História Complexo - Tão Próximo

  

Corredores, armários, pessoas, luzes que quase me cegam, eu estava observando tudo, tudo que pudesse me distrair do nervoso, da minha insegurança, eu quero vomitar, mas estou tão perto de vê-la, Jéssica. Rick me disse para que eu seja eu mesmo, o que eu não sei muito bem o significado, já que não sou nada mais do que figurante nessa escola. 

 

Não é como se não tivéssemos conversado antes, mas afinal, foi ela quem começou, ela quem começou a transformar esta realidade em um sonho para mim, coisa essa que me deixa feliz, e me sentindo estupido ao mesmo tempo, não querendo diminuir as mulheres ou muito menos iniciar um puta debate comigo mesmo sobre feminismo, mas eu me sinto o passivo da História, já não tomei nenhuma iniciativa, e sim, Ela quem tomou. 

 

Eu estava realmente distraído, tanto que nem vi que já estava a 30 centímetros dela. E agora? Devo dizer um Oi? Abraça-la? Qual o tamanho de seu busto? O que?

 

- Oh, Olá Morty, Está...tudo bem com você? - Ela me olha meio estranho.

 

- J-Jessica, nossa haha não tinha te visto - Tão nervoso - É claro que estou bem, porque não estaria? Ah sei, você reparou o quanto estou exausto por estar treinando muito, não precisa se preocupar com isso.

 

Essa foi a pior mentira de toda a minha vida 

 

- Bem, é que você está a um bom tempo me encarando e você não me respondia, mas tudo bem, mesmo. - Como me sinto tão idiota - Você deve estar nervoso com o encontro, não é mesmo Morty?

 

Eu senti um pouco de malícia quando completou a frase, ou talvez eu esteja gozando pensamentos, não literalmente. 

 

- A-ah Sim nosso encontro, a que horas devo te pegar, podemos ir á um lugar refinado - Queria não parecer estupido, o que estava indo muito errado - Eu te busco.

 

- Morty seu bobo, haha vai ser só um passeio de amigos, não precisa se exaltar tanto. Podemos ir a uma sorveteria. 

 

O que me chamava atenção é que, eu percebi que ela me acha um lunático, mas mesmo assim não se importa, ou só não quer que eu me constrange mais.

 

- Ótima ideia Jéssica - Qualquer lugar estaria bom para mim, desde que ela estivesse lá. 

 

- Bem, eu tenho aula daqui a pouco então podemos combinar o horário por mensagem, até Mortyzinho - Ela acena e me lança um beijo no ar e aceno de volta, tentando esconder minha empolgação.

 

 

Ela me chamou de Mortyzinho, casais tem apelidos assim não é? Eu estava tão radiante por dentro, como será que daqueles dias doidos se transformaram em um romance!? Nem me importa mais, o apelido que ela me deu se transformou em uma religião para mim.

 

- Nossa, mas é assim mesmo que você conversa com as garotas? - Escuto uma voz meio rouca e familiar, não pode ser...

 

- An? Rick!? Você está aqui!? Não estou te vendo - Olho aos arredores.

 

 

- É claro que não consegue, aquele cinto de invisibilidade é bem útil para observar a vergonha alheia do neto, não acha? - Ele finalmente toma cor

 

- O que- como- D-desde quando está aqui!? - Eu estava completamente envergonhado, mas envergonhado comigo mesmo.

 

- Desde o início Garoto. Mas deixando isso de lado, preciso que me faça um favor, eu tenho reparado que tem algum tipo anomalia nos alunos daqui.

 

- Que tipo de anomalia Rick?

 

- Não sei bem te explicar ou muito menos tenho certeza de que são anomalias ou são só adolescentes na puberdade, o que é a mesma coisa. Por isso quero que coloque este pequena câmera que deixei em formato de chiclete naquele cara que tá rabiscando o traseiro do senhor da limpeza. Pode fazer isso por mim Morty? 

 

 

- Bem, se eu puder apenas jogar aquele negócio no chão e ele pisar em cima já é um bom começo - Rick me olha sarcástico.

 

Já faz um bom tempo, alguns dias na verdade que Rick está mostrando um comportamento estranho. Como eu poderia dizer, eu percebi que não importa para onde eu vá, ele sempre vai aparecer lá, é como se ele estivesse se forçando a estar lá. É claro, moramos no mesmo lugar mas, a situação é um pouco mais extensa do que isso.

 

 

Há 6 dias atrás...

 

- Morty, Olha esta mistura que eu fiz usando ingredientes da geladeira e um pouco do que estava guardado na garagem há alguns meses.

- Você tem certeza que isso é seguro Rick? 

 

- Claro que sim, não confia em mim? Se eu fosse tão perverso assim você não estaria Vivo Morty - O encaro tomando coragem - Se bem que sempre existe a oportunidade de você ser um clone - Disse ele me olhando disfarçadamente querendo brincar com a minha cara.

 

- Não tem graça Rick - fico realmente zangado com aquilo, quase me sentindo insignificante.

 

 

- Haha estou zoando seu bostinha, não te trocaria por outro, afinal posso sempre pegar um pior - Ele realmente não para.

 

Dou um gole, e até que não estava tão ruim, até que digo a ele que esperava algo mais Amargo ou que me transformasse  em um outro ser.

 

- Dessa vez você fez bem Rick, mas o que exatamente tem aqui? - Ele me olha pensativo.

 

- Se me lembro bem, no recipiente estava escrito "alguma coisa ovos" - Naquele mesmo instante sinto meu estômago revirar e corro direto para o banheiro. E o resultado de tudo isso foi ficar vomitando por três dias consecutivos minúsculos ovos de algum Ser extraterrestre que o Rick tentava descobrir algo sobre eles.

 

Há 3 dias atrás..

 

Era um dia ensolarado, estávamos assistindo TV interdimensional parados e jogados no sofá só para passar o tempo e ver se o calor diminua um pouco, de repente começa a passar um programa de um Ser de outra realidade que estava fazendo a previsão do tempo.

 

Mas o que realmente chamou a atenção de Rick foi que a suposta previsão do tempo era de uma realidade onde tudo era feito de sorvete, e que estaria fazendo -20 graus negativos, temperatura ideal para um sorvete. 

 

Eu, que na verdade estava esgotado por causa do calor, fui puxado pelo Rick com casacos de frio para a nave. Chegando lá haviam vários carinhas com um formato cilíndrico como se fossem aqueles palitinhos de sorvete que pudéssemos comer. 

 

Resumindo, parecíamos dois vândalos comendo sorvete com vários formatos diferentes, o que não sabiamos, era que as criaturas que viviam Naquele lugar também se alimentavam com as coisas de lá, e estávamos devorando tudo que era deles tinham. Fomos expulsos e eu ainda peguei uma dor de ganganta foda. 

 

É claro, não dá pra escapar do Rick.

 

Agora...

 

Lá estava ele, parado, apenas me esperando sair do turno da escola.

 

Rick acabou de aparecer novamente me pedindo para fazer algo por ele, estamos no corredor indo a saída, será que as pessoas notam que ele está sempre aqui?. Mas o que quero saber é, Porque ele está agindo desta maneira? Sempre pensei que ele me odiasse, já que eu não passo de uma arma para ele. É isso que chamamos de carência?

 

Ele estava tagarelando algo sobre o pessoa pássaro e uma tal de organização. Mas a única coisa que se passava na minha mente era a Jéssica, como seria me encontrar com ela? Como seria tocá lá?

 

- Morty, Morty, porque está olhando para cima, encarando o teto? - não tinha notado que ele estava falando comigo ainda.

 

- A-ah Rick sobre o que você estava falando? - Me sinto meio idiota.

 

- Caramba Morty, sobre a banda, a minha banda e a do pessoa pássaro, você não ouviu nada do que eu disse? - Ele me olha meio decepcionado.

 

- N-não Rick, foi mal - Olho pra ele soltando um sorrisinho envergonhado.

 

- Estávamos organizando a banda pra tocar denovo, e escrevendo as letras. O pessoa pássaro está botando fé nisso haha. Mas o que me diz Morty, quer vir comigo agora para ver o trabalho todo? Você pode ser nosso cliente Vip - Disse ele todo enaltecido e me dando um soquinho no ombro.

 

Ele estava fazendo aquilo de novo, não sei se é só impressão minha de que ele quer ficar tão próximo a mim. Eu deveria achar isso uma coisa ruim ou impressionante? Mas mesmo assim, eu e a Jéssica combinamos de nos ver na sorveteria hoje mais tarde, foi mal Rick...

 

- Obrigado Rick, mas eu já tenho uma coisa importante pra fazer mais tarde - Tento esconder meu nervosismo coçando a nuca.

 

Ele me encara surpreso, parece chateado. Já estavamos na entrada, era bem tarde, o sol estava meio alaranjado, Rick estava com suas mãos em seus bolsos, ele vira seu tronco olhando para mim, enquanto o sol fazia todo o contorno dele,e uma grande sombra no chão vindo dele. Era admirável.

 

Apesar de tudo que fizemos nesses dias, que consequentemente me fizeram um pouco mal, cada segundo com o Rick valeu a pena, cada perigo, cada risada, cada momento. Recusa-lo uma vez é errado? Não é como se eu tivesse escolha entre ir com ele ou não, mas desta vez ele não se importou. 

 

- O que tem de mais importante do que ver o ensaio da melhor banda desta realidade? Não me diga qu-

 

- Hey Mortyzinho

 

Droga, não tinha uma outra hora para a Jessica aparecer? Talvez seja só impressão minha, mas Rick não me parece tão feliz, mas geralmente ele não se importa com nada, porque eu estou tão desconfortável com esses dois tão próximos? 

 

- Olá, você deve ser o Avô do Morty, ele já me contou sobre você - Geez, porque ela disse isso? Por favor que isso termine logo.

 

- É mesmo? Espero que ele não tenha falado muito - Ele dá um gole no seu cantil, não se importando muito. O que eu devo fazer? eu deveria acabar com isso agora? Só eu estou sentindo isso?

 

- Vamos lá Morty, tenho tanta coisa pra te contar - Disse ela puxando meu braço e me levando ao lado oposto de Rick, ele não fala nada e apenas vira as costas. O que me incomoda mesmo é o fato de que ele não a parou, mas porque eu me importo afinal? eu preciso do meu tempo também, certo?

 

 

[...]

 

    De volta pra Garagem Rick, eu realmente não quero me preocupar com ele, na verdade eu nem sei porque me importo tanto com essa merda, mas não consigo nem mesmo esconder de mim mesmo que sinto um vazio sem ele, quanto drama Rick, talvez eu realmente tenha virado um bundão. Ele tá bem sem mim, ele não precisa de mim, ele não precisa...

 

   Foda-se, tenho que me encontrar com o pessoa pássaro. Em direção á nave, notei algo no céu, que merda é aquela, apesar de já ser tarde o sol não deixava de ser cegante. Que tipo de bicho é esse? Se Parecia com o aquele Robô pequeno do Wall-e só que menos caprichado, e...espera, isso veio da Unidade!? 

 

  Talvez eu tenha que ver o Pessoa Pássaro mais tarde...