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História Como tudo começou - para Vegeta - Dois deuses em rota de colisão


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


DBZ não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.


Capítulo pesado, de contexto. Muita coisa do anime. Muita luta. Não gosto de escrever luta. Gosto de escrever de amorzinho kkkkkkkkkkkkkkk

Boa leitura!

Capítulo 92 - Dois deuses em rota de colisão


Já chegou como chegava sempre. Fazendo folia e comentários desnecessários. Bom, pelo menos, praquele momento, extremamente desnecessários.

- Feliz aniversário, Bulma! Aliás, quantos anos você tá fazendo? – perguntou, curioso, como se não tivesse uma bola imensa de energia prestes a matar todos eles, acima da cabeça.

Ela ferveu. Isso lá era hora de perguntar uma coisa dessas?! Deu um gritão com ele, que assustou. O Vegeta adora ver a Bulma colocar o retardado em seu lugar. Só dá aquele risinho de canto, vendo a cena. Mas também lembrou do problema e ficou sério de novo.

Só que Bills tava com pressa e, pra ele, Goku era figurinha repetida. Os outros não sabiam que o amigo já tinha tentado detê-lo e perdido no planeta do Kaioh. Lorde Bills ainda perguntou se ele queria lutar mais uma vez ou se já sabia sobre o tal Super Sayajin Deus. Goku não tinha resposta pra nenhuma das perguntas. Mas, talvez, ele tivesse um plano. Um plano que, como sempre, envolveria a perspicácia de Bulma. Goku propôs a Bills que tentassem uma última coisa pra tentarem encontrar o Super Sayajin Deus que ele tanto queria. Só precisava de tempo. Convenceu o gato que lhe desse um pequeno prazo. O plano: Shen Long, sempre o Shen Long.

Pediu à Bulma as Esferas do Dragão, que ele sabia que estavam lá. Ela já ralhou com Trunks. Moleque bocudo! Era pra ser segredo! O menino deu uma risadinha sem graça, mas não dava pra negar. Mas Vegeta não entendeu: como Kakaroto sabia que as Esferas tavam lá?

- Ei, maldito! Desde quando estava nos vendo? – já gritou com Goku. Era bom ele se explicar, e rápido.

Goku também deu uma daquelas risadinhas dele.

- Vegeta, deixa pra ficar nervoso depois! – falou, encerrando com o outro. Vegeta ficou doido! Onde já se viu? Desde quando Kakaroto cortava ele? Era sempre o contrário! Mas acatou. Infelizmente, o único plano parecia estar saindo da cabeça cheia de vento daquele imbecil. Mas ficaria nervoso depois, ah, ficaria.

- Bulma, me deixe usar as Esferas do Dragão. – Goku pediu. Era uma preocupação. Bulma também é inconstante pra caramba. Tinha grandes chances de ela não permitir.

Mas não foi o caso. Tava engasgada com aquele Bills.

- Se é pra bater naquele imbecil, use-as sem pensar. – As palavras saíram da boca de Bulma. Mas era inegável a influência de Vegeta na vida da mulher.

- Você não pode chama-lo de imbecil, Bulma! – chamou sua atenção. – Aquele é Lorde Bill, deus da destruição. O mais forte de todo o universo! – Goku explicou, olhando com admiração pro outro.

Tava explicado. Agora, tudo fazia sentido. Por isso o filho da mãe era tão poderoso. Por isso Dendê tinha dito que ele era um deus. Por isso essa mania de querer destruir tudo!

- Deus da destruição?... – repetiu, vacilante, meio sem acreditar nas palavras. Tava perdida. Tavam todos perdidos. Esse plano de Goku tinha mesmo que dar certo. Deu um sorrisinho amarelo pro amigo que parecia estar adorando aquela história de ter alguém tão forte pra lutar. Respirou fundo. Olhou pra Trunks e deu a ordem que buscasse as Esferas. O menino saiu, como o vento, sendo seguido por Goten. Se afastou, devagar, e parou, analisando a situação caótica que vivia.

- Isso porque você não queria um festão... – a voz baixa de Vegeta surgiu, tirando Bulma dos pensamentos mais profundos. Não estava tão perto dela, mas estavam longe o bastante dos outros pra ninguém ouvir essa conversa.

Bulma sorriu, amargo, com os lábios travados. Um riso até triste, cansado.

- Pra você ver... As Esferas. Você ia ganhar. – e o olhou, sorrindo um pouco mais.

Ele sorriu de volta, surpreso.

- Mas eu disse que não ia vir. – fez fita com ela. Naquele segundo, nem parecia que tinham um problemão pra resolver.

- E eu disse que não acreditava. Tinha burlado tudo pra você ganhar o primeiro prêmio. – disse, olhando a bandeira escrita “SURPRESA”, onde ficaram expostos os presentes do bingo.

Vegeta admirou sua princesa. Aquela marca no rosto, já se arroxeando. Cerrou o punho, discretamente, com raiva de ver aquilo. Tão linda...

- Eu não quero um pedido do dragão, mulher. – falou, de forma doce, ainda olhando o rosto pensativo de Bulma, que se virou pra ele, ao ouvir aquilo. – Eu não preciso de nada. Eu não quero mais nada. – disse, lhe dando um sorriso sincero.

Bulma queria ouvir isso. Ela pensou nisso, lá atrás. Gostou de ouvir isso agora.

- Eu pediria você aqui, comigo, pra sempre. – respondeu, olhando no fundo dos olhos negros, que se estreitaram, ao ouvir aquilo. – Pediria que nada, nunca mais, atrapalhasse a nossa paz.

Foi tão bom ouvir isso, que Vegeta se rendeu. Devagar, estava se encaminhando até ela. Ia abraça-la, dizer que seria o dragão dela, que daria um jeito de fazer esse pedido virar realidade. Mas a um passo de conquistar seu objetivo, ouviu o chamado de seu nome. As Esferas estavam ali e iriam invocar Shen Long. Olhou pra Bulma, desolado. Ainda iria até ela, mas os olhos azuis lhe disseram pra fazer o que tinha que ser feito. Indicou com a cabeça que fosse até os amigos.

- Vamos lá. A gente precisa resolver isso. – Bulma encerrou com a voz calma, até triste.

Ele respirou fundo. Precisavam acabar com isso. Foi se juntar aos outros. A presença do dragão é sempre imponente. Ofereceu os pedidos, como sempre. Mas hoje, teve algo diferente. Quando ouviu falar em Bills, até Shen Long tremeu. Não sabia, exatamente, o que era o Super Sayajin Deus, mas não quis desagradar o deus da destruição. Então, desencavou uma lenda do fundo do conhecimento. Um ritual sobre como transformar um sayajin comum em um deus. De acordo com ele, o Super Sayajin Deus era uma lenda, de um Super Sayajin que surgia em determinadas gerações. Mas, havia uma forma de “criar” um, através de uma lenda de Namekusei:

“Se cinco Sayajins que possuem o coração puro juntarem as suas mãos, e se eles infundirem o seu ki em outro Sayajin, ele se tornará o Deus dos Sayajins!”

Falou e vazou, se cagando de medo de Bills. Que isso, Shen Long? Todo poderoso, todo fodão... Enfim. A lenda tava aí. Cinco sayajins: Goku, Gohan, Vegeta, Trunks e Goten. Tá fácil. Junta todo mundo, dá a mãozinha e encosta no Goku. Vamos passar o ki pra ele. O Vegeta, claro, rateou. Por ele, o deus tinha que ser ele, pois já era o príncipe. Só aceitou essa farofada toda, com a promessa de que o próximo a se tornar deus seria ele. Ainda teve alguma chateação. Poxa, será que o coração do Vegeta é puro e não sei o que mais? Ah, vai pro inferno! Que mais que ele tem que fazer?! Engraçado é que, quem o defendeu, foi a Chichi, que tinha sabido da história do casamento mais cedo. Mais puro do que o coração que tinha planejado aquela lindeza toda, ela nunca tinha visto. Ele estranhou. A cafona?! Essa era novidade... Já fez uma careta, sem entender nadinha.

Bom, vamos tentar. Os quatro dão a mão e Vegeta e Gohan encostam em Goku. Agora, é só passar o ki. Simples, né? Não. Ele até aumentou seu poder em um nível extremo. Mas não virou deus. Iam ficar o dia inteiro ali, se não fosse Whis, o amigo de Bills, interferir.

- Não é isso. – falou, tranquilo. – “Cinco sayajins de coração puro, para um só”. Isso não significaria que, ao total, seriam necessárias seis pessoas? – Óbvio! Isso até eu percebi quando vi na primeira vez. O Goku não ter entendido eu relevo. Agora, Vegeta, Gohan, Piccolo, não terem sacado a pegadinha é demais.

Putz, mas aí ferrou! Não tem outro sayajin! E agora? Agora, a gente descobre que o fofolete, que não é mais fofolete, vai ser papai! Own, que bonitinho! A Videl tá graudinha! Toda bonitinha, perguntando se o baby sayajin pode participar do ritual. Ah, que fofura...

Pode, Videl! Vamos tentar mais uma vez! Depois a gente fala desse filhote de sayajin, aí. Agora, a gente precisa transformar o vovô Goku em Super Sayajin Deus. Começa tudo de novo. Passando a pureza dos corações pelo ki, pra chegar até aquele que se tornará o deus. Deu certo? Não. A culpa é de quem? Ah, deve ser do Vegeta. Ninguém engole muito essa história de coração puro, não... Já tomou um esporro daqueles bem dados, do príncipe dos sayajins. Bom, se não é o Vegeta, é o bebê da Videl! Porra, Goku! Cala a boca! Nessa daí, até o Gohan chapou. Que grosseria... Vamos tentar de novo. Concentração! Aí foi! Baby sayajin já chega arrasando, brilhando pro mundo, transformando o vovozinho em deus. Aí, meus amigos, ritual concretizado, foi só correr pro abraço. Ou melhor, correr pra porrada!

A esperança se renovando. Tinha dado certo! O Dendêzinho confirmou. Goku era deus! Uma mistura de Astro Boy com Akuma, do Street Fighter. Novinho de tudo, pra desespero de Chichi, com o cabelo e olhos vermelhos. O Super Sayajin Deus não era loiro. Era ruivo! Mas não interessa. O que importa é que tava pronto pra lutar! E Bills também! Tava na hora de ambos testarem o que significava essa sangria desatada!

Do navio, os amigos assistiam, embasbacados o início da luta. O Goku, parecia que tava mais animado do que preocupado. Tava adorando essa história de enfrentar alguém muito forte. O resto, só queria que ele derrotasse o maluco de uma vez. E o esquisito lá, testando os poderes. Ia lançar um Kamehameha nível deus pra ver o tamanho da força. O esquadrão deuses (composto de Dai Kaioshin, Kibito-Shin e Senhor Kaioh) apavorados com a destruição que causaria um confronto entre dois deuses. Os meros mortais mais inteligentes, como Piccolo, preocupados que o golpe poderoso de Goku, elevado a nível divino, poderia ser catastrófico. E Bulma... bom, Bulma tava era de saco cheio desse Bills.

- Isso aí, Goku! Com seu poder de Super Sayajin Deus dá uma surra por mim, nesse deus da destruição aí, e... – foi calada pela mão forte de Vegeta que tapou sua boca antes que saísse qualquer outra palavra. Em seu ouvido, ele sibilou baixinho, bravíssimo com o ataque da mulher.

- Fica quietinha, princesa! Quietinha! Que suas loucuras já renderam muito, hoje! Deixa o Kakaroto em paz! – segurando a boca que insistia em se mover e o braço, que se remexia sem parar.

- Tira a mão da minha boca! – ela gritava, abafado. Ele apertava ainda mais. Bulma só parou de reclamar, quando ouviu Piccolo avisar pra se prepararem pro impacto. Aí gostou de ter Vegeta tão perto. Se protegeu da onda de choque no meio do peito forte de sayajin, quietinha, do jeito que ele tinha pedido.

- Tudo bem? – Vegeta perguntou rapidamente, olhando pra Bulma aninhada de olho fechado, parecendo um filhote no peito dele. Ela concordou com a cabeça. Então ele se afastou pra observar a luta. Na verdade, se preocupou, como Piccolo. Realmente, o nível de Kakaroto, nesse momento, era um risco pra quem estava perto.

Assistia o combate entre os dois, no céu. O ouvido de sayajin, prestando atenção na conversa dos outros, ao seu lado. Ouviu quando Piccolo chamou atenção do outro pra que não se esquecesse dos que estavam ali e tomasse cuidado com as energias lançadas. Ouviu Gohan falar que pressentia que o pai ainda tinha mais poder do que o demonstrado. Ouvia as pessoas admiradas. Ouvia a respiração falhada de Bulma. Ouvia o riso, empolgado, de Trunks. E via, no alto, o de sempre. O maldito Kakaroto, enrolando. Fazia a mesma coisa, toda vez. Ficava nessa bobagem de lutar sem mostrar tudo o que tinha. Apanhava até cansar. A cabeça estrategista de Vegeta não conseguia entender como isso podia ser benéfico em uma batalha. Todo mundo ali, preocupado, achando que ele tinha sido derrotado. Tinha nada! Vegeta nem se mexia. Daqui a pouco ele ia voltar. E voltava. Achando que tava arrasando. Maldito, Kakaroto! Pelo menos tinha sido inteligente o bastante pra levar a luta pra mais longe, pra mais alto. Longe dos que estavam ali. Se aliviou um pouco. Até ouvir aquela voz. Aquela voz que ele conseguia amar e odiar, ao mesmo tempo. Já fechou os olhos, em reprovação. Pelo amor de Kami, Bulma, fica quietinha...

- Já estou ficando irritada! Pessoal, me sigam! – gritou pros amigos. Ele a olhou, com os olhos faiscando. Ela fez de conta que não viu. Vegeta ia catar Bulma pelos cabelos. Na verdade, devia ter feito isso mais cedo. Tirado ela dali. Tava na cara que ela ia fazer uma coisa perigosa. Agora, não sabia se ia junto, não sabia se ficava e deixava ela se arrebentar. Preferiu errar. Mas conferiu. Piccolo ia. E confiava no namekuseijin. A androide ia também. Não gostava dessa proximidade, mas a maldita sucata era boa de luta. Olhou uma última vez pra ela. Um olhar de aviso. Cuidado. Não ia conseguir segurar a mulher. Nunca conseguiu. Viu ela disparar, com aquele monte de gente junto. Eles iam ver a luta de perto. Viu a nave sair, em alta velocidade.

- Maldita terráquea teimosa do cabelo azul... – remungou, baixinho, sorrindo de cantinho. Era a linda dele. Sempre fazendo essas loucuras. Deixando ele no chinelo, em relação à coragem. Só torceu pra que nada acontecesse. E que se, caso acontecesse, fosse possível consertar.

Agora, Vegeta olhava pra cima enxergando duas coisas: a luta e a nave. Prestava atenção nos movimentos de Kakaroto, que começava a lutar pra valer, e no ki de Bulma e Trunks. Mais do que nunca queria que essa luta acabasse logo, pros dois voltarem logo. Tavam perto demais de onde a batalha acontecia. E foi só pensar nisso pra merda acontecer. A potência de um dos golpes de Bills foi tanta, que remexeu com as correntes de ar, instabilizando a nave. Do navio, Vegeta não tinha o que fazer. “Droga, mulher! Sai logo, daí!” – pensava, sofrendo, ao ver, de longe, aquele monte de metal girando. Quando caíram no mar e ele viu que tudo estava inteiro, buscou os kis que lhe interessavam. Estavam agitados, oscilavam, mas estavam ali. Deu um suspiro discreto, aliviado. Agora ela vinha embora. Ah, tá.

Duas preocupações: pelo que parecia, Kakaroto finalmente estava fazendo alguma coisa. Alguma coisa interessante, a ponto de Bills querer aumentar o nível da luta. A outra preocupação era onde raios estava aquela renca de gente que ainda não tinha voltado?! Ainda mais agora, que a luta ia ficar mais perigosa?! Vegeta não conseguia nem disfarçar a cara feia. Ele não conseguia acreditar. Não era possível. Aquela maluca tava lá de novo?! Tava. Bulma, passado o susto, voltou pra perto da Batalha dos Deuses. Queria ver de perto, o que estava acontecendo, pra desespero do sayajin que ficou, olhando tudo de cara feia, lá embaixo.

Uma luta extraordinária! Em proporções épicas! O poder dos dois era, realmente, de dois deuses. E a navezinha de Bulma, procurava o caminho, querendo ver o que acontecia. Bills e Goku se afastaram, por ideia do sayajin, justamente pra não pôr ninguém em risco. Mas Bulma pensava nessas coisas? Tava mais desmiolada que o normal, achando lindas as explosões do combate. Não Bulminha... sai daí, minha flor! A questão é que, de lá, os companheiros de viagem dela puderam acompanhar de perto os passos do novo Super Sayajin Deus. E... era o Goku. Poderosíssimo, claro. Mas com aquelas coisas que o Vegeta adora! “Você não está lutando com todo o seu poder... eu também não estou!” e tudo mais. Aí apanha que nem cachorro velho, porque incita o outro a mostrar tudo o que tem e não faz nada. Demora um tempão até começar a reagir. Dá uma preguiça... Enfim, parece que o Bills também não gostou. Começou a levar o Goku cada vez mais alto, pra fora da atmosfera do planeta. Vegeta teve um segundo de tranquilidade. Lá, ela não iria.

Mas logo, foi tomado pelo pavor. Pelo jeito, Bills não tinha desistido da ideia de destruir a Terra. E tava forçando Kakaroto a reagir à isso. Ainda bem que ele sempre escolhe salvar o mundo. Mas uma explosão dessas... uma explosão dessas não sai de graça. Um kamehamehá pra detê-la, acaba com as energias de qualquer um, mesmo de um deus. Foi a oportunidade do deus da destruição. Golpeou Goku, deixando cair, desacordado, de volta pra Terra, direto no mar. Os olhos dentro da nave, assustados. Os olhos dos deuses, arregalados. Os olhos negros, de sayajin, atentos. Ainda não. Não o Kakaroto que ele conhecia.

Não mesmo. Goku ressurgiu, do meio da água, mais vivo, mais forte que antes. Era um maldito sayajin! Voltava melhor ainda, quando quase morria! Apenas um sorriso de canto, de constatação. Filho da puta poderoso! Os olhos na nave, sem entender. Era ele? Era Goku? Tava vivo? Ainda tinha uma esperança? Passou por eles como uma bala e continuou subindo. O destino: Bills. A doida queria ir atrás. Por sorte dela e do coitado lá embaixo, os dois deuses saíram ainda mais de seu alcance. Hoje não, Bulminha, hoje não.

Vegeta tentava enxergar tão longe. Mas mesmo os olhos de sayajin já não alcançavam, com clareza, o que acontecia. A última coisa que viu, foi eles se afastando da nave de Bulma e agradeceu à isso, em pensamento. Estreitava os olhos, mirando pro alto, se concentrando.

- Olá! Não está com torcicolo? – uma voz jocosa. Um rosto azulado. Olhos caídos. Uma cara de deboche. Whis. Nem respondeu. Na verdade, nem se mexeu. Continuou fazendo o que fazia. O tal “amigo” de Bills bateu o cajado no chão, projetando a luta ao seu lado. – Oh! Incrível! Tão distinto e claro... Daquele lugar até aqui! – tentou chamar a atenção de Vegeta, que continuou não olhando. – Se quiser ver, pode pedir quando quiser. – disse, dissimulado. Parecia ele mesmo, falando que Bulma podia passar a mão em seu corpo, se quisesse. Era tentador. Era uma excelente proposta, olhar pro lado e ver a luta nitidamente. Mas era orgulhoso demais pra isso. Não pediria nada e não aceitaria a ajuda daquele maldito, que era amigo de Bills. Continuou olhando pra cima.

E eis que começou a surgir o real problema de um combate entre dois deuses: a potência da luta. A cada golpe dado com todo o seu poder, eles geravam uma onda de energia tão grande, que era capaz de destruir partes do universo. Em grande escala, essa batalha pra salvar a Terra, poderia ocasionar o fim do universo todo. Lá longe, no Planeta Supremo, os Senhores Kaiohs se preocupavam com isso. Pensavam na lógica do bem maior: talvez fosse melhor sacrificar a Terra, do que perder o resto todo. Mas Goku, não. Ele pode não ser o mais esperto pra muitas coisas. Só que pra lutar... pra lutar ele é genial. Os golpes que deu serviram apenas pra calibrar as forças. No último e derradeiro, aquele que todos acharam que seria o que destruiria tudo, nada aconteceu. Ele tinha equilibrado as forças. Goku e Bills lutavam com o mesmo impacto, um golpe anulando o outro, diretamente. Ufa! Ponto pra ele!

É, o universo está a salvo. Mas a nave... as ondas de impacto acabaram com os motores de propulsão. Ou seja, queda livre. Os olhos negros acompanhando isso. Nem se mexia, congelado. Viu aquela navezinha em forma de bola que ia se espatifar ao lado dele. De repente, o inesperado. O tal Whis protegeu o impacto com magia, suspendendo a nave no ar e a depositando, calmamente, no mar. Se aquela maluca tivesse viva, Vegeta mesmo a mataria. Procurou os dois pares de olhos azuis, que saltaram no vidro, arregalados. Respirou fundo, ao ver que ambos estavam bem. Ia mata-la. Vegeta ia acabar matando Bulma, uma hora, por essas insanidades. Isso, se ela não o matasse primeiro. Louca! Já fechou a cara pra ela ver o quão bravo ele estava. Nem falou nada, não precisava. Ela respondeu com um sorrisinho constrangido, passando a mão pela cabeça descabelada. Vegeta se virou, de costas pra Bulma, pra ela entender que ele estava doido de raiva mas, principalmente, pra ela não ver o sorrisinho discreto, de canto, ao ver que ela estava ali, a salvo. Maldita!

Voltou a atenção pros dois, lá em cima. Pegava fogo, o combate. Com uma preocupação a menos, foi fácil se concentrar. E foi fácil perceber o problema. O tamanho da explosão que Bills estava gerando era grande demais pro Kamehameha de Kakaroto. Vegeta vacilou. Cerrou os dentes. Merda! Uma onda de choque imensa, quando houve o encontro dos dois ataques. Destruição enorme, varrendo pequenos planetas e os transformando em poeira cósmica. Mas parecia que, de alguma forma, o poder de deus, o poder do Deus Super Sayajin impulsionava Goku, permitindo que seu golpe aumentasse de força. Uma esperança! A questão é: quanto mais forte Goku, mais forte Bills atacava. E quanto mais fortes os golpes, maior os choques de explosão. Ou seja, pra vencer Bills, Goku tinha que ser mais forte. Mas se fosse mais forte, seus golpes eram mais perigosos pra própria Terra. No final, o planeta estava em risco do mesmo jeito!

Uma última explosão e um clarão, que cegou a todos, momentaneamente. Era o fim. Tinha chegado a hora final. Bom, não tinha. O céu estava limpo de novo, azul como os olhos de Bulma. “Bulma!” Os olhos de Vegeta correram para a pequena nave que flutuava sobre as águas do mar. Estava ali. Ela. Trunks. Estavam ali. Respirou fundo. Dia desgraçado que não acabava nunca! Luta desgraçada que não acabava nunca! O que esse maldito Kakaroto tá fazendo que não destrói logo esse Bills?! Ué, por que tá dando pra sentir o ki desse imbecil de novo? Ai... ki de deus não dá pra sentir. Se o ki de Kakaroto apareceu, é porque ele voltou a ser só um Super Sayajin comum! Agora lascou!

Vegeta, separado dos outros, sentiu isso também. E ouviu Whis confirmar as suspeitas que tinha, apavorando os filhos de Goku. Viu quando Piccolo tentou interferir na saída do pálido companheiro de Bills, que já contava com o fim de todos. Uma tensão entre o verdão e o azulado. Só isso que faltava: uma luta no céu e uma luta no mar. Soltou uma esfera de enrgia, separando os dois. Briga, aqui, não! Isso aí, Gegê, põe ordem nessa bagunça! Cruzou os braços e olhou pra Piccolo. Os olhos dizendo: “Espera!” O namekuseijin entendeu. O sayajin voltou a observar a luta. Maravilhosa a imponência de Vegeta, aparentemente controlado, olhando pro alto, vendo as coisas se desenrolarem.

Lá do alto, mesmo que a forma de deus tivesse deixado o corpo de Goku, ambos se surpreenderam ao constatar que, o poder continuava dentro dele. Ou seja, mesmo aparentando ser só um Super Sayajin, Goku ainda tinha o poder do deus de todos eles. Por isso, ainda não era hora de se desesperar. Ainda tinham uma chance. Extraordinária! A luta que se seguia, entre os dois, era uma batalha em nível épico! Dois deuses em seu mais alto nível de força! E ele lutou. Goku, mais uma vez, lutou bravamente, pra defender o futuro do planeta. Defendeu os golpes mortais de Bills. Aparou um último soco, uma última energia, que drenou suas últimas forças, perdendo, ali, a forma de deus, de Super Sayajin, de tudo. O último esforço pra proteger a todos. Mas foi pouco, insuficiente. Perdeu e foi lançado de volta pra dentro da atmosfera do planeta, se incendiando.

Ah, tá. O Goku? Beleza.

Tava caindo, derrotado. A Terra seria destruída. Não podia permitir isso. Precisava tentar uma última vez. Arrancou força de onde não tinha e voltou pra luta, desnorteando um Bills que já contava com a vitória. Usaria todo o poder. Um último Kamehameha, encontrando o último ataque do deus da destruição. O choque que gerou uma imensa esfera de energia, que queimava como um sol. Bills jogou essa enorme bola pra Goku. E agora, meu filho, o que você vai fazer? Agora, nada. Um socão pra destruir. Mas acabou com ele também. O restinho de força que o sayajin ainda tinha, usou pra acabar com a ameaça. É, dessa vez, era verdade. Tinha mesmo perdido. Caiu, desacordado, de volta pra Terra.

Dois olhos negros que se mantiveram atentos o tempo todo, viram essa queda. Pularam do mastro, onde ficou até então. Já gritou com os fofoletes, pra saírem do caminho. Vegeta segurou Goku, que despencou do céu, derrotado.

- Obrigado! – disse, o outro baixinho, com a pouca força que ainda tinha.

Era inconcebível. No fundo, você acaba se acostumando que Goku vai resolver. Ele tira soluções de onde não se espera. E vê-lo ali, naquela situação, era desesperador até pro mais calculista dos sayajins.

- Cala a boca! Você pegou meu poder emprestado e mesmo assim acabou vencido desse jeito! – Vegeta ralhou com ele, como se o coitado tivesse feito de propósito.

- Foi mal. – Goku se desculpou. Não tinha capacidade de entender além das palavras duras que saíram da boca de Vegeta. Se não, teria entendido que não era isso que ele queria dizer.

Ainda vendo o outro sayajin, aquele que era seu parâmetro de comparação ali, caído em seus braços, ouviu Piccolo avisar. Bills estava chegando. Outra luta se aproximava e agora, a vez dele tinha chegado. Nem sabia, exatamente, o que fazer. Mas lutaria. Pelo menos isso, faria. Ouviu Bills repetir as ameaças de sempre. Mas não dessa vez.

- Não interrompam! Eu vou lidar com ele sozinho! – muita coisa pra provar. Pra Trunks, pra Bulma, pra ele mesmo e pra... Kakaroto. Era o príncipe dos sayajins e não podia deixar o sacrifício de um deles ser em vão. Piccolo ainda tentou interferir, mas era inútil. A decisão estava tomada. E Goku ainda tentou conversar com Bills mais uma vez. Mas a mão do deus já estava aberta. A energia acumulada.

Explodiu. Acabou. Todos os olhos se fecharam, por um segundo. Mas, ao abrir, o cenário era o mesmo. Ainda estavam no navio. O golpe, se dissipando no horizonte. Ué? Olharam pra Bills. Ele estava... dormindo. Pelo que parece, ele dorme muito. E há anos não se exercitava como se exercitou lutando contra Goku. Cansou. Pois é, dormiu antes de acabar com tudo. Muito gentil, Whis resolveu não destruir tudo no lugar do mestre e leva-lo pra casa. Ok, obrigado por isso.

Os que ficaram, ficaram ali, parados. No final, foi tudo um golpe de sorte. Alguns risos nervosos, daqueles meio malucos. Alguns caindo esgotados. Alguns se abraçando. Alguns já dando entrevistas, de como tinham, mais uma vez, salvado o mundo. Alguns comendo, sem parar. E um casal, de longe, se olhava. Devagar, se afastaram dos outros, ainda se olhando, indo pra parte mais afastada do navio. Longe dos olhos dos outros, só um abraço já bastou. Dois braços fortes, circulando um corpo pequeno, ainda trêmulo. Mas as palavras surgiram, mesmo sem precisar.

- Acho que eu quero ir embora. – Bulma disse, ainda agarrada ao peito forte de Vegeta.

Ele sorriu. Pensou nisso também.

- Podemos ir. Quer ir agora? A gente sai daqui mesmo, ninguém vai nem ver. – respondeu, rindo com o cantinho da boca.

Era mais profundo o que ela propunha.

- Não, V. Acho que eu quero ir embora daqui! Dessa loucura de planeta... Olha as coisas que acontecem aqui! – falou, olhando pros olhos negros que viram a profundidade dos azuis.

Ele também já tinha pensado nisso.

- Você não ia conseguir, mulher. Ficar longe disso tudo. – sorriu, docemente. Queria demais sumir com ela daquele planeta esquisito. Mas sabia que ela nunca ia conseguir. E ela também sabia. Só falou isso, no calor do momento.

Bulma se abraçou ainda mais forte à ele.

- Bom, se eu não posso embora do planeta, posso ir dessa maldita festa. – falou, com a voz dura. – Vamos, eu vou dar esse cruzeiro por acabado! Quero ir pra casa! – e foi saindo, pisando duro.

Vegeta riu, vendo ela se afastar. Era tão louca, tão intensa. Vivia tudo no limite, sem nem pensar nos riscos. Mas adorou essa ideia de ir embora. Também tava doido pra ir pra casa. Voltou pra onde estavam todos. Viu o horizonte vermelho, tão bonito, que lhe lembrava o planeta natal. Se ainda existisse, levava Bulma e Trunks pra lá agora mesmo. Deixava tudo isso pra trás. Se encostou na grade do navio e ficou observando, de longe, as nuvens alaranjadas, serem rasgadas pelos últimos fios de sol.

- Agora é sua vez! – ouviu a voz de Kakaroto se dirigindo à ele. Só faltava, agora, esse imbecil achar que eram amigos só por ele tê-lo ajudado.

- Do que está falando? – perguntou, seco.

- Nós prometemos, não foi? Que você seria o próximo a ter o poder do Super Sayajin Deus! – o outro explicou, naturalmente.

De costas mesmo, Vegeta respondeu.

- Não preciso de um poder que me faça ser somente o segundo mais forte! – o riso contido, que ninguém viu. O poderoso Kakaroto. Perdeu! Ainda bem que deu tudo certo, mas ainda ia tirar muito sarro na cara dele por isso. – Vou te mostrar que consigo só com o meu poder. Ultrapassar os poderes de Super Sayajin Deus e Bills. Ultrapassar até você! – gritou.

O Goku lá se abala com as ameaças de Vegeta?

- Realmente, você é incrível! – falou, com um risinho.

- Acha que um derrotado me dizendo isso me alegra? – Vegeta rebateu. Percebeu um cinismo no ar.

Aí o Goku ia sapatear. Tinha uma coisa que ele fazia que deixava esse Vegeta bravo. Bom, muitas deixavam, mas essa:

- Falando nisso, você ficou bravo e gritou “Minha Bulma!” e se tornou um Super Sayajin incrível! – pronto! Quebrou o Vegeta! Já começou a gaguejar, ameaçar, ficar bravo, suar. Olhou pros lados. Viu todo mundo dando sorrisinhos maliciosos. Tentou negar. Aí viu dois olhos azuis aprovadores.

Tinha feito mesmo. O maldito tinha encostado nela... Onde já se viu, bater na princesa dele? 


Notas Finais


Vamos embora pra casa, meu povo?


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