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História Compass - Você cruzaria essa linha?


Escrita por: Ichigo_cake

Capítulo 2 - Você cruzaria essa linha?


Fanfic / Fanfiction Compass - Você cruzaria essa linha?

– Lámen.

 

– Pizza!

 

Fazia uma tarde agradável. Depois de uma semana difícil, estavam os três amigos sentados preguiçosamente nas carteiras de sua sala de aula, decidindo o que comer antes de perder umas horinhas jogando algo em um dos quartos, já que naquele dia já não havia mais obrigações.

 

– Lámen!

 

– Pizza, já disse!

 

“E lá vamos nós outra vez...” pensa Shoko, enquanto folheia uma revista.

 

– Mas eu quero Lámen! Tô enjoado de Pizza!

 

– Quer resolver isso de um jeito mais divertido?? – O mais alto levantou da cadeira, com os olhos brilhantes cintilando ameaçadores.

 

– Então chegamos a esse ponto? – O moreno levantou-se também, encarando o amigo com um sorriso maldoso, juntando os punhos e estalando os dedos.

 

– Ai, já chega vocês dois! – Disse, em tom entediado, a pequena que estava sentada no meio dos dois brigões – Vamos pedir lámen. E não me olhe assim, princeso! Eu também tô enjoada de pizza. – E, pegando o telefone, simplesmente saiu da sala, deixando os dois olhando para a porta com cara de bobos.

 

– Ei, Shoko, volta aqui!

 

– Relaxa, Satoru, tenho certeza que ela vai pedir alguma coisa doce pra você... ou não. – Disse o amigo com um leve sorriso triunfante.

 

Contrariado, o grandão sentou de volta na cadeira, soltou o peso nos cotovelos e apoiou o rosto nas mãos, fazendo um beicinho. Os olhos lindos, envoltos em cílios muito brancos, escapando por cima dos óculos escuros que sempre o acompanhavam. Sentado na carteira de frente para o amigo, Geto fazia um esforço enorme para não se debruçar nas carteiras de ambos e dar uma mordida naquele rosto pois ele estava extremamente fofo. “Espera, mordida? É sério??” Passado algum tempo, o emburradinho responde, dissipando seus pensamentos:

 

– Tudo bem, eu sobrevivo. Não sou tão viciado assim em doces. – E soltou um sorriso de lado, do tipo que deixava qualquer um sem ar, especialmente para quem se encontrava nesse exato momento encarando esse sorriso e gastando toda força de vontade que tinha para se manter parado e calmo.

 

Revirando os olhos teatralmente, o moreno levantou-se, com as mãos no bolso resmungando que iria tomar um banho antes de comerem e se encaminhou para fora da sala. “Mas que droga! ”, pensava. Estava cada vez mais difícil ignorar esse frio na barriga insistente para cada pequena coisa que seu amigo fazia. Com cada vez mais frequência precisava de um tempo sozinho para respirar. Seria possível manter essa situação por mais tempo? Estava tão absorto que nem notou que alguém o chamava. Era Shoko:

 

– Ei, franjinha! Onde ta indo com essa cara?? – Perguntava, enquanto soltava uma fumacinha do cigarro que segurava na boca.

 

Agora de cara um pouco emburrada por culpa do apelido, Suguru para e suspira. Encostou suas costas na parede ao lado da amiga.

 

– Só tô cansado, preciso de um banho. É sério! – Acrescentou quando Shoko ergueu as sobrancelhas.

 

Seguiu-se um breve silêncio enquanto a garota brinca com o cigarro nos dedos, provavelmente medindo as palavras. Após esse momento, baixou um pouco o tom de voz e disse:

 

– Tá tão difícil assim ficar perto dele? – Olhinhos curiosos sondavam o rosto do amigo.

 

Sentiu-se gelado.

 

– O que? – Riu nervoso, sem conseguir se conter – Do que você está falando? – Prosseguiu, coçando de leve seu pescoço, mas mantendo os olhos sobre os da amiga.

 

– Não se faz de bobo não, que é feio. – Fez uma pausa enquanto soprava mais fumacinha e sentia um olhar pasmo sobre ela. – Geto, pode ser franco comigo. – Apagou o cigarro e encarou o amigo, que para um estranho pareceria calmo, mas para quem o conhecia muito bem, estava mais para um cãozinho abandonado com aquele olhar desamparado. – Você gosta dele, não é?

 

Aquelas palavras pesaram tanto que não tinha mais como negar ou desconversar. Aquela ênfase no “gosta” era mais do que claro que se tratava de um sentimento mais profundo que de amigos. Depois de uma longa pausa, o rapaz enfim suspira, o braço caindo derrotado ao lado de seu corpo. Colocou as mãos nos bolsos de volta e respondeu, em tom baixo:

 

– É tão obvio assim?

 

– Talvez? Ou talvez eu só conheça muito bem vocês dois. Do que você tem medo? É por serem garotos? Porque eu duvido que vocês ligam pra isso. Principalmente aquele bobão.

 

“Do que você tem medo? ” Era uma pergunta muito complexa quando direcionada a um xamã. Quando se lida quase diariamente com maldições e é obrigado a encarar a morte com muita frequência, o significado de medo fica nublado. Mas quando o assunto era Gojo Satoru, tudo ficava ainda mais turvo. Tudo se torna imprevisível quando se está lidando com essa pessoa em específico. Qual era o medo de Geto Suguru? Na verdade, era mais simples do que parecia (mas não para ele próprio):

 

– É... é muito difícil... dizem que existe uma linha frágil entre uma amizade como a nossa e algo além disso. Eu acredito nisso. Foi realmente muito difícil entender o que eu sentia. Mas e ele? E se ele não sente o mesmo que eu? Você estaria disposta a arriscar essa amizade tão importante? Porque eu não estou. Não vou cruzar essa linha e arriscar perder o que já temos. Isso é muito importante pra mim. Ele é importante demais pra sequer pensar nessa possibilidade. Doeria muito. – As últimas frases foram ditas em um tom sofrido, quase baixo demais.

 

Mais uma vez um silêncio toma o momento, enquanto ambos digeriam o que um deles acabou de questionar e de afirmar. A garota acendeu mais um cigarro, pensativa. Não se tratava de algum sentimento bobo. Nem de longe. Ela entendia, mas também achava que seus amigos complicavam demais. Por fim, soltou um suspiro baixinho.

 

– Mas sabe, acho que ele também gosta de você da mesma forma e estou disposta a apostar alguma coisa bem cara nisso. – E, com um sorrisinho cínico, conclui – Mas também nem vou falar com ele sobre isso, assim nem vai ter graça. Só acho que você poderia ser um pouco egoísta às vezes. – Conclui com uma piscadela.

 

– Acho que já estou agindo conforme meu egoísmo de qualquer forma – Suguru responde, com um riso calmo e conformado. – Mas vamos ficar bem, não se preocupe, só preciso de mais um tempo pra aprender a lidar com isso.

 

E dizendo isso, o jovem se encaminha para seu quarto, agora com passos mais firmes, deixando a amiga curtir um pouco mais seu momento solitário.

 

---

 

Mais tarde naquele dia, três estômagos estavam cheios e contentes enquanto os amigos se divertiam. Passado algum tempo, a pequena havia voltado para seu cantinho, deixando os outros dois sozinhos, como sempre acontecia naturalmente.

Geto agora estava sentado em uma almofada, com um livrinho nas mãos, as costas apoiadas na lateral da cama de seu amigo, que estava deitado sobre ela, com os braços para fora, jogando alguma coisa. O silêncio era quebrado por uma música baixinha e calma que saía de um rádio pequeno. O ambiente todo tinha um ar tranquilo e aconchegante, o que deixava os dois garotos extremamente confortáveis. Não havia tensão ali naquele momento, de modo que Suguru estava conseguindo lidar muito bem com o que guardava lá no fundinho. Tudo o que sentia era a tranquilidade do momento.

Como ele era ingênuo...

Passado algum tempo, escutou o mais alto resmungar, se mexer na cama e colocar de lado o aparelhinho em que jogava. Mas não esperava o que veio a seguir:

 

– Sugu... me dá um doce.

 

Quase deu um pulo. Gojo estava perto demais de seu rosto, especialmente de seu ouvido. De alguma forma, ele veio quase sorrateiramente, como um animalzinho e se aninhou em suas costas, jogando os braços em volta de seus ombros. A boca aberta em expectativa, com os dentes perfeitos à mostra. Por um segundo, Geto congelou. Não soube o que fazer, nem o que dizer. “Droga, por que você tem que fazer essas coisas??” Foi o que veio em sua cabeça. Logo se recuperando do susto, mas ainda sem conseguir dizer nada, pegou um bombom que estava em um canto e colocou na boca do amigo, que mastigou contente e apertou o abraço, afundando o rosto no pescoço alheio. “Que ele não olhe para meu rosto, por favor...” pensava ainda, enquanto sentia seu rosto esquentar e folheava o livrinho, agora sem realmente ler o que estava escrito ali. Suas mãos tremiam um pouco.

Ficaram um tempinho assim, até que o “puto sem noção” deixou escapar um suspiro cansado, que fez um arrepio percorrer a nuca alheia. Com um certo alívio, o moreno sentiu o aperto se suavizar e logo ficou tenso novamente quando uma das mãos, que antes o abraçava, encontrou o elástico que prendia seu cabelo. Em seguida, o outro braço o abandonou e logo o rosto também, enquanto ambas mãos de Satoru soltavam suavemente suas mechas. Escutou (e sentiu, quase em sua nuca), um novo suspiro preguiçoso atrás de si, como se sentisse o cheiro de seu shampoo, enquanto massageava lentamente toda a extensão de seus fios, desde o couro cabeludo, fazendo com que mais arrepios o tomassem. Não era a primeira vez que seu amigo mexia em seu cabelo. Na verdade, era algo comum. Mas naquela ocasião, um contato tão íntimo tinha um significado completamente diferente para ele. Inebriado como estava, teve vontade de se virar e encarar o infinito daqueles olhos claros que agora não sabia se estavam preguiçosos ou intensos. Queria saber. Queria se perder em cada curva daquele rosto que conhecia tão bem, mas nunca tocava. Quase foi tomado completamente pelo momento, até que a voz do amigo o despertou:

 

– Seu cabelo tem um cheiro tão bom. Sempre me acalma.

 

Aquilo já foi demais. Não ia aguentar mais que isso. Então, calmamente (na verdade o mais calmo que pôde), fechou o livro, que estava levemente amassado em suas mãos, e se levantou. Antes que pudesse se afastar ou falar qualquer coisa, uma mão agarrou um dos seus braços.

 

– Ei, onde você vai?

 

– Acho que estou com sono. E um pouco de dor de cabeça, preciso descansar. – Mentiu com a voz rouca, sem conseguir virar seu rosto para trás.

 

Um pouco hesitante, Gojo soltou o braço e o deixou se encaminhar para a porta.

 

– Tudo bem, nos vemos amanhã então.

 

– Sim, nos vemos... – Respondeu ainda sem olhar para trás, deixando a porta fechar atrás de si, separando os dois jovens. Um com as mãos no peito tentando conter os batimentos enquanto se lembrava de como respirar normalmente e o outro, confuso, olhando para o elástico que ficou em uma de suas mãos.

 

Geto então percebeu como seria mais difícil do que pensara permanecer tão próximo de seu melhor amigo, por quem estava apaixonado. Muito apaixonado.


Notas Finais


Acharam que não teria gay panic né? (risos maldosos)

O que acharam? Será que no próximo capítulo teremos algum avanço entre eles?
Acompanhem para saber (mais risos maldosos) e me contem suas opiniões 🖤🖤


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