado e manhosinho que Taemin conseguiu convencer a mãe, mas precisou jurar que não deixaria Jongin sozinho.

E com “sozinho” significava com outros homens.

Os dois saíram da festa sentindo a atmosfera mudar totalmente, trocaram rápido de roupa e foram direto para a quadra de esportes da UH. Taemin recebeu um convite para um amistoso contra o time da Universidade, nos últimos anos se tornou realmente bom no esporte e estava mais do que pronto para mostrar aos amigos do irmão que havia melhorado.

— É ridículo eu ter que cuidar de você. — reclamou pela quinta vez. — Vou começar a cobrar.

— Aproveita e compra umas meias novas, essas estão puro chulé.

Taemin balançou as meias perto ao rosto do irmão e quase levou um soco por isso.

— Não vi seu namorado lá. Brigaram foi?

— Eu não tenho namorado. — Suspirou.

— Achei que tivesse se acertado com o Park mãos de tesoura.

— Todos vocês tem um apelido?

— Não muda de assunto. — Agarrou uma garrafa de água bebendo quase tudo.

— Não tem nada 'pra saber, vamos logo. — Enfiou o exemplar de Trauma daquela semana na bolsa do irmão.

— Quer saber se ele vai estar lá?

Jongin não respondeu, nem expressou qualquer coisa.

— Não esconde as coisas de mim, irmão. A mamãe não 'tá aqui.

— Não tenho medo dela ouvir, só não sei de nada. — Arrumou a barra da calça pela quinta vez.

Pegou uma das maçãs que a mãe havia comprado, precisava disfarçar o cheiro de álcool. Não estava criando muitas expectativas, na verdade não tinha expectativa nenhuma. Só sentia o corpo meio dormente, as bochechas quentes e o toque meio esquisito.

Ele havia sumido há tanto tempo que duvidava que voltaria antes da sua viagem.

— Você tem estado muito triste aqui. — Abriu a porta para que pudessem sair. — Eu odeio isso.

— Eu também.

— Vamos pensar positivo, talvez ele esteja lá e marque muitos pontos 'pra você. — Taemin empurrou seu ombro de leve.

Jongin gargalhou.

— Você gosta dele, Jongin?

O riso sumiu instantaneamente.

— Nós estamos atrasados.

— Você gosta. — Taemin balançou o corpo do irmão. — Você gosta dele, porra. — Vibrou. — Finalmente você está gostando de alguém. Ainda bem que é do Chanyeol, finalmente vou ser vingado.

— O que quer dizer com “Ainda bem que é do Chanyeol”?

— Quero que descubra isso sozinho.

— Taemin, o que isso quer dizer?

— Quer dizer, irmãozão, que você tá muito fodido.

Entraram na quadra quase meia hora depois, conversaram sobre milhares de outros assuntos, sempre voltando a como Jongin estava fodido.

Estava tentando se convencer de que não queria ver Chanyeol naquele dia, nem no dia anterior, nem anteontem, nem em nenhum dia. Porque se assumisse que estava torcendo para que ele aparecesse, assumiria que estava com expectativa e expectativa sempre lhe deixava a beira de um surto. Queria acreditar que não estava esperando a semana inteira para aquele jogo, queria que todo aquele nervosismo dentro do peito fosse só por estar em um ambiente com muitas pessoas.

Mas isso seria negar o óbvio.

Porque Jongin queria ver Chanyeol de novo.

Mais do que vê-lo, queria saber se ele estava bem. Se a ansiedade não havia lhe consumido por inteiro, se quando o visse de novo não seria outro Chanyeol diferente daquele de algumas semanas atrás.

Sentia-se o maior idiota do planeta por pensar que encontraria Chanyeol do mesmo jeito, mas não fazia mal desejar-lhe de tal forma.

Desejá-lo estava consumindo sua alma, nunca em sua vida pensou que sentiria uma profunda e intensa ‘sei lá o que’ por alguém. E ‘sei lá o que’ era como havia nomeado o que sentia por não conseguir explicar que merda era aquela acontecendo o tempo todo quando lembrava dele sorrindo. Sacudiu a cabeça para afastar aquelas coisas esquisitas da mente.

Jongin sentou no alto da arquibancada, pegou sua revista da semana e começou a folhear. Haviam algumas centenas de pessoas procurando por lugares, conversando alto e outras gritando. Os Dragões Vermelhos da UH haviam chegado. Todos uniformizados de vermelho e branco, alguns com bandanas nas cabeças, joelheiras e tênis barulhentos. Levantou o olhar da revista para entender o que estava acontecendo, ao longe o time da UH estava de pé esperando a partida começar.

O time de Taemin — da NYU de azul e amarelo, do lado esquerdo — se alongavam e treinavam arremessos. Lembrava-se de quando o irmão recebeu o convite para jogar; um jogador da NYU havia machucado a mão no último amistoso e precisavam de um reserva. Foi o momento perfeito, teria uma desculpa para ir ao jogo sem levantar suspeitas.

Estava escondido atrás da revista olhando como eles se moviam. Mais especificamente, estava olhando como Chanyeol se movia, porque ele estava lá e o coração deu um solavanco quando o viu. De longe conseguiu vê-lo com uma bandana, daquelas que absorvem suor, uma coisa que parecia luva (Jongin, definitivamente, precisava prestar atenção no que Taemin falava sobre basquete), camisa vermelha da UH e calção vermelho.

A expressão concentrada deixando Jongin vidrado. Não queria perder nada, nem um minutinho do jogo, nem uma expressão, nem um suspiro, nem um lance.

E Chanyeol jogava muito bem. Fez 68 pontos durante toda a partida.

Quando acabou, ainda haviam pessoas gritando, muitas delas pela UH, todas correram para a quadra para celebrarem a vitória, mas Jongin ficou exatamente onde estava. A revista ainda cobria o rosto, os olhos ainda estavam fixos em Chanyeol.

E, por todos os santos, como queria que não estivesse tão vidrado daquele jeito, porque viu quando algumas garotas se aproximaram do Park, e com "se aproximar" queria dizer quase se fundir ao corpo dele.

Então Jongin experimentou uma emoção que nunca pensou que pudesse sentir em toda a sua vida. E era amarga. Dolorida como ferro em brasa bem no meio do peito. Ardia. Fazia sangrar. Deixava a garganta arranhando em agonia. Trazia a tona tudo o que Jongin lutou para não sentir.

Levantou-se determinado a não sentir mais nada daquilo. Guardou a revista de qualquer jeito, abriu caminho entre as pessoas e saiu a passos firmes.

Mas que merda estava pensando? Pensou mesmo por alguns instantes que Chanyeol havia lhe dado sinais de que estava quase se interessando por ele? Não conseguia acreditar que pensou em algum momento que aquilo era real, quando Chanyeol podia ter quem ele quisesse, quando quisesse, por quanto tempo quisesse.

Por isso Taemin disse que estava fodido.

— Jongin! — Baekhyun gritou.

Naquele instante o corpo inteiro de Chanyeol gelou. Ouviu o nome dele, então parou de ouvir tudo o que as outras pessoas estavam dizendo.

— Não vi você na arquibancada. Já vai embora? — perguntou enquanto se aproximava. — A gente vai beber um pouco no bar ali da frente. Quer vir?

— Acho melhor...

— Vamos logo. A gente vai tomar champanhe com suco de pêssego. — Sehun insistiu.

Jongin olhou para onde Chanyeol estava sendo puxado e então hesitou.

— Foi mal, não 'tô muito afim de beber hoje.

Os dois acertaram exatamente onde o amigo estava olhando.

— Quando forem namorados essas coisas vão ser comuns. — Baekhyun o puxou para longe. — Tenho certeza que um monte de garotas ficam rondando você em L.A., mas agora você só tem olhinhos para o Park.

— Acha que é fácil lidar com ciúmes, Baekhyun? — Sehun vinha logo atrás batendo uma bola no chão. — Eu me sinto morrendo por dentro quando essas garotas chegam perto de você.

— Não pense que tem essa liberdade só porque agora eu sei de tudo.

Sehun bufou alto.

— Vocês dois...?

— Não. Definitivamente. — Baekhyun foi mais rápido.

— Mas eu queria que sim.

— Mas não. — Sorriu em seguida, ainda puxando-o.

— Diz 'pra ele, Nini. — Sehun também o alcançou e enroscou o braço no de Jongin. — Diz que eu não vou desistir.

— Não, Nini, diz que eu não quero ouvir.

— Nini, diz 'pra ele que foi tudo um mal entendido e que eu só estava esperando o momento certo.

— Nini, diz que eu não 'tô nem aí 'pro momento certo.

— Vocês são dois tontos. — Riu tentando aliviar a sua própria tensão. — Não vou dizer nada a ninguém. Se gostam um do outro, deveriam conversar sobre essas inseguranças todas.

Baekhyun parou no meio do caminho.

— Quer falar de admitir sentimentos comigo, Nini? — Baekhyun riu. — Eu vi sua raiva quando 'tava descendo. Ciúmes não faz seu estilo.

— Não tava com ciúmes. — Jongin começou a andar mais rápido. — 'Pra ter ciúmes precisa sentir alguma coisa.

— Claro, claro. — Baekhyun lhe alcançou de novo. — Vamos beber.

Jongin não soube descrever como se sentiu quando se situou de que estava na mesma mesa que Chanyeol. Mas não só ele, algumas garotas e outros atletas do time. Sabia que não deveria beber tanto daquele jeito, mas estava se sentindo um merda. Caiu na própria ilusão de novo, precisava tomar jeito, precisava ouvir mais seus amigos e não achar que o “Príncipe encantado" estaria esperando na próxima esquina, porque não estava.

Ainda estava com a bolsa de Taemin, procurou por papel e caneta naquela bagunça sem fim. Rabiscou centenas de versos, coisas que faziam sentido na sua mente bêbada, mas no dia seguinte com certeza não faria. Tentava ouvir o que Baekhyun resmungava ao seu lado, mas no fim só balançava a cabeça e confirmava. Não queria grandes problemas, só parar de pensar demais, rir um pouco e esquecer de tudo.

Mas foi inevitável. 

Porque quando mirou onde Chanyeol estava, também viu que uma das garotas estava tão perto que quase beijaram-se. Então ele levantou rápido, pegou a bolsa e saiu. Não respondeu aos gritos de Baekhyun e Sehun, não olhou para trás, só saiu, puto da vida porque gostava de Chanyeol.

E agora estava acabado.

Gostava de Chanyeol. Era isso. Fim. Sem ‘mas’. Sem chance para dúvidas.

Estava fodido, como o irmão disse.

Fodido porque gostava de um cara héte...

— Jongin! — Ouviu a voz dele e acelerou o passo. — Aonde está indo?

Não respondeu, nem olhou para trás, queria esquecer totalmente tudo o que havia acabado de viver.

— Ei, Jongin! — O outro continuava chamando. — Kim Jongin!

Ele parou.

E se odiou por ter parado.

— O que está fazendo? O combinado era ir todo mundo junto.

— Sinto muito, preciso ir 'pra casa.

— Eu te levo até lá perto.

— Não. — respondeu firme. — Você está muito ocupado, não quero atrapalhar.

Jongin lhe deu as costas, voltou a caminhar rápido. Não notou que estava sendo seguido a um metro de distância, resmungou a todo pulmão, xingou, brigou com o vento, xingou mais um pouco e parou no meio do caminho. Sentiu a brisa bater fraquinha, a garganta arranhando com aquela sensação idiota de novo rondando sua mente. Estava se odiando muito.

Deveria ter ouvido Kyungsoo quando ligou alguns dias atrás, deveria ter ficado na sua, deveria parar de querer viver a merda de um amor. Deveria ter impedido que chegasse àquele ponto, deveria ter ficado longe.

— Quem esse idiota pensa que é? — resmungou de novo.

Chanyeol bocejou, assustou o outro que quase teve uma parada cardíaca.

— Não durmo faz dias. — falou enquanto lhe alcançava. — Tinha que ir 'pra casa mesmo, não tô te seguindo, se é o que está pensando.

Jongin ficou ainda mais irritado, voltou a caminhar rápido e foda-se a brisa.

— Jongin! — chamou de novo quase correndo dessa vez. — Por que está tão irritado? Kim Jongin! Espera!

Jongin parou.

— Já disse que preciso ir 'pra casa. — gritou. — Mas que merda!

— O que deu em você?

— Eu sei o que está tentando fazer todo esse tempo. — A garganta continuou arranhando. — Então para de vir atrás de mim ou me seguir ou me chamar ou seja lá que caralho você tá fazendo! Entendeu? Para com isso!

Então correu, o mais rápido que pôde, quase caindo diversas vezes, lágrimas por todo o rosto, o coração a mil e uma certeza massacrante de que não teria volta. E não tinha como ter mesmo. Como uma coisa que mal começou teria fim e começo? Menos ainda um recomeço.

Estava cansado fisicamente e o psicológico também.

Vomitou tudo o que tinha no estômago no meio das roseiras da mãe, sentia a cabeça latejar e as lágrimas virem com mais força. Sentiu alguém ajudá-lo a levantar, sentiu como se estivessem arrancando-o do chão, literalmente, porque estava se segurando ali. Não queria levantar, não queria sentir mais nada, mas estava, e estava ardendo como o inferno.

— Se segura em mim. — Ouviu a voz de Chanyeol bem baixinha.

— Eu disse 'pra você ir embora. — Os soluços atrapalhavam toda sua fala. — Não preciso de você.

— Vamos logo, precisa dormir agora.

— Não, Park Chanyeol, vai embora. Precisa voltar para as suas centenas de namoradas, vai!

Chanyeol gargalhou enquanto Jongin fazia uma cara de quem estava furioso. O ajudou a subir em suas costas, carregou-o até perto da entrada, ligou para Taemin esperando que ele estivesse lá. Quase desequilibrou quando o Sr. Choi atendeu a porta, sorriu gentilmente e ajudou a descer aquele chorão.

Jongin admitiu tudo ao padrasto enquanto caminhavam até seu quarto, não parava de brigar com o vento, estava sempre fingindo bater em alguém e no final acabou se batendo. Estava em um estado deprimente, precisava mesmo descansar e parar de chorar. A dor diminuiria no dia seguinte, seria outra pessoa no outro dia, como Siwon falou.

Adormeceu rápido, mal encostou no travesseiro e já estava sonhando alto. Enquanto sonhava, uma lágrima percorreu todo seu rosto. Sonhou que era feliz, como a mocinha e o mocinho daquele dorama que assistiu no final de semana passado. Sonhou que vivia um grande amor.

Jongin sonhou que era feliz com Chanyeol.

 

 


Notas Finais


*referência a Diógenes de Sinope, pois Sehun é um estudante de filosofia.

Aqui estou eu para dizer que amo muito Sebaek ;-;
Muito obrigado por ler, saibam que ciúmes é um sentimento muito feio, mas ele pode ser desconstruído com o tempo.
Amem muito o EXO, view em Obsession e Shall We, bebam água, pulem muito no bloquinho, Não é Não e não use drogas.
Até o próximo!
Bye bye ~


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