História Como sorvete de chocolate ou baunilha - A garota que sentiu medo

CAPÍTULO 22

A garota que sentiu medo

…medo de nunca mais vê-lo...

No momento eu e Han explicávamos a situação tentando manter a calma enquanto Tia Sana, que estava do outro lado da mesa, parecia que desmaiaria a qualquer segundo. Conseguimos terminar a fala e ela nos olha chocada. Se levanta e vem até mim, me abraçando forte.

— Me desculpa por não estar lá. — ela diz. — Eu vou para a polícia! — começa a andar até a porta e me coloco em sua frente.

— Tia, não é bom ir até lá enquanto estiver assim. É melhor esfriar a cabeça antes. — digo.

— Verdade, tia Sana. — Han concorda e levamos ela até o sofá.

— Muito obrigada por cuidar dela, Han. Eu confio muito em você e sei que sempre posso contar com você. — ela diz. 

— Pode mesmo, tia Sana! — ele sorri, como sempre faz.

— Eu adoro vocês! — ela diz e nos abraça. — Amanhã mesmo irei para a polícia! Até lá eu me acalmo! — diz e depois de um tempo desfizemos o abraço. — Macarrão com nuggets ou hambúrguer de janta? — ela pergunta.

— Macarrão com nuggets! — digo.

— Hambúrguer! — Han fala ao mesmo tempo que eu.

Nos olhamos e rimos, realmente nunca concordamos quando o assunto é comida.

— Pode ser macarrão com nuggets mesmo! — ele diz. 

— Não, vamos fazer pedra, papel e tesoura. — digo.

— Não, eu quero macarrão com nuggets agora. — ele diz e não me convence.

— Vou fazer então! — tia Sana diz e vai para a cozinha.

Nós vamos para a sala.

— Continuamos o dorama? — pergunto pegando o controle.

— Com certeza! — ele diz e logo ligamos.

(...)

O susto já passou mas mesmo assim ainda consigo sentir e lembrar das sensações de desespero e pânico que senti mais cedo. Era horrível não conseguir dizer nada, não conseguir pedir ajuda ou falar e ser ouvida. Não ter voz…

Eu lembro de que travei o meu pé no chão na tentativa de enrolar, mas nem isso adiantou muito. Também foi horrível não dar certo a única coisa que estava ao meu alcance...

Felizmente me ouviram na única hora que berrei! Não quero nem imaginar o que teria acontecido caso não tivessem me escutado...

Me lembro que ao ser arrastada, eu sentia muito medo. Muito muito muito medo mesmo!

Medo daquela ser a última vez que eu via todos. De aquele ter sido o meu último dia feliz. Também sentia medo de não vê-los nunca mais.

Mas não só isso, estou pensando porque por mais que estivesse sentindo tudo isso, só havia uma pessoa em minha mente… Han. Eu só pensava nele ao ser arrastada… por quê? Eu sei bem, mas nunca admitirei em voz alta... o meu maior medo naquele momento era realmente nunca mais vê-lo, Han. Nunca mais ver o seu sorriso ou ouvir a sua risada. Por esse motivo eu gritei o seu nome mais cedo.

Mas... por que só ele me vinha à minha cabeça? Eu não deveria ter pensado no Jeongin? Afinal eu gosto dele, né?

Saio do banho e pego meu celular. Vou para a sala encontrando meu amigo jogando no seu celular sentado na mesa e me sento no sofá, mandando mensagem para a minha amiga.

Ela me conta os momentos com o seu boy e fico boquiaberta ao saber que ele se declarou para ela. Ela me diz que não sabe o que faz e eu apenas respondi: “Faça o que acha melhor!”, “Siga o seu coração, Chaery :)”, “Não tenha medo!”.

Em seguida terminamos esse assunto e uma mensagem dela me chama a atenção: "Você não sabe como Han estava preocupado hoje".

"Como assim?", respondo.

"Assim que ele ouviu a sua voz, seu rosto mudou de expressão e ele saiu correndo na hora, mesmo estando muito cansado", "Ele se importa muito com você", leio e sinto meu coração acelerar.

Nesse instante olho para ele, que estava focado na sua partida de jogo. Acabo corando sozinha, ele realmente fez isso tudo por mim? Eu estava tão chocada e paralisada na hora que nem havia dado muita atenção… talvez Chaery esteja certa. Eu tenho tanta sorte de não ter perdido ele!

Acabo sorrindo sozinha por saber que o veria muitas mais vezes, ouviria mais as suas risadas e cantos e veria mais aquele sorriso incrível.

Conversamos mais um pouco e desligo o celular. Me deito no sofá e olho para o teto pensando, de olhos fechados. Han realmente se preocupa nesse nível comigo? Eu sabia que ele se preocupava comigo, mas não sabia que era tanto assim. Também começo a me questionar o porquê dele ter sido o primeiro e único a vir à minha cabeça naquele momento...

Momentos anteriores me vêm à cabeça:

Nós andávamos para casa e eu ainda pensava nos recentes acontecimentos. 

Espera… agora que percebi que ele está andando! No sentido de que geralmente ele sempre vai de skate um pouco na frente e eu vou a pé, o alcançando. No momento ele está com o skate na mão, andando junto comigo, exatamente do meu lado.

Ele de repente me puxa, me fazendo trocar de lugar com ele enquanto andávamos na calçada. Ele percebe meu olhar confuso sobre ele.

— É mais seguro eu ficar do lado da rua e você do lado das construções. Por isso troquei os lugares. — ele responde sério. 

Han estava um pouco triste. Notei isso pois ele estava falando menos.

Seu olhar vai nos carros enquanto eu continuo olhando para ele.

Meu rosto esquentou sem eu nem perceber... isso foi muito fofo! Nunca havia visto esse lado protetivo do Han. Quer dizer, eu vi um pouco mais cedo...  

— É o mínimo que posso fazer depois de hoje. — ele fala depois de alguns passos.

— Hum? 

— Eu falhei em te proteger. — ele fala olhando para baixo e eu paro de andar no mesmo instante.

Essa sua frase fez algo dentro de mim se espremer. E doeu... doeu muito!

Ele ergue o seu olhar para mim e para de andar também.

— Não diga isso! É graças a você que estou aqui agora! Se não fosse por você eu... — não consigo continuar a frase por sentir um líquido nos meus olhos.

Limpo imediatamente com a mão.

Respiro fundo antes de falar novamente.

— Han, você me protegeu muito bem, até demais. Você me salvou... você é o meu herói! Por favor, pare de se culpar, a culpa não foi sua! — dou uma pausa. — Me dói muito saber que você está se culpando sendo que foi você quem me protegeu quando eu mais precisava. — digo e dessa vez não consegui segurar o líquido.

Ele escorria novamente pelo meu rosto e por mais que minha visão estivesse embaçada por conta disso, consegui vê-lo se aproximar de mim. Em poucos passos ele já estava me envolvendo em seus braços aconchegantes e quentes. 

Eu me acalmo e enxugo todas as lágrimas de novo.

— Eu iria me odiar até os últimos dias da minha vida se eu não tivesse chegado a tempo. — ele fala baixo perto dos meus ouvidos e meu coração bate mais rápido. — Eu nunca mais vou deixar algo assim acontecer com você de novo. — ele diz determinado e me olha.

Abro um sorriso fraco para tentar esconder o quanto estava acelerada por dentro. Ele logo sorri para mim também.

Acabo voltando ao presente ao sentir uma almofada na minha cara.

— Ya! — digo. — Você não fez isso, Han!

Me sento e jogo em sua cara também.

— Só queria ver se estava dormindo. — diz simples e joga em mim de novo, mas dessa vez, desvio.

— E se eu estivesse? Você ia me acordar!

— Você tem sono pesado, não iria acordar. — ele diz simples.

— Como sabe? 

— Das outras vezes que dormi aqui. — diz.

— Ah. 

— Eu sem querer fiz barulhos altos às vezes e você não moveu um dedo sequer.

— Entendi. — eu ri de leve. — E conseguiu fazer a tarefa de matemática da semana? — digo me lembrando dele ontem, realmente estava se esforçando.

— Ahh, claro! — ele diz e olha para o lado, evitando os meus olhos.

Tem algo errado...

— Você pegou do brainly, né? — me aproximo dele e seu rosto já entregou tudo…

— Mas sério, eu tentei mil vezes e não dava! Eu juro que tentei fazer antes de pegar! — dessa vez ele dizia a verdade, eu sabia.

Como eu sabia? Simples, quando ele mente não consegue olhar nos olhos e sempre olha para o seu lado esquerdo. Mas quando diz a verdade, consegue manter o olhar firme.

— Ok, ok. Entendeu pelo menos como faz? 

— Er… não. — diz e eu rio.

— Eu te explico... mas só se me disser que sou melhor que o brainly!

— Misuk, grade deusa, você é com certeza a melhor professora, sem dúvidas melhor que o brainly! — ele diz e eu sorrio com toda a frase.

— Me traga o exercício que eu falo. 

— Okay! — ele diz e sai saltitando. 

Rio sozinha.

Eu realmente não sei o que faria se nunca mais fosse te ver...