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História Como Queimar uma Borboleta - O Paranoico e o Companheiro de Netflix


Escrita por: VoidWolfinGale

Notas do Autor


HÁ QUANTO TEMPO, QUERIDOS COMPANHEIROS!
Muito tempo mesmo, inclusive, rs.
Mas, para a felicidade dos Jikookeiros (olha o spoiler), aqui estou eu com um novo capítulo. Enfim, perdoem a demora, espero que gostem. <3
Ah, e antes que surjam as perguntas: não, eu não assisto How I Met Your Mother (triste realidade). Mas a minha irmã e amiga assistem, e eu prometi a esta amiga que colocaria isso no capítulo, haha.

Edit: não sei se vossas senhorias perceberam, mas eu troquei a capa da fanfic e coloquei ela como capa do capítulo pra fazer uma rotatividade mais justa entre as imagens disponíveis <3
Créditos para a maravilhouser @kyuno por essa capa nova (sim, desenhada a mão. Talento pra porra mesmo, meu deus. E eu aqui apenas tentando e falhando em não perder meus lápis de cor vermelhos, hue).

Capítulo 11 - O Paranoico e o Companheiro de Netflix


Fanfic / Fanfiction Como Queimar uma Borboleta - O Paranoico e o Companheiro de Netflix

Eu não conseguia mais olhar nos olhos de ninguém depois daquilo por um bom tempo.

Sempre achei que, se acontecesse uma situação onde eu fosse completamente humilhado, eu conseguiria ao menos fingir que não me importava e manter uma postura ereta, um olhar estável. Não foi o caso. Eu até tentei ignorar no início, mas parecia que, no rosto de cada pessoa que me olhava, estavam estampados seus pensamentos sobre o ocorrido: Suga e eu, em atos eróticos; Suga forçando-se sobre mim, meus gritos de agonia e tortura; todas as posições promíscuas às quais ele me submeteria; meu corpo nu, coberto por seus fluidos. Eu sentia que estas eram as únicas coisas que passavam pelas suas cabeças quando olhavam para mim. No entanto, quando percebi que este constrangimento se alastrava até para aqueles que não haviam visto o vídeo e, portanto, não tinham conhecimento nenhum sobre as fantasias de Suga em relação a mim, percebi que a maior parte daquele julgamento que eu achava ver nos outros era coisa da minha cabeça.

Eu estava ficando louco.

Foi-se umas quatro semanas com esta sensação incômoda queimando minha consciência, em que eu não podia nem encarar a atendente do supermercado sem sentir que ela me sexualizava. Neste meio tempo, Suga permaneceu inativo, o que, sinceramente, profissionalismo à parte, deixou-me um tanto aliviado. Eu não tinha psicológico para lidar com mais uma de suas investidas contra minha dignidade naquele momento.

Jungkook havia se mudado definitivamente para minha casa e este tempo que tivemos de paz foi essencial para que pudéssemos nos estabelecer juntos naquele local. Criamos regras de convivência e decidimos uma rotina fixa que, segundo Namjoon, facilitava muito o trabalho de stalkers. Quanto mais Suga achasse que tínhamos um cronograma estável e imutável, mais fácil seria surpreendê-lo em sua própria certeza.

Eu, honestamente, havia achado que seria difícil morar com Jungkook. Com qualquer pessoa, na verdade, visto que eu sempre fui mais independente e solitário, mas minha preocupação principal era por ser justamente Jungkook, alguém com quem eu não tinha tanta intimidade. Pensei que talvez eu ficaria mais tranquilo morando com Namjoon, Seokjin ou até mesmo Taehyung, que nem da polícia era. No entanto, percebi que estava errado quando me vi constatando que morar com Jungkook estava sendo até mais fácil do que provavelmente seria com alguns dos meus outros amigos previamente citados. Ele era bem disciplinado e não demorou para entrarmos em sincronia sem que eu precisasse fazer mudanças muito drásticas no meu cotidiano original.

Eu e Jungkook dividimos os afazeres domésticos, dos quais ele ficou com a maior parte por sua própria insistência, argumentando que era o mínimo que poderia fazer dado que eu o estava hospedando em minha casa. Esta divisão de tarefas tornou minha vida muito mais fácil e minha casa muito mais higiênica do que antes, o que possibilitou que nós dois pudéssemos focar mais intensamente em nossos trabalhos policiais. Jungkook dormia no quarto de hóspedes que existia no primeiro andar, bem de frente para o meu próprio quarto. Era um cômodo que há muito só servia para acumular poeira –e, eu não vou mentir, planejava fazer dele uma sala de jogos privada no futuro –, mas agora finalmente tinha alguma utilidade. Íamos para a delegacia juntos sempre que éramos chamados, dirigindo no carro dele ou no meu –economizava gasolina e poupava o meio ambiente, de nada.

E, por último, havia os efeitos sociais que surgiram daquela convivência. Basicamente, também estávamos trabalhando em nossa proximidade. Como amigos, claro. Sempre que estávamos juntos em um mesmo cômodo ou veículo, percebi que os silêncios desconcertantes foram gradualmente substituídos por começos de conversa embaraçosos até chegarem a assuntos realmente prazerosos, que conseguiam prender ambos de nossos interesses. Jungkook já não hesitava tanto em falar comigo e conseguíamos permanecer no mesmo cômodo sem sentir uma tensão pairando sobre nossas cabeças. Além disso, começamos a assistir séries da Netflix juntos nos finais de semana ou à noite quando tínhamos tempo. Foi uma insistência inicial da parte dele, argumentando que eu precisava parar de trabalhar um pouco e aprender a relaxar, que nos levou a nossa primeira noite de How I Met Your Mother em casa. À partir daí, tornou-se um pacto silencioso entre nós. Toda noite, sem falta, rir do Barney.

Enfim, havíamos caído em uma rotina agradável.

 

(...)

 

No momento, eu estava lavando louça enquanto deixava meus pensamentos divagarem, focando em nada em particular. Ainda assim, sempre que minha mente voltava para qualquer ínfima coisa que me remetesse a açúcar e assassinatos, eu tentava pensar rapidamente em outro assunto. Pôneis. Arco-íris. Sorvete de menta. Orquídeas. Kim Kardashian... Qualquer. Coisa.

- Você precisa de ajuda aí...? – Uma voz vinda da porta cortou meus pensamentos. Jungkook coçava sua nuca, parecendo desconfortável por ter interrompido aquele silêncio. Vindo dele e conhecendo a profundidade de sua timidez, eu entendia o esforço que ele despedia só para começar uma pequena interação.

Eu levantei uma sobrancelha em questionamento à suas palavras.

- Olha, não sou nada contra, mas hoje é meu dia de lavar a louça. Acho que seria melhor você poupar seus esforços para fazer sua parte amanhã, não? Porque, eu já vou avisando, não espere que eu vá oferecer minha ajuda quando for a sua vez. –Eu sorri com o modo que ele ficara ainda mais envergonhado ao perceber a pergunta que havia feito.

- A-Ah, claro, haha... Bom, neste caso, se precisar de mim eu vou estar lá fora. –Sem mais delongas, ele saiu da cozinha rumo ao jardim da frente.

Podia parecer estranho que ele assumisse um risco desses nas condições em que estávamos, na mira de um serial killer. O mais correto a fazer seria ficar em casa o máximo possível, sempre em alerta. Neste ponto, sentia-me culpado ao admitir isto, mas Jungkook arriscava-se deste jeito por um capricho meu.

Depois de alguns dias de interação, fiquei surpreso ao descobrir que Jungkook fumava. Foi bem inesperado, considerando que, além de não combinar com a imagem de bom garoto que ele tinha, o mais novo nunca estava cheirando a tabaco ou portando cigarros. Talvez ele fosse muito hábil em esconder seus vícios, ou talvez eu que não fosse mesmo um bom observador. Apesar da surpresa, era uma opção dele e eu realmente não tinha problema algum com aquilo. Eu só não queria, do fundo do meu coração, que minha humilde e cheirosa residência ficasse impregnada com o odor de fumaça. Conversei com ele sobre isso, ele entendeu perfeitamente. Agora, toda vez que sentia a necessidade de um cigarro, Jungkook saía para o jardim da frente, nunca sem antes me avisar, é claro.

Ademais, o maior motivo pelo qual nenhum de nós estava muito preocupado com Jungkook sendo atacado por Suga no jardim da frente era porque sabíamos, baseado em muita análise comportamental e delineamento de perfil, que Suga não iria fazer aquilo. Simplesmente não era seu estilo. Ele não atacava de surpresa, era sádico, orgulhoso e exibido demais para isso. Ele preferia avisar que estava chegando, ver suas presas agoniando lentamente em suas garras e ser a última imagem em suas orbes moribundas antes de morrerem.

Continuei lavando a louça com a mente dispersa até que não houvesse mais nada na pia. Quando terminei esta tarefa, logo me dirigi para a sala de TV, sabendo que aquela seria uma noite regada a Netflix, como previamente combinado. Apesar de um tanto cansado, esta noite eu estava motivado a ir dormir o mais tarde possível, já que amanhã nem eu e nem Jungkook precisaríamos acordar cedo para ir à delegacia. A inatividade de Suga não nos dava muita opção.

Estava colocando na televisão a série de nosso interesse –How I Met Your Mother, obviamente – quando Jungkook entrou pela porta da frente, tendo terminado sua sessão de tabagismo na hora perfeita.

- Ah, você já está colocando? Eu só preciso ir no banheiro bem rápido e daqui a pouco eu desço para começarmos, ok?

Eu assenti em resposta e Jungkook subiu correndo as escadas, provavelmente porque não queria que eu ficasse bravo consigo por estar cheirando a cigarros dentro de casa. Sempre que terminava de fumar lá fora, Jungkook corria na velocidade da luz para o banheiro, a fim de trocar de roupas, escovar os dentes, tomar banho... não sei, o que quer que fosse que ele fizesse para estar sempre cheirando a um garoto prodígio.

Enquanto eu esperava por seu retorno, uma corrente de ar gelada entrou pela janela aberta. O clima já começava a esfriar em Seul e o arrepio que senti percorrer as partes expostas da minha pele e eriçar meus pelos mostrava que eu precisava me adaptar a ele. Eu me recusava, no entanto, a fechar a janela. O vento não era muito forte e a vontade de não ter minha casa cheirando a tabaco era maior. Ainda que eu soubesse que Jungkook voltaria para sala cheirando a flores silvestres, ele havia acabado de fumar por um tempo considerável e eu não queria arriscar ter aquele odor impregnado em minhas cortinas, carpete e mobílias.

- JUNGKOOK! –gritei para o mais novo no andar de cima, que prontamente me respondeu perguntando o que eu queria. –Traz uns cobertores aqui para baixo! –Ele concordou e eu fiquei a esperá-lo pacientemente.

Virei minha cabeça na direção das escadas quando ouvi seus passos descendo pela mesma. Jungkook apareceu segurando debaixo do braço um cobertor enorme, peludo e azul, minha cor favorita, enquanto coçava a nuca com um pedido de desculpas no olhar.

- Eu meio que não consegui achar outro cobertor além desse. Digo, eu pensei em procurar no seu quarto, mas achei meio rude entrar lá sem ter sido convidado e tudo mais...

- Ah, não tem problema, podemos dividir esse mesmo. E, a propósito, você fez uma boa escolha, eu odeio que entrem no meu quarto sem permissão. –eu respondi, franzindo o cenho ao lembrar das incontáveis vezes que eu acordei com um Taehyung abraçando-me de conchinha ou que voltei para casa do trabalho apenas para encontrá-lo dormindo como um bebê na MINHA cama. Pensando bem agora, ter dado a ele uma cópia da chave da minha residência em nome de nossa “amizade tão íntima que é quase um pornô gay” –palavras dele, não minhas –foi um belo de um erro.

Sem mais delongas, ajeitamo-nos na sala até estarmos confortáveis o suficiente para começarmos a assistir televisão. Eu apertei um botão e, em questão de segundos, estávamos vidrados na tela.

(...)

As imagens na tela e as vozes dos personagens preenchiam aquele cômodo e exigiam nossa atenção, a qual eu, pelo menos no começo, concedi. Mas conforme os episódios iam passando e as histórias se desenrolavam, eu percebi que eu não mais conseguia prestar tanta atenção na tela. Não que o seriado não fosse legal, longe disso. Era como se eu pudesse enxergar as imagens à minha frente, mas não conseguia focar nelas o suficiente para formar uma trama coerente em minha cabeça. E o pior de tudo é que eu estava totalmente ciente do motivo de minha distração.

Jungkook estava perto. Perto demais, na verdade. Toda a lateral de meu corpo estava grudada na dele com o pretexto de que tínhamos que dividir uma única coberta, ainda que houvesse pano o suficiente para usufruir da proteção felpuda sem o contato interpessoal. Mesmo tendo consciência disso, nenhum de nós se atreveu a mexer um músculo sequer para sair daquela posição desde que a série começara. Eu podia sentir o calor da pele de Jungkook e da minha própria, fazendo que com o previamente gelado cômodo agora parecesse uma fornalha. Estava tenso e senti uma gota de suor escorrendo por minha têmpora, mas continuei sem me mover e não fiz menção de limpá-la. Num ato de coragem, quando senti que não aguentaria mais continuar naquela posição pelos 10 minutos restantes do programa, engoli a saliva acumulada em minha boca e arrisquei lentamente um olhar para o mais novo.

Meus olhos percorreram primeiramente a pele avermelhada de sua face. Depois, percebi a camada fina e brilhante de suor que cobria suas bochechas e pescoço. Então, finalmente, pude ver seus olhos, que estavam virados para a tela, porém totalmente desfocados. Devido a nossa proximidade, pude perceber a pupila dilatada em suas orbes e, naquele instante, eu soube que o mais novo estava tão ciente quanto eu daquela tensão que pairava sobre o ar. Naquele instante, eu soube que ele também estava completamente ciente do meu olhar compenetrado sobre si.

- J-Jimin... –ele sussurrou, sua voz soando como um gemido rouco ao sair de sua boca. Ele fechou os olhos e franziu o cenho, respirando pesadamente ao meu lado e deixando escapar um suspiro baixo por entre os lábios semiabertos. Eu foquei minha atenção neles imediatamente. –Por favor, olhe para a televisão. Se você continuar fazendo isso... eu não sei se vou conseguir me segurar.

Eu não conseguia me concentrar no significado de suas palavras. Ao invés disso, minha atenção se encontrava completamente no movimento de seus lábios úmidos enquanto Jungkook pronunciava seu aviso; na voz baixa e rouca que saía de sua boca, tão carregada de desejo que eu duvidava que, ainda que eu voltasse mesmo minha atenção para a tela, ele conseguiria controlar seus instintos mais bestiais. Antes que eu pudesse me dar conta, antes que eu pudesse utilizar da minha razão para pensar nas consequências de meus atos, as palavras já estavam saltando de meu âmago, parecendo tão certas em meus lábios que, naquele momento, eu me perguntei porque nunca as tinha dito antes.

- Então... não se segure.

E foi apenas disso que Jungkook precisou para finalmente virar seu rosto para mim, olhando-me tão faminto que me deixaria assustado se não fosse pela ereção entre minhas pernas e excitação correndo por minhas veias. O mundo inteiro pareceu congelar por um milésimo de segundo, no qual eu prendi minha respiração em antecipação, antes de Jungkook atacar meus lábios com uma voracidade que quase trazia mais dor do que prazer. Quase.

Suas mãos afobadas não demoraram a percorrer cada centímetro do meu corpo, jogando no chão aquela coberta incômoda que, se antes nos deixava mais próximos, agora apenas limitava nossos movimentos. Sua boca estava totalmente descontrolada contra a minha, era apenas uma luta de línguas, dentes e lábios movendo-se incessantemente, arrancando gemidos de deleite e necessidade de ambos os lados. Eu não sabia mais o que estava fazendo e tinha certeza de que Jungkook também não, nós simplesmente havíamos deixado de controlar nossos próprios corpos para deixá-los buscar a satisfação do jeito que bem entendessem. Ele colocava a mão por debaixo do pano de minhas roupas e apertava minha pele tão violentamente, tão eroticamente, que eu tinha certeza de que haveria hematomas naqueles lugares quando nosso frenesi acabasse. Não que eu pudesse reclamar muito, pois meus dedos e unhas alvoroçados provocavam maus-tratos iguais ou piores na pele alheia.

Suas mãos impacientes foram atingindo locais cada vez mais excitantes em meu corpo e, desta vez, eu não fiz nada para impedi-lo. Eu queria sentir aquela fricção satisfatória, queria sentir seu toque que prometia levar-me ao ápice do meu prazer. Jungkook percebeu que eu não o afastei e, ao invés disso, comecei a empurrar meus quadris de encontro com sua mão. Esta dica foi tudo que ele precisou para que a hesitação sumisse de seus movimentos e ele entendesse bem o que eu queria. O que nós dois queríamos. O que nós dois precisávamos.

Suas unhas desceram rasgando desde meu peitoral até meus quadris, onde Jungkook começou a abaixar a bermuda que eu estava usando até os meus joelhos. Ele se afastou de meu rosto e beijos por um momento para olhar a parte inferior desnuda do meu corpo, um feito descarado que apenas aumentou ainda mais a minha ereção. O mais novo deu um dos sorrisos de canto mais maliciosos que eu já vira na vida ao perceber que eu não estava vestindo nada por baixo da bermuda e que meu pau, agora exposto, estava extremamente duro, implorando por atenção. O pré-gozo já escapava da glande inchada e vermelha e os espasmos que a excitação me causava pareciam prender completamente o foco de Jungkook, que me analisava com a respiração ofegante e os olhos nublados pela luxúria.

- Porra... –ele praticamente rosnou aquela palavra enquanto enfiava seu rosto na curvatura de meu pescoço já coberto de suor. Ele pareceu não se importar com este detalhe. Na verdade, pelo jeito que começou a morder vorazmente e lamber a minha pele, parecia que aquilo o excitava. Suas mãos começaram a fazer carícias intensas nas laterais de minhas coxas, marcando-as com suas unhas e massageando dolorosamente a carne das partes internas. – Você é tão, tão lindo, Jimin... Você não tem ideia de há quanto tempo eu estava esperando por isso. Agora você é meu, e eu vou fazer questão de deixar isto bem estampado em você para todo mundo saber.

Após isto, eu não tinha certeza se gemi por causa de suas palavras ou pelo jeito que sua boca sugou com força a pele de meu pescoço, certamente na intenção de deixar ali uma marca. Meus sons libidinosos pareciam tê-lo motivado ainda mais, fazendo com que Jungkook mordesse sem dó alguma a minha carne, chegando a romper superficialmente a pele. Desta vez, eu soltei uma mistura de gemido e grito, sem saber se o que eu sentia beirava mais a dor ou prazer.

Uma de suas mãos que apertavam minhas coxas volumosas foi caminhando lentamente, porém nem um pouco sutil, até o meu traseiro exposto, onde pôs-se a desfrutar do mesmo. Logo, seus dedos foram chegando cada vez mais perto da fenda entre as minhas nádegas e passaram a acariciar sensualmente, em movimentos verticais, aquele local. Eu prendi a minha respiração com tal ato, pois sabia exatamente o que vinha depois daquelas carícias. A ponta de um de seus dedos não tardou a passar em cima e provocar a superfície de meu ânus que já piscava em antecipação.

Antes que ele pudesse pressionar seus dígitos dentro de mim e oferecer-me a satisfação que eu precisava naquele lugar, no entanto, algo ocorreu.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo de forma tão violenta que foi impossível ignorá-lo. O cômodo, que até então parecia quente e sufocante demais para nossos hormônios, tornou-se subitamente mais frio, apesar de que não fora nem de longe uma brisa gelada que causara minha reação. Eu conhecia bem esta sensação, ainda que tivesse me convencido –e sido convencido por outros –que era apenas fruto de minha insensatez e imaginação.

A sensação de estar sendo observado.

Eu instintivamente levantei meu olhar para a janela da sala, a qual eu havia previamente deixado aberta e encontrava-se diretamente de frente para onde eu estava virado. A escuridão da noite lá fora, apesar de assustadora por si só, não conseguiu esconder de meus olhos paranoicos um vulto que se movera mais adiante, parecendo estar do outro lado da rua aparentemente não tão deserta. Poderia ser um cachorro passando, um viciado em academia fazendo uma caminhada a esta hora ou até mesmo o vento que balançava as folhas das árvores e arbustos ao longe, mas algo em minha cabeça gritava perigo. Algo em minha cabeça sempre gritava perigo.

No susto, empurrei Jungkook para longe de mim, fazendo o mesmo cair de costas em cima do sofá. Subi minha bermuda e abaixei minha camiseta parcialmente levantada o mais rápido que pude, ainda com os olhos grudados na janela. O mais novo me olhou surpreso pela rejeição repentina.

- O-O que foi, Jimin? Eu fiz algo errado? – Ele parecia atordoado com a minha reação, e eu até teria ficado com pena de si se não estivesse tão imerso naquela maldita janela, certamente portando uma expressão de pânico.

Jungkook olhou para mesma direção que meus olhos estavam vidrados, mas, assim como eu no momento, não conseguiu ver nada de errado em meio a escuridão. Apenas silêncio e a silhueta quase indistinguível das plantas ali presentes. Jungkook, ao perceber que encarávamos o nada, voltou-se a olhar para mim com um semblante preocupado.

- Hyung, está tudo bem...? –Suas palavras trouxeram minha atenção de volta a si. Principalmente porque percebi que ele usara o termo “hyung” ao invés de “Jimin”.

Neste tempo de convivência, captei algumas peculiaridades do comportamento do mais novo, assim como tinha certeza de que ele havia captado algumas do meu também. Ele apenas me chamava de “hyung” em assuntos sérios, profissionais, geralmente quando se dirigia a mim como detetive em nosso local de trabalho. Em casa, apenas “Jimin”, seu colega de residência, seu parceiro de Netflix, e era assim que eu preferia. O uso daquela palavra específica, no momento, indicava que Jungkook estava em alerta e que meu comportamento era, no mínimo, alarmante.

Eu arrisquei um olhar para a janela uma última vez, para ter certeza de que não haveria olhos sanguinários me encarando de volta. Somente escuridão, confirmei.

A suspeita de que aquilo era apenas minha paranoia me pregando peças ficava maior a cada segundo. Eu não estaria nem um pouco surpreso se fosse isso mesmo, na verdade. Nos últimos tempos, eu andava agindo um tanto fora de mim. Às vezes, eu acordava de madrugada, ensopado e com um coração acelerado, frutos de pesadelos que me perseguiam tanto em sono quanto em vigília. Por vezes, via vultos ao longe ou passando por mim, que desapareciam logo depois de me assustarem, assim que eu piscava. Também começou a acontecer de eu achar que ouvira meu nome sendo chamado, virando-me e perguntando o que a pessoa queria apenas para descobrir que ninguém havia se dirigido a mim.

É, juntando tudo isto, era compreensível porquê todos pareciam mais cautelosos comigo ultimamente. Desde o incidente do vídeo, não era novidade que muitas pessoas a minha volta estavam se questionando quando os últimos fios da minha sanidade iriam romper-se, quando eu finalmente iria sucumbir às provocações doentias de Suga. Apesar de eu não ter falado com ninguém sobre os pesadelos, vultos e vozes, parecia que ainda assim os outros haviam captado que eu não estava no meu melhor estado.

Era apenas coisa da minha cabeça. Eu não devia ser egoísta a ponto de preocupar Jungkook com a minha insanidade, ele não tinha culpa se, agora, eu finalmente começava a alucinar. Eu sorri gentilmente para o mais novo em uma tentativa de acalmá-lo.

- Não foi nada, Jungkook. Eu só... –Minha mente vasculhou todas as desculpas que eu poderia dar naquele momento. Não queria dizer a verdade, não queria que as pessoas tivessem ainda mais motivos para achar que eu estava enlouquecendo. De todas as minhas opções, escolhi aquela que parecia mais plausível. –E-Está muito frio nesta sala. Eu não quero... fazer aqui.

Eu senti vergonha das palavras que saltaram de minha boca, era como se eu estivesse confirmando em voz alta que sim, iríamos transar aquela noite. A vergonha derivante daquela frase subiu pelo meu corpo, esquentando-o até as minhas bochechas e orelhas. No entanto, ainda que eu estivesse constrangido pela minha própria fala, era melhor que Jungkook acreditasse naquilo. Ele não ficaria magoado por achar que minha atitude fora rejeição e nem preocupado comigo por achar que fora loucura. Ele acharia apenas que eu estava sendo... mais direto e descarado do que o normal, talvez? Eu podia aguentar um pouco de rubor por um bem maior.

Depois de alguns segundos de silêncio, provavelmente processando o que eu havia dito, um sorriso de canto um tanto malicioso formou-se na face de Jungkook. Novamente, sua personalidade dominante e confiante havia voltado.

- Tudo bem. Como quiser, bebê. –E antes que eu pudesse perguntar o que significavam aquelas palavras ou entender o que estava acontecendo, Jungkook agarrou-me pela parte posterior das coxas e levantou-se do sofá comigo em seu colo. Sim, isso mesmo, em seu colo. No reflexo, envolvi seu quadril com minhas pernas e seu pescoço com meus braços, meu medo de cair falando mais alto. Eu soltei um gritinho agudo ao ver-me fora do chão, sendo sustentado apenas pelos braços do mais novo, mas disfarcei-o com um pigarreio. Sem perder tempo, Jungkook foi caminhando em direção às escadas, rumo aos quartos que existiam no primeiro andar.

Eu não havia sido carregado daquele jeito desde que eu tinha provavelmente uns 6 anos de idade, era um tanto constrangedor para mim estar naquela posição. Até pensei em dizer algo, pedir para que ele me soltasse –ainda que, com medo da queda, fosse eu que estivesse totalmente agarrado ao seu corpo -, mas minha mente estava tomada apenas pela perplexidade. Jungkook parecia não ter problema nenhum em me carregar, seus passos continuavam precisos e os braços, firmes, como quem não fazia esforço algum. Eu podia não ter muita altura –infelizmente -, mas eu definitivamente não era nada leve. Droga, eu já era um homem crescido e tinha uma boa parcela de músculos bem definidos no meu corpo –uma bela mistura de boa genética com horas na academia. Ele não devia estar me carregando no colo assim, tão despreocupadamente. Isso feria meu ego masculino, poxa...

Por estar grudado no mais novo, pude sentir mais precisamente a sua estrutura. Apenas com as roupas formais do dia-a-dia, eu nunca imaginaria tal coisa, mas Jungkook parecia ser mais atlético do que eu pensava. Eu podia sentir seus bíceps contra a minha pele e eles pareciam pedras de tão rijos, além de serem grandes demais para combinarem com o papel de garoto tímido que todos atribuíam ao mais novo. Pela minha fronte, eu também pude sentir seu peitoral e abdômen e estes não ficavam muito atrás. Eu podia praticamente visionar os gomos definidos do corpo pressionado ao meu e apenas aquela descoberta era o suficiente para prender minha atenção, deixando-me mais focado nos detalhes do físico alheio que eu não sabia existir do que em reclamar com Jungkook em nome do meu orgulho.

Apenas percebi que havíamos atingido nosso destino –meu quarto -, quando Jungkook me soltou de costas na superfície macia de minha cama.

- Pronto... Chegamos. –Eu fiquei alguns segundos em silêncio, apenas encarando sua face e tentando assimilar o que acabara de ocorrer. Enquanto isso, Jungkook permanecia acima de minha forma deitada na cama, com seus braços eretos sustentando seu corpo para que não me esmagasse.

- Olha... –Eu comecei. –Não vou mentir, cara. Eu estou me sentindo meio constrangido. –Sinceridade é tudo, não é mesmo?

Jungkook soltou um riso abafado com meu comentário. Ele certamente sabia que eu ficaria envergonhado com sua atitude, qualquer pessoa que me conhecesse o mínimo que fosse saberia disso. Aquele moleque fez aquilo para me provocar, indaguei-me se eu não estaria dando liberdade demais para ele.

- Tsc, para com isso. Nem doeu. E você coube perfeitamente nos meus braços, deveríamos fazer isso mais vezes.

Eu fiz uma careta com seu comentário e ele riu mais alto desta vez. É, ele definitivamente estava me provocando.

- Vai sonhando, criança. –eu disse enquanto revirava os olhos. Ainda assim, eu não consegui esconder um sorriso no canto de meus lábios e Jungkook riu novamente com esta nossa descontraída interação.

As risadas foram se esvaindo até que caíssemos em silêncio absoluto. Olhando um nos olhos do outro, era como se não conseguíssemos desviar nossa atenção, não conseguíssemos mover um músculo sequer para sair daquela posição. Podia ouvir tanto a respiração pesada de Jungkook quanto a minha própria e eu tinha a impressão de que, se eu me concentrasse, poderia ouvir também nossos batimentos cardíacos erráticos ecoando pelo quarto. Estava tudo tão perto, tão íntimo.

Eu prendi a respiração inconscientemente quando, depois do que pareceu uma eternidade, Jungkook foi aproximando seu rosto do meu. Vi seus olhos começarem a fechar-se e eu não protestei, nem reparei quando fechei os meus também. Logo após, eu senti.

Naquele momento, tudo parecia tão mais intenso. Não era a primeira vez que eu beijava seus lábios, mas as fortes e rápidas batidas do meu coração me revelavam que eu ainda não estava acostumado com aquela sensação. Talvez nunca estaria. Aquele gesto não era nada sexual, era mais profundo que isso, mais significativo que desejo carnal. Eu sentia que havia tanta coisa a mais por trás daquele simples beijo, mas, ainda que esta fosse uma questão para ser pensada com mais tempo e razão, não conseguia parar de corresponder aos seus movimentos.

Não sabia quanto tempo havia durado aquela nossa interação, mas logo percebi Jungkook se afastando. Nossas bocas e línguas se separaram, apenas um fino fio de saliva nos unindo antes que este também fosse rompido pela crescente distância. Eu estava ofegante e sentia-me quente por todo meu corpo, como se estivesse deitado e coberto em brasas. Jungkook não parecia estar muito atrás, considerando sua face avermelhada e sua respiração alta. Meus olhos estavam úmidos e, através de pálpebras semicerradas, pude ver que o mais novo encarava minhas feições persistentemente, como se estivesse em um transe. Naquele breve momento, eu pude ver desejo escancarado e cruas emoções dançando em suas orbes.

Antes que eu pudesse refletir mais sobre o assunto, no entanto, ele se levantou da cama, afastando-se definitiva e completamente de mim.

- E-Está muito tarde já, Jimin. E você está cansado que eu sei. Acho que é melhor irmos dormir. –Enquanto ele falava estas palavras e dirigia-se para porta, notei que escondia sua face de mim. Provavelmente, querendo mascarar o rubor que, desculpe-me, Jungkook, eu já havia visto.

- C-Calma! Espera, eu achei que... achei que a gente fosse... –Eu não queria completar aquela frase, esperava que Jungkook entendesse o significado por si próprio.

Ele apenas continuou até a saída de meu quarto e apagou a luz, envolvendo-nos em penumbra. Antes de ir, entretanto, ele parou no batente da porta e olhou para trás, em minha direção. Um sorriso gentil dançava em seus lábios, mas, ainda que escondido pelas sombras a nossa volta, eu pude ver seu cenho franzido em uma expressão angustiada, relutante. Eu queria não ser a pessoa que causava tais sentimentos em si. De todos a minha volta, ele era um dos que eu menos queria preocupar e afastar com a minha progressiva insanidade.

- Já é tarde, Jimin, e eu acho que um pouco de descanso faria bem a você. Durma bem esta noite e não se preocupe. Podemos sempre continuar outro dia, eu não vou embora, prometo.

Não podia negar que ele tinha razão. Minha mente precisava de descanso, mais do que nunca em tempos como estes, em tempos de calma antes da tempestade. Notei que o cansaço realmente estava me consumindo, fazendo meus músculos pesarem e minhas pálpebras descerem sozinhas.

Ele saiu lentamente, fechando a porta atrás de si. Antes de fechá-la completamente, no entanto, eu ouvi sua voz mais uma vez soando pelo quarto, pela minha compreensão exausta.

- Boa noite, Jimin...


Notas Finais


Por hoje é só, bbs. Beijos da Tia Void ;*


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