História Complicated - Londres

Elisa Zackly

Depois de um voo direto com duração de 8hrs, finalmente cheguei em Londres. Era mais ou menos três da tarde quando coloquei meus pés no aeroporto. E como prometido a Mikasa, eu ligaria assim que chegasse.

Como eu não havia ajustado o meu relógio com o horário daqui ainda, quando olhei no mesmo, constatei que era dez da manhã, no caso, lá em Nova York. Então liguei logo pra ela.

-Oi meu amor. -Mikasa falou assim que atendeu.

-Acabei de chegar e tô me sentindo um bagaço. Preciso dormir. -falei e ela começou a rir.

-Que horas são aí?

-Três da tarde.

-Hm... Chegou bem?

-Cheguei sim. Agora vou pegar um táxi e ir pro hotel. Depois vou lá no centro de convenções confirmar a minha presença e pegar minhas credenciais.

-Ok, ok. Mais tarde a gente se fala então. Bom descanso.

-Obrigada. Beijos.

-Beijos. -ela falou e depois desligamos.

Ao sair do aeroporto, acenei para um táxi e o veículo parou. O motorista me ajudou a colocar minha bagagem no porta-mala e depois entramos no carro. Dei o endereço do hotel onde eu ia me hospedar e logo nos mandamos pra lá.

(...)

Ao chegar no hotel, fiz meu check-in na recepção, a moça entregou a chave do meu quarto e então parti pro mesmo. Parei em frente ao elevador e apertei o botão para que o mesmo descesse. E assim que as portas metálicas abriram, de lá saíram duas pessoas que eu realmente não esperava ver aqui.

-Connie Springer e Armin Arlert? -falei e na mesma hora os dois me olharam.

-Elisa Zackly? -os garotos responderam ao mesmo tempo e eu confirmei com a cabeça.

-Quanto tempo. -falei e logo abracei os dois. Eles me abraçaram também.

Connie e Armin eram da minha turma de psicologia na época da faculdade.

-Não me diga que você foi convidada para a conferência? -Armin perguntou logo que desfizemos o abraço.

-Sim, eu vou palestrar.

-Ah, isso eu vou querer ver. -Connie falou super animado.

-E qual é o seu dia? -Armin quis saber.

-Depois de amanhã.

-Com certeza eu vou assistir. -Armin sorriu.

-E vocês, vão palestrar também? -perguntei.

-Somente o Armin. Eu fui convidado como ouvinte. -Connie respondeu. -E em qual andar você vai ficar?

-Tô indo pro quinto. E vocês, estão em qual?

-Oitavo.

-Hm, ok. Agora se vocês dois me dão licença, preciso deixar essas coisas e ir até o centro de convenções.

-Ah certo... Me passa seu número pra gente se encontrar depois e tomar alguma coisa. -Armin falou.

-Claro.

Dei meu número ao Armin e depois nos despedimos. Eles seguiram o caminho deles e eu fui para o meu quarto.

(...)

Cheguei no centro de convenções, confirmei minha chegada e depois peguei minhas credenciais. Feito isso tudo, me dirigi a saída do local. Mas antes que eu chegasse na mesma...

-ELISA!

Escutei uma voz masculina, mas apenas continuei andando sem olhar pra trás. Afinal, eu não era a única Elisa do mundo.

-ELISA ZACKLY! 

Mas aí, quando a pessoa falou meu primeiro nome com o sobrenome, eu tive que olhar né... Me virei pra trás e dei de cara com...

-Zeke Yeager?! -falei surpresa e ele me lançou um sorriso.

-Olha, eu achei que estivesse chamando a pessoa errada. -ele falou se aproximando de mim e em seguida abriu os braços... -Quanto tempo.

-Sim, quanto tempo. -falei e nos abraçamos.

-Eu te vi passando um tanto rápido aí resolvi te chamar... Está tudo bem? -Zeke perguntou quando nos separamos.

-Sim, está. E você?

-Estou ótimo... Vi seu nome na lista de palestrantes.

-Pois é. Vou falar sobre transtornos alimentares. E você, está como palestrante também?

-Sim. Vou falar sobre transtorno de personalidade borderline.

-Nossa, bem interessante. -sorri.

-Você tá com um tempo agora? A gente poderia ir tomar um café.

-Ãn... Eu odeio ter que recusar um convite, mas é que agora não dá. Eu cheguei quase agora de viagem e eu tô realmente precisando descansar. Será que a gente pode marcar pra depois? -dei um sorriso sem graça.

-Ah claro, sem problema. -Zeke sorriu.

Então trocamos os nossos números, depois nos despedimos e eu voltei para o hotel. Graças aos deuses eu não precisava pegar táxi para vir ao centro de convenções. Até porque, quando eu estava procurando por um hotel, fiz questão de buscar por um que fosse perto de onde ia ocorrer o evento. E resultado? Consegui fazer minha reserva em um que fica a quatro quarteirões do centro de convenções.

Ao chegar no hotel, fiz o mesmo percurso até o andar que eu estava e depois entrei em meu quarto. Chegando no mesmo, deixei minha documentação em cima da escrivaninha, tirei meus sapatos e caí na cama. Eu só queria dormir.

Ao cair da noite...

Acordei assustada pra caralho e com o quarto todo escuro. Eu só tinha noção de onde estava meu celular. Passei a mão no meu lado direito da cama e encontrei o aparelho. Apertei o botão de desbloqueio e em seguida, iluminei na direção do criado mudo. Feito isso, acendi o abajur. Olhei as horas no relógio que estava perto do mesmo e constatei que era dez da noite.

-Caramba, como eu dormi. -falei pra mim mesma.

Me levantei da cama e me despi das roupas que usava. Afinal, eu precisava de um banho... Fui até o banheiro e ajustei a temperatura da água pra morna. Logo que a temperatura ficou ok, eu tomei meu banho.

Quando terminei, vesti uma roupa qualquer e liguei pro restaurante do hotel pra pedir algo pra comer. Até porque meu estômago já estava se comunicando comigo... Acabei de fazer meu pedido e fui dar uma revisada no assunto que eu ia falar.

Peguei meu notebook que estava dentro da minha bagagem de mão, levei ele pra escrivaninha, puxei a cadeira e me sentei. Assim que o aparelho ligou, fui na pasta referente a apresentação e comecei a olhá-la.

E quando eu estava quase me distraindo no assunto do qual eu ia abordar daqui há dois dias, meu celular começou a tocar. Olhei na direção do mesmo que estava em cima da cama e franzi o cenho ao ver quem ligava. Sim minhas amigas, era nada mais nada menos que, Erwin Smith.

Como a escrivaninha fica ao lado da minha cama, só fiz me esticar um pouco para alcançar o celular. Assim que o peguei, ainda olhei aquele nome por alguns segundos e depois resolvi atender.

-Ora, ora, quem é vivo sempre aparece. -atendi já tirando com a cara dele.

-É... Oi Elisa.

-Oi Erwin.

-Tudo bem? -ele perguntou.

Era nítido que ele estava todo desconcertado em falar comigo. Só o fato dele não saber iniciar a conversa, já o denunciava.

-É um pouco estranho você me fazer essa pergunta. Tendo em vista que a gente não se fala a mais ou menos, duas semanas?

-É. Quase isso.

-Mas enfim, respondendo a sua pergunta, eu estou bem. E você?

-Estou com saudades.

-Hum.

-Você já está em Londres, não é? -Erwin perguntou.

-Sim, estou. -falei e depois permanecemos em silêncio por alguns segundos. -Me ligou só pra dizer que está com saudades? -perguntei.

-Também. Mas o principal é que eu quero conversar.

-Você quer conversar por aqui, pelo celular?

-Se você não se importar.

-É claro que eu me importo. O que nós temos pra conversar, tem que ser pessoalmente.

-Hm, entendo. E quando você volta?

-Quando acabar a conferência, daqui há uma semana. 

-Ok então. Quando você estiver em Nova York, me avisa?

-Aviso.

-Certo... Boa noite.

-Boa tarde. Até porque, creio que seja fim de tarde aí. Correto?

-Correto... Enfim, se cuida, te amo.

-Se cuide também. -falei e em seguida desliguei, sem ao menos retribuir o "eu te amo."

"Que porra está acontecendo comigo? Eu não consegui dizer o eu te amo. E olhe que eu estou com muita saudade dele, mas não consegui dizer." Parei de pensar assim que a campainha tocou. Provavelmente era a minha janta.

Me levantei da cadeira e fui em direção a porta. Ao abrir a mesma, me deparei com o garçom com o carrinho de comidas.

-Ah, pode entrar. -falei dando passagem e assim o rapaz fez. Ele deixou o carrinho em um lugar do quarto e eu o agradeci.

Depois do garçom ir embora, tranquei a porta e me pus a comer... Pelo menos por essa noite, eu só queria comer e dormir. Após devidamente descansada, eu poderia até pensar em uma farrazinha. Mas claro, depois da minha apresentação.