História Como Se Fôssemos Agentes Secretos - Suga - Já o vi antes

— Pensei que se importasse comigo — falei séria enquanto via Yoongi levantar-se.

— Por que está falando isso? Sabe que m importo com você! — disse ajudando-me a levantar.

— Então não me assuste desse jeito! — argumentei indignada vendo ambos a minha frente rirem.

— Só espero que isso não tenha sido um tipo de indireta por eu sempre te assustar — falou Yoongi cortando seu sorriso do rosto.

— Não foi intenção, mas se quiser pode ser — disse a ele.

— Sei que deve estar muito interessante o papinho de vocês dois mas está na hora de você ir dormir — falou Tae olhando-me seriamente.

— Acha mesmo que vou conseguir dormir? Ainda mais depois de eu chegar naquele estado e você brigar comigo? — perguntei a ele.

— Bem, acho melhor eu ir para casa, até amanhã pequena— disse Yoongi saindo.

— Como assim pequena? — indagou Tae.

— Até amanhã Suga — disse fazendo ênfase na ultima palavra.

Vi Yoongi olhar-me sorrindo mas com desgosto. Não tenho culpa de ele ter me dado um apelido, ele também terá.

— Vamos entrar? — perguntei a Tae que ainda me olhava seriamente, só que dessa vez com mais afinco.

Ele não respondeu, apenas fez a frente para entrarmos. Posso julgar que ele está assim porque eu estava lá fora com Yoongi a essa hora da noite. Se bem que não tenho certeza de que horas são, mas já passou da meia noite disso tenho certeza.

Entramos dentro de casa e nos deparamos com nossa mãe entrando pela porta da frente. Ela parecia estar sóbria, me pergunto que milagre foi esse.

— Ainda acordados? — perguntou ela sorridente.

— Sim, mas já estamos subindo — respondeu Tae pegando em minha mão e levando-me junto a ele.

Ao chegarmos lá em cima entramos no quarto dele. Um pequeno silêncio instaurou-se, ele devia estar pensando por onde iria começar. Na verdade parecia estar com dificuldades para escolher.

— Me desculpe por mais cedo, eu não queria me exaltar com você — falou cabisbaixo.

— Tudo bem, a culpa não é sua. Você só quer me proteger, mas eu acabei sendo mimada como sempre — disse o abraçando.

Ficamos naquele abraço por um tempo. Era o que precisávamos para reestabelecer nossos laços fraternos por completo. Mas quando soltamos do abraço, percebi que ele não iria deixar de lado o fato de eu estar lá fora e acompanhada.

— Sabe que eu não gosto de ver você com garotos nem durante o dia, não sabe? — perguntou.

Mas aquela era uma pergunta sem nexo. Pois vocês sabem, eu não socializo com ninguém, meus amigos são os amigos do Tae. Se bem que talvez eu e Yoongi sejamos amigos, ou não?

— Não, não sei. Porque até onde eu saiba essa é a primeira vez que você me fala isso — respondi.

— Isso não importa — disse olhando para o lado — isso não nega o fato de você saber que eu não fui com a cara de Yoongi.

— Se você tem mau gosto para garotos o problema não é meu — falei sarcástica.

— Será que você poderia levar isso a sério?! — suspirou — Você sabe que ele é suspeito, e agora também sabe que o assassino quer algo de você, bom pelo menos espero que tenha percebido — encarou-me. Se ele soubesse que eu demorei em notar essa parte acho que ele me mataria — você deve tomar cuidado com quem está a sua volta e isso inclui Yoongi.

— Não suspeite dele! Eu já falei que não há como ser ele — reclamei.

— Se você pensa assim por mim tudo bem, eu só quero que você tome cuidado com ele — falou e abraçou-me mais uma vez — boa noite.

— Boa noite — disse enquanto recebia um beijo em minha testa.

Segui até meu quarto. Minha mente parecia estar mais leve por ter feito as pazes com Tae, embora ele ainda tenha reclamado sobre algumas coisas.

Deitei em minha cama. Algumas lembranças de mais cedo vieram a minha mente, inclusive a loucura que pretendo fazer. Não tardei muito a pegar no sono.

No outro dia acordei-me com uma grande dor de cabeça. Estanho, isso não me é algo muito frequente.

Levantei-me e me preparei para ir a escola. Meu café da manhã seria iogurte, nada muito convencional e nem sequer sustentável para quem come condenadamente.

Sai de casa. Mas minha vida nunca tem sossego, então não aconteceu nada mais nada menos do que lembranças da noite passada virem a minha mente. Era algo atordoante, talvez o motivo de minha dor de cabeça fosse esse.

Estava na metade do caminho quando alguém passou rapidamente trompando em mim, a pessoa pediu desculpas, não passava de um apressado. Mas isso me fez olhar para trás, e adivinhem só quem estava lá, sim. Era ele, Min Yoongi.

Parecia estar andando normalmente, seus olhos apagados contradiziam seu bem estar. Deve ter dormido bem durante a noite.

O ignorei e continuei meu caminho. Uma pequena e estranha movimentação formava-se logo a frente, só que ao outro lado da rua. Observei melhor, havia uma ambulância ali.

Recorreu-me a mente a imagem do assassino da noite passada.

Pensei em atravessar a rua, mas um medo percorreu-me. E se o assassino estivesse por perto e me visse? Claro que talvez isso não causaria nada. Mas quando se fala de criminoso, sigilo é o que mais precisamos ter.

Como minha vida é baseada em intrometer-me, não deixei meu medo dominar-me e fui atravessar a rua.

Infelizmente minha vida é cheia de idiotices irritantes como, por exemplo, se eu for atravessar a rua, tenha certeza de que ressurgirá carro de todos os lados. E dessa vez não foi diferente.

— O que vai fazer? — perguntou-me aquele que caminhava alguns metros atrás de mim.

— Olhar — respondi.

Yoongi olhou-me estranhamente. Senti algo a mais em seu olhar, mas o que seria? Será que talvez, ele desconfiou de algo sobre mim?

— Qual o sentido em ir lá olhar? — questionou.

— Primeiramente que pode ser alguém que eu conheça e, segundamente que eu sou intrometida e curiosa.

Assim que pude atravessei a rua. Yoongi por algum motivo me seguiu. O local tinha certa movimentação e o corpo já estava sendo carregado. Empurrei as pessoas para aproximar-me mais e ver a vitima.

Era o homem a quem havia seguido na noite anterior, o qual tornou possível meu encontro a aquele que procurava. Seu corpo parecia ter servido como um papel, onde a faca era o lápis que fazia contornos. Que tipo de assassino brinca de desenhar com uma faca nas pessoas?

— Vamos — disse Yoongi puxando-me ao perceber que eu observava profundamente o corpo sem vida.

Sua atitude me pareceu estranha. Ele apenas olhou o corpo de relance e o desviou para outro lado, estava negando-se a olhar aquela cena. Mas por quê?

— Algum problema? — perguntei o encarando o qual olhou profundamente em meus olhos, um olhar penetrante que me causou arrepios.

— Sim, nós vamos nos atrasar para a aula para ficar olhando alguém morto — disse mantendo seu olhar sobre o meu.

O que era aquele olhar? Parecia estar tentando ler meus pensamentos. O que há de errado com esse garoto.

— Já o vi antes — disse dando uma última olhada para o corpo que já estava parcialmente dentro do veículo que o levaria.